Pov Percy

As vezes eu realmente me surpreendo com a grosseria de minha irmã, obviamente eu sei que ela não é de todo má educação, grosseria e temperamento explosivo, porém eu também sei que se ela quisesse ela conseguiria ser a pessoa mais gentil deste acampamento.

— Não precisava ser tão grossa com o pessoal – eu disse pra minha irmã, que me olhou como se eu tivesse dito que fazia rituais com virgens.

— Não precisava ser tão grossa com o pessoal – ela disse com uma voz grossa e, obviamente zombando de mim. – Também não precisávamos ter ido pedir ajuda para eles, conhecemos este acampamento mais do que qualquer um.

— Sim conhecemos, só que eles não sabem disso. – eu contraponho, ouvindo um suave bufo vindo da parte dela.

—E daí? Era só a gente fingir que prestou atenção no que Quiron, você só fez isso pra me provocar – ela disse irritada.

— O mundo não gira ao seu redor minha cara irmã – respondi, ouvindo um resmungo em resposta – Na verdade eu queria falar com nosso irmão – respondi, afinal fazia alguns séculos que nosso pai não tinha um filho semideus.

— Meio- irmão – ela enfatizou – e ele nos ignorou. Sem contar que ele com certeza não é nosso primeiro irmão semideus - ela disse revirando seus olhos prateados.

— Afinal o que aconteceu? – Zoe, que até então estava só a ouvir, pergunta.

— Dora começou a discutir com as filhas de Afrodite – eu respondi, ao mesmo tempo que minha irmã dizia “nada”.

— Ainda guardas rancor de Afrodite, Pandora? – a morena de olhos negros perguntou com um pesar e entendimento.

— Ainda guarda rancor de Hércules, Zoe? – minha irmã comentou com mais pesar ainda. Zoe desviou o olhar, o que fez com que Pandora se considerasse a vencedora. – Então sabes a resposta, Zoe. 

O silencio se fez presente nos próximos 5 minutos, eu ainda estou com os braços em volta de Dora e Zoe, o que faz com que todos os campistas nos olhem com horror e me faz ter que conter minhas gargalhadas, uma ninfa em especial nos olhava como se estivéssemos cometendo um pecado gravíssimo, lhe lancei uma piscadela e ela ficou verde. De repente sinto que Zoe esta tensa em meu lado e sei, não me pergunte como, que ela quer nos falar alguma coisa.

— O que foi Zoe? – pergunto, e ela me olha acanhada, faço sinal com cabeça para ela falar e ela suspira.

— Falo quando chegarmos ao chalé – ela diz e eu e Dora assentimos com expressões serias.

Ao chegarmos no chalé de meu pai não posso conter o meio sorriso, afinal mesmo tendo sido criado por minha mãe, eu sempre me senti mais a vontade  no mar do que em florestas. O chalé 3 era a cara e espírito de meu pai, as paredes eram azuis ( típico), haviam dois beliches e no teto havia belos cavalos marinhos feitos de bronze celestial pendurados, em um canto meio afastado havia uma bela fonte feitas de pedras marinhas, no outro lado havia uma escrivaninha e uma cadeira de rodinhas, também tinha uma janela que dava uma bela visão da praia de Long Island e o lugar em si possuía um cheiro natural de maresia. Não era nada muito exuberante como o chalé de Afrodite, nem organizado como o chalé de Atena, nem bagunçado como o de Hermes e muito menos delicado como o de minha mãe (ela me mataria se soubesse que eu pensei que seu chalé é delicado, mas é pura verdade) mas na realidade era aconchegante como só o chalé de meu pai poderia ser. Um dos beliches inferior possuía lençóis limpos e um travesseiro, o que me fez acreditar que era ali onde Max dormia, e num consentimento silencioso eu e Dora colocamos nossa coisas no outro beliche, ela na cama de cima e eu na de baixo.

— Então Zoe, o que você queria nos falar? – disse Dora sentada na cadeira que tinha ali. Zoe a olhou e se sentou na minha futura cama.

— Eu não sei vocês, mas vocês não acham que tem alguma coisa de errada com essa repentina caçada solo de lady Ártemis? – ela disse nos olhando, não pude negar que Zoe expressou em palavras o que estava em minha cabeça desde que chegamos neste acampamento.

