Start Over escrita por MBS


Capítulo 25
Impaciência




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Ponto de Vista – Abigail

 

Sentei na poltrona da sala jogando minhas pernas sobre o braço da mesma, estava impaciente e não conseguia parar de ligar e desligar a tela do celular a espera de uma mensagem de Bernardo. Eu já estava surtando.

— Merda – resmunguei jogando a cabeça para trás.

— O que foi? – perguntou Bianca sentando ao lado do meu irmão no sofá e jogando as pernas por cima das pernas dele.

— Bernardo saiu ontem e me deixou um bilhete falando que já voltava, mas até agora nada. Já mandei mensagem pra Ay e pro Gustavo e segundo eles o Bernardo não foi pra casa. O Lucas e o Gabriel também falaram que ele também não apareceu na Casa – suspirei fundo e continuei encarando o teto – Eu to surtando.

— E cadê a novidade? – ela deu de ombros e ficou me olhando até eu a encarar de volta – Ele deve ter sido chamado para algo importante Abby, não deve ter tido tempo de te avisar, só isso.

Concordei com a cabeça e encarei novamente o celular.

— Liga pra ele – Guilherme falou sem me olhar – Já tá me irritando ficar vendo você ligar e desligar a tela do celular.

— Eu já tentei... Só dá desligado ou fora de área o celular dele. – dei de ombro e me sentei na poltrona. – Eu acho que eu vou...

Meu celular começou vibrar em minha mão e quando olhei no visor era o número dele.

— Amor? Finalmente, eu já estava ficando preocupada.

B: Quem é? Desculpa, mas eu sou Carina, sou paramédica...

Meu coração falhou uma batida, tenho certeza que eu estava pálida, pois Bianca e Guilherme me encararam esperando uma resposta.

B: De quem é esse celular?

— Be-Bernardo Granemann, ele é meu namorado. – falei secando as lágrimas que haviam começado a cair.

B: Bem, desculpe lhe informar assim, mas ele sofreu um acidente de carro. Seu número estava presente nas últimas chamadas realizadas e por isso eu estou ligando para você e solicitando que ligue para os familiares.

— C-claro... pra qual hospital ele está sendo encaminhando?

— Hospital? – Bianca pediu alterando a voz – Abby, por que o Bernardo está indo em um hospital?

— Eu vou ligar pra mamãe – Guilherme falou ficando em pé e eu concordei com a cabeça.

B: Ele está sendo transferido para o Hospital Central.

— Vou ligar pra família dele. Obrigada. – e assim a ligação foi encerrada.

Eu estava em estado de choque, Bianca estava segurando minha mão e eu não estava esboçando nenhuma reação.

— Abby, mamãe pediu para qual hospital – Guilherme falou entrando na sala com o telefone na mão.

— Pro Central, pede pra ela ir correndo pra lá. – falei ficando em pé e secando as lágrimas que haviam caído.

— Onde você está indo? – Bianca tentou segurar meu braço quando peguei meu casaco e minhas chaves na mão – Abby, por que o Bernardo tá no hospital?

— Ele sofreu um acidente de carro e eu vou para devo estar nesse momento – entreguei meu celular em sua mão – Ligue pros pais dele, eu não vou conseguir falar. Avise do acidente e avise que ele está sendo encaminhado para o Hospital Central.

— Abby – ela ia começar a falar e eu apenas neguei com a cabeça – Então me deixe ir dirigindo pelo menos... Você não está em condições.

— Bi...

— Eu dirijo. As duas pro carro – Guilherme respondeu pegando as chaves da minha mão e indo em direção à garagem.

Entrei no banco de trás e afundei sobre o mesmo. O silêncio no veículo estava horrível, a única voz era de Bianca ligando para a mãe de Bernardo, escutei seu choro pelo telefone e assim como ela me pus a chorar, porém, em silêncio.

Chegamos ao hospital no momento em que a ambulância havia chego.

— Bernardo – corri até a maca, mas fui segurada por meu irmão. Ele estava cheio de tubos, os quais estavam o mantendo vivos.

— Filha – minha mãe chamou parando ao nosso lado. Fazia anos que minha mãe não me encarava tão preocupada. Seus olhos tentavam passar conforto e força, mas eu não conseguia me manter assim sem ter uma resposta certa de como Bernardo estava. – Daqui em diante eu cuido dele. Guilherme, leve ela pra sala de espera. – Ela tocou levemente meu rosto, seu olhar era de puro carinho e solidariedade, coisa que nunca havia acontecido entre nós duas. Encarou Guilherme como um pedido em silêncio para cuidar de mim, como ele fazia a anos.

