Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 38
Jogando com o Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Espero que estejam todos bem.
Como prometido (palavra dada é palavra cumprida), segue mais um capítulo nessa tarde linda de domingo.
Antes de tudo, muito obrigada por todos os comentários deixados no capítulo passado, aos novos leitores e aqueles que permanecem fielmente conosco desde sempre. Vocês são demais.
Aproveito também para deixar um agradecimento todo especial para Natalhando que nos presenteou com uma recomendação linda! Não esperávamos, nos pegou de surpresa e nos alegrou demais. MUITO OBRIGADA!!!

Sem mais delongas, vamos ao que interessa e não esqueçam de comentar dizendo o que acharam do que escrevemos para vocês.

FIGHTING!!



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O dia amanheceu claro. Um raio de luz discreto adentrava pelas janelas do quarto do segundo herdeiro mais velho. Shin sentiu a quentura estranha daquela manhã de inverno esquentar sua pele e, com a cabeça latejando de dormência, abriu os olhos com grande dificuldade.

Deitado sobre sua cama, a barriga para cima, levemente desorientado, o rapaz passou os dedos por dentro dos fios, massageando o couro cabeludo enquanto sentia as consequências das várias garrafas de soju viradas na noite passada lhe saudarem.

“Eujin, seu moleque de uma figa…”

Xingou mentalmente o irmão mais novo, se movendo preguiçosamente sobre os lençóis finos que cobriam sua cama, agradecido por estar tão confortável mesmo que sentisse aquela dor de cabeça. A dúvida entre levantar e fechar as cortinas da janela ou simplesmente continuar deitado e voltar a dormir eram seus maiores problemas naquele momento.

Até que, inexplicavelmente, quando fechou os olhos para dormir novamente, lapsos de memória sobre a noite anterior começaram a movimentar-se em sua cabeça e tomar sentido, aumentando as pontadas de dores que sentia nas têmporas. Ele abriu os olhos, assustado.

Senhor Shin, boa noite.”

— O que aconteceu ontem? A governanta estava realmente lá? — perguntou-se perplexo, sentando-se sobre a cama, o desespero derrubando um dos travesseiros. Olhou para frente, fechando os olhos com força, e tentou vasculhar em suas lembranças o que mais teria acontecido.

Você deveria ser menos agressivo com a minha amiga… Ela é uma ótima pessoa e anda passando por momentos difíceis nos últimos meses, desde antes de estar na sua casa, inclusive.

— Aquela garota… Aquela garota… Como é mesmo o nome dela? Ji Ok? Hi Ok?... Por que ela me disse essas coisas? Será que a governanta foi reclamar de mim? Não é possível que ela tenha falado de mim nas minhas costas! Seria muita falta de profissionalismo da parte dela ficar comentando algo desse tipo com quem quer que seja…

Vocês vão ficar aí se encarando desse jeito estranho?

— Mas como é que eu estava olhando para ela? — se perguntou confuso — Por que Jung comentou algo desse tipo? Ela é apenas a governanta…

Você é tímida?”

“Vamos, Ha Jin? Vamos cantar?”

“Senhor? Shin, faz favor, pare com essas formalidades com ela”

“E é permitido tomar bebida alcoólica durante o tratamento?”

“E você é minha mãe, por acaso?

— Aishhh — ralhou batendo no colchão, indignado — Que garota petulante. Por que ela tem prazer em me desafiar? Mesmo que eu esteja perguntando algo sobre sua saúde, mesmo que demonstre qualquer tipo de interesse… Afeto… Ela sempre me trata com petulância. Por que me trata assim e aos meus irmãos não…?

Meu irmão está interessado em você, não sei se percebeu.”

“É… acho que sim… Estou tentando dizer para ele…”

“Dizer o que? É mútuo?

“Claro que não!” 

— Não é mútuo, então… Mas por que ela falou de Jung naquele tom? Por acaso se acha superior demais para o meu irmão? Aquela… 

Acho que vou votar nela então

”VAI! VAI! VAI!”

“A pessoa que quer contar que está apaixonada por outra pessoa, mas não encontra coragem?… Você…

“Te ouvirei cantando pela primeira vez” 

Shin arregalou os olhos de uma vez, recordando do que havia feito naquela sala de karaokê quando ficaram a sós. Lembrou da governanta indo até a máquina, escolhendo a música e sentando-se perto dele enquanto cantava. Recordou da voz doce, melodiosa e envolvente que ela tinha ao cantar, mesmo que estivesse levemente desafinada pelo excesso de álcool.

