Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 11
Capítulo 11 - Os primeiros comentários


Notas iniciais do capítulo

Ele fez o que teve vontade. Mas acredita que essa vontade vem apenas pelo desejo de ajudar. Quando Sebastian vai perceber que sente alguma coisa por Hannah?



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A revolução que aconteceu nas casas dos inesperados noivos foi algo sem precedentes. Ninguém entendia nada. Todos queriam saber tudo. Mas, simplesmente não havia respostas coerentes a serem dadas. Sebastian concluiu a situação e o falatório dizendo que estava decidido que eles se casariam e pronto. Se ele algum dia pretendeu a mão de Betina, isso era coisa do passado. A partir daquele momento sua pretendida era a irmã dela, Hannah.

O barão foi o mais surpreso e também o menos incomodado com a situação. Se sua filha preferia sir Evans a sir Pierce, então ele aceitava a decisão dela. Diferentemente da baronesa, que apesar de imaginar o que Sebastian poderia querer ao pedir uma audiência a sós com Hannah, não queria acreditar que seu sexto sentido estivesse correto. E acabou desmaiando quando ouviu a confirmação dos lábios do próprio Evans.

Já a marquesa mãe, precisou ouvir a noticia por mais de uma vez. Não acreditava que fosse possível tal coisa. Como seu filho, seu Sebastian, aquele que tivera as mais belas mulheres iria se casar com uma jovem que passara quatro temporadas desapercebida? Que nunca atraíra a atenção masculina.

— Não sabia que a senhora dava importância para esse tipo de coisa mamãe. – ele reclamou quando a mulher o confrontou. – E espero que evite comentários como este diante de minha noiva.

Sem se importar com o que seu filho dizia, Celine continuou o interrogatório:

— Me diga a verdade Sebastian! Você e essa garota... você... o pai dela está obrigando...

Ele arregalou os olhos azuis, zangado com a desconfiança. Não por ele, mas por Hannah que sempre fora correta em seu comportamento.

— Nunca! O pai dela não está me obrigando a nada. E se alguém mencionar isso para senhora, faça o favor de esclarecer que o casamento é voluntário. Não estou sendo obrigado a nada.

A marquesa o olhou desconfiada, sem acreditar no que o filho dizia. E ele teve certeza de que a mesma coisa ocorreria com as outras pessoas. Todos acreditariam que o casamento aconteceria porque Hannah fora seduzida por ele e certamente estaria esperando um filho.

A rápida conversa com a mãe, não permitiu que Sebastian voltasse a tranqüilidade anterior. E de tanto pensar, constatou que só havia um modo de acabar com esse falatório: prolongar o noivado. Assim as pessoas acabariam se calando, pois perceberiam que ele se casava com Hannah Larkin porque queria... ele parou de caminhar no meio da calçada. Sim, ele queria se casar com ela. Mas por quê? Não sabia. Não fazia a menor ideia. Talvez porque Hannah fora a primeira mulher que lhe inspirara a vontade de cuidar... de proteger... de...

— Sebastian! – ouviu antes que a carruagem de Artur parasse ao seu lado e o irmão mais velho saltasse dela. Com seus cabelos escuros e seus olhos azuis profundos a encará-lo fixamente. – Mamãe me contou a novidade! – o outro foi direto ao assunto e Sebastian percebeu que não conseguiria mais parar de dar explicações.

— Sim, eu vou me casar. – afirmou sério. Estava cansando daquilo.

Artur o observou por alguns segundos, depois bateu sobre o ombro largo do irmão num cumprimento.

— Você escolheu bem...

O que? Ele se perguntou. Será que Artur sabia com quem ele estava comprometido? Ou será que pensava que era com Betina?

— Cintia me disse que viu você e ela juntos... disse que havia algo entre vocês, e quando minha mulher vê algo entre duas pessoas, pode ter certeza de que há algo entre essas pessoas.

Sebastian sorriu, realmente Artur estava enganado. Ele precisava consertar o erro.

— Sua esposa se enganou desta vez, eu não...

Artur apertou os olhos estranhando a negativa do outro.

— Você não está noivo de Hannah Larkin? A ruiva tímida?

— Estou...

Artur voltou a bater no ombro do irmão antes de dizer:

— Como lhe falei, Cintia nunca erra. – um sorriso amplo e generoso escapou do filho mais velho do marquês e sem oferecer tempo ao outro para pensar no que lhe fora dito, tornou a falar: – Quando será o casamento?

Sebastian moveu a cabeça de um lado para o outro.

— Estou com um problema quanto a isso Artur, um problema que talvez você possa me ajudar a resolver.

— E o que seria?

— Desde que anunciei o noivado com Hannah todos me olham desconfiados. Estão pensando que fui obrigado a fazer o pedido.

— Você sabe como nossa sociedade é. Não importa quão corretamente se comporte, falarão de qualquer forma.

