Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 49
Pedido e Confissão


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Olha eu aqui na correria (de novo!). Domingo todo para colocar a casa em ordem, ter vida social, dar banho nos cachorros, atenção para os gatos, ir visitar os parentes, estudar e ainda colocar os doramas em dia, além de postar aqui... ;)

Brincadeiras à parte, agradecemos os maravilhosos comentários de sempre e prometemos um capítulo com algumas palpitações e a volta dela, a cobrinha mais amada/odiada/nãoseioquepensarkarai, da fanfic... Yun Mi!

Vamos ao capítulo! Uma ótima leitura e semana para vocês.

Beijos mil! o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715437/chapter/49

Com Hye todos os momentos de apreensão costumavam passar mais fácil, portanto Eujin havia se certificado de estar na companhia da namorada assim que deixou o hospital.

Ver Taeyang machucado e descobrir sobre a invasão na empresa familiar estava deixando a cabeça do rapaz a mil por hora. Nada parecia fazer sentido… superficialmente. Entretanto, se ele tirasse aquela poeira de casualidades, um novo cenário de desconfiança aparecia com bastante evidência.

Era difícil esquecer como Gun ficara pálido e perturbado ao escutar de Taeyang sobre o sumiço dos documentos referentes ao P02, no quarto em que o atual CEO da Wang S.A permanecia internado para observação.

Ele também fora o irmão que chegara mais rápido ao hospital, com exceção de Shin e do próprio Eujin. Aquilo não poderia ser apenas preocupação com a saúde de Taeyang… Não quando se tratava de Gun…

Sou só eu que estou tendo maus pressentimentos? Taeyang perguntou logo que Gun saiu abruptamente do quarto.

Shin e Eujin balançaram a cabeça em concordância, preocupados.

— Eu sempre imagino como deve ser o Eujin verdadeiro, aquele que não fica com a cabeça nas nuvens, pensando nos negócios da empresa da família — Hye sondou o namorado trazendo-o de volta para a realidade da lanchonete — Como será?

— Desculpe Hye — ele sorriu docemente para ela e tomou um gole do seu suco de laranja — A coisa foi mais séria dessa vez…

— Seu irmão ficou muito machucado?

— Os exames estavam normais. Parece que, fora um nariz quebrado, ele está ileso — informou, repassando a única notícia que o deixava aliviado naquele dia.

— Mas tem algo mais…?

— Vamos aproveitar nosso almoço — Eujin desconversou, não havia necessidade de envolver Hye nos assuntos mais podres da sua família — Olha lá, nossos pratos estão vindo.

O garçom da aconchegante lanchonete trouxe o almoço do casal, que comeu num silêncio incomum para Eujin e Hye. Ele não poderia esquecer os problemas desabando às vésperas da feira de automóveis e, por estar muito concentrado naquilo tudo, não foi capaz de perceber, como normalmente seria, que Nahm Hye também combatia alguns demônios interiores.

Por meia dúzia de vezes, ela esteve muito próxima de pousar os talheres de lado e contar tudo, se livrar daquelas mentiras, mas não teve coragem. Eujin não merecia mais esse peso sobre seus ombros.

Ao fim do almoço, pegando a mão dele em cima da mesa e entrelaçando seus dedos entre os dele, teve força para apenas indagar:

— Quando acontece a Feira de Automóveis?

— Como? — Eujin a olhou, surpreso — Não te falei nada sobre ela…

— Eu sei — Hye pigarreou, recompondo-se, e emendou desculpas — Mas é que vocês têm um projeto para lançar, não é? Pelo que ouço dizer na televisão e nos jornais, isso acontecerá na Feira de Automóvel nacional… Estou errada?

— Não está — ele concordou, apertando de leve a mão dela — Às vezes quase esqueço que namoro a pessoa mais astuta da Coreia — sorriu docemente e aquele gesto partiu o peito da moça em dois. Ela ainda tinha chances de contar… Tinha chances, mas declinaria de todas elas — Faltam poucos dias, quer ir comigo?

— Eu… Eu… É que…

— Ah, deixe pra lá. Eu não quero te relacionar ao meu trabalho. Quero que conheça meu pai e o restante dos meus irmãos numa oportunidade mais descontraída também. Aquilo vai ser um saco!

— Mas você vai? — insistiu ansiosamente.

— Se puder escolher? Não… — bufou, fatigado de tudo que representava a Wang S.A na sua vida — Por que a curiosidade?