— Eu tentei beijar a governanta? — exclamou surpreso, levantando-se de sua cama e caminhando ansioso pelo quarto, de um lado para o outro — Eu vou matar você, Eujin. Eu vou te matar! Como você me fez ir para essa loucura de saída? Como eu pude beber tanto ao ponto de… de tentar beijar aquela garota? Aquele jogo idiota! Quem teve a infeliz ideia daquele jogo para eu beber desse jeito? E por que eu aceitei participar disso? Só podia estar muito bêbado mesmo. Como pude pensar em algo assim? Como tentei algo desse tipo? Não estava nos meus sentidos normais… O que a governanta está pensando sobre isso? — arregalou os olhos ao pensar sobre a possibilidade da governanta lembrar-se de tudo.

— Que clima pesado é esse aqui? — Eujin perguntou segundos depois de voltar à sala com Hye — Por que estão com essas caras?

A cena parecia verdadeiramente tensa. Mi Ok, sentada no meio do banco, balançava a perna cruzada e tinha um copo grande de bebida na mão. Observava Jung com os olhos semicerrados, o rapaz, sem ao menos notá-la, sentado de frente para Ha Jin e Shin - tensos e evitando se olharem. O mais novo os observava de forma ameaçadora, esperando qual dos dois seria o primeiro a falar depois que ele voltou para a sala e interrompeu algo que parecia ser um clima romântico.

— Que cara? — foi Ha Jin quem quebrou o silêncio e o mais novo a focou. O sorriso ansioso e claramente nervoso lhe traindo enquanto falava — Está tudo bem. Vocês estão bem?

— Sim… — foi Hye que respondeu observando tudo com um ar engraçado enquanto se dirigia para sentar ao lado de Mi Ok - talvez por medo de adentrar no meio daquele embate travado - a expressão alucinada de Ha Jin, Shin completamente petrificado com a perna sobre o joelho e Jung, de cara amarrada e braços cruzados, olhando para os dois — O que está acontecendo aqui? — perguntou para a jovem ao seu lado.

— Não sei muito bem — Mi Ok tinha a voz embolada — Quando voltamos os dois pareciam suspeitos… Eu realmente não me importo, mas aquele imbecil alí sim…

— Entendo — Hye respondeu observando o namorado tentando fazer o irmão mais novo se desfazer daquela cara fechada.

— Acho que já vamos embora, então — Ha Jin falou logo em seguida e se levantou, Jung e Shin - finalmente desperto - a acompanhando com os olhos — Já é madrugada e bebemos mais do que devíamos…

— Ha Jin — Eujin soltou um muxoxo de desagrado enquanto fazia bico para a governanta — Só mais um pouquinho…

— Acho que já está na hora de irmos embora mesmo — Jung concordou ficando de pé, os olhos fixos na jovem e no irmão mais velho — Vou levar vocês duas em casa…

— Claro! — Mi Ok se prontificou levantando animadamente, mas Ha Jin lhe barrou em seguida.

— Não precisa, Jung. Voltaremos de táxi.

— Não é uma boa hora para pegarem um táxi — o mais novo continuou.

— Não se preocupe. Ficaremos bem — a mais velha tentava manter a voz focada — Minha casa não é tão longe daqui e…

— Mas eu não me importo em levar vocês…

— Realmente, não precisa. Obrigada!

— Ha Jin, eu…

— Deixe Ha Jin em paz, Jung — Shin falou de uma vez chamando a atenção de todos, a voz pastosa do excesso de bebida  — Ela quer voltar de táxi, não quer sua carona. Apenas vamos acabar com isso e irmos embora de uma vez…

— Se vamos todos embora, então… — Eujin continuou tentando aliviar o clima, abraçando a namorada e o irmão mais velho — Vamos sair juntos! Esperamos as duas pegarem o táxi e depois Jung nos leva…

— É uma boa ideia, irmão — Shin concordou estranhamente comunicável. Só poderia ser efeito do álcool, Ha Jin observou considerando que ele, talvez, já tivesse esquecido o que aconteceu minutos atrás.

— Obrigada pelo convite — agradeceu enquanto se encaminhavam para a saída.

— Gostei de sair com você, governanta — Shin continuou, passando por cima da fala de Eujin, os demais estranhando — Você até que é legal…

— Digo o mesmo — ela concordou, nervosa, caminhando apressada na frente dos herdeiros puxando Mi Ok pelo braço — Tenham um ótimo domingo. Até mais!

— Calma, Ha Jin… Vamos te acompanhar — Eujin falou em um tom mais alto, tentando parar a jovem.

— Não precisa. Estamos bem! Até depois…

Ele continuava caminhando pelo quarto enquanto pensava se a governanta, assim como ele, se lembraria do que aconteceu na noite anterior. Começava a pensar o que faria assim que a encontrasse no próximo dia. Deveria conversar de uma vez e pedir desculpas pelo fato que quase aconteceu? Por ter se deixado levar daquele jeito pela bebida e por aquela música de letra tão profunda?

Mas se não havia acontecido nada de fato, não precisava se preocupar. Felizmente a amiga louca que parecia gostar de Jung chegou bem na hora e o impediu de se deixar levar pelos litros de álcool que havia consumido. Precisava agradecer à moça por livrá-lo futuramente.

Então, poderia… Fingir não lembrar de nada…? Talvez essa fosse a melhor opção, afinal, com sorte, ela não lembraria daquilo.

Finalmente ele entendeu o verdadeiro motivo da sua dor de cabeça. Não era resultado das muitas garrafas de bebida que ingeriu, mas o resultado daquele ato impensado e “quase” concretizado. Falou mais do que necessário e fez mais do que deveria na noite anterior. Agora ele esperava que, com sorte, a governanta não lembrasse.

Sentou-se sobre a cama novamente e suspirou fundo. Tudo aquilo havia começado porque os irmãos queriam aquele número de telefone. O telefone da governanta para saírem… Por culpa daquele número Jung se apaixonou por ela, Eujin se sentiu na liberdade de combinar passeios e ele havia caído na idiotice de aceitar o convite para ir junto e quase cometendo um erro que, talvez, fizesse com que ele se arrependesse para sempre.

Foi até a escrivaninha com rapidez e, abrindo a gaveta, vasculhou irritado todos os papéis dentro dela em busca do pedaço onde estava anotado o maldito número de telefone. Amassou o pedaço de papel com irritação e o jogou na lixeira, deitando-se em seguida e trazendo o travesseiro até seu rosto, tentando abafar os pensamentos que se formavam agora.

Suspirou pesadamente, o ar impedido pelo objeto. Jogou-o longe e sentou-se mais uma vez, incomodado com tudo o que estava acontecendo, incomodado com o que estava sentindo. Então, sem saber o verdadeiro motivo para fazer aquilo, foi até a lixeira, recuperou o pedaço de papel brutalmente amassado, caminhou até o criado mudo e, tomando o celular nas mãos, salvou o número sob o nome “Governanta Petulante”.

***

Aquela seria uma de suas últimas reuniões no cargo máximo do conglomerado Wang. Sentado ao lado da cadeira do pai, essa, vaga pelo senhor não se fazer presente naquele momento, Eujin esperava com ansiedade que todos os irmãos estivessem no local.

A reunião também não teria a pressão da presença dos acionistas, seria apenas entre os irmãos, e era essa particularidade que deixava o rapaz com sentimentos estranhos, ainda mais nervoso.

Na sala, Song Rin Gi, a secretária da presidência, estava sentada ao lado do rapaz. A tez da moça apresentava leve tensão. Ao seu lado, Gun folheava alguns documentos, inerte ao que acontecia naquele lugar.

Yun Mi já estava sentada, do outro lado da mesa, com uma expressão muito estranha e sinistra, e ao seu lado Taeyang, que parecia mais tranquilo. Shin, que geralmente se atrasava para as reuniões, curiosamente era um dos primeiros a chegar durante aquele mês e, naquela reunião, não fora diferente.

— Acho que já podemos começar — Eujin falou assim que Jung e Sun sentaram-se ao lado de Shin — Essa será uma reunião rápida, apenas para decidirmos algumas funções que serão feitas nas próximas duas semanas. Sei que na próxima semana já será Taeyang à frente, mas vou deixar minha parte encaminhada antes de me despedir do cargo — olhou para o irmão mais velho que lhe devolveu uma discreta vênia e um olhar condescendente — Assim sendo, quero dividir tudo entre vocês para que não haja pressão ou que algum de nós venha a se sentir sobrecarregado.