— Somos duas então – disse Dora, olhando para o chão. – Não sei se é falta de adrenalina, ou só um sexto sentido, mas é como se alguma coisa grande está pra acontecer – ela disse.

— Somos três – eu disse, chamando a atenção das duas – E sinceramente, tenho motivos muito fortes para acreditar que o quer que seja que esta para acontecer não  é algo muito bom pra nós.

— Zoe, você faz ideia do porque nossa mãe saiu para essa caçada? – perguntei a Zoe, que simplesmente deu de ombros.

— Ela me disse que precisava ir sozinha, não me deu mais explicações além disso, disse que era para mim comandar as caçadoras, cuidar de vocês e não destruir o acampamento até ela voltar. – ela disse com uma pitada de humor negro, não contive um meio sorriso ao conseguir imaginar minha mãe falar isso.

— Bem a cara dela – murmurou Dora – Deve ter alguma coisa que ainda não ligamos ao fato dela caçar sem as caçadoras. – divaga minha querida irmã.

—Bem, se ajuda ela disse algo como a besta precisa ser achada – Zoe disse, fazendo eu Pandora levantarmos num pulo.

—Se ela disse isso, é algo bem mais grave do que eu pensava – disse Dora começando a andar de um lado para outro.

— Espere aí,  vocês sabem o que isso significa? Me falem! – perguntou Zoe, me fazendo lembrar o quanto  eu minha irmã somos mais velhos que ela.

— Se é realmente o que eu estou pensando você não vai querer saber – ela respondeu, Zoe fez sinal de quem ia falar mais alguma coisa quando um raio se fez presente seguido de um trovão, todos nós olhamos para a janela, e lá fora uma chuva de raios castigava o mar revolto.

— Os deuses estão brigando – disse Zoe.

— E o pior, meu pai e Zeus não parecem muito de bom humor – disse Dora. Eu ia fazer um comentário sarcástico quando a concha do refeitório me fez lembrar de onde estamos.

— A gente conversa sobre isso depois – Zoe disse e Dora e eu assentimos. – eu vou sair antes, para não ficar estranho, - ela comentou, me fazendo dar um meio sorriso, e logo saiu batendo a porta.

— Vou me trocar – disse Dora pegando sua mochila – não aguento mais essa roupa – e foi em direção ao banheiro, e eu aproveitei pra também trocar de roupa, já que não dava tempo de tomar um banho. Olhei em direção a cama e vi que ali havia uma pilha de camisetas do acampamento, troquei minha roupa intima, coloquei uma calça jeans azul escura e uma camiseta da pilha e mantive meus all stars , peguei outra camiseta e levei até o banheiro.

— Dora – eu falei, e ouvi um grito em resposta – abre a porta e pega uma camiseta do acampamento – ouvi um resmungo e logo ela abriu uma fresta da porta, arrancou a camiseta da minha mão e fechou a porta  na minha cara, bufei e me sentei na cama. Logo ela apareceu, jogando a mochila do meu lado. Ela estava vestida da mesma maneira que eu, calça jeans, all star, camiseta e seus longos cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo firme. - vamos? – eu perguntei e ela assentiu. Logo já estávamos indo em direção ao refeitório.

Pov autora sumida

 Enquanto isso do outro lado do acampamento um grande círculo de amigos ainda tentavam digerir os últimos acontecimentos.

—Vamos gente – disse o filho de Zeus – a concha soou á bastante tempo e nós ainda nem nos mexemos. – todos começaram a se levantar e se dirigir até o pavilhão.

— Ainda não consigo acreditar que aquela garota falou aquilo sobre nós – disse Piper para Silena depois de um tempo.

— Concordo, e o pior, nossa mãe não deu nenhum misero sinal de desgosto – disse a mais velha filha de Afrodite presente.

— Talvez, até mesmo Afrodite concorde com o que Pandora falou – murmurou Charles, deixando que seus sentimentos de ciúmes se apoderassem dele. Logo todos os outros o olharam.

— O que quer dizer com isso? – disse Lena aparentando estar furiosa.

— Que talvez Afrodite concorde com Pandora – disse Charles parecendo cansado.

— Você concorda com Pandora, Charles? – disse Lena magoada.

— Eu não disse isso Lena – disse Charles cansado. Todos os amigos os olhavam como numa partida de ping pong.

— Mas pensou – ela contra-atacou, Charles apenas bufou e ficou quieto.

—Ok, vamos nos acalmar aqui – disse Annie entre os dois. Logo um barulho de trovão fez os presentes se entreolharem.

—Os deuses estão brigando – disse Grover amedrontado.

— Sim e o pior: são dois dos três grandes que estão discutindo – completou Annie olhando para a praia, todos começaram a correr em direção ao refeitório, onde Quiron e Dionísio estavam sentados na mesa principal olhando aflitos em direção ao mar. Thalia e Annabeth foram em direção á mesa do centauro e do deus enquanto os outros se encaminharam até suas respectivas mesas.

—Sr.D, Quiron, vocês sabem o que está acontecendo? – disse Annabeth.

— Nada com que deva se preocupar Annabelle – respondeu o deus do vinho, fazendo a morena e a loira revirarem os olhos.

— Meu nome é Annabeth e pela cara de vocês  não parece nada que eu não precise me preocupar. – ela respondeu.

— Dionísio tem razão Annabeth – falou Quiron.

— Mas meu pai e meu tio parecem estar numa disputa séria – falou Thalia irritada.

— Não é como se fosse a primeira briga deles – disse uma voz feminina atrás deles, fazendo Thalia e Annie se virarem, ali estavam ninguém mais, ninguém menos que Percy e Dora.

— O que estão fazendo aqui? A conversa é particular. – disse Thalia irritada.

—Se fosse particular, vocês não a teriam no meio do refeitório – disse Dora.

 - Não importa, o que estão fazendo aqui? – disse Annie começando a se irritar.

— Queríamos saber qual era a nossa mesa. – disse Percy, puxando a irmã que tinha dado um passo a frente para encarar Thalia.

— É aquela onde Max esta sentado, agora podem ir – disse Thalia, encarando Pandora, que retribuiu o olhar hostil.

— Mas agora eu quero saber sobre o que vocês estão falando – disse Dora como uma criança, recebendo um olhar duro do irmão.

— Não te interessa – Annabeth já estava com uma veia saltada em sua testa e seu olhos estavam crispando-se.

— Oras eu acho que não interessa a você, afinal é meu pai e o de Thalia que estão discutindo – ela enfatizou o meu – Você só está aqui porque é intrometida – se Annabeth antes estava irritada, agora ela estava furiosa, a loira só não se jogou contra a morena de cabelos azulados por que Quiron prevendo uma confusão segurou a mesma.

— Olha aqui garota, você chegou hoje, não pense que sabe alguma coisa sobre mim e muito menos ache que sabe algo sobre este acampamento, então cale a sua boca, se não... – praticamente gritou a filha de Atena, chamando a atenção de todos os que estavam no refeitório.

—Se não o que? Vai me bater com seus livros?– a filha do mar disse sarcasticamente.

— Sai daqui, ou você vira um churrasquinho- Thalia se intromete com os olhos faiscando e os cabelos levantando com a energia estática que sua raiva estava provocando.

— Chega vocês três! –  gritou Dionísio, mas nenhuma das garotas lhe deram atenção.

— Cai dentro para-raios quero ver do que a “temida” – Dora fez aspas com os dedos –filha de Zeus é capaz de fazer. – ela disse arrancando um coro dos semideuses que estavam na ‘plateia’.  Até hoje ninguém havia tido coragem de gritar com Thalia Grace, principalmente com ela raivosa. As duas já se preparavam para o combate.

— Chega! – gritou a voz imponente de Percy Jackson, fazendo todos no refeitório ficarem quietos. Ele não falava como irmão de Pandora e nem como semideus novato, ele falava como um líder,como um general em meio a batalha, imponente e espirituoso. – Não vejo  como isso pode ajudar em alguma coisa! Só vai fazer esta briga de Zeus e Poseidon ficar pior. Se não são capazes de ajudar, então não façam com que fique pior. – Thalia e Annabeth se acalmaram com as palavras do rapaz, enquanto tudo que Pandora fez foi revirar os olhos e dar as costas para eles, Percy dirigiu um sorriso reconfortante as garotas e seguiu a irmã de longe, afinal ele sabia que quando a mesma estava com raiva não  se devia chegar perto.

O resto do almoço foi tranquilo, eles fizerem suas oferendas, Max, Dora e Percy não falaram uma palavra na mesa de Poseidon, Percy bebeu sua coca-cola azul e nada empolgante aconteceu