Start Over escrita por MBS


Capítulo 3
Destino




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Ponto de Vista – Bernardo

 

Voltei para minha casa meio desnorteado após encontrar Abby no parque, ela, assim como eu, estava encarando as crianças na caixa de areia. Será que ela havia se lembrado de ou notado que aquele menininho anos atrás era eu? "Bobagem Bernardo, Abby te odeia. Nunca que ela iria querer alguém como você em uma lembrança tão bonita" pensei comigo mesmo. É, quem sabe minha consciência estava certa.

Chegando a sala de casa minha mãe estava assistindo um filme junto com meus irmãos, Gustavo e Ayla.

— Oi filho, tá tudo bem? – Judith, minha mãe, pergunta.

— Oi mãe – falo andando até ela e dou um beijo em sua testa – só to cansado mãe, vou pro quarto.

Virei às costas sem esperar resposta e fui em direção às escadas que iam para o andar de cima da casa, onde estavam os quartos. Entrei no meu e notei que estava tudo organizado no seu lugar, em minhas estantes meus livros desde livros de ficção a suspense, de romances a investigação, todos os gêneros, ao lado das estantes de livros minha escrivaninha cheia de papéis das possíveis faculdades que eu poderia estar indo no outro ano. No outro canto do quarto havia meu guarda-roupa e a porta que dava para o banheiro do meu quarto. Dei um longo suspiro e joguei minha mochila na cadeira da escrivaninha e meu corpo foi direto pra cama. Ouvi leve batidas na porta.

— Filho, tá tudo bem mesmo? – minha mãe entrou no quarto me lançando um olhar preocupado.

— Já falei que tá tudo bem mãe... por que a preocupação agora? - perguntei virando meu corpo de lado para encara-la.

— Por que me ligaram da escola hoje, disseram que estão preocupados com você... – arqueei as sobrancelhas, não lembrava de ter feito nada, a menos que... – principalmente com suas notas – como eu suspeitava.

— Eu vou conseguir recupera-las mãe. Eu só preciso de ...

— Tempo? Poderia parar de treinar Bernardo – ela sugeriu.

— NÃO... desculpa, mas não mãe, não posso, eu sou o capitão do time e de leva sou o melhor jogador... eu não posso desistir – falei abaixando a cabeça.

— Eu entendo filho, mas o diretor ligou preocupado hoje, pediu para conversar com você amanhã na escola – ela falou colocando sua mão sobre o meu – o que tá realmente acontecendo Bernardo?

— Tudo tá acontecendo – joguei as mãos pro alto – O que eu faço mãe? Eu to apaixonado por uma garota, mas eu... eu...

— Foi um babaca com ela nos últimos anos, a humilhou, fez piadinhas com ela? – Ela completou com um olhar inquisidor.

— Como você soube? – abaixei a cabeça envergonhado.

— Gustavo me contou... meio que forcei ele a contar – ela sorriu de canto.

— Você tá parecendo o papai retirando informações assim da gente – olhei-a nos olhos.

— Não me compare com o sargento filho – ela riu – seu pai só quer o melhor pra vocês.

— Claro, ai banca o militar com os filhos... muito justo – falei sentando na cama.

— Voltando ao assunto da garota, quem é ela? – perguntou sentando-se direito na cama.

— Mãããe – falei sorrindo.

— Mãe nada, quem é ela Bernardo?

— Abigail, você se lembra, a garota loira que me ganhou na feira de ciências.

— Calma ai, a filha da Helena? A que trabalha comigo? – ela falou super animada.

— É, ela mesma. – senti minhas bochechas enrubescerem.

— Ai que maravilhoso, me lembro de você e da Abigail brincando quando eram pequenos... mas porque você faz tudo o que faz na escola com ela Bernardo? Ela é uma garota tão adorável.

— Justamente mãe, eu sou um babaca, eu to afastando a única pessoa que eu me importo além de vocês. Eu não sei o que fazer – falei suspirando.

— Por que não tenta se aproximar dela? – ela me encarou esperançosa, olhei de volta como "sério mãe, como eu não havia pensado nisso".

— Abby me espancaria se eu tentasse me aproximar dela assim. – falei apontando pro me corpo. – Ela me odeia, assim como as amigas dela, juro mãe, você nunca viu a Bianca nas aulas de defesa pessoal, ela derruba todo mundo.

Minha mãe começou a rir.

— Filho, por que não tenta mandar mensagem pra Abby? Como um desconhecido quem sabe, tenta se aproximar dela sem que ela saiba que você é... você, se transforme em amigo dela... após você notar que o "ódio" dela por você diminuiu você se revela... como você disse, mais do que ela te surrar não acontece. – falou ela dando um sorriso carinhoso e dispondo um beijo em minha testa – pense no assunto Bernardo, todo caso, caso aceite o meu plano, eu posso comprar um celular com um chip novo pra você amanhã pra colocar o plano em prática.

