Start Over escrita por MBS


Capítulo 2
Incógnita




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Ponto de Vista - Abigail

 

Tentei ao máximo ignorar o grupo do Bernardo que estava aqui, mas era impossível. Eles eram ridiculamente bonitos, o que dava mais raiva ainda por serem os babacas escrotos que eram. Afinal, o que eles estavam fazendo aqui? AQUI ERA O MEU LUGAR, O MEU SANTUÁRIO DE PAZ INFINITA... Que raiva que eu tava deles.

— Abby, tá tudo bem? – Alice me pediu preocupada. Ela era meiga, com seu olhar terno e protetor, com aquela carinha de anjo, a pele branca e seus cabelos escuros. Eu a considerava minha irmã mais velha, assim como Bianca, que na verdade eu considerava minha consciência extra-corpórea, mesmo eu raramente a escutando.

— Eu só queria saber o que aqueles babacas tão fazendo aqui – falei apontando com a cabeça a mesa de Bernardo – AQUI É O NOSSO LUGAR – falei alterando a voz pra dar ênfase a frase.

— Você deveria parar de ligar pra eles, eu já te falei isso Abigail – Bianca falou em tom repreendedor tirando os olhos do livro de constitucional – Assim como eu já te falei que todo caso, caso aqueles babacas continuem te infernizando eu vou dar uma surra neles, to pouco me ferrando se eles jogam rugby e tem um corpo ok, eu luto, tenho certeza que eles não aguentam dois minutos comigo. – falou dando uma piscada pra mim e me fazendo sorrir.

Minhas amigas eram dois extremos, Alice com toda a sua meiguice e delicadeza, sendo a menina fofa, educada e que não falava nenhum palavrão, enquanto Bianca era um pouco mais bruta, intimidava as pessoas com o olhar, mas assim como eu, provava o seu ponto de vista, o qual normalmente estava certo. Eu agradecia todos os dias por ter elas ao meu lado.

— Vocês não sabem da nova, acabei de ir pegar esse livro de anatomia humana e encontrei o Pedro, aquele loirinho que nós tínhamos achado gatinho Abby, e quem conseguiu o telefone dele? Euzinha – Jéssica chegou falando rápido toda a informação e sentou ao meu lado batendo de leve no meu ombro, sorri pra ela. Bianca apenas revirou os olhos e voltou a atenção ao livro enquanto Alice ainda estava com uma cara de quem estava ainda processando toda a informação.

— Você e seus contatinhos, você não toma jeito mesmo Jess – falei rindo.

Escuto um forte barulho de cadeira sendo arrastada atrás de nós, me viro imediatamente e noto um Bernardo enfurecido levantando-se da mesa, ele olha pra mim e nossos olharem se encontram por alguns segundos, um leve arrepio percorre minha coluna e sinto minhas bochechas corarem, mas logo lanço meu olhar mais inferente em sua direção, com isso ele sai da mesa. Notei que seus amigos estavam estáticos, pareciam que nem respirando direito estavam.

— Garoto doido, deve ter feito isso só pra se tornar o centro das atenções como sempre. – Bianca fala enquanto da de ombros e puxa seu caderno da minha frente para fazer algumas anotações.

— Alguma coisa deve ter acontecido – falei em um sussurro.

— O que? – Alice pede.

— Nada, acho que a Bi tá certa, deve ser só pra ele chamar a atenção. – falei virando pra frente e puxando novamente meu livro de biologia molecular para minha frente. Assim como Jéssica, eu pretendia fazer medicina, já Bianca e Alice pretendiam após o ensino médio entrar para um curso de direito, já que ambas queria seguir a carreira de magistradas. Em nosso tempo livre ficávamos na biblioteca lendo livros das nossas futuras faculdades, para em partes ter certeza se era aquele o futuro que queríamos.

Fiquei mais um tempo virando as páginas do meu livro e fazendo algumas anotações até que comecei a sentir sono.

— Meninas eu vou indo pra casa, alguém quer carona? – perguntei enquanto fechava o livro e guardava meus materiais.

— Eu quero, preciso que me deixe no café que sempre vamos, o Rafa vai me encontrar lá – Alice falou guardando as coisas na bolsa.

— Alguém tem que namorar nesse grupo né – Bianca respondeu rindo.

— Engraçadinha, eu e ele não estamos namorando... ainda – Alice respondeu piscando.

— Ok então né, e vocês duas? – Falei ficando em pé.

— Estamos bem, depois nós vamos. – Jéssica falou com um sorriso simpático.

— Ok, nos falamos depois, beijinhos – falei soltando beijos no ar para elas e andando em direção da porta. Acenei para a Sra. Mafalda, a bibliotecária, assim que passamos em frente ao seu balcão.

