Moon Lovers: The Second Chance escrita por Van Vet, Andye


Capítulo 29
Não é Pena o que Sinto por Você


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!! o/

Um agradecimento mais do que merecido aos nossos leitores que comentaram no capítulo passado, um bem-vindos para o pessoal novo que favoritou e um aviso de "se segurem nas cadeiras" porque, embora esse capítulo não seja fim de arco, ele tá quase no nível. Muita emoção, além de uma ação inédita na história da fanfic... Até agora.
A gente não disse que o triângulo ia render? Se preparem aí! ;)

Super beijo, ótima leitura!



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Taeyang nem conseguiu sentir fome após todo o abominável desfecho do almoço. Tudo ao seu redor poderia esperar já que sua maior prioridade para aquela tarde de segunda-feira era reencontrar Na Na e pedir desculpas. Desculpas pelo quê? Por permitir que as coisas chegassem a esse ponto na vida dela e que o irmão conseguisse desrespeitá-la com tamanha grosseria.

Após a partida da moça do restaurante, Taeyang a seu encalço numa busca sem sucesso, ele entrou no seu veículo e abandonou Gun à mesa, o rosto encharcado de vinho. Se retornasse para o local e olhasse para o outro filho do seu pai, seria bem capaz de perder o controle de vez.

Rodou um bom tempo pela cidade, o carro em baixa velocidade, enquanto nuvens escuras se apoderavam do céu, imaginando se ela poderia ter abandonado o táxi para ficar sozinha com seus pensamentos em algum ponto de Busan.

Procurou em alguns bares, casas de chá, parques e lagos. Ela não estava em nenhum lugar. No seu íntimo, desejou que a mulher não tivesse voltado para empresa, mas concluiu resignado que, profissional como ela era, aquele seria o lugar mais óbvio para procurá-la. De todo o coração, esperava ansiosamente que Gun não estivesse dentro da empresa no resto daquele dia, porque sua cabeça continuava a ferver e seu punho a latejar.

Em relação a Na Na, era completamente diferente. Saiu do elevador para acessar os corredores dos escritórios pressuroso pelo desejo de revê-la. A possibilidade de não reencontrar a cunhada durante a tarde era grande e ele temia. Entrementes, queria apenas abraçá-la, animá-la e afirmar que nunca mais deixaria ninguém magoá-la como naquele almoço. Precisava sentir o corpo dela entrelaçado no seu, seu cheiro, tocar em seu cabelo... E, quem sabe, se ela o deixasse se aproximar o bastante, confessar seus sentimentos abertamente de uma vez por todas.

Seguindo direto para o pequeno escritório da moça, uma sala de dimensões modestas posicionada entre os escritórios dos principais herdeiros, decidiu que esperaria às portas do local o momento da chegada, afinal ainda era cedo, aproveitando que sua coragem permanecia fiel às suas escolhas.

Acenou em cumprimento para a secretária responsável pelos recados comuns dos herdeiros e encaminhou-se para o local almejado. Deteve-se por instantes, ao ver a porta do escritório aberta, um sinal de que ela já chegara. Certamente, se recusando a abandonar seu posto por pior que fosse, tinha, no mínimo, os olhos inchados e o semblante desolado… Como ele odiava ter de ver isso. Como odiava Gun.

— Na Na… — entrou no escritório cautelosamente, chamando-a.

— Veio buscar sua parte na proposta já tão cedo, Taeyang? — Na Na não estava ali. Em seu lugar, quem lhe encarava sentado na poltrona atrás da escrivaninha, os cotovelos apoiados sobre a mesa e as mãos entrelaçadas sustentando o queixo, era Gun. Os olhos negros do rapaz cravados nos de Taeyang, provocador.

— O que está fazendo aqui…? — disse entredentes, paralisado pelo choque de revê-lo tão brevemente. A camisa do almoço fora trocada por uma nova e os cabelos, antes ensopados de vinho, agora lavados e jogados para trás, estavam molhados.

— Posso perguntar o mesmo, já que ela não é nada sua.

— NEM SUA! — Taeyang gritou acercando o móvel — Qual mulher você acha que vai continuar ao seu lado depois do que disse hoje?! O que há no lugar do seu coração, Gun? Um novelo de espinhos?

