Sem Necessidade de Mega Sagas. escrita por Abraxas


Capítulo 6
Capítulo 6: Sem necessidade de Enguias Elétricas.


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior, Mihoshi consegue convencer a sua amiga Kiyone a deixar de acreditar no poder do cristal de Yugui e sair daquele mundo de fantasia e ilusão. Porém, ao retornar aos seus corpos, Tenchi descobre que Ryoko não voltou ao seu corpo, pois o mesmo foi roubado. O que farão os nossos heróis?



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Tenchi surpreso pergunta:

               -              Improvisar? Como assim?

               Com sua arrogância típica, Washu responde ao rapaz:

               -              Creio não seja o tipo de coisa que esteja acostumado, Tenchi! Afinal, sua inteligência não tem a mesma velocidade que a minha. Vou fazer uma coisa tão incrível que todos curvarão diante a genialidade superior!

               Preocupado, o rapaz comenta a si:

               -              Era isso que temia...

               -              Acho que todos vocês tenham coisas a fazer. Por isso, gostaria que todos saíssem e me deixasse sozinha para que possa criar. Agora!

               -              E a Ryoko?!

               -              Que garoto lento! O que acha que vou fazer? Saia!

               O rapaz obedece. E ao sair do laboratório dimensional da Washu, que fica debaixo da escada, Tenchi olha para a sua casa imunda e pensa:

               -              Deus! Tenho que trabalhar muito... - e sopra.

               Todos os moradores da residência Masaki trabalham duro para manter a casa em ordem. O pai do Tenchi contabiliza os prejuízos e é bem explicito em suas emoções.

               -              Eu perdi aquele contrato! Não! Eu não acredito! - e chora.

               -              Senhor Masaki... - diz uma voz feminina. Vamos fazer o possível para ajudá-lo, não é, Sasami?

               -              Sei que a minha irmã tem boa vontade, mas só temos o apoio moral e nossas habilidades manuais. Tudo que podemos fazer é limpar a sua casa. Creio que isso a minha irmã quis dizer.

               Ayeka não gosta muito da idéia de pôr a mão na massa, mas não tem outro jeito. Enquanto as irmãs tentam dar um pouco de animo ao arquiteto, as policias limpam a sala ajudada por Ryo-ohki, ou melhor, atrapalhadas.

              -               Ryo-ohki! Pare com isso! - grita Kiyone.

              O Cabbit revira a poeira acumulada em suas brincadeiras. Enquanto Mihoshi censura a sua amiga.

              -               Deixa ela brincar, Kiyone! Alguém tem que trazer um pouco de alegria nesta casa.

              De repente, um vaso se quebra e adivinhe quem quebrou?

Não foi a minha culpa, Kiyone! Foi o cabo da vassoura que caiu e tentei pegar e...

              -               Tudo bem e é bom que tudo voltou ao normal. - e sorri com uma gota de constrangimento em sua cabeça.                   

              Perto dali, o avô de Tenchi volta em seus afazeres sacerdotais no Templo Masaki. A limpeza foi feita e o senhor Katsuhito Masaki começa o seu ritual de purificação espiritual do local. Neste momento, um vento repentino derruba a tigela de alimento dedicada ao espirito protetor do clã, o velho sacerdote ajeita os seus óculos e comenta a si mesmo:

              "Isso tudo que passamos ainda foi pouco, comparado aquilo que está por vir. Espero sejamos fortes para suportar por mais esta provação."

              Alheios as preocupações do patriarca do clã, todos arrumam a casa com empenho. As princesas reais de Jurai trabalham duro, mas com alguns "faniquitos" da princesa Ayeka. Porém, depois do serviço árduo, a casa está em ordem e todos estão reunidos para a comemoração. Afinal, depois pelo que passaram é só isso que querem esquecer. Mas a Ryoko ainda está presa no cristal e tem o seu corpo roubado. O pessoal ainda está um pouco chateado, exceto, é claro, a princesa Ayeka que adula descaradamente o seu amado Tenchi Masaki.

              De súbito, uma voz clama por todos os presentes, é a louca cientista ruiva Washu, que quer a presença de nossos heróis para mostrar a sua mais nova criação.

              -               Meus caros! Eu, como a maior cientista do Universo, tenho o orgulho de apresentar a minha maior invenção. Sei que todos vão ficar chocados com as cenas que verão, mas garanto que tudo foi feito pelo bem da ciência. Sentem-se em suas cadeiras e assistam ao maior espetáculo da Terra!