— Sim, mas quando as criticas e as desconfianças começam dentro da sua família, é ainda mais complicado abafar comentários alheios. E meu problema não é por mim, mas por Hannah. Ela já agüentou muita coisa para precisar suportar mais isso. O noivado terá de ser adiado até que todos compreendam que não aconteceu nada entre nós que me obrigasse a casar com ela.

Artur entendeu onde o outro pretendia chegar.

— Será uma boa estratégia... mas se atrasar muito, podem dizer que você não está certo quanto ao pedido.

Sebastian suspirou. Ele sabia. Mas era melhor isso do que pensarem que Hannah não merecia ser respeitada. De repente Artur o pegou de surpresa com uma pergunta que ele ainda não tinha ouvido:

— Então você esta apaixonado por ela?

Foram breves segundos de espanto.

— Não. – confessou rapidamente, essa era a verdade.

Novamente o olhar confuso surgiu no rosto do futuro marquês.

— Deixe ver se entendi isso Sebastian... você não foi obrigado a se casar e também não a ama. Então, pelos céus, por que está se casando?

— Porque ela precisava de ajuda.

A gargalhada de Artur ecoou pela avenida e as pessoas que passavam por eles os observaram com critica no olhar.

— Desde quando se casa com alguém porque a pessoa precisa de ajuda?

Sebastian tinha uma boa resposta para isso. Vinha repetindo a mesma frase para si mesmo desde que pedira Hannah em casamento.

— Desde que você decidiu se casar com alguém. E descobre que pode ajudar alguém de alguma forma enquanto ajuda a si mesmo.

Artur sabia da insistência da marquesa em casar os filhos mais velhos, e Sebastian já cruzara a casa dos trinta anos. Mas, casar apenas por causa disso era uma besteira. Seu irmão seria infeliz e faria a garota infeliz. Mesmo que sua intenção inicial fosse boa.

— Vá jantar conosco hoje... – Artur falou por fim aquele não era um assunto para ser discutido no meio da rua – Cintia esta louca para falar com você.

Ele não poderia. E deu graças a Deus por isso. Estava farto dos interrogatórios. E Cíntia o colocaria em uma cadeira, se sentaria a sua frente e lhe faria todas as perguntas que ele não queria responder mais.

— Vou jantar na casa dos Larkin esta noite. Podemos marcar para outro dia?

— Que tal depois de amanhã? Tem compromisso para esse dia?

— Está marcado. – concluiu imediatamente lembrando: - Mamãe está querendo reunir todos os Evans em casa para informar sobre o noivado. Ela vai lhe avisar o dia. Claro que terá de ser antes da festa a fantasia que ela e...

— Cintia estão programando. Nem me fale. Não agüento mais ouvir tagarelarem sobre isso. Minha casa está uma verdadeira loucura.

Rapidamente eles se despediram e Sebastian continuou seu trajeto até em casa. Que era outra coisa a ser alterada em sua vida depois desse pedido. A residência era pequena demais para um casal. E como sua mãe bem lembrara, os móveis estavam velhos e sem vida. Balançou a cabeça imaginando se Hannah não gostaria de ajudá-lo nessa tarefa.

************

Hannah passou o dia trancada no quarto. Desde a conversa com Sebastian no dia anterior, a mãe e a irmã não permitiram que tivesse sossego. Queriam saber desde quando eles se entendiam. Desde de quando sir Evans demonstrara algum interesse nela. Desde quando ela o considerava como um possível pretendente.

Diante dessas perguntas para as quais a dupla não queria respostas verdadeiras, Hannah silenciou. Apenas garantiu nunca ter tido com sir Sebastian qualquer relação além daquela que todos sabiam. E salientou o fato de terem dançado juntos uma única vez, antes de Betina se transformar na possível pretendente a esposa dele.

E foi só. Depois disso,não trocou uma única palavra com mais ninguém até a noite, quando sua criada a chamou porque “seu” noivo a esperava na sala principal.

Com o coração aos saltos Hannah se olhou novamente no espelho. Nem mesmo quando se arrumava na tentativa de atrair os olhares de sir Wood, se sentia tão nervosa. Atenta aos detalhes, passou as mãos nos cabelos arranjados de forma tradicional, no vestido quase branco, e saiu do quarto. Não ficaria melhor do que aquilo.

Sebastian a esperava na sala, sozinho. Nem a baronesa ou sua outra filha surgiram para lhe fazer companhia. E enquanto esperava ele caminhava pelo espaço, estava apreensivo. Que tipo de relação ele e Hannah teriam? Não pensara no assunto no dia anterior quando fizera a proposta. Mas, a cada nova pergunta, a cada novo comentário, a cada nova situação ele voltava a se perguntar se eles conseguiriam se dar bem.

Um movimento suave o distraiu, era Hannah que estava parada a porta e o observava com um sorriso curto nos lábios bonitos. Os olhos grandes fixos em si. Os cabelos brilhando sob a luz das lamparinas. Ela não parecia real. Era como um ser encantado dos contos que lia quando criança.

— Boa noite. – ela disse finalmente ingressando no ambiente.

— Boa noite. – ele respondeu se dirigindo para ela.