— Vocês estão merecendo, os dois — o irmão fechou a cara, saindo da poltrona para que se fitassem na mesma altura, apontando o dedo para ele — Se apalpando dentro da minha empresa, debaixo do meu nariz, pelos corredores…

— … Essa empresa NÃO É SUA! E PARE DE DESRESPEITAR NA NA! — gritou Taeyang, completamente dominado pela raiva, se lançando para cima de Gun. O punho fechado da mão direita acertou a lateral da mandíbula esquerda do irmão, que mergulhou por cima do móvel, tombando a poltrona pesada junto ao chão.

Gun começava a se recuperar do primeiro soco, atordoado, mas Taeyang contornou a escrivaninha e se jogou sobre ele acertando-o na boca, um borrifo de sangue manchando os nós de seus dedos. Um segundo soco ele pleiteou, estava descontrolado como nunca se lembrara de estar, mas o oponente segurou seu punho a tempo e aproveitou o desconcerto de Taeyang para acertá-lo num gancho de direita na lateral da cabeça. Desta vez, quem caiu zonzo para o lado foi ele, ao passo que Gun se erguia do chão aparvalhado, limpando o sangue que não parava de jorrar dos lábios.

— Seu filho de uma usurpadora vadia... — Gun rosnou, se preparando para esmagar o irmão como a um inseto com seu sapato de couro refinado; este que tentava se firmar em pé novamente.

Taeyang agarrou o pé do irmão a meio caminho do seu estômago e puxou-o feroz para baixo pelo tornozelo. O outro se desequilibrou por completo, uma vã tentativa de se agarrar aos objetos na mesa, fazendo uma chuva de papéis se espalhar sobre eles.

Ficando em cima do irmão, que caíra de costas no chão, Taeyang mirou um terceiro golpe que pegou o filho de Min-joo no peito, tirando seu ar momentaneamente. O quarto soco seria desferido contra o rosto mais uma vez, ele estava farto de ter de olhar para aquele demônio todos os dias de sua vida e engolir calado as provocações, mas recuou do ataque, estático, ao sentir os braços de uma mulher envolverem seu tórax, em desespero.

— Não, Taeyang. Pare, por favor… — Na Na implorou, abraçando-o por trás. A voz angustiada, temerosa. Sua cascata de cabelos negros caindo por cima do ombro dele.

Paralisado pelo toque e pelo pedido dela, deixou o irmão se desvencilhar por completo da surra e se levantar tropegamente do chão. Os respingos do corte produzido pelo segundo gancho tingia a gola da camisa branca de Gun de vermelho.

— Se abracem aí… Vocês formam um lindo casal de traidores… Na Na precisa se escorar em alguém para subir na vida e tem que ser algum dos Wang... Afinal, dois é melhor que um… — provocou-os, ofegante, cuspindo sangue no ar.

— Quem é você, afinal? Com que tipo de ser humano doente e louco estive me relacionando todo esse tempo?! — Na Na exclamou, soltando Taeyang e partindo para cima do namorado, revoltada — O QUE EU SOU PARA VOCÊ, GUN? O QUE EU SOU?

— Por favor... Não se faça de santa. Todos esses anos que esteve comigo nunca foi apaixonada por mim de verdade… Você queria o beijo dele quando eu te beijava… Você queria que ele te…

— NÃO OUSE DIZER ESSAS PORCARIAS PARA MIM DE NOVO!

— Falo o que eu quiser, Na Na. Eu vi vocês dois se tocando na frente dos elevadores poucos minutos… não, segundos depois de conversamos no meu escritório sobre planos para nossa relação — Gun acusou-a pegando no pulso da moça com firmeza e puxando seu corpo para junto de si.

— Solta ela! — Taeyang exclamou imperativo, se aproximando.

— Estou entendendo seu jogo duplo. Esse idiota aí é só mais um peão…

— Solta ela — Taeyang se recompôs por completo, avançando para o irmão novamente, sendo impedido apenas pelo corpo de Na Na que estava agora entre os dois.

— Posso te garantir… Ela não é tudo isso não, irmão — Gun concluiu com desprezo, os olhos injetados de cólera fitavam o irmão mais novo e, num movimento rápido, soltou Na Na empurrando seu corpo para longe.

Na Na executou dois passos desajeitados para trás e acabou desequilibrando do salto, caindo no chão, sentada. A queda da garota acionou a cólera dentro de Taeyang pela segunda vez que, sem pestanejar, voou contra o outro homem para uma nova briga.