              Sentados nas cadeiras, Sasami comenta a Tenchi, que está ao seu lado, as seguintes palavras:

              -               Ela está excitada. Acho que vamos ter problemas...

              -               Tem razão! - diz coçando a cabeça.

              -               Não fique preocupado, Lorde Tenchi. Se for qualquer tentativa de curar a Ryoko será fadada ao fracasso, pois essas duas quando se juntam só fazem atrapalhadas. Talvez a Washu nos livre da indesejável pirata para sempre. - e gargalha.

              -               Irmã Ayeka! Que coisa horrível! Ela é a nossa amiga!

              -               Só se for para você! Estou muito bem sem ela e Lorde Tenchi está longe da influência maléfica daquela mulher. - cruza os braços e sorri.

              Apesar de sua aparência de descaso, a princesa Ayeka está angustiada do que vai acontecer com Ryoko e reza que tudo dê certo. 

              O cenário é o laboratório da doutora Washu e todos estão sentados em cadeiras em duas fileiras. Na primeira fileira estão da esquerda para direita, vemos Sasami, Tenchi, Ayeka e uma cadeira vazia. Na segunda, estão Kiyone, Mihoshi, Nobuyuki, o pai de Tenchi, e Katsuhito Masaki, o avô. A cientista ruiva está diante todos eles com uma roupa fora do habitual, um jaleco branco com botões não convencionais, tipo cientista louco. Diante dela uma espécie de tubo de ensaio gigante opaco e ligado por mar de fios e circuitos.

              -               Agora, o espetáculo vai começar! - grita a pequena ruiva de braços abertos. Eu tenho o poder da criação!

              Ao dizer essas palavras, é a senha para o aparelho começar a brilhar devido as descargas elétricas. O que era Trevas torna-se Luz frente aos vários relâmpagos saídos dos fios e circuitos. Tudo tremia e os espectadores também, porém não só pelos abalos sísmicos.

              -               O que diabos está fazendo, Washu? - grita Tenchi Masaki.

              -               Vida, senhor Masaki! Vida! - brada excitada.

              Depois de dizer essas palavras, a ruiva corre para um comando que está em uma espécie púlpito e move uma alavanca. Um brilho intenso cega, por alguns instantes, todos os presentes.

              -                Sim! Sim! Está perfeito! - grita Washu como uma louca.

              Neste instante, o tubo opaco transforma-se em transparente e todos vêem o seu interior, uma forma humana feminina encoberta pelas Trevas e por um líquido desconhecido. Um silêncio segue depois que a mulher desliga os aparelhos.

              De súbito, um ruído surge, um som abafado no interior do tubo gigantesco. A pequena ruiva delira ao constatar que...

              -                Ela está viva! Viva! Sim! Viva!

              E no mesmo local que moveu a alavanca, a cientista opera os controles que fazem o tubo gigantesco inclinar até ficar totalmente horizontal. Em seguida, o liquido sai em pequenos tubos ligados ao cilindro e o mesmo abre, como uma porta jóia macabro e ainda ocultando o corpo em seu interior.

              Todos sentem um frio correndo na espinha quando uma mão pálida e úmida sai alisando o tubo.

              -                Sim, minha filha! - diz Washu. Você pode levantar!

              De repente, o corpo levanta e fica sentado, procurando a voz que a ordenou. A aparência da criatura é uma mulher incrivelmente branca e de cabelos arrepiados, negros e com umas listras brancas onduladas saindo das têmporas.

              -                Sei que pode me ver. - diz a cientista para a criatura.

              A criatura olha para a ruiva, que vem em sua direção, em seguida, olha para as suas mãos e seu corpo.

              -                Você é linda! Olhe para o seu rosto! - e cientista mostra um espelho para a criatura.

              O ser pega o espelho e olha fixamente para o reflexo. Depois, a deixa cair em seu colo e tenta balbuciar algumas palavras.

              -                Fale! Eu sei que pode! - diz o cientista muito próximo da criatura.

              Com muito reforço, a mulher consegue articular a sua primeira palavra.

              -                Wa... Was... Washuuu...

              -                Sim? Diga!

              -                Eu... Eu...

              -                Sim? - diz com o rosto quase colado com a da criatura.

              -                Eu te odeio, Washu! - e pega o pescoço da cientista.

