Start Over escrita por MBS


Capítulo 27
Memórias, ou a falta delas


Notas iniciais do capítulo

Sei que provavelmente vocês querem me matar pela demora de postar um novo capítulo, mas muita coisa aconteceu desde o último. Bem, inicialmente eu comecei a namorar, e por ironia do destino meu namorado tem muita coisa parecida com o Bernardo, ai eu tive um leve bug e não consegui mais achar o que eu queria realmente da história, ou como continuá-la, este capítulo foi escrito a uns 6 meses e nunca achei que ele estivesse bom o suficiente para postar, mas bem, talvez com o incentivo certo da minha versão Bianca da vida real estou aqui, na maior cara de pau, postando para vocês. Espero que gostem.



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Ponto de Vista - Abigail

 

Após nossa pequena reunião, a qual fiquei meio desfocada de tudo, escutando o que ele tinha para nos dizer e escrevendo um pequeno bilhete para Bernardo, como se aquilo fosse meu pequeno diário sobre nós dois, o médico deu por encerrada e acompanhei todos até o novo quarto de Bernardo no hospital. Como não poderia todos nós continuarmos por muito tempo no quarto, iríamos ficar apenas um tempinho.

— Abby - Lucas estalou os dedos em frente aos meus olhos, o encarei com um pequeno sorriso - Você veio de carro?

— Meu pai me trouxe. Por que?

— Ay pediu se você quer ir com nós para casa... ela está preocupada com você.

— Claro, sem problemas.

Dito isso entramos no quarto, Bernardo parecia o mesmo, que estava bem, sorrindo e brincando com os outros, meu coração deu uma leve apertada quando ele me encarou e sorriu, apertei mais firme o bilhete em minhas mãos.

— Achei que não iriam vir - ele disse ainda meio rouco, me senti envergonhada com meus próprios pensamentos em achar aquilo sexy.

— E eu ia abandonar meu macho? - Lucas falou indo abraçar o amigo, sorri com os dois e sentei aos pés da cama. Gustavo estava sentado em uma poltrona do lado esquerdo com Sophie sentada no braço da própria poltrona; Ayla estava em outra poltrona do lado direito encarando o namorado e o irmão com um sorriso. - Nunca mais dá um susto desse na gente, você quase matou todos do coração.

Quando Lucas disse isso minha cabeça voltou ao dia que Bernardo tinha acabado de ser levado para o quarto e quando eu fui visitá-lo, que eu disse que ele ainda iria me matar do coração. Quando minha cabeça voltou a encarar os dois era como se ele lembrasse disso também, pois seus olhos estavam penetrados em mim.

— O quanto eu perdi? - Bernardo disse encarando todos nós.

— Sobre? - Perguntei tocando sua perna. Lucas sentou ao lado da namorada. Notei o olhar de Bernardo encarar Sophie e Gustavo, que estavam de mãos dadas, depois dirigir seu olhar para Lucas e Ayla, no qual a irmã estava nos braços do namorado. Fui seguindo seu olhar e ele mexeu as mãos direcionando ao todo. Os quatro estavam me olhando esperando eu falar algo. Respirei fundo e tentei organizar meus pensamentos antes de falar algo, mexi em meus cabelos nervosa e o encarei - Até onde você se lembra?

Bernardo me olhou confuso, como se eu tivesse falado algo errado.

— Bem, lembro de você indo para minha casa me ajudar com Biologia, conseguimos ficar no mesmo ambiente sem brigar - Sorri com a lembrança. Seus olhos foram em direção para Lucas - Lembro de você lá em casa depois que eu deixei Abby na dela, que você ficou encarando minha irmã e eu bati em sua cabeça falando...

— "Minha irmã não" - Lucas completou sorrindo e encarando Ayla.

— E de você - olhou para Gustavo - Lembro de ficar nervoso cada vez que eu ou a Ay brincávamos que você estava namorando a Soph, pelo jeito estávamos certos. - Bernardo deu um longo suspiro, sua mão foi em direção ao capo de água e ele tomou lentamente.

— O médico disse para você não fazer muito esforço, que suas memórias vão voltando. - Fiquei o encarando enquanto falava.

— Então eu realmente perdi parte da memória? - Pediu e eu assenti - Foi muita coisa?