Hannah ofereceu a mão para o cumprimento e ele prontamente aceitou. Beijou a pele nua e delicada sentindo o aroma de jasmim. Quando se ergueu manteve a mão dela entre seus dedos e a conduziu para o sofá onde estiveram sentados tantas e tantas vezes durante as visitas que ele fizera a Betina.

— Como está? – ele perguntou quando finalmente se acomodaram.

— Estou bem... ainda confusa e perdida... mas agradecida. – ela não o olhava diretamente, parecia mais encabulada do que o normal.

— Há algo que a senhorita precisa compreender para que talvez se sinta melhor. – ele começou e Hannah finalmente fixou nele aqueles grandes olhos de mar que tanto chamavam sua atenção. – Eu pretendia me casar, não foi uma decisão tomada de última hora. Foi pensada, ponderada e decidida com muita calma.

— Mas o senhor não pretendia se casar comigo. – ela falou firme.

— A senhorita tem razão. A escolhida foi Betina.

Ela não se ressentiu da sinceridade dele. Mas, Sebastian ainda tinha coisas a dizer:

— Porém, nas últimas vezes – de repente ele percebeu que não fora apenas nas últimas vezes – em praticamente todas as vezes que a encontrei, tive a oportunidade de perceber que suas qualidades me agradavam mais do que as dela.

A expressão no rosto feminino se alterou de forma drástica. Os lábios se abriram como que para contestar o que ele dizia, por isso Sebastian retomou a fala precisava explicar-se melhor.

— A senhorita é uma leitora, é uma pessoa delicada, que gosta dos animais vivos assim como eu...

Hannah o interrompeu:

— Isso seria suficiente para um pedido de casamento?

Para Sebastian, sim.

— Muitos casamentos contam com menos do que isso. – outra verdade.  E com ar maroto ele continuou: - Posso ter esquecido de dizer que seu cabelo parece ter saído de um conto sobre fadas e duendes.

Hannah sorriu sentindo o coração bater acelerado. Perceber que estava perdida não era mais uma surpresa. Estava sim perdida. Ela o amaria. Se já não o amava.

— Obrigada. – disse por fim – Nem todos levariam essas “qualidades” em consideração.

Mas ele levava.

— E a senhorita? – Sebastian perguntou mudando levemente de posição.

Ela não compreendeu a pergunta. Evans então foi direto:

— O que pensa sobre mim? O que a levou a considerar minha proposta como possível de ser aceita. É claro que teremos de descontar a possibilidade de casar-se com sir Pierce...

O tom leve de brincadeira tornava mais fácil a resposta.

— Não posso dizer que simpatizava com o senhor... – ela começou.

— De certa forma percebi isso. – ele confirmou se recostando no sofá na intenção de vê-la melhor.

— Mas, seu comportamento comigo nos últimos dias, sua compreensão... sua disponibilidade em  ajudar alguém como eu, que jamais poderia retribuir seu auxilio... o que se pode esperar mais de um marido?

— Amor? – ele perguntou de repente se surpreendendo por usar aquela palavra. Mas, se Hannah esperasse isso do casamento deles, talvez tivessem problemas no futuro.

Ela silenciou por alguns segundos, encarou as próprias mãos sobre o vestido antes de falar:

— Não posso dizer que nunca sonhei em ser amada... acredito que as mulheres pensam nisso... pelo menos todas as que conheço ou conheci, de alguma forma esperavam isso. Mas, hoje, já considero outros sentimentos importantes.

Ele não conseguia desviar o olhar daquele perfil delicado.

— Tais como?

— Carinho, respeito, amizade... lealdade... – ela ergueu os olhos para ele. – o senhor considera possível cultivarmos esse tipo de sentimentos entre nós?

Seria. Já havia respeito, já havia amizade. Carinho era uma palavra que ele ainda não compreendia direito o significado. Ele sabia o que era luxuria, prazer, amor sexual. Mas, carinho? Talvez acabasse descobrindo com Hannah. Disse a si mesmo enquanto percebia que de alguma maneira ela o atraia.

A chegada de um pequeno grupo acabou com a conversa intima dos noivos. Betina se sentou numa poltrona, de frente para o ex pretendente. Estava zangada e não fazia questão de esconder. A baronesa fingiu cordialidade a noite toda, já Sir Elton Larkin foi agradável e gentil com o futuro genro. Tornando o clima mais ameno e quando a noite finalmente se encerrou e Sebastian voltou para casa, estava ainda mais certo de que sua decisão não fora equivocada. Hannah era a escolha perfeita. Eles se dariam bem. Apenas uma coisa o perturbava, ele ainda não sabia se era capaz de desejá-la como mulher. E isso, faria toda a diferença.


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Notas finais do capítulo

Pelo jeito Cintia é mais antenada do que todos os outros. agora, só nos resta ver como a relação deles vai se desenvolver. E qndo Sebastian vai perceber q ama a garota saida dos contos de fadas. BJJJJJJ amando ter vcs todas aqui. Muito obrigada pelos reviews, sem vcs não há fic