— Isso mesmo, só curiosidade — respondeu cada vez mais amargurada. Eujin permanecia de olhar perdido, a cabeça flutuando em outras preocupações, incapaz de enxergar os olhos tristes de Hye.

Ela colocou o outro braço na mesa e pediu a outra mão dele também. Não conseguiria falar, sua boca travava toda vez que tentava, porém poderia tentar sinalizar o quanto lamentava de algum modo.

— Eujin… Não importa o que aconteça daqui em diante e se eu não puder ir com você, quero que saiba que eu te amo de verdade. Nada disso é mentira para mim… Se algo o magoar nos próximos dias, tenha em mente que eu fiz o meu melhor com aquilo que tinha.

Finalmente alarmado, o rapaz reparou Hye atentamente. A tez confiante e ardilosa daquela por quem se apaixonou não estava ali. Apenas uma garota assustada, de olhos grandes e incógnitos, o encarava do lado oposto da mesa.

— Que tipo de conversa é essa, Hye? Está terminando comigo? Estou um pouco disperso hoje, mas vou parar de pensar nessa bobajada toda e focar em nós dois, tudo bem?!

— Não é nada disso — ela recuou, apoiando as costas no encosto da cadeira e desviando o rosto de olhos marejados — Vi um drama triste essa semana e ando emotiva. Não ligue… — riu bobamente.

Irritado por agir como um imbecil insensível, Eujin saiu de sua cadeira e, em seguida, puxou Hye de onde estava, dando um abraço apertado e reconfortante nela. A jovem retribuiu o carinho de seu namorado o abraçando com afinco e imaginando como sentiria saudades da quentura daquele corpo quando não pudesse mais tê-lo.

***

Entrando em acordo com a governanta Nyeo, ficou combinado que Ha Jin não mais comporia o corpo de funcionários responsáveis por servir a família Wang nas principais refeições.

Os ânimos continuavam agitados com Yun Mi querendo a cabeça de Ha Jin a cada reencontro inevitável na mansão e a jovem governanta precisava de uma trégua para sua mente no período de trabalho, e também para pensar sobre qual decisão tomaria.

Uma vez excluída dos serviços de servir à mesa, ela assumiu a tarefa nos bastidores da cozinha, preparando os pratos e demais afazeres pertinentes à função, preocupando-se em organizar o menu escolhido da melhor forma e não deixar que nada saísse do controle.

Como não havia muita coisa para fazer ou ordenar naquela tarde, Ha Jin optou por começar sua parte no jantar mais cedo, quando a maioria dos funcionários se ocupavam de outros assuntos ou realizavam o habitual descanso antes da última etapa do expediente.

Na ampla cozinha, pegou as verduras frescas, trazidas pelo motorista da casa ainda nas sacolas de mercado, e se pôs a agrupá-las ao redor da pia, prontas para serem lavadas.

As folhas tinham de ser acariciadas cuidadosamente, uma a uma, porque a senhora Ah Ra se transformava na própria reencarnação do diabo se alguma sujidade natural das hortaliças aparecesse no seu prato durante o sagrado jantar caótico dos Wang.

E aquela refeição prometia ser uma daquelas…

Era mais uma noite com convidados e, para o bem dos planos dos anfitriões, o senhor Hansol e sua esposa, tudo deveria transcorrer atipicamente, ou seja, com civilidade.

Pelo que Nyeo comentara mais cedo, uma família endinheirada e de alto gabarito social do ramo têxtil se sentaria nas cadeiras da longa mesa de jantar e discutiria sobre a união de Yun Mi com o herdeiro milionário dos respectivos convidados.

Já não era novidade para ninguém dentro das dependências da mansão, do funcionário da portaria às formigas do jardim, que Yun Mi estava sendo obrigada pelos pais a se casar. E se casar com alguém aprovado, na verdade escolhido, por eles.

Ha Jin, que acompanhou a notificação à herdeira em primeira mão, quase sendo alvo de pratos voadores por isso, durante o jantar de duas semanas atrás, ainda achava todo aquele destino de Yun Mi fantasioso demais, um tanto antiquado e desnecessário.

Claro que em seu país esse tipo de coisa ainda acontecia. Seus avós, por exemplo, haviam se casado nessa condição, sob encomenda, e se não fosse por isso ela nem estaria ali. Os dramas na televisão também mostravam relações semelhantes o tempo todo… Só que os tempos eram outros e se tratando de uma mulher rica, Ha Jin achou que a herdeira estaria muito longe daquele desfecho.

Ela quase teve pena de Yun Mi ao saber da decisão dos seus pais. Quase. Então lembrou que, se dependesse daquela cobra, ela bem poderia estar dentro de uma cela sendo condenada injustamente por um crime forjado e deduziu que, no fim das contas, era como sua própria mãe dizia: “Quem procura acha”.

Enquanto se dedicava à entediante tarefa, que nada cobrava de sua mente e de sua concentração, Ha Jin distanciou-se dos problemas da herdeira Wang e voltou a ruminar um velho assunto: largar ou não o emprego.

O prazo solicitado ao senhor Hansol se esgotaria em breve e, a cada dia, a cada novo olhar assassino da herdeira, a balança pendia para seu desejo de pedir demissão. Era mais do que ela precisava aguentar.

O bom salário proporcionou a chance para fazer um “pé de meia” em casos de emergência como aquele. Saindo dali, teria ao menos seis meses para encontrar outro meio de se sustentar, mantendo o aluguel em dia e a comida no prato.

— Meu reino por seus pensamentos — Shin surgiu como mágica ao lado dela, a olhando penetrantemente.

— Eu nem vi você chegar… — ela argumentou após o sobressalto de ser surpreendida.

— Por que sua cabeça anda sempre tão distante? — ele insistiu, indo se servir de um copo d’água na geladeira.

— Nada demais… Pensamentos aleatórios. O trabalho não é lá muito emocionante — comentou, um leve sorriso carinhoso para ele, as mãos massageando as nervuras de uma folha de acelga embaixo da água aquecida — Vai participar do jantar esta noite?

Num suspiro cansado, o rapaz encostou-se na pia e bebeu um gole d’água, em seguida comentou:

— Nem um pouco a fim. Acho que a esposa do meu pai não vai se importar se eu não aparecer naquela mesa… Estou considerando pedir para Hin Hee levar alguma coisa para eu comer no quarto. Ou senão, você poderia… — lançou um olhar longo e pedinte para Ha Jin.

— Shin, faça esse agrado ao seu pai, ele vai gostar de te ver à mesa — ela opinou com sinceridade — Seus irmãos também…

— Humm… Acho que vou perder a fome antes de chegar o prato principal. Esse tipo de evento realmente não me atrai — resmungou, balançando o restante do líquido no fundo do copo para, em seguida, tomá-lo num gole só — E a nossa conversa do outro dia, continua se decidindo sobre se fica ou não na mansão?

— Estava me questionando sobre isso quando você chegou — ela confirmou, fascinada pela suposta transmissão de pensamentos entre eles — Está tão óbvio assim no meu rosto?

— É que eu mesmo não consigo pensar em outra coisa — confidenciou-lhe em tom soturno, fazendo a governanta gelar em seu íntimo. Então, desencostando da beirada da pia, aproximou-se dela e indagou — Já sabe o que vai fazer?

— Talvez…

Ainda retendo seu olhar no de Ha Jin por alguns segundos, Shin colocou o copo usado na pia e, silencioso, se afastou a caminho da saída.

Então, antes que a jovem tivesse tempo de virar para trás, sentiu braços quentes e firmes envolverem-na pelas costas e se aconchegarem ao redor do corpo dela.

A voz de Shin pediu, não mais do que num sussurro segredado apenas para o ouvido de Ha Jin, os lábios tão próximos de sua pele que a congelou momentaneamente.

— Não vá… Não me deixe sozinho.

Centenas de fagulhas invisíveis pipocaram debaixo da pele de Ha Jin, nos braços, costas, nuca, couro cabeludo e seu corpo inteiro se arrepiou em resposta aquele pedido. Cada palavra se assentou dentro dela, em seu âmago, como se carregassem sobre si um peso acumulado por mil anos.

A voz, a súplica, a quentura, o cheiro… era tudo pertencente a So. Era ele quem estava abraçando-a, não Shin. Era seu So pedindo para que ela não o abandonasse naquele palácio desolador à própria sorte, onde só restaria nada além do nada para o rei Gwangjong.

Ele estava lhe dando uma nova chance. O destino. So. E, da mesma forma, voltava para lembrá-la de como uma decisão, certa ou errada, poderia ecoar pela eternidade das vidas de uma única alma.

Suavemente, Shin soltou o corpo estarrecido de Ha Jin e recuou para longe, sem esperar por uma resposta. Nenhuma outra palavra disse ao deixá-la. Um minuto depois, ou eras, ela não saberia precisar, novamente sozinha na cozinha, sentiu as mãos trêmulas se agarrando à pedra da pia e os olhos marejarem, prontos para desabarem.

O déjà vu devastador que Shin recriou dentro de Ha Jin, todos os músculos em choque, tornou as emoções incontroláveis. Abrindo mais a torneira para que ninguém escutasse seus soluços altos, permitiu-se chorar.

As estúpidas lágrimas continuavam caindo, mesmo passado muito tempo do fato que as desencadeou. Irritada por não conseguir se controlar, Ha Jin fez uma concha com as mãos debaixo da torneira e lavou os olhos buscando se acalmar. O relógio de parede avançava e logo os funcionários estariam todos ali para ajudá-la com o jantar.

— Ha Jin, está tudo bem?

Nyeo entrou no recinto logo depois, encontrando a garota de olhos vermelhos e demasiado brilhantes, cortando legumes no balcão.

— Olá governanta Nyeo, tudo ótimo — respondeu de prontidão, trazendo uma estranha alegria na fala. Os olhos permaneciam entristecidos para sua interlocutora.

— Seu rosto está um pouco vermelho… — Nyeo sondou encaminhando-se para os armários, mas sem tirar os olhos da mais jovem.

— Ah, isso… Eu apenas cortei cebolas demais — e sorriu de um jeito medonho, nada convincente a Nyeo.

...

Entrando em seu quarto, Shin trancou a porta atrás de si e apoiou uma mão na madeira, ofegante, como se tivesse acabado de correr meia maratona. O coração dentro do peito não estava em melhor estado, galopando ferozmente como se seu dono houvesse acabado de cometer um crime irreparável. E talvez fosse exatamente por aí na cabeça dele.

Eu fiz isso mesmo? Eu abracei Ha Jin e pedi para que ela não deixasse a mansão? Eu… eu toquei nela desse modo? Pedi que não me deixasse?

Ele não precisava de mais provas, sorrisos ou encontros com a garota que estava lavando legumes na cozinha para ter certeza daquilo. Seu corpo era mais sábio que sua consciência, se dando conta do desejo muito antes dele, falando por si só ao dar solavancos misteriosos ao se aproximar dela, como se existisse um detector estúpido de paixão instalado dentro do seu estômago.

Não adiantava mais, nem tinha como, enganá-lo. Era exatamente aquilo que Eujin tanto tinha panfletado na conversa de tempos atrás…

Quando você se apaixona de verdade por alguém, é como se nada fosse capaz de abalar os dois e você consegue estar com ela nos momentos mais alegres, partilhando sorrisos, bobagens… mas também gostaria de estar com ela nos momentos de dor, na hora de derramar lágrimas, de consolar e ser consolado por ela… A única coisa que você quer é ela ao seu lado, sentindo seu cheiro, ouvindo seu sorriso, vivendo todos os dias para que ela esteja feliz, para que ela te dê seu sorriso, para que ela não derrame mais suas lágrimas…

Então era verdade. Todos os sintomas estavam ali. Wang Shin fora acometido por aquele patógeno poderoso e, embora temesse ser tão vulnerável diante de alguém, sabia que se não desse vazão para aquele sentimento, ele poderia desestruturá-lo por dentro.

Shin esfregou as mãos contra o rosto, atordoado, a cabeça zonza, encostou-se contra a porta e declarou para si:

— Eu gosto dela… — murmurou — Eu gosto dela...  — e em pensamentos completou — e não vou mais lutar contra ou esconder esse sentimento.

***

O clima na mansão não poderia estar mais pesado. A  sensação de impotência se arrastava pela maioria dos moradores em serem obrigados a participarem daquele tipo de reunião na qual forçariam a única irmã Wang a um casamento que ela não queria, aprofundando o inconformismo dos mesmos por ainda não saberem o que havia acontecido com Taeyang na empresa.

A senhora da casa tentando passar uma borracha sobre os últimos acontecimentos, ao menos naquela noite, dessa vez, não havia feito maiores investimentos em decorações supérfluas ou coisas do gênero.

Os irmãos, todos presentes, inclusive Shin que, por pedido da governanta, se obrigou a presenciar aquele abate, dispostos pela sala, em seus ternos e paletós bem alinhados, os semblantes aflitos pressentindo o que poderia acontecer, conversavam sem muito ânimo entre si.

Gun, o único que parecia realmente empolgado com toda aquela situação criada, tentava manter uma conversa com o futuro cunhado, Choi Jin In, que ele conhecia desde a época da universidade.

Não longe de onde os dois homens estavam, Wang Hansol, elegante em seu terno marrom, fazia as honras aos pais do rapaz, Choi Ryul Doo e Son Yoo Na, todos esperando o aparecimento de Yun Mi, atrasada para a reunião, e que deveria estar recebendo, naquele momento, a visita da mãe em seu quarto. Todos ansiavam o início, e eventual término, daquele jantar.

— Temos grandes expectativas para o evento — Hansol falou balançando levemente a taça de vinho, mexendo o líquido dentro dela — Estamos com um grande modelo para ser lançado. Você deveria aparecer por lá. Será este final de semana.

— É possível que eu apareça… Sempre me surpreendo com as novidades que você nos mostra.

— Dessa vez está tudo nas mãos dos meus filhos. Shin, Gun e Taeyang são os maiores responsáveis pelo projeto, criação e montagem do modelo.

— Seus filhos parecem unidos. Fico feliz que nossas famílias possam se tornar parentes assim…

— Sim… Parecem sim.

— Preciso dizer como fiquei animado em saber que seremos da mesma família? — Gun, todo sorrisos, conversava com o rapaz — Você foi um bom sunbae enquanto estive na universidade, e já era seu segundo curso. Sei que é um bom partido para a minha irmãzinha.

— Agradeço os elogios, Gun, mas você sempre foi um bom aluno e dedicado em tudo o que fazia. Não foi muito difícil ser seu sunbae.

— Mas agora suas habilidades serão realmente testadas — o outro continuou, um ar sarcástico o dominando — Yun Mi é difícil, mas é uma garota bonita. Se tiver pulso firme, vai domá-la rapidamente.

— Não tenho interesse em domar ninguém, Gun — o rapaz respondeu evasivo.

— Não está empolgado com o noivado? — Gun especulou o outro que lhe deu um olhar incógnito de volta.

— Não posso dizer que estou empolgado, afinal, não gosto dessa situação. Obrigar pessoas a se casarem não é algo que me pareça correto, mas o faço por minha família. É sempre bom estreitar laços com boas famílias.

— Isso é. Preciso concordar com você — Gun foi igualmente evasivo — Só espero que consiga ter pulso firme com ela. Yun Mi precisa de umas boas lições para se colocar em seu lugar. Já aprontou demais por aqui.

— Assim você pode me afugentar dela, não acha?

— Ah... Claro que não. Não é isso — o outro sorriu sem graça tomando um gole de bebida — Mas não quero que se case sem saber o que lhe espera.

— Agradeço a preocupação, Gun, mas fique tranquilo. Prometo que farei o melhor por sua irmã — dizendo isso, Choi Jin In fez uma breve vênia para o rapaz e se afastou, caminhando para onde os pais estavam.

— Descobriu alguma coisa? — Shin perguntou aproximando-se displicentemente de Taeyang depois de dar uma boa e discreta olhada em Gun.

— Nada… — o outro respondeu tomando mais um gole de sua bebida. O nariz ainda apresentando o tom arroxeado — Não estou em paz. Sinto como se algo estivesse para acontecer a qualquer momento.

— Eu sei como se sente. Também tenho a mesma sensação. Mesmo Eujin está desconfiado.

— Falou com ele?

— Não. Mas ele comentou sobre como se sente, e as coisas se agravaram depois que você foi agredido. Não é nada bom que aquele documento tenha desaparecido assim…

— Não consigo me conformar… Não há explicação.

— A câmera foi alterada, já sabemos disso. Estamos lidando com um profissional. Vamos deixar que as investigações continuem seu fluxo, enquanto isso, vamos investigando onde temos nossas suspeitas — Shin olhou discretamente para Gun, Taeyang seguindo seu olhar.

— Não posso acreditar que tenha sido planejado por ele — Taeyang comentou bebericando sua bebida.

— Não quero acreditar que tenha sido. Vamos continuar sendo discretos.

— Tudo bem.

 — Não acredito que papai fará isso com Yun Mi — Jung tinha o semblante abatido — Por pior que ela seja, ninguém merece um destino desse. E esse cara? Quem ele é? Parece mais velho que Shin.

— É da família Choi. Eles têm uma das maiores indústrias têxteis do país. Ele tem trinta e um anos e será o único herdeiro da família. Pelo que soube, faz um tempo que os pais estão tentando casa-lo, mas ele não pareceu animado com a ideia até agora. Querem que o filho tenha uma família antes de assumir o controle da empresa.

— Como sabe de tudo isso? — Sun perguntou fitando o irmão com curiosidade — Quantos poderes você tem?

— Muitos, maninho — esfregou os cabelos do mais novo — Mas dessa vez eu realmente pesquisei. Estou preocupado com Yun Mi. Como Jung acabou de falar, ninguém merece isso.

— Aposto com qualquer um que ela vai surtar novamente — Sun começou e Jung lhe deu um tapa forte na nuca.

— Sem apostas, fedelho.

— Que cara é essa? — Jung perguntou ao mais velho.

— Estou preocupado com umas coisas — comentou lembrando o semblante aflito da namorada perguntando sobre o evento.

— Sim… Tenho pensado sobre o que aconteceu com Taeyang — Jung continuou — Como pode não haver pistas?

— Isso tudo é muito estranho… — Sun comentou guardando o celular.

— Aí vem ela — Ah Ra em um vestido dourado acima do joelho, coque lateral e um sorriso forçado anunciou enquanto adentrava a sala de visitas — Desculpem a demora… Sabem como as jovens demoram para ficarem prontas.

Continuou e Yun Mi adentrou naquele local. Em um vestido escuro, os cabelos, soltos sobre os ombros, o rosto perfeitamente maquiado não tinha brilho ou animação. Os irmãos, sem saber ao certo o que fazer, esperaram em silêncio pelos minutos que viriam.

— Boa noite, senhor Choi. Senhora Son. Sejam bem-vindos à nossa casa — Yun Mi, aparentemente em estado de transe, saudou os senhores com uma longa vênia — Espero que se sintam à vontade durante o jantar.

— Obrigada, querida. Fazia muito tempo que não a via. Não sabia que havia se tornado uma mulher tão bonita — Son Yoo Na falou simpática — É um prazer te rever.

— Agradeço o elogio, senhora. É um prazer tê-la em nossa casa.

— Jin In, venha até aqui — o senhor Choi chamou o filho que observava a jovem de longe, a taça suspensa no ar — Lembra-se de Yun Mi?

— Como poderia esquecer? — o rapaz começou se aproximando da jovem que o encarou, recuando levemente em resposta à sua aproximação — Estudamos na mesma escola por um ano. Saí logo em seguida. Estava alguns anos à sua frente. Lembra-se de mim?

— Creio que sim — Yun Mi respondeu, o sorriso teatral — É um prazer recebê-lo também.

— Obrigado.

— Estou enjoado — Eujin sussurrou para os irmãos mais novos — Como podem fazer isso com ela?

— Nunca percebi como minha irmã era tão mal tratada até esse casamento ser anunciado — Taeyang comentou se aproximando com Shin dos mais novos — Ela é realmente uma boneca nas mãos de nossos pais.

— Ela nunca teve escolhas, não é mesmo? — Jung continuou.

— Podemos fazer alguma coisa? — Sun se prontificou.

— Não. Não há o que fazer — Shin decretou e os outros o olharam curiosos — Ela foi obrigada desde muito cedo a este papel e, mesmo que seja injusto, ela o aceitou. Ela já aceitou esse fato em sua vida também. Não podemos fazer nada além de torcer que as coisas sejam boas para ela.

— Vamos jantar, então!

Ah Ra, animada pela filha ter cumprido sua palavra e não ter dado mais nenhum de seus shows, convidou a todos para irem até a sala de jantar. Nyeo e sua equipe lhes ofereceram a melhor comida, o cardápio escolhido pela senhora da casa. Os mais velhos eram os únicos que conversavam à mesa. O assunto totalmente voltado para os noivos.

— Não gosto da ideia de expor meus filhos à mídia — Hansol comentou com o outro senhor.

— Acho que uma cerimônia mais reservada seria o ideal — Ah Ra continuou a fala do marido.

— Poderíamos fazer o casamento tradicional, no melhor estilo Honrye¹. Podemos fazer tudo em março, aproveitar as flores… O que os noivos acham?

— Acho que prefiro uma cerimônia mais simples, mamãe — Jin In comentou com simplicidade — O que acha, Yun Mi?

— Como vocês preferirem, estou de acordo — Yun Mi respondeu. Seu semblante avermelhado, claramente irritada.

— Podemos fazer aqui na mansão — Ah Ra continuou — Convidamos nossos parentes e amigos mais próximos. Uma linda celebração para nossos lindos filhos.

— Eu concordo — a outra senhora, igualmente animada, completou — Será tudo muito lindo.

— E onde vão morar? — Hansol levantou a questão e Yun Mi o olhou com desprezo. Ele ignorou, dirigindo-se ao rapaz — Tem algo em mente?

— Eu tenho uma cobertura no centro, mas posso escolher um outro local, caso  Yun Mi deseje. Aliás… — o rapaz parou e levantou-se, fazendo uma longa vênia — … Senhor Hansol, senhora Ah Ra, gostaria que me permitissem casar com sua filha.

— Sério que ele está fazendo isso? — Eujin ralhou de onde estava, todos o olharam, Hansol o ignorou.

— Será um prazer, filho.

— Não aguento mais isso — Eujin novamente falou tencionando levantar da mesa. Foi impedido por Shin que o segurou pelo braço antes que se levantasse.

— Não adianta — Shin sussurrou. Yun Mi o fuzilava com o olhar.

— Não posso compactuar com isso.

— Apenas termine o jantar.

Um tempo depois, todos os Wang e convidados dispostos pela sala de visitas se despediam e cumprimentavam entre si. Yun Mi, sentada ao lado da mãe, olhava intensamente para o delicado, e caro solitário, fincado em seu dedo anelar esquerdo. O diamante arredondado brilhando contra o ouro branco conforme ela movia o dedo.

— Yun Mi, venha despedir-se de Jin In.

— Claro, mamãe. Foi um prazer tê-los em nossa casa — mais uma vênia e um sorriso.

— Eu ligo para você. Vamos sair um pouco e nos conhecermos melhor — Jin In respondeu lhe beijando o dorso da mão.

— Irei esperar.

— Não esperará por muito tempo — sorriu galanteador em uma aparente encenação.

— Eles não são lindos juntos? — Ah Ra, como sempre, empolgada demais com todas as bizarrices que fazia — Voltem mais vezes. Vamos marcar um chá, Yoo Na.

— Será um prazer, Ah Ra.

— Boa noite a todos.

O rapaz, quase tão alto quanto Jung, de olhos pequenos e intensos, ofereceu uma vênia aos irmãos antes de sair e acompanhar seus pais. Assim que a porta se fechou, Ah Ra respirou aliviada e abraçou a filha que não retribuiu o gesto.

— Yun Mi, obrigada por fazer isso por nós — Ah Ra falou e a jovem afastou-se se encaminhando para o corredor dos quartos em completo silêncio.

— Irmã… Eu não sei o que dizer. Não sou de acordo com isso, mas…

— Eujin, por favor, cale-se — a jovem respondeu. Seu tom era baixo, porém firme — Estou cansada de tudo o que vejo e convivo aqui. Você diz que sente muito, mas nunca fez nada realmente válido por mim. Toda essa encenação irá se repetir porque é assim que nossos pais querem. E eu? Que escolha eu tenho se não aceitar? Afinal, mamãe ameaçou me internar se eu não o fizesse.

“Não finjam estarem preocupados comigo, nenhum de vocês, porque eu sei que no fundo estão todos bem animados por eu não estar nessa casa em breve, por não ter que encontrá-los na empresa. Não precisam atuar quando as visitas não estão mais presentes.

“Eu… Eu odeio cada um de vocês por nunca terem se importado comigo. Odeio cada um de vocês porque, por sua causa, nunca tive direito a escolher, nunca consegui provar o que realmente sou. E a senhora, por favor, organize toda essa palhaçada de casamento. Não me peça opinião sobre nada. Não é o meu casamento. É o que a senhora quer. Boa noite a todos. Durmam bem com a consciência de que são culpados por todo mal que acontece na minha vida.”

 ~~~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹https://spicysoulkorea.wordpress.com/2013/11/19/honrye-the-korean-traditional-wedding-ceremony-and-they-lived-happily-ever-after/

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo
Nahm Hye - Woo Hee