— Bem, tudo o que você acabou de descrever aconteceu em fevereiro, já estamos quase em julho Bernardo... muita coisa aconteceu. - Dei um longo suspiro e segurei em sua mão - Mas o importante é que você acordou e está bem.

Por um milagre ele não discutiu, apenas assentiu e começou a prestar atenção nos amigos e irmãos os quais estavam o distraindo. Andei lentamente até a janela do quarto, encarando o que estava lá fora, vi de longe o carro de um dos amigos de Carter parado no estacionamento.

Para Abby, isso deve ser coisa da sua cabeça e cansaço”.

— Está tudo bem Abs? - Sophie pergunta passando o braço pela minha cintura, tentando ver o que eu tanto prestava atenção do lado de fora.

— Está sim, sabe se a mamãe está trabalhando hoje?

— Provavelmente, ela sempre está esqueceu? - A voz da minha irmã era com um tom irônico. As lembranças da nossa infância acompanhada de nossa mãe eram poucas, já que sempre em casa estava apenas nós três (eu, Guilherme e Sophie - e Carlos). - Por que? Quer que eu peça alguma coisa para ela?

— Não, só curiosidade mesmo.

— Tá bom, bem, nós estamos indo. Você vai com o Gustavo e Ayla?

— Acho que irei mandar mensagem pro major vir me buscar, quero ficar mais um pouco.

— Entendo, bem... vai com calma Abby.

— Eu estou tentando Soph, mas as coisas estão sendo arrancadas de mim lentamente, tenho que me agarrar ao único fio de esperança que sobrou – Minha irmã assentiu, entendendo o quão importante aquilo era, pelo motivo que ela faria o mesmo se fosse ela e o namorado na atual situação.

— Liga pro Major Abby.

— Depois.

— Agora.

Ficamos alguns segundo discutindo por olhar até que notei que eu havia perdido essa.

— Você está ficando pior que o Guilherme, Jesus.

— Eu sei, agora vai lá e liga, eu falo com o pessoal.

— Tá - dei um beijo em sua bochecha e me dirigi para fora do quarto. Retirei meu celular do bolso e fiquei um bom tempo olhando para a proteção de tela que era uma foto minha e de Bernardo, quando que as coisas voltarão o normal, ein moreno? Desbloqueei o celular e digitei o número rapidamente - Oi pai, é eu sei que falei que não seria necessário, mas será que tem como você vir me buscar depois? Sim, uns 40min está bom... É só que o pessoal está indo embora agora - Nisso todos saíram do quarto e eu sorri em aceno para eles, mandando beijos no ar e acenando com a cabeça avisando que está tudo bem - E eu quero ficar um pouco mais com ele. Tudo bem, até depois Major, amo você.

Dito isso caminhei até a porta do quarto e entrei novamente.

— Ei.

— Achei que você iria ir embora com os outros - Bernardo falou, suas bochechas tomaram um tom avermelhado e seu olhar tinha um brilho diferente.

— Decidi ficar mais um pouco. - Falei soltando o bilhete na mesinha ao lado de sua cama e sentando novamente aos pés desta.

— Então... - Bernardo iniciou encarando-me. - Quer me contar tudo o que aconteceu e eu acabei perdendo? - Falou apontando para a própria cabeça. Seu cachos que ainda existiam não estavam tão definidos como sempre, já a parte que havia sido raspado para a cirurgia estava com o cabelo mais curto que o normal ainda. Me peguei encarando e não respondendo a pergunta

— Bem, muita coisa mudou, como você pode notar... Lucas e Sophie depois de muitos acontecimentos bons e ruins, brigas, ex namorado louco da Ayla, você acabou incentivando ele a tentar algo e bem, estão juntos agora, já faz alguns meses.

— Ex-namorado louco da Ayla?

— É bem... vamos resumir que sua irmãzinha não é mais tão irmãzinha assim, e o menino que ela namorava meio que falou sobre isso pra todos.

— Mas... eu... preciso quebrar a cara desse garoto. Ela é minha irmã porra, e é uma coisa pessoal isso, não deveria ter saído pra fora além deles dois - Bernardo parecia muito revoltado com isso, lembrei-me das palavras do médico sobre ir com calma nas informações.