              A cena é cômica.

              -                Sua bruaca! Eu pareço uma monstra horrorosa!

              -                Tive que improvisar, sua idiota! Solte o meu pescoço, Ryoko!

              Na platéia, uma risada característica corta a cena.                                   

              -                Eu sabia! Só podia ser! Olha só a aparência dela... - Ayeka gargalha.

              -                Sem quer apoiar a minha irmã, mas o corpo dela está ridículo. Parece uma Enguia albina.

              -                As suas palavras são as minhas, Sasami. - diz Tenchi.

              Ao ouvir estas palavras, Ryoko começa a chorar e sacudir a cientista.   

              -                Viu o que fez comigo, Washu? Virei uma monstra.

              No intervalo de uma sacudida e outra, a ruiva responde a pirata:

              -                Ora bolas! Este corpo é provisório e quando encontrar o seu, a sua essência será transferida. Por isso, tenha calma!

              Aos prantos, a pirata soluça e chora em cascata.

              -                Por que fizeram isso comigo? Quem fez tamanha crueldade?

              E como um passe de mágica, a resposta dessa pergunta surge de uma forma inesperada e através do correio eletrônico da nossa conhecida cientista.

              Ao ouvir o aviso da mensagem, Washu deixa a pirata em seus lamentos e ativa o seu teclado transparente. Depois de digitar, uma tela imensa aparece no laboratório e umas imagens surgem em seguida.

              -                Você costuma mostrar as suas mensagens a todos? - pergunta Ayeka.

              -                Não! Porém, este é de nosso interesse. É um sinal de anúncios dos caçadores de recompensas.

              Antes que nossos heróis digam mais algumas palavras, alguém bastante conhecido começa a falar na imensa tela.

              -                Saudações, clientes! - diz um rosto coberto por um véu. Sei que nos últimos tempos as minhas ofertas estavam um pouco fracas e talvez a minha credibilidade tenha caído sensivelmente. Porém, hoje isso vai acabar!

              Chocados, todos gritam juntos.

              -                NAGI!!!

              Ryoko, subitamente, pára de chorar e aponta gritando para a tela.

              -                Maldita! Mas é claro! Foi essa cachorra que roubou o meu corpo! Washu, vamos pega-la!

              -                Cala-se, Ryoko! Escute! - ordena a pequena ruiva.

              O discurso da caçadora de recompensa continua.

              -                Nos últimos tempos, tenho, incansavelmente, caçando uma terrível criminosa. Uma pirata, uma criatura sem nenhuma moral ou respeito com a propriedade alheia...

              -                Finalmente, fui compreendida! - interrompe Ayeka, mesmo sendo censurada.

              -                Sei que a captura deste ser é de uma importância social muito grande e também de motivos pessoais. Governos, empresas, ONGs, instituições e templos, querem a prisão da mais procurada criminosa do Universo. A pirata espacial Ryoko!

              A própria enche o peito de orgulho.

              -                Agora essa procura terminou! Tenho aqui o corpo dessa odiosa criminosa e é que podem ver. - e cena mostra Nagi segurando os cabelos da Ryoko que repousa inerte na perna da caçadora. Vamos logo o que interessa, o leilão vai acontecer no Teatro da Polícia Galáctica daqui há três dias. O lance mínimo é quarto milhões de Jurais, em espécie e sem seqüência de número de série. Espero que sejam bem comportados, pois o Teatro é alugado e a Polícia Galáctica quer um desconto especial no final do lance. Tragam bastante dinheiro, vão precisar...

              A mensagem termina.

              Depois de alguns minutos de silêncio, Ryoko comenta:

              -                Tô bonita ali, não acham?

              No espaço profundo, uma nave vermelha e bastante conhecida navega em direção à estação orbital da Polícia Galáctica. No seu interior estão os nossos heróis, Tenchi, Ayeka, Washu, Sasami, Kiyone, Mihoshi, o pseudo corpo da Ryoko e a nossa querida...

              -                Então está feliz que vai encontrar o seu namorado, Ryo-ohki? 

              Ruídos de aprovação é a resposta para Sasami.

              -                Ken-ohki nem deve mais se lembrar de você, garota! - alfineta Ryoko.

              Um rugido é a resposta para a pirata.

              -                Não precisa ficar ofendida... Afinal, não é sua culpa que a dona de seu namorado é aquela cretina. Então Tenchi, gostou de meu novo visual?