— Ei, ela é uma das melhores nisso... Confia nela pequena – Guilherme falou beijando meus cabelos. – Vem, vamos pra sala.

Fui levada meio perplexa ainda para a sala de espera, logo os pais dele e seus irmãos chegaram ao local também.

— Abby – Judith veio me abraçar. Senti as lágrimas em meu ombro – Como?

— Não sei, fiquei sabendo há alguns minutos. A paramédica ligou com o celular dele pra mim, disse que era a última ligação que tinha. – respondi me afastando. Seus olhos estavam marejados. Notei que o seu marido, Sargento, como Bernardo chamaria, estava com a pose de forte, mas em seu olhar eu vi a dor e a preocupação.

— Eu vou lá dentro tentar descobrir algo – Judith falou tocando o rosto do marido e desaparecendo para dentro do hospital.

Agora eu entendo porque dizem que o tempo parece não passar aqui dentro. Havia várias pessoas indo e vindo, rindo, chorando, em choque... Vários sentimentos misturados, assim como os nossos. Ayla estava deitada no meu ombro, meu irmão estava conversando com nosso pai no telefone, Lucas estava ao lado da namorada roendo as unhas, nervoso pelo estado do melhor amigo/cunhado. Notei minha mãe saindo de uma porta que era restrita para funcionários.

— Bem, as notícias são boas apesar de tudo – ela disse parando em nossa frente – Ele está bem e estável, mesmo com as fraturas que teve no corpo nenhuma delas comprometeu nenhum dos seus órgãos. – Ela falou, notei a cara de alívio em sua família, mas eu sabia que tinha mais coisas.

— Mas? – perguntei encarando-a. Ela sabia que eu a conhecia.

Ela respirou fundo e tirou sua toca, segurando firmemente nas mãos. Ela encarou primeiro o pai de Bernardo, depois seus irmãos até pousar o olhar sobre mim.

— Ele teve uma pancada muito forte na cabeça, comprometendo o lobo frontal. Ele está em coma induzido, teremos que esperar ele acordar para ter certeza que nada foi comprometido. – Ela deu um suspirado e encarou diretamente a mim – Mas a princípio, pela análise do neurologista daqui do hospital, a memória dele pode ter sido comprometida. Chamamos uma segunda opinião, para compararmos. Bem, eu terei que entrar novamente lá. Judith está com ele agora, assim que as visitas forem liberadas eu chamo vocês.

Meu chão simplesmente desabou. Ayla começou a chorar e logo foi abraçada por Lucas, Gustavo colocou as mãos nos cabelos, caminhei até seu lado e o abracei, que assim como o pai estava tentando bancar o forte, mas eu conhecia aquele sintoma, era o estado de choque. Minha mãe saiu dali entrando novamente pela porta.

Após algum tempo a família dele foi aos poucos sendo chamada, sua mãe veio por último me buscar para acompanha-la até o quarto. Eu sabia que na UTI os únicos permitidos eram os familiares, como pais e irmãos, que namorados não contavam, mas pelo visto minha mãe e a dona Judith haviam “mexido seus pauzinhos” para liberar minha passagem. Entrei no seu quarto e ele estava todo ligado por aparelhos. Seu rosto antes para mim tão risonho e cheio de vida estava cheio de cortes e roxos, com uma faixa enorme em sua testa.

Sentei na poltrona ao seu lado e segurei sua mão, que antes tão quente agora era fria.

— Oi meu amor – falei apertando de leve sua mão, tirei alguns fios de cabelos que estavam em sua testa – O que foi que aconteceu com você ein? Quando eu fazia drama que você ainda ia me matar do coração não era pra você levar a sério – senti as lágrimas descendo pelo meu rosto. – Volta logo Bernardo, eu... Eu não sei o que eu iria fazer sem você aqui – minhas palavras saíram entrecortadas e deitei minha cabeça ao lado da sua mão, me permitindo a chorar.

O barulho do monitor cardíaco estava cada vez ressoando mais alto em meus ouvidos. Eu não conseguia acreditar ainda que Bernardo estava em uma cama de hospital, na UTI, e pior de tudo, que poderia ter perdido a memória. Mas eu sabia que no fundo, meu maior medo ainda era de saber como esse acidente aconteceu, ou pior, quem ocasionou ele.


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