— Não vejo muita necessidade disso — Gun começou com seu tom debochado, tirando a atenção dos papéis que lia — Sempre realizei várias funções à frente da empresa. Nunca precisei dividir nada com ninguém. Vejo isso como uma mera falta de capacidade…

— Eu realmente entendo o seu ponto de vista, Gun — Eujin continuou sem esboçar qualquer reação — Mas ainda bem que nem todos os irmãos Wang são como você. Alguns de nós não se importam em não serem polivalentes e não têm problemas em pedir ajuda ou o que for.

Murmúrios se iniciaram após a fala do CEO. Jung e Sun tentavam conter as gargalhadas iminentes àquela fala. Taeyang, que olhara para Shin com um ar conspiratório, abaixou os olhos em seguida, em direção à mesa, evitando também um riso.

— Acho que deveríamos evitar as farpas, ao menos hoje, e encerrar essa reunião de uma vez — a voz de Yun Mi se fez presente, chamando à atenção de todos. Seu discurso não combinava com seu rosto, mais assassino do que nunca — Se vocês têm tempo livre para perder, eu não o tenho. Tempo é dinheiro e eu tenho várias coisas para finalizar no RH.

— Mais alguma ameaça de demissão em massa? — fora Jung que soltou a pergunta, fazendo Sun bufar com o riso preso, chamando a atenção da herdeira que os olhou com irritação.

— Vamos manter o foco. Tanto quanto vocês, quero me ver livre dessa reunião o mais rápido possível — Eujin continuou — Song Rin Gi, por favor, não coloque essa pequena demonstração de carinho gratuito na ATA. Se atenha apenas ao que diz respeito à empresa.

— Sim, senhor — a jovem, que já havia presenciado tantas cenas peculiares entre aquela família, cenas que renderiam uma coletânea de livros sobre, respondeu em um sussurro.

— Temos alguns eventos para cobrir nas duas próximas semanas e preciso da colaboração de vocês para que possamos vencer todos.

— Que tipo de eventos? — Taeyang perguntou num tom concentrado.

— Lançamentos e reuniões, no geral — Eujin respondeu abrindo sua pasta — Para o dia dez, próxima semana, temos uma reunião com acionistas em Daegu. Trataremos de questões legais, da estruturação do P02, além de tentarmos captar mais investimentos para a finalização da linha e o lançamento. É necessário que um de nós esteja lá. Considerando que iremos lidar diretamente com os acionistas, acredito que o poder de persuasão deve ser o principal naquele que estiver lá.

— Claro… — a voz de Gun, carregada de cinismo, se fez ouvir.

— Por isso mesmo pensei em Tayang para essa função — Eujin continuou ignorando o comentário e a expressão de espanto do mais velho — Sei que já estará à frente da empresa, mas acredito que você tem domínio sobre o P02 além de ser um de nossos melhores captadores de recurs…

— Eu vou — Gun interrompeu a fala do irmão mais novo e não percebeu o riso de canto rápido que se formou no rosto do jovem CEO — Acredito que três reuniões bem finalizadas no mês passado e o montante de recursos que angariei para a empresa são mais do que suficientes para mostrar o quão mais qualificado para essa função eu sou.

— Hmm… Apenas não imaginei que você iria querer uma função dessas — Eujin continuou, aparentemente mantendo um jogo de palavras — Mas se deseja ir e se não houver problemas para Taeyang, por mim tudo bem.

— Acredito que Taeyang não pode discordar de mim — Gun comentou satisfeito, atropelando a fala do outro.

— Por mim está tudo bem, também — Taeyang falou de uma vez, mantendo-se contido, relembrando a promessa feita a si próprio de não cair nas armadilhas do mais velho.

— Song Rin Gi, por favor, providencie as passagens e hospedagem do senhor Gun para a terça-feira, dia nove, com destino para Daegu. A volta deverá ser na quarta à noite ou na quinta pela manhã…

— Na quinta — Gun respondeu à pergunta não feita com altivez.

— Ótimo. O outro evento será em Seul, na mesma semana — o CEO continuou após um breve suspiro — É um salão de automóveis, alguns deles alemães, e a Wang S.A. estará presente para os lançamentos. Além do convite que recebemos, alguns fornecedores estarão no local e, nesse caso, a senhorita Kim Na Na está à frente das negociações. Ela é ponto chave para essa reunião porque está com alguns contratos para investimentos e parcerias prévios. A ideia é um almoço ou jantar com esses possíveis parceiros para que eles assinem os contratos durante o evento. Também seria bom contactar alguns dos alemães e…

— Na Na ficará à frente dessa negociação? — Gun perguntou com grosseria interrompendo a fala do irmão mais uma vez. O rosto levemente avermelhado — Ela não é uma Wang para estar à frente de algo desse porte.

— Eu sei… — Eujin rebateu demonstrando inquietação — Ela não irá sozinha, mas é essencial que ela esteja presente, pois foi a primeira a contactar os parceiros e eles fizeram toda tramitação por telefone e e-mail com ela.

— E como será, então? — Gun perguntou novamente. Uma ponta de histeria sendo perceptível.

— Já que Gun se dispôs a ir para Daegu, gostaria de saber se há algum problema em você participar desse evento, Taeyang…

O clima ficou estranho assim que Eujin se calou. Os herdeiros olharam de Gun para Taeyang em silêncio, aguardando que algo inesperado pudesse acontecer. O mais novo, sentindo toda a tensão que se instalou na sala de reuniões, olhou para Eujin, ignorando o olhar feroz de Gun, e respondeu cheio de convicção:

— Problema algum, Eujin. Eu posso ir.

— Por que você vai mandar Taeyang com Na Na para Seul? O que é isso, uma lua de mel? — Gun perguntou com aspereza, os olhos injetados de raiva ao focar Eujin.

— Não gostaria que os assuntos pessoais fossem envolvidos em nossa reunião. Estamos aqui para definirmos a pauta das próximas duas semanas. Não estamos resolvendo passeios amorosos ou o que seja, Gun, estamos definindo o futuro da empresa diante das semanas que me faltam.

— Você poderia ter um pouco mais de respeito por todos aqui presentes — Shin falou de uma vez, dirigindo-se a Gun — Se queria ir para Seul, que tivesse ficado calado quando Eujin sugeriu que Taeyang fosse para Daegu.

— Você armou isso, não foi? — Gun acusou o mais velho, os demais irmãos assistindo os dois como se algo realmente perigoso estivesse prestes a acontecer.

— Não armei nada, Gun — o mais velho respondeu com tranquilidade — Pare com essa sua mania irritante de perseguição. Não tenho nada contra você para armar o que quer que seja…

— Esse seu discurso não me convence — Gun continuou acusando — Sei que isso tem um dedo seu. Não vou permitir que me façam de bobo e fiquem rindo às minhas costas…

— Você precisa parar de pensar que é o centro do universo e dessa empresa — Shin rebateu novamente — Como falei há um tempo para você, a única que gira ao seu redor é mamãe, então pare de achar que tudo o que acontece é, de alguma forma, para te prejudicar. Isso é cansativo. Mude o discurso, por favor.

— Não se meta comigo, seu bastardo nojento…

— Gun, por favor, não começa — Jung rebateu temendo o que poderia vir a seguir — Não precisamos nos xingar aqui porque…

— Você já tomou partido? — Jung foi interrompido e secamente acusado — Vejo que já decidiu que lado da família vai apoiar…

— Não é uma questão de tomar partidos, mas de olhar as coisas com bom senso…

— Está me chamando de insensato? — Gun acusou o mais novo novamente — Quem você pensa que é para me acusar?

— Não estou chamando você de nada, irmão — Jung tentou novamente — Só quero terminar essa reunião sem ter de ver lutas e rostos inchados…

— Se está com medo disso, Jung, fique tranquilo. Não vou perder o meu tempo socando esse cara — Shin respondeu em alto e bom tom. Todos emudeceram.

— Você são insuportáveis — Yun Mi ralhou de onde estava sentada chamando a atenção dos outros. Parecia impaciente tamborilando os dedos sobre a mesa — Não sei o motivo de tanto estardalhaço por aquela garota. Ela já não é nada sua, Gun, e se a sorte permitir, não será nada mais que uma empregada, como deveria ter sido desde o início.

— Não fale assim — Taeyang falou baixo para a irmã.

— Não me satisfaz que seja Taeyang a acompanhar essa mulher, mas se é pelo bem da empresa e não há mais nada para ser feito, que seja. Vocês deveriam parar de se atracar e brigar por algo tão insignificante…

— Meça suas palavras ao se referir a Na Na. Você nem ao menos chega aos pés dela, sua…

— Vamos continuar a reunião, por favor? — Sun fora o responsável por quebrar aquele novo ataque de Gun — Tenho coisas menos entediantes para fazer hoje…

— Ótima observação, Sun — Eujin concordou e continuou sua fala impedindo que o mais velho continuasse — Song Rin Gi, também prepare as passagens e hospedagens para o senhor Taeyang e a senhorita Na Na. O evento durará três dias e eles deverão ir na quarta-feira à tarde e voltar no sábado. O senhor Taeyang já estará à frente da empresa nesta semana, então veremos como ficará a direção. Também informe a Kim Na Na sobre a viagem e acomodações. Ela ainda não está sabendo que irá para Seul.