              O jovem olha a pirata com cuidado. Com o seu cabelo arrumado, ao seu estilo, é claro, um macacão de couro negro brilhante, botas negras reluzentes, luvas e óculos escuros. Este visual realça a pele excessivamente branca e as mechas das têmporas. Parece um "Punk", mas temendo mais uma crise de choro o rapaz responde:

             -                 Está linda, Ryoko! - e dá uma risada sem graça.

             -                 Parece um Elfo albino! - diz Ayeka. A única coisa que destoa é este cabelo preto com mechas brancas. Até mesmo para ficar feia você se supera.

             Com raiva, Ryoko pega a princesa pela gola e diz a sua rival:

             -                 Dane-se! Se você não gostou, não me interessa! O que importa é a opinião do meu Tenchi!         

             Os olhos da princesa enfrentam a da pirata e com um sorriso de desdém, Ayeka responde:

             -                 Disse apenas a verdade. Afinal, foi um milagre que ficasse livre daquele cristal, mas o que seria justo que ficasse nele para sempre.

             -                 Ora, sua...

             O jovem separa as duas brigonas.

             -                 Parem as duas, agora! Estou cansado dessa picuinha. Todos nós estamos na jurisdição da Polícia Galáctica e não gostaria de ser preso por causa das suas brigas.

             Mais uma vez as mulheres controlam o seu gênio e se calam.

             -                 Muito bem. - e Tenchi pergunta a Washu que está ao lado das policiais. Então, já podemos embarcar na estação?

             A pequena ruiva o olha por cima dos ombros e responde:

             -                 Fomos autorizados. Afinal, também vamos participar do leilão.

             Surpresa, Ayeka pergunta:

             -                 Mas nós não íamos resgatar o corpo da criminosa da Ryoko?

             Simulando um pigarro, Washu responde:

             -                 Não temos meios de escapar do Teatro da Polícia e então pensei em pagar a quantia do leilão.

             Pressentido o pior, Ayeka pergunta:

             -                 Quem vai pagar a quantia inicial?

             Com um sorriso cínico, a cientista responde:

             -                 Você. Quem mais?

             Ao ouvir estas palavras, a princesa de Jurai explode.

             -                 O que?! Eu vou pagar quarto milhões de Jurais só recuperar o corpo da cretina da Ryoko?

             -                 A idéia é essa. - responde com total indiferença.

             -                 Isso é um absurdo! Vou gastar uma fortuna de minhas economias para resgatar uma criminosa, NUNCA!

             Depois de alguns minutos de uma conversa amistosa, todos estão no interior do Teatro da policia galáctica, sentados na platéia, aguardando o começo do leilão.

             -                 Eu não acredito que fiz isso! - diz Ayeka de cabeça baixa e de braços cruzados.

             -                 Foi por uma boa causa. - responde Tenchi.

             -                 É uma atitude muito nobre, irmã. - diz Sasami.

             -                 Foi uma atitude muito estúpida! - explode Ayeka.

             Neste momento, a caçadora de recompensas sobe no palco acompanhado do seu Cabbit, Ken-ohki, causando uma comoção em sua namorada, Ryo-ohki. O pequeno animal reconhece a Cabbit e deixa o palco para ficar ao lado da fêmea. Tal atitude é percebida pela sua dona e reconhece todos os nossos heróis.

              Um sorriso, um dedo apontado no grupo é a sua reação.

              -                Vocês terão um acréscimo de um milhão de Jurais no final do leilão não importando o resultado.

              Ryoko, com ironia, diz para Ayeka.

              -                Será que ela está chateada pelo roubo do prêmio daquele concurso de biquínis?

              -                Que nada! O peso daquele dinheiro era muito pesado para ela.

              As duas gargalham.

              Minutos mais tarde, o leilão começa e nos primeiros minutos o valor da "peça" passou dos trinta milhões de Jurais. Os nossos heróis estão angustiados contrastando com a alegria da caçadora de recompensas. O tempo passa e o valor chega ao absurdo preço de duzentos e cinqüenta milhões de Jurais.

              -                Impossível! - exclama Ayeka. Este valor é uma loucura! Quem é o louco que quer tanto o corpo da Ryoko? Ela é muito feia!

              -                Qual é, Ayeka? Está com inveja? - responde Ryoko em seu pseudo - corpo. Estou nas nuvens! Eu não sabia que o meu corpo valia tanto. Então, Washu? Quando agiremos?