— Ei meu bem - peguei uma de suas mãos e coloquei a minha outra em seu rosto, fazendo-o me encarar - Você já quebrou a cara dele, não só dele, de qualquer um deles que desrespeitasse suas garotas você quebrou com a cara deles, inclusive fez você ser suspenso do time por um tempo – Bernardo abria e fechava a boca com a informação.

— Eu o que?

— Perdão - falei dando um meio sorriso, a cara de Bernardo era impagável, então acabei dando uma risada longa dele - Bem, vamos fazer assim, como não sei o quanto posso contar pra você, vou escrevendo alguns momentos em lugares importante de tudo o que aconteceu em bilhetes.

— Gostei da ideia, eu também posso escrevê-los pra você? - Pediu ficando com as bochechas levemente coradas.

— Claro, irei amar isso - continuei segurando sua mão.

— Mas Abby, o que aconteceu com nós? - Notei que ele apontou com a cabeça para nossas mãos entrelaçadas – Somos só amigou ou…? - A frase acabou morrendo ali.

— Somos além do ou – dei um meio sorriso. Puxei meu colar, onde eu havia pendurado a aliança de namoro e mostrei para ele – Somos a maior revolução que aquele colégio já encontrou e viu como um casal, muitas garotas ficaram decepcionadas quando viram você apaixonado por sua “inimiga” - Notei que seu sorriso apareceu mais claro em seus lábios, seus olhos até chegaram a bilhar.

— Pena para elas que não conseguiram ler minha mente antes para saber que esse amor era mais velho do que elas poderiam imaginar – Abri minha boca sem palavras para dizer, Bernardo nunca havia me contado isso, em nenhum momento.

— Ah – foi a única coisa que consegui dizer.

— Fico feliz em saber o que somos, e espero ansiosamente para que me conte como que aconteceu tudo – falou levantando meu queixo com a ponta dos dedos.

Ficamos mais um tempo conversando distraidamente sobre nossa infância, hobbies, comidas favoritas, passatempos favoritos, como se fosse a primeira vez, até que ouço alguém batendo na porta e a abrindo lentamente.

— Pai – disse levantando e indo ao seu encontro com um beijo na bochecha.

— Vim te buscar, como havia me pedido – disse me olhando nos olhos, um brilho que a meses não era mais visto – Olá Bernardo, fico feliz em ter devolvido a minha Abby.

— Senhor – cumprimentou-o – perdão, não entendi, sua Abby?

— Sim, a meses não via esse brilho ao redor dela. Obrigada por isso.

— Pai! - falei repreendendo-o, sentindo minhas bochechas corarem.

— Fico feliz em saber que fui a causa disso, senhor. - Bernardo sorriu.

Caminhei até seu lado e dei um beijo demorado em sua testa descoberta de bandagens.

— Fique bem – Dei um sorriso encarando seus olhos cor de mel.

— Tem certeza que não quer ficar? - Bernardo segurou minha mão em seu rosto, acabei alternando meu olhar entre ele e meu pai e negando com a cabeça.

— Hoje não posso, tenho compromissos com o senhor Major ali – apontei com a mão em positivo ao meu pai que apenas sorriu de canto – Prometo que quando você for pra casa passo mais tempo, a noite toda se quiser, com você.

— Vou me lembrar disso. - reconheci seu olhar maroto e um brilho em seu olhar.

— Espero que sim. - Dei um sorriso de canto e apontei para o bilhete – Leia depois que eu sair. Amo você moreno.

— Amo você Abby – seu sorriso aumentou gradativamente com minhas palavras, e aquilo me deixou extremamente feliz.

Bilhete: 

Sei que assim que eu sair você irá ler este bilhete, e esta é a minha intenção. Notei seu olhar no meu e o seu nervosismo assim que você acordou, assim como sei que a maior pergunta que surgiu em sua cabeça foi “ela não me odiava?”.

Bem, me desculpe por isso, nunca foi minha real intenção... Eu só quero que você volte a sorrir, ainda mais se eu for o motivo dele. Saiba que desde o primeiro momento que eu te vi ficando vermelho foi quase amor, quase porque você aos poucos foi me conquistando e se tornando meu porto seguro.