Concordei com a cabeça e esperei minha mãe sair do meu quarto, isso era loucura. Não era? Levantei-me e fui em direção ao banheiro para tomar um banho gelado. Comecei a repassar o plano da minha mãe na cabeça, ela estava certa, eu poderia me aproximar da Abby. Quem sabe desse certo. Voltei pra cama e do jeito que deitei acordei com o celular tocando o despertador.

Levantei-me e coloquei a camiseta da escola e uma calça jeans, ajeitei o cabelo jogado pra trás, passei meu perfume, joguei os papeis, livros e caderno necessário dentro da mochila e peguei-a, assim como minha carteira e a chave do carro. Desci as escadas em direção da cozinha, minha mãe estava terminando de arrumar o café da manhã.

— Bom dia família – falei dando um beijo nos cabelos de Ayla, que sorriu pra mim, um beijo na testa da minha mãe e um leve tapa no ombro de Gustavo. – Estão prontos?

— Estamos capitão – Ayla brincou.

— Boba, vamos, estamos atrasados já. – falei pegando uma fruta de cima da mesa. Mandei um beijo no ar pra minha mãe e fomos em direção ao meu carro. Liguei o som do carro e mantemos apenas o som da música preenchendo aquele silencio, era a música nova do Milky Chance, Cocoon, fiquei cantando ela baixinho, parece que aquela letra fazia todo o sentido na minha vida. Deixamos Ayla na frente de sua escola e seguimos para a minha e de Gustavo.

— Então, vai seguir o plano da mamãe? – Gustavo perguntou enquanto mexia no seu celular.

— Como você... Ah claro, você está de complô com ela. Não sei – respondi olhando para o caminho em nossa frente.

— Para de ser burro Bernardo, você já perdeu essa menina uma vez – ele falou me encarando.

— E SE ELA DESCOBRIR QUE SOU EU, EU VOU PERDER DE NOVO GUSTAVO – falei alterando a voz e estacionando o carro. – Depois conversamos ok? Eu só sei que... ela está melhor sem mim Stavo.

— Isso é o que você acha... – escutei ele sussurrar.

— O que você disse?

— Nada Bernardo, NADA, VOCÊ NÃO ESCUTA NADA DO QUE EU FALO! – falou saindo do carro batendo a porta.

Fiquei pensando algum tempo no que meu irmão havia me dito até que escuto o sinal tocando e saio correndo do meu carro. Belo jeito de começar a manhã, chegando atrasado à aula, principalmente a primeira aula de química, que logo eu tinha junto com Abby, merda. Cheguei a tempo recorde na sala, no mesmo momento em que o professor havia entrado. Vi que meu típico lugar ao lado de Lucas já havia sido ocupado por Amanda, uma garota vulgar que se achava melhor que todos e pagava de rica. Vi o olhar de Lucas pedindo socorro e eu apenas sorri pra ele. Notei que o único lugar vago ainda era ao lado da Abby, comecei meu dia bem.

— Olá – cumprimentei-a.

Abby me olhou como se achasse tudo aquilo muito estranho, deu um sorriso de canto e respondeu.

— Oi – falou abaixando a cabeça e voltando seu olhar ao livro. Fiquei encarando-a, cada movimento. O que tava acontecendo comigo? Baixei meu olhar pros braços dela. Pera lá, o que era aqueles roxos. E não eram os únicos, tinham umas marcas já amareladas nos pulsos dela. Minha Abby, no que você tá se metendo. Tentei prestar atenção na aula, mas eu precisava saber o que tava acontecendo com ela.

— Abby – chamei baixinho.

— Sim? – falou me olhando.

— O que são essas marcas no seu braço? – perguntei preocupado

— Que? – ela perguntou corando e encarando seus pulsos – não são da sua conta Bernardo, não sei nem porque está me perguntando isso.

— Eu só fiquei preocupado Abby.

— Abby? Pra você é Abigail Bernardo! – falou me fuzilando com o olhar. – E desde quando você se preocupa comigo? Desde quando se importa? Por favor, Bernardo, me poupe.

Quando ela respondeu o sinal tocou e ela juntou suas coisas apressada e saiu da sala correndo. O que aconteceu?

O restante do dia passou depressa, logo chegou o fim da tarde e a "tão esperada" conversa com o diretor. Fui em direção a sua sala e a sua secretária disse que poderia entrar.

— Ah, ai está o seu novo tutelado. Senhor Bernardo, está será sua nova tutora – falou apontando para a garota que estava sentada em sua frente. Não, não podia ser.

— Abby?


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