              Com um olhar compenetrado, a pequena ruiva diz a pirata:

              -                Espere o leilão terminar. Agiremos quando o novo proprietário receber a mercadoria.

              O leilão termina com o valor de trezentos e setenta milhões de Jurais. Todos ficam aterrorizados devido ao valor astronômico do negócio e quem está feliz é a antiga proprietária, Nagi. Pois, finalmente, garantiu a sua aposentadoria e viverá como uma rainha.

              -                Que venha o novo dono do corpo da monstruosa pirata do espaço. Espero que seus créditos sejam validos.

              -                E é, minha senhora! - diz uma voz no fundo do Teatro.

              A tal voz provoca uma reação inesperada na Washu. O medo. E seus temores se realizam quando vê o novo dono do corpo da Ryoko.

              -                Por que ELE está aqui?

              -                Ele quem, Washu? - pergunta Tenchi.

              Nagi recebe o homem no palco do Teatro. O homem tem a aparência de uma bola de basquete ou qualquer objeto esférico, com uma gola de palhaço, uma cartola engraçada, caolho e acompanhado de um robô humanóide.

              -                Por que temos que mudar os nossos planos, Washu?

              -                Porque aquele homem é o meu maior inimigo! É o Dr. Clay!

              O jovem Tenchi Masaki fica surpreso diante a resposta da cientista. O Dr. Clay está vivo? Na última vez que o enfrentaram, os nossos heróis impediram os planos do rival da Washu e que culminou em sua morte. Ou pelo menos, achava-se. Agora, estava novamente diante daquele homem no último lugar que esperavam.

              -                É ele mesmo. - concorda Tenchi. Mas não estava morto?

              -                Lady Tokimini é uma Deusa ardilosa, Tenchi.

              -                Lady Tokimini? - exclama surpreso. Quem é ela?

              -                Há muitos anos, eu, ela e a oculta fomos voluntárias de uma experiência na academia cientifica envolvendo o poder de Jurai. Diante da possibilidade do controle total dessa energia através da nano - tecnologia sem a utilização da Magia. Nós fomos infectadas por um tecnovírus que, teoricamente, deveria controlar o poder de Jurai, mas tudo deu errado. A terceira Deusa desapareceu neste plano, a Tokimini teve poder demais e enlouqueceu e eu tive a minha inteligência aumentada, além de ter o controle total dos tecnovírus. Graças a isso, eu não desapareci deste plano de existência. Já a Tokimini está entre duas dimensões e utiliza o Dr. Clay como elo para este plano, afinal, ele é o único que consegue comunicar com ela.

              -                Por que essa tal de Tokimini quer tanto você? 

              -                E porque quer o meu corpo para retornar a este plano de existência e vingar-se do império de Jurai. Agora entende o porquê do meu medo.

              -                Está certo. Agora, o que vamos fazer? - pergunta Tenchi.

              -                Aguarde.

              De repente, a cientista levanta-se de sua poltrona causando um transtorno em nossos heróis.

              -                O que está fazendo, Washu? - exclama Ryoko.

              Sem dar atenção aos seus parceiros, a ruiva faz uma reação inesperada.

              -                Dr. Clay! Estou aqui. Eu troco o corpo da Ryoko pelo o meu!

              Todos ficam chocados. Exceto o homem que está no palco que responde:

              -                Esperava este gesto nobre de sua parte, doutora Washu. Senhorita Nagi, me dê o corpo da pirata. Pois, acho que temos muito que negociar. - diz sorrindo.

              -                Nada disso! Primeiro o dinheiro, depois o corpo! - diz convicta a caçadora de recompensas.

              -                Quer o dinheiro? Posso providenciar agora mesmo. - e estala os dedos.

              Como um passe de mágica, o dinheiro materializa em cima da mulher e cai em cima dela. Acredite, caro leitor, isto não é uma experiência muito agradável, pois são trezentos e setenta milhões de Jurais em notas de cem sobre o seu corpo.

              -                Acho que com este dinheiro dá para comprar uma cadeira de rodas, não acha? - e gargalha. Agora, doutora Washu...

             Para a surpresa do homem, a cientista tinha sumido e como também os seus parceiros.

             -                 Maldita! Ela me enganou!

             No interior da Yagami, os nossos heróis comemoram o resgate do corpo da Ryoko.

             -                 Incrível! - exclama Ayeka. Tudo foi tão rápido que não entendi bem o que aconteceu? 

             Antes que a cientista pudesse responder, a pirata comemora o seu retorno ao seu corpo:

             -                 Eu estou tão feliz! - e agarra o seu amado. Veja, Tenchi! É tudo natural! Os meus belos seios estão no lugar, as minhas pernas, o meu...

             -                 Eu sei! Eu sei! - diz o jovem entre os seios da pirata.

             -                 RYOKO! - grita Ayeka. Sua vulgaridade ultrapassa os limites da decência. Largue já lorde Tenchi! Eu ordeno!

             -                 Eu estava com saudades de sua inveja do meu corpo, Ayeka. - diz a debochada Ryoko. Afinal, o meu corpo perfeito te causa uma profunda dor.

             A primeira princesa de Jurai vai até a pirata e tira o jovem de seus braços. Em seguida, uma briga com muitos puxões de cabelos causa um reboliço no interior da Yagami. Depois de algumas horas, os ânimos esfriam e a paz retorna. Só aí a pequena ruiva começa a explicar a todos o que aconteceu naquele leilão e como todos fugiram dali.

             -                 Quando o Dr. Clay surgiu, fiquei atordoada, pois nunca esperava que aquele homem voltasse a nos incomodar. Mas se estava ali deve ser somente para comprar o corpo da Ryoko e depois fazer chantagem para ter o meu corpo pelo dela.                             

             A ruiva demonstra um pouco de insegurança, mas a sua arrogância típica não deixa se trair.

              -                Apesar da adversidade, tive uma idéia. Poderia utilizar uma das minhas incríveis invenções. Um congelador temporal. Afinal, numa missão resgate temos que ter este tipo de aparelho. - e ri. Só aproveitei um momento de distração dele para usar a minha invenção. Com todos congelados, tive tempo suficiente para pegar o corpo da Ryoko, troca-lo e teletransportá-nos.

              -                Mas, Washu, o que fez com o corpo que a Ryoko estava usando? - pergunta Sasami.

              -                Deixei no lugar onde estava o outro.      

              -                E agora? Já que recuperamos o corpo da Ryoko, o que faremos com aquela frota de naves que estão nos seguindo? - pergunta Kiyone que pilota a Yagami.

              -                O que?! - exclama a cientista. A minha fuga foi perfeita!

              A pequena ruiva olha o espaço cósmico através da escotilha e vê uma nuvem de espaço-naves de todos os tipos e tamanhos.

              -                Como eles descobriam que estamos com a Ryoko? - questiona Washu.

              De súbito, a ruiva escuta uma voz estridente no fundo da nave, risadas e gritos debochados. A cientista começa a desconfiar o que está acontecendo. Aproxima-se e vê a seguinte cena, a Mihoshi sentada, completamente desleixada, com os pés sobre o comunicador da nave e com o microfone as mãos. O que dizia era algo parecido como uma doida tirando vantagem com as amigas.

              -                ... e verdade? - diz a policial. Claro que é! Nós libertamos a  maior criminosa do Universo... E por que libertamos? Ora... Ela é a nossa amiga! Se vamos formar uma quadrilha? Claro! No próximo festival vamos fazer uma festa de arromba! Se estiver convida? Lógico! Prometo!

              O sangue da cientista ferve e a cabeça dela fica vermelha.

              -                MIHOSHI!!! O que está fazendo!?! Está louca?

              Com a cara mais inocente do mundo, responde a ruiva:

              -                Estou contando para a minha amiga o que aconteceu?

              -                E você sabe quem é a sua amiga? - pergunta secamente.

              Piscando, responde:

              -                É a minha colega...

              -                Da polícia galáctica, não é?

              -                É.

              Ao ouvir isso, a pequena ruiva explode.

              -                SUA IDIOTA!!! Por que tinha que falar que estamos com a Ryoko?

              Ao perceber que tinha cometido um erro, a loira começa a tentar justificar.

              -                Ela... Ela... Ligou e... Perguntou se tínhamos resgatado a Ryoko e respondi que sim e... - e toca os indicadores formando um triângulo.

              -                ...começou a contar tudo que fizemos para uma policial! Eu juro! Quando voltarmos, você vai substituir as minhas cobaias. Sua mente é uma raridade, é única no Universo.