Sei que muita coisa aconteceu, e você vai me encher novamente de perguntas assim que eu voltar para te ver, mas com calma que prometo contar tudo, aos poucos, e em uma tentativa de lembrar de cada detalhe de como e quando aconteceu exatamente (assim como você vai pedir a origem das suas tatuagens, talvez eu tenha sido a culpada disso e você das minhas). Sei também que a sua falta de memória está te assombrando, mas como eu disse, prometo te contar tudo, no seu tempo. 

Fique bem moreno, e até a próxima visita.

Com muito amor e carinho,

Da sua Abby.

Segui o caminho para fora do quarto tranquilamente ao lado de meu pai que logo puxou conversa:

— Então, como estão as coisas?

Ele não se lembra nada, nada não, mas desde fevereiro ele não se lembra… - Seus olhos se arregalaram, ele sabia que havíamos começado a namorar em março – Ele não se lembra nem disso, nem do namoro nem nada, o que em partes me reconforta é se que ele não lembra de nenhuma “novidade” desde lá, como o namoro dos irmãos, da briga depois do treino, ou outros fatos "importantes", nada ele lembra, então fico calma que não foi apenas de nós que ele esqueceu. Mas decidi contar e mostrar – apontei pro colar – que somos além do que ele pode imaginar, então, acho que posso contar os momentos antigos e reviver para criar novos, se for o caso – sorri sincera para meu pai.

— Isso é bom, mas eu notei o olhar dele pequena, isso é um sintoma antigo.

— Sintoma antigo?

— É, paixão, o amor, é um sentimento antigo que ele tem por você pelo que dá pra notar, é… - Ele ficou estático e avermelhou as bochechas, notei que seu olhar se fixou em algum ponto, quando notei era minha mãe falando com uma enfermeira. Seu olhar recaiu sobre nós e deu um aceno rápido, saindo quase correndo para algum lugar que não fosse mais ali.

— O mesmo olhar que você ainda tem por ela.

— Você me entende – seu sorriso logo apareceu de canto e seguimos para o carro.

Ao longo do caminho coloquei uma música na rádio, vi que um carro azul nos seguia desde nossa saída do hospital, mas preferi deixar minhas paranoias meio de lado, preferindo ignorar em partes meu instinto, por isso foquei em cantar baixinho até que olhei novamente no retrovisor do carro e notei que o mesmo carro que eu havia visto pela janela do quarto de Bernardo, estava nos seguindo.

— Pai… - Comecei, sem saber como seria o rumo da conversa que iniciaria - é, como você consegue lidar tão bem com o Guilherme competindo em racha?

— Porque eu já tive a idade dele pequena, assim como tive um pai duro como sou com ele. - Me virei no banco o encarando – Sim, eu também tive minha fase de racha, mas por quê?

— Bem, e se eu te falasse que tem um carro atrás de nós desde que saímos do hospital? Você dirigiria da mesma forma?

Notei seus olhos claros indo em direção ao retrovisor e me encarou com as sobrancelhas arqueadas.

— Se segure – foi a única coisa que ele disse antes de pisar fundo no asselador.

Entramos em ruas totalmente desconhecidas pra mim, mesmo que eu tivesse nascido e crescido aqui, pareciam que para meu pai era a coisa mais natural do mundo estar em alta velocidade entrando nelas.

— Filha, pegue meu celular e ligue para Marcos.

— Quem é?

— Só ligue Abby, e coloque no viva-voz.

Obedeci e peguei o celular depressa, desbloqueando e procurando na lista de contato o tal Marcos. Com apenas dois toques logo foi atendido.

Senhor

— Marcos, procure a placa 5TCR303, carro azul escuro, modelo Ford Mustang GT, motor aparentemente modificado. Ele está nos perseguindo desde que saímos do hospital onde meu genro está internado, mande uma equipe para ficar de olho por lá, envie um aviso para o Granemann da atual situação, peça para que ele aumente a proteção dos dele.

Mais alguma coisa senhor?

— Mande uma equipe para minha casa, verifique onde estão meus filhos, com quem, e fale também com o Cortez.

Sim senhor, estou providenciando

— Qualquer alteração me avise. - logo a ligação foi encerrada. Mas minha dúvida era, por que falar com os Cortez sobre isso?


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Notas finais do capítulo

Não consegui inserir o modelo de bilhete que eu havia feito, tinha ficado fofo, mas enfim, está o tão merecido capítulo, espero que tenham gostado. Prometo não demorar mais tanto para postar.



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