— Sim, senhor — a jovem respondeu em seu tom quase inaudível.

— Acredito que não teria problema se você presidisse esses três dias em que Taeyang não estará aqui  —Shin comentou balançando um lápis entre os dedos.

— Problema algum — Eujin respondeu tranquilamente.

— Acho que é a melhor escolha — Taeyang concordou e Eujin continuou sua fala.

— Ainda na próxima semana temos uma reunião com os acionistas americanos. Papai está voltando com eles dos EUA e marcou de última hora. Os acionistas exigem minha presença e esse é o motivo de eu não poder comparecer à Seul — Gun olhou fixamente para o mais novo, ameaçador — Teremos também, daqui a duas semanas, um evento na cidade que apresentará motores e válvulas, potências entre outras coisas. Gostaria que Shin participasse e se inteirasse ao máximo sobre o que acontecer por lá. Seria interessante que você também fosse, Taeyang — os dois mais velhos afirmaram com a cabeça.

— Também vou — Gun novamente se fez notar.

— Sinta-se à vontade, Gun — Eujin respondeu — O evento é aberto. Tenho certeza que não terá problemas em participar.

— Seu tom está levemente debochado ou estou confundindo? — Gun novamente acusou Eujin.

— Quanta infantilidade… — Shin falou para ninguém em especial. Gun o olhou colérico.

— Na última semana do mês também teremos uma exposição de autódromo e gostaria que Jung e Sun ficassem responsáveis por isso.

— Eu? — Sun, espantado com a delegação daquela função, fixou o olhar no do irmão.

— Sim. Você e Jung — Eujin repetiu e Jung engoliu em seco.

— Acho que as crianças ainda não são capazes para isso, Eujin. Eu posso ir no…

— Não! — Sun cortou a fala de Yun Mi a olhando com irritação — Eu vou.

— Eu também — Jung confirmou olhando para a irmã mais velha com expressão de desafio.

—  Por favor, Song Rin Gi, providencie a participação dos senhores Shin, Gun e Taeyang, assim como os senhores Jung e Sun nos eventos que citei.

— Sim, senhor.

— Yun Mi, quero que você veja a possibilidade de um plano de incentivos para os funcionários da linha de montagens.

— Por que isso agora? — a mulher perguntou altiva — Nunca precisamos de nada do tipo…

— Mas é sempre bom pensar em algo que beneficie os funcionários e os mantenha fiéis à empresa.

— Acho isso uma perda de dinheiro — ela continuou — Não vejo a necessidade de incentivar funcionários através de lucros. Eles já ganham um bom salário, têm benefícios… O que mais poderiam querer?

— Outra gerente de RH — Sun comentou baixo, mas todos ouviram. Jung riu juntamente com Shin.

— Você deveria ser um pouco mais educado, garoto — Yun Mi respondeu irritada.

— E você deveria refazer seu curso de Administração… — Sun rebateu.

— O que está insinuando com isso… ? — ela parecia tão irritada quanto Gun.

— Que… Talvez — ele começou displicentemente — Você não tenha entendido muito bem o valor de um “colaborador”.

— Do que está falando, garoto? — ela esbravejou abandonando o tamborilar dos dedos para uma espalmada agressiva sobre a mesa.

— Que você não sabe sequer diferenciar funcionário e colaborador — Jung veio em auxílio do irmão mais novo.

— Vocês me devem respeito… E se darem ao respeito…

— E você deveria entender que um funcionário forçado a trabalhar pelo seu salário não é tão bom quanto um colaborador que está satisfeito com sua função, que tem incentivos e realiza suas funções com empenho e dedicação — Jung continuou o discurso — Ele se torna parceiro da empresa e fica satisfeito com as conquistas da empresa. Se empenha porque se sente parte fundamental de tudo que é feito.

— E eu prefiro ter parceiros que funcionários — Eujin complementou.

— Concordo com os garotos — Taeyang falou finalmente desde a última vez que fora solicitado por Eujin — É algo que precisa ser discutido com mais atenção…

— Também acho a visão interessante… — Shin anuiu.