              A loira a olha com um olhar de clemência, apesar de que não entender bem o que quis dizer. Antes que a ruiva comece triturar, com palavras, a auto-estima da policial, Kiyone entra na sala de comunicações e diz nervosa:

              -                Washu, precisamos de você! As naves estão começando a atirar e não temos meios de despistá-los. A Ryoko disse que você tem um meio de escaparmos com segurança.

              Com tranqüilidade, a cientista diz a policial:

              -                 Eu sei o que a Ryoko está falando. Já estou indo. - e diz para Mihoshi. Espero que seja mais cuidadosa em suas ações, pois não serei assim quando estiver fazendo as minhas experiências com você.

              Sem entender, a loira sorri e acena à cientista.

              -                 Impressionante... - conclui a pequena ruiva.

              No espaço, milhares de naves de todos os tipos e tamanhos perseguem a nau de nossos heróis, a valente Yagami. Raios de energia tentam atingir o veiculo, mas a habilidade da pirata Ryoko impede o intento dos seus inimigos, pelo menos, por enquanto.

              A porta que dá acesso a sala de comando da nave é aberta e revelando a cientista louca Washu que começa dando ordens a todos, principalmente, a Ryoko.

              -                 Já ativou o escudo de defesa? - pergunta enérgica.

              -                 Há muito tempo, Washu!

              -                 Agora ligue o computador auxiliar e digite a senha P-2245-7!

              A pirata obedece.

              -                 Está vendo um quadro vermelho no canto da tela? Pressione e em seguida dê as coordenadas do setor 146.

              -                 Mas o que é isso? - pergunta Ayeka. Que tipo de artimanha está fazendo?

              -                 A Washu, recentemente, colocou em minha nave um sistema de salto no Hiper-espaço... - responde Kiyone.

              -                 Mas essa porcaria foi testada?

              -                 Bem... 

              -                 Eu não acredito! Sua louca! - aponta à ruiva. Você vai nos matar! Vamos usar um aparelho que nunca foi testado num momento de grande tensão e perigo?!

              -                 O que foi, princesa? - ironiza Ryoko. Pensei que gostava de aventuras...

              -                 Eu gosto de minha vida, em primeiro lugar!

              -                 Então, cala a boca! - censurando a princesa. É isso que estou fazendo ou gostaria de ser presa e vendida como fui?

              -                 Prefiro isso do que virar poeira cósmica! Ordeno que pare já com essa loucura!

              Ignorando os queixumes da princesa, a pirata ativa o sistema e um fenômeno extraordinário acontece. A realidade altera-se de uma forma fora do comum. É como o Universo entrasse num ralo. Não é preciso dizer que todos perdem a consciência...

              Tenchi Masaki abre os olhos e constata que está vivo. Ao levantar-se, vê que a nave e suas amigas estão bem, mas inconscientes. Ao chegar perto do visor, descobre que não há nenhuma nave os perseguindo. Em seguida, sacode a pequena ruiva, para que acorde, e que acontece.

              -                 Tenchi? - e dá um gemido. Se estiver vivo, então deu certo...

              Surpreso, o jovem pergunta a cientista:

              -                 Você não tinha certeza que ia dar certo?

              Percebendo que seu comentário demonstraria que sua experiência colocava todos em risco de vida, retruca com habilidade:

              -                 Ora, Tenchi! - diz com um sorriso amarelo. Estava brincando. É claro que daria certo! Afinal, sou maior cientista de todo Universo. - e ri.

              Um pouco mais seguro, mas desconfiado, pergunta à Washu:

              -                 Ótimo, mas onde estamos? Eu não me lembro que a Ryoko tenha programado a nave para nos levar para casa.

              Percebendo que cometeu mais uma gafe, a pequena ruiva tenta contornar a situação.

              -                 Não se preocupe, Tenchi. Prometo que assim que o computador da nave terminar de fazer os seus cálculos terá todas as respostas que queremos.         

              A ruiva vai, com passos determinados, em direção da poltrona de controle da nave e acorda a Ryoko. A pirata resmunga, mas obedece ao pedido da cientista de deixar o comando da nave para ela. Só para não perder o hábito, a mulher agarra o seu amado Tenchi e que é impedido por sua nêmesis, a princesa Ayeka.

              Depois de uma cansativa e repetitiva "troca de gentilezas" entre as duas mulheres, uma fina voz feminina faz uma pergunta muito incomoda:

              -                 Gente, alguém viu a Ryo-ohki?