Desta vez Gun se preparara melhor para aquele efeito colateral, desviando do mais novo e o acertando no meio da boca, como ele próprio o havia presenteado há pouco. Taeyang sentia a língua inundar pelo gosto ferroso do sangue e cuspiu-o no chão, limpando os lábios feridos na manga do terno para responder ao ataque de Gun, o machucando no nariz com sua nova investida.

Na Na levantou-se e correu para a porta, gritando para a secretária do corredor chamar alguém capaz de controlar a briga entre os dois irmãos, que ela temia tomar proporções drásticas. Taeyang levava uma ligeira vantagem sobre Gun, mas os dois iriam se destruir em socos e chutes se alguém não interferisse.

A ajuda viera no instantes depois, a comoção dos dois herdeiros provocando um estardalhaço pelo andar da empresa, e Eujin e Jung, os outros únicos Wang presentes na empresa àquela hora da tarde, encaminharam-se assustados pelo corredor para a origem do confuso som que escutavam.

— Separem eles! — Na Na exclamou ansiosa, apontando para dentro da sala.

Eujin e Jung foram ligeiros e eficientes. Assim que cruzaram a porta do pequeno escritório da cunhada, um cômodo sobrevivendo a um furacão, se encarregaram de separar os irmãos mais velhos. Eujin se interpôs entre os dois, recebendo empurrões e desviando de socos, enquanto coube a Jung, o mais forte dos quatro, segurar Taeyang firmemente, o mais alucinado durante a briga.

— Mas que porcaria vocês estão fazendo? Por que estão se socando feito dois imbecis? — Eujin perguntou acusador, o tom de voz alto, olhando para Gun.

— ME SOLTA, JUNG! — Taeyang urrou, forçando um drible no aperto do irmão mais novo a todo custo. Jung o segurou com mais vontade, um páreo duro já que o rapaz continuava em total descontrole, os dois se movendo pela sala em resposta às tentativas do mais velho.

Encostado à parede, e escoltado por Eujin, Gun começou a rir, os dentes sinistramente tingidos de vermelho.

— Sabe, Taeyang… Você pode me surrar o quanto quiser que nada vai mudar o fato dela ter ficado comigo desde o início — a voz saía abafada, dois hematomas se formando no rosto dele próximo aos lábios — Eu não sei exatamente qual é o nível da sua intimidade com ela, mas aviso: Esse tipo de mulher nunca fica do lado dos perdedores.

— Ghrrr…! COMO EU TE ODEIO! — berrou, tentando se livrar de Jung novamente, o mais novo tendo que fazer uma força extra mais vez para não deixá-lo escapar.

— Pare com isso, Taeyang! Pare com isso! — Jung pediu aos gritos, agoniado com a situação.

— E você, cale-se.

Eujin empurrou o irmão contra a parede, querendo a todo custo descobrir por que Taeyang havia perdido os freios da razão a um ponto que ele jamais imaginou que testemunharia. Na Na aproveitou que os outros chegaram para apaziguar os ânimos e apressou-se para abandonar aquela arena de insultos e agressões. Estava farta.

— Não me mande ficar quieto, seu incompetente — Gun resmungou para Eujin ao seu modo de agradecer por não ter mais o rosto quebrado por completo — E agora ela vai embora chorar suas mágoas com algum idiota… — objetou em voz alta, apontando para a namorada partindo.

— NA NA… — Taeyang esqueceu-se do oponente, angustiado para ir de encontro dela, forçando novamente o aperto do irmão — NA NA...? ME SOLTA, JUNG!

— Não — o mais novo respondeu, inseguro.

— Jung, eu preciso sair daqui agora. Preciso ir atrás dela — pediu, buscando não perder a paciência com aquele que o segurava.

— Deixa ele ir, Jung — Eujin apoiou, encarando a situação de modo analítico.

— Isso… Deixa ele ir — Gun incentivou colérico chamando para si um olhar ferino de Eujin.

— Tá legal… — Jung concordou pesaroso olhando para o irmão preso à parede — No três… E sem bater no Gun… — anuiu diminuindo o aperto com desconfiança. Taeyang terminou de se livrar do agarro, empurrando o garoto, afobado, e correndo do escritório.

Restando somente os três ali, Gun tencionou ignorar Eujin e Jung para persegui-los, forçando o irmão que o segurava.