— O que acha, Gun?

— Não quero me envolver…

— Então… Somos cinco contra um… Uma abstinência de voto — Eujin continuou — Veja a possibilidade para nos apresentar na próxima reunião, Yun Mi. Esse tema será parte da pauta. E, antes de finalizar, quero informar para Gun que o seu parceiro não fará mais parte das reuniões relacionadas à produção do P02. Ele está aqui pelo motor e apenas isso. Não é necessário que se envolva com detalhes da produção — todos se olharam esperando mais uma intervenção de Gun, que não veio — Agora, se não há mais nada para resolvermos, vamos ao trabalho!

Gun ainda permaneceu sentado à sua poltrona enquanto os irmãos se moviam na sala de reuniões. Yun Mi fora a primeira a sair. Jung e Sun conversavam interessados com Shin e Taeyang enquanto Eujin dava instruções à secretária. Ele olhou para os papéis lançados sobre a mesa enquanto se remoia pelas decisões tomadas naquela tarde.

Em seu interior, e ele poderia dar certeza sobre isso, ele sabia que tudo fora armado minuciosamente por Shin. Tinha certeza que o bastardo do irmão mais velho estava à frente daquela lua de mel armada para Taeyang e Na Na e ele, irritado, havia caído como um patinho na armadilha lançada.

Bufou enfurecido e levantou, caminhando para a saída, cruzando o corredor e batendo a porta com força depois de entrar em sua sala. Não queria ser incomodado, não queria falar com ninguém. A única coisa que queria, naquele momento, era se vingar. Se vingar dos dois irmãos, ou melhor, dos três. Sabia que, mesmo que não tenha partido dele, Eujin compactuava daquela armação e ele, certamente, faria algo.

Na sala de reuniões, Shin e Eujin eram os únicos presentes. Os demais já haviam se despedido e rumado, cada um, para as suas funções. O mais novo, que organizava suas pautas e pastas, sentia os olhos do mais velho sobre si.

— O que é? — Eujin perguntou sem parar seus afazeres — Fale de uma vez e pare de ficar encarando minhas costas…

— Quem te disse que estou encarando suas costas? — Shin perguntou se aproximando.

— Não é novidade — o CEO falou com um gracejo — Elas são bonitas e largas, é normal que sejam observadas…

— Mas é um bobão mesmo… — Shin, envolvido na leveza daquele momento, deu um tapa na nuca do irmão, que ralhou em seguida.

— Não precisa me bater… Contenha sua inveja e fale logo o que quer…

— Nada demais… — Eujin o encarou após um instante de silêncio — Apenas estou pensando o motivo que te fez fazer aquilo…

— Aquilo o quê?

— Ora, Eujin… Não se faça de desentendido comigo — Shin ralhou o irmão que riu do tom utilizado — Você sabe que essa viagem não vai ficar barata…

— Sei… Eu sei sim — o semblante tranquilo — Mas eu precisava ajudar Taeyang de alguma forma. Você não estava aqui desde o início, não sabe as coisas que ele teve de suportar por causa de Na Na… E eu sei que ela sente algo por ele…

— Não acha que os acontecimentos são muito recentes para estimular um novo relacionamento para essa moça?

— Acho. Mas também acho que os dois perderam muito tempo. Se nada der certo, os dois resolverão algo realmente importante para a empresa, se as coisas saírem como penso, eles se resolverão também…

— E Gun? — Shin perguntou e o mais novo o encarou finalmente.

— O que tem ele?

— Você armou tudo isso… Se prepare para o que vier a seguir. Ele não vai deixar nada do que aconteceu aqui barato.

— Eu estou ciente disso e… preparado. Afinal, o que quer que ele faça não me trará dano, pois tenho meu super irmão para me proteger — brincou com o mais velho e recebeu um empurrão em resposta. Shin revirou os olhos para a empolgação do outro — Além do mais, tenho certeza, quase que absoluta, que ele vai concentrar toda a raiva em você e te culpar de tramar tudo isso, então… Estou tranquilo.

— Mas é mesmo um descarado… — Shin, novamente em tom de brincadeira, estapeou as costas de Eujin.

— Hey!!! Sua mão é bem pesada, sabia? — reclamou alisando o local do tapa.

— Pare de tomar atitudes impensadas e não vai precisar sentir o peso dela.

— Não foi impensado… Fiz porque quis.