              O silêncio toma conta da nave.

              -                 Não me digam que se esqueceram da Ryo-ohki?

              Todos olham para Washu. E sem graça, responde:

              -                 Sabe, Sasami... Eu achei que ela estava dentro da nave...

              Foi à gota d'água.

              -                 O que?! Como pôde fazer isso comigo e com ela?!

              -                 Mas foi um acidente.

              -                 Vamos ter que voltar e busca-la! Agora! - determina a jovem princesa.               

              Com um olhar de cansada, a cientista diz a todos:

              -                 Está bem. Depois de saber onde estamos, vamos programar a nave para voltarmos e resgatar a Ryo-ohki.

              Sasami sorri.

              Horas passam, todos começam a ficar preocupados com a falta de informações, pois a nave está a deriva no meio do nada. Porém, a pequena ruiva retorna e dão às notícias, o seu rosto não demonstra muito ânimo.

              -                 Vou ser direta! Estamos na constelação do Cruzeiro do Sul há cento e cinqüenta anos Luz da Terra. A nave durante a fuga gastou toda a energia de reserva e não temos meios de irmos à Terra, muito menos, voltarmos ao local de partida. Tenho o seguinte plano, vou levar nave até a estrela mais próxima e recarregar as baterias com energia Estrelar. Assim poderemos ir para Terra,  trocarmos as peças defeituosas e voltarmos à Estação orbital da Polícia Galáctica.

              Todos ficam desolados, mas Mihoshi pergunta:

              -                 Alguém quer beber Saquê?  

              No Teatro da Polícia Galáctica, uma multidão começa uma confusão devido ao dinheiro espalhado no palco. Uma luta para tirar todo o dinheiro que está em cima da caçadora de recompensa, não por caridade, mas por ganância, mesmo.

              No canto do palco, o casal de Cabbitis suspira e jura amor eterno.

              De súbito, uma explosão de energia na montanha de dinheiro ocorre e joga várias notas queimadas por todo o Teatro. Um grito de ódio ecoa no auditório, revelando que a caçadora está viva e sedenta de vingança.

              -                 Maldita bola de banha! Você enganou! Ken-ohki!!! - grita para o seu Cabbit.

              O pequeno animal obedece a sua dona, mas é acompanhado pela sua namorada. Ao ver a cena, Nagi sorri e pega a Ryo-ohki pelo cangote.

              -                 Parece que sua dona a abandonou.

              Um conjunto de ruídos que significam uma negativa é a resposta.

              -                 Sua tola! Acha mesmo que quero que sua dona não a procure? Isto seria tão cruel... - diz com ironia. Conto com a sua cooperação minha pequena pepita de ouro.

              Uma risada ecoa no Teatro deixando todos os presentes assustados, inclusive a pequena Cabbit que percebe que seu amor pelo seu namorado traiu os seus amigos.

              No interior da Estação orbital da Polícia Galáctica, um corpo inerte, ou melhor, um pseudo-corpo, abandonado num corredor frio. Porém, a sua solidão irá acabar, pois um robô a pega e desaparece misteriosamente.

              Em algum lugar não identificado, o robô com sua "passageira" reaparecem do nada. O local parecia um imenso pântano metálico, uma neblina tênue envolve o ser metálico e sua companhia inerte. Uma voz rouca e potente chama o seu servo robótico e é prontamente atendido.

              Diante o seu senhor, o robô coloca o pseudo-corpo no chão e aguarda as palavras de seu mestre.

              -                 Então este é o corpo inventado pela professora Washu... Então estamos com muita sorte.

              O robô responde ao seu mestre:

              -                 Sim, doutor Clay. O corpo usado pela pirata especial Ryoko está diante do senhor como planejado. O que fará com ele?

              Sorrindo, o rival da Washu responde:

              -                 Ora, vou trazer Lady Tokimi neste mundo usando a invenção da doutora Washu. Assim, ela será cúmplice do que vai acontecer.

                                          Fim do capítulo seis.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, os cientistas querem serem senhores da Natureza e as conseqüências disso serão desastrosas. O que farão os nossos heróis diante os problemas e perigos inesperados? Ou será que alguma coisa vai acontecer além do que estamos esperando? Não perca as respostas para essas perguntas em:


Sem necessidade de guerras civis.



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