— Fique aqui…

— Agora vocês mandam em mim? — ironizou, um dos ferimentos se abrindo, voltando a escorrer sangue pelo queixo e sujando a elegante roupa social do debochado rapaz. Ele sentia dor, era visível, mas confessar o sentimento seria o mesmo que dar a vitória para o inimigo.

— Você precisa de um médico. Seu rosto está parecendo que passou num moedor de carne — Jung observou, fitando o irmão cheio de preocupação.

— É só uma questão de tempo… As coisas vão mudar por aqui… Vão mudar de verdade. Ela, ele e todos vocês — apontou para os dois garotos — irão pedir, irão implorar ainda… — e desembestou numa risada sem emoção.

Eujin revirou os olhos, farto da companhia de Gun. Por mais que o estado físico dele fosse assustador, não era possível ter pena daquele imbecil nem por um segundo. Ele não deixava.

— O irmão é mais seu do que meu, Jung. Vou indo… Qualquer coisa, estou por perto…

Ela tirou os sapatos de salto e otimizou sua fuga para qualquer lugar em que fosse possível respirar. Tomando as escadas ao lado do elevador, subiu o mais veloz que suas pernas aguentaram e se lançou sobre a porta ao final, rumo ao telhado.

A seguir, encaminhou-se para a borda do prédio, a brisa da tarde revoltando seus cabelos soltos na iminência de mais uma noite de chuva em Busan. Então se agarrou as grades de ferro que protegiam a cobertura, apertando-as forte e permitindo a enxurrada de sensações negativas dentro dela transbordarem. Liberou o choro, não impondo limites para sua tristeza, sua vergonha, sua desilusão… sua raiva.

— Na Na… — escutou a voz dele às suas costas um tempo depois.

— Sai daqui, Taeyang — ordenou para ele em meio aos seus soluços, curvando-se sobre a grade.

— Não posso…

— Eu quero ficar sozinha — continuou, levando uma das mãos aos olhos — Só quero ficar sozinha para sempre.

Os passos dele se aproximaram do corpo dela em vez de se afastarem. Sentiu as mãos do rapaz tocarem em seus ombros com carinho e estremeceu em uma confusão de anseios – desejo e desprezo – ao receber aquele toque. Afastou o contato dele com brusquidão, Taeyang a olhando atordoadamente, seu rosto machucado em diversos pontos, terno e gravata amarfanhados, sujos de sangue.

— Me desculpe… Não era minha intenção fazer a coisa chegar no ponto que chegou…

— Por que você fica tomando minhas dores? — Na Na quis saber, a questão que a consumia por muitos anos — Não entendo, nunca entendo vocês, Wang… O negócio da família é fazer os outros de brinquedo…

— Na Na… Não sou capaz de entender…

— É sim — acusou-o limpando o rosto das lágrimas — Ainda hoje me pergunto por que me olhou daquele jeito quando nos vimos pela primeira vez. Ainda hoje… Droga! — levou as mãos à cabeça, abalada, virando-se novamente. Uma nova onda de choro lhe alcançando.

O herdeiro Wang segurou-a pelo seu pulso com delicadeza, porém determinado. Se posicionou diante dela, suas palavras eram sussurros segredados ao vento e aos ouvidos de Na Na ao se confessar:

— Porque você é especial para mim... Não posso te ver sofrer. Não mais…

— Me solte, não preciso da sua pena. Nunca precisei! — interpelou, aborrecida e frustrada, forçando o pulso, as lágrimas manchando seu rosto.

— Não é pena o que sinto por você, oras — Taeyang pressionou sua mão livre contra a cintura da moça, um toque inédito entre eles, deixando a garota sem reação, olhando-o nos olhos — Nunca senti isso, Na Na. Não é isso. É outra coisa… Entre os muitos absurdos que Gun falou, algo não estava equivocado… Pelo menos não da minha parte.

O rapaz inclinou-se sobre ela, os olhos descendo dos olhos para os lábios de Na Na. O vento continuou, forte agora, agitando os cabelos dela enquanto a expectativa agitava seu coração.

Emoldurando o rosto da garota com a mão que acabara de soltar seu pulso, ele se aproximou mais, estremecendo. Em seguida, um suspiro nervoso de Na Na, uma imperceptível hesitação de Taeyang e seus lábios terminaram por se encontrarem e se colaram num beijo urgente. Ela abriu um pouco a boca, permitindo a entrada da língua dele, se unindo a sua, uma quentura arrepiante.

O herdeiro pressionou seu corpo de leve, buscando mais contato, porém a garota se deu conta que nada daquilo parecia correto e por mais que seus sentimentos finalmente dissessem o contrário, a razão gritava "Não!".

Empurrando-o com as mãos, deslocou-se do beijo e dos braços de Taeyang, implorando:

— Não me siga.

Taeyang realmente não a seguiu, vendo a única mulher que ele amou fugir diante de si pela terceira vez em único dia, porém estava decidido: não importava o que acontecesse, a partir dali ele sabia que seria para valer.

***

O vento frio daquele fim de tarde fez com que Ha Jin se arrepiasse enquanto caminhava pelas dependências da sauna Wang observando como se desenvolvera o trabalho naquele dia. Ela havia aprendido a não aglomerar trabalho e uma das coisas que ela mais desejava ali era cumprir da melhor forma as suas funções.

Ela se encaminhou, após observar que tudo estava bem, para a garagem. Dificilmente ia até aquele lugar, não fazia parte de seu ofício o funcionamento daquele ambiente, mas por uma curiosidade que ela não entendia, resolveu adentrar ali.

O espaço era amplo, muito mais amplo do que parecia olhando de fora. Carros dispostos uma ao lado do outro em variados modelos e cores. Algumas partes da garagem com espaços entre eles, os automóveis que os herdeiros utilizavam naquela tarde provocando aquelas vagas.

Enquanto observava distraída aquele local, e ela mesmo não sabia o motivo de estar ali, não percebeu que era também observada. Shin, que chegara minutos antes e fazia uma rápida conferida em sua moto antes de adentrar na residência, sem entender o motivo, abaixou-se por trás do veículo assim que percebeu a entrada da garota.  

Ela notou a moto, finalmente. "Quando ele chegou? Não o vi entrar na mansão...” A dúvida entre se aproximar e voltar para a mansão se chocando em sua mente. Ela suspirou pesadamente pensando quanto tempo mais passaria naquele lugar, quanto tempo mais teria que suportar seu So tão próximo dela sem que ela pudesse tocá-lo, abraçá-lo… Beijá-lo. Sentia tanta falta de seus beijos, de seu abraço, de seu toque… E ainda mais da pessoa maravilhosa que ele era com ela… Tão diferente daquele implicante e esquivo Wang Shin...

Com esses pensamentos, decidiu voltar para os afazeres na construção principal. Contemplá-lo ainda era melhor do que não saber onde ele estava. Aquela mansão ainda era o seu lugar para ver e remoer os anos de amor e carinho que vivenciou com o seu rei, mesmo que as nuvens da tristeza estivessem sobre eles.

Com mais um suspiro ela se virou para a saída da garagem. Shin percebeu que ela parecia absorta no seu mundinho, para variar. "Cabeça de vento." Curioso, ficou imaginando o que poderia estar pairando em sua mente para deixá-la daquela forma, tão distraída quando a flagrava sozinha. "Problemas com o trabalho? Com a família? Um namorado…? Go Ha Jin teria um namorado?

Perdido em suas próprias reflexões, Shin fora despertado deles pelo grito exasperado da governanta. Olhou por entre as vagas e viu a garota parada, aparentando medo, as mãos à boca, olhando um ponto qualquer da parede de saída da garagem.

— Xô… Xô… — ela começou em uma voz baixa, assustada, olhando fixamente para algo que ele não via — Xô… — sacudiu os braços como se espantasse algo de sua frente.

Outro grito e vários passos para trás vieram em seguida. Shin, intrigado com o que estaria no campo de visão da funcionária, forçou os olhos para ver àquela distância. Não conseguiu ver nada.

— Por favor, vá embora… Eu preciso ir para a mansão. Vá embora, bonitinha — a voz cheia de pânico evidenciava leve tremor — Vá embora, bonitinha… procure sua casinha. Me deixe trabalhar.

Um novo grito e Shin revirou os olhos perdendo a paciência da situação e da sua posição, as pernas começando a se tornarem doloridas por ficar muito tempo agachado. Levantando-se, se apoiou no banco da moto e observou a mulher. Ha Jin balançava os braços e pernas de forma aflita contra algo invisível na parede.

— E depois afirma que não é louca — Shin comentou com simