Tiago ficou no quarto escutando o barulho que os irmãos mais novos faziam brincado no andar inferior, e por vezes a risada do tio Ron — certamente rindo das próprias piadas. Era quase a hora que Loreley disse que estaria esperando por ele, então Tiago resolveu improvisar; já que estava proibido de usar magia e seu pai pediu que ele tentasse sentir como um trouxa, ele decidiu seguir o conselho e agir como um trouxa.

Espiou pela porta para ver como estavam as coisas na sala, e ouviu mais uma risada de Ron, seguida por alguma reclamação de Giny, e os risos mais contidos de Harry e Hermione. Tudo ok, pensou, e escreveu um bilhete, que deixou em cima da mesinha. Tudo como se eu fosse trouxa, disse consigo, e riu sozinho. Nem cogitou usar a vassoura para sair do quarto, pulou a janela direto para rua e foi encontrar-se com Loreley.

Ela esperava em frente a fonte, o carro estacionado perto.

— Onde é que fica a pontualidade dos bruxos? — ela perguntou assim que viu Tiago.

— Eu me atrasei, desculpa. Então, você dirige? — Tiago admirou-se.

— Qual é você voa numa vassoura e acha estranho alguém dirigir? Vamos nessa? — por um minuto Tiago achou que a mãe estava certa e ele não devia sair assim com uma pessoa que não conhecia, e, ainda por cima que parecia uma maluca, mas já estava lá, não ia voltar.

Entrou no carro, como a maioria dos bruxos, desconfiado das invenções trouxas; Loreley ligou o carro e acelerou.

Tiago voltou para casa no dia seguinte de manhã; esperava encontrar os pais ainda dormindo. A noite foi muito divertida — mais do que quando ele, Teddy e Louis fugiam da escola. Loreley conhecia Londres muito bem, e o show dos Killers foi mais que “irado”. Tiago gostou da música, das brincadeiras, mas não bebeu e cercado de trouxas não sentiu falta ou necessidade de usar seus poderes mágicos.

Entrou no quarto na ponta dos pés, como um verdadeiro adolescente trouxa voltando da balada, e encontrou Giny esperando por ele.

— Mamãe?! —Tiago engoliu em seco. Giny segurava o bilhete de Tiago, olhando o filho com “aquela cara”.

— Isso é coisa que se faça? O que você pretende, Tiago, matar sua mãe?

— Eu disse pra você não se preocupar, no bilhete, não disse?

— Tiago Arthur Potter! Eu posso saber onde você estava até agora?

— Eu fui a uma festa, uma festa trouxa, só isso.

— Com aquela garota que você nem sabe quem é?

— Mãe, sabe o que eu aprendi hoje? O papai tem razão, os trouxas são legais do jeito que são, quer dizer ninguém precisa ser bruxo para ser legal, e a gente não precisa usar magia pra tudo. Então, por favor, não briga comigo, eu não apenas me diverti, eu aprendi uma lição, não era o que o papai queria que eu fizesse nessas férias, pensasse como um trouxa?

— Você não tem jeito! —Tiago abriu um sorriso para a mãe; como ele e Alvo voltariam para a escola no dia seguinte, Giny preferiu não brigar mais com o filho.