Fomos em direção para o carro e joguei minha mochila para o banco de trás enquanto Alice sentava-se calmamente no banco no carona e delicadamente soltava a bolsa no chão do carro.

— Eu ainda quero entender como você consegue ser tão menininha Ali – falei sorrindo enquanto ligava o carro.

— Eu ainda quero entender como você e a Bi são tão brutas as vezes, até parecem meninos. – retribuiu.

Coloquei a mão no peito fingindo ofensa.

— Essa doeu – passei a mão no olho fingindo tirar as lágrimas, o que foi motivo de risos nossos.

Alice ligou a rádio em uma emissora qualquer e estava tocando Mercy do Shawn Mendes, Alice e eu começamos a cantar em conjunto com ele, rendendo ótimos vídeos que Alice fazia meus.

— Ei, vou cobrar direitos autorais nisso ai.

— Amiga, são pro seu aniversário – Ela disse enquanto mandava para alguns amigos aquele vídeo.

— Mais um motivo Ali – falei sorrindo e estacionando no café. – Está entregue senhorita Alice Cássia. – Falei seu segundo nome porque eu sabia que ela odiava, recebi um olhar de reprovação seguido de um revirar de olhos.

— Você sabe que eu odeio esse nome mas faz questão de falar... Ok, não falo mais nada. Obrigada pela carona amiga, nos falamos depois. Amo você – falou dando-me um beijo na bochecha e abrindo a porta do carro.

— Amo você também, juízo dona Alice.

— Sempre tenho.

Esperei ela entrar no café e arranquei com o carro em direção a minha casa, troquei a rádio e coloquei em um dos álbuns que eu tinha baixado mais cedo. Fui cantarolando até chegar em casa e estacionar o carro na garagem. Notei que a moto do meu irmão já estava em casa, eu por nada no mundo queria ficar no mesmo ambiente que ele. Ontem tivemos uma briga feia e ele meio que me jogou na cara que eu não era como as meninas "comuns", não tinha um corpo tão bonito, não cuidava do meu rosto (o que ele quis dizer era que eu não colocava 500kg de maquiagem na cara para esconder as "imperfeições") e também não cuidava do meu cabelo (no caso não ia em salão toda semana para gastas com hidratações ou alisamentos, eu gostava do meu cabelo loiro com seus leves ondulados rebeldes presos em meu coque habitual). Depois da briga eu estava evitando ele. Eu entendia e já escutei muito aqueles xingamentos, principalmente de Bernardo, ele fazia questão de me lembrar sempre que podia que eu não era bonita o suficiente.

Sai do carro, mas não entrei em casa, fui andando sem rumo até um parque que havia aqui perto, era o lugar que trazia minhas melhores lembranças, que me acalmava... era nesse lugar que passei os melhores anos da minha infância, principalmente com meu amiguinho que nunca soube seu nome. Espero ainda poder encontra-lo um dia.

Cheguei ao parque e encontrei diversos pais brincando com os filhos no parque, sorri vendo duas crianças brincando na caixa de areia, isso me lembrava quando conheci meu amigo. Sorri com aquilo, mas fui em direção ao Sr. Pedro, um senhor de idade que vendia picolés.

— Boa tarde seu Pedro – falei sorrindo.

— Olha se não é minha menininha – ele respondeu simpático – o dê sempre pequena?

— Sim, obrigada. – falei enquanto ele me entregava um picolé de chocolate. – Aqui o dinheiro, pode ficar com o troco.

— Gentileza sua. Tenha um ótimo fim de tarde minha pequena, espero te ver logo – ele disse dando um sorriso carinhoso.

— Prometo voltar logo – falei indo em direção a um banco qualquer do parque que me desse a visão do parquinho.

Acabei me perdendo em meus pensamentos e lembranças até que começo a reparar nas pessoas que estão ali, mas foquei principalmente em um menino de cabelos negros e olhos incrivelmente azuis olhando para as crianças no parque. Esse menino só pode que está me perseguindo, será que nem aqui eu teria paz? Merda! Fui notada.

Bernardo em vez de dar seu sorriso de quem ia começar a encheção de saco diária comigo me deu um sorriso triste, como se pedisse desculpas. Um turbilhão de sentimentos surgiu dentro de mim. O que ele queria dizer com aquilo? Quando tomei corarem para ir falar com ele e pedir o que queria dizer ele se levantou e deixou o parque. Fiquei confusa com sua atitude e resolvi voltar para casa.

Bernardo Luiz Granemann, ta aí uma incógnita na minha vida que eu provavelmente nunca irei entender.


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