— Já imaginou o que teria acontecido se Gun não tivesse se interessado na viagem a Daegu e não se importasse que Taeyang estivesse à frente das negociações?

— Eu sabia que o ego dele falaria mais alto que qualquer situação. Era, no mínimo, óbvio, que ele iria querer se sobressair sobre Taeyang. Apenas uni o útil ao agradável.

— E se fosse o contrário?

— Mandaria Gun para o evento de motores e você para Seul…

— Eu? — Shin perguntou exasperado — Não tenho interesse…

— Mas sei que iria. Seria meu tapa-buracos.

— Não sou um tapa-buracos, moleque — o mais velho ralhou — Então não faça essas coisas… Não tente bancar o cupido. Deixe que as pessoas resolvam seus problemas sem a intromissão de terceiros.

— Está me chamando de intrometido? — a conhecida expressão ofendida.

— Sim, estou. E você é — Shin sorriu.

— Me sinto injustiçado — Eujin fez bico enquanto olhava para o irmão.

— Mas espero que realmente dê certo — o mais velho admitiu — Kim Na Na parece ser uma boa garota e Taeyang certamente deve amá-la muito.

— Sim… Isso é verdade…

— Eu não estou incentivando, mas… Parabéns pela ousadia. Você blefou com Gun e ele caiu direitinho — ambos sorriram do outro.

— Tenho aprendido com o melhor… — conversavam enquanto deixavam a sala de reuniões.

— Sun? — Shin perguntou brincalhão, sabendo que ele era a referência.

— Sim… Sun, o melhor…

Enquanto se encaminhavam para suas salas, cruzaram com Kim Na Na no corredor vindo de mais uma inspeção na produção da nova linha. Shin a cumprimentou educadamente e Eujin, após fazer um breve aceno de cabeça, lhe dirigiu a palavra.

— Na Na, por favor, procure Song Rin Gi para que ela te passe os resultados de nossa reunião. Te indicamos para uma viagem à Seul na próxima semana. Veja os detalhes com ela.

— Claro… Vou falar com Song Rin Gi agora mesmo.

— Faça isso…

— Boa tarde.

Na Na caminhou em direção à secretária assim que os dois homens se despediram e seguiram para suas salas. Song Rin Gi estava sentada à mesa, concentrada em uma pesquisa que parecia ser muito importante.

— Boa tarde, Song Rin Gi.

— Ah… Boa tarde, senhorita Kim — a secretária mal olhou para Na Na, concentrada em sua tarefa.

— Eu gostaria de saber sobre os resultados da reunião… — Na Na continuou observando o desespero da secretária — Não pude chegar à tempo e o senhor Wang Eujin me informou que farei uma viagem…

— Certo… — ela olhou para a mulher à sua frente levemente frustrada — Ainda não redigi a ATA…

— Está tudo bem, Song Rin Gi? — Na Na perguntou preocupada.

— Não estou conseguindo reserva em Seul… Todos os hotéis próximos do local do evento já estão cheios… — comentou entregando as anotações à Na Na que começara a fazer uma leitura rápida sobre os eventos  — A reunião foi bem rápida. A senhorita irá viajar para Seul com o senhor Wang Taeyang na próxima semana. Já comprei as passagens. Voltarão no sábado à tarde e…

Song Rin Gi continuou falando, mas Na Na deixou de ouvir quando Taeyang foi mencionado. Olhou para a pauta, um zumbido crescente em seus ouvidos, focando com rapidez a parte da reunião onde seu nome havia sido mencionado. Viajaria com Taeyang na próxima semana e o estômago doía com aquele pensamento e as lembranças das últimas semanas vividas com ele afloraram em sua cabeça. Como isso aconteceu? Por que Taeyang? O que vou fazer?

—  Senhorita…? — a secretária olhava para ela com a expressão curiosa — Está tudo bem?

— Oh, sim! Estou bem — sorriu desconcertada — Obrigada pela informação, Song Rin Gi, mas tenho algumas coisas para terminar em minha sala.

— Sim, senhorita Kim. Boa tarde.

— Boa tarde.

Então saiu, passos rápidos em direção à sua sala. Precisava pensar. Precisava digerir aquela informação para não enlouquecer. Três dias em uma viagem com Taeyang. Três dias sozinha com Taeyang. Era uma viagem de negócios, apenas negócios. “São só negócios. Você já viajou a negócios antes… Como vou resistir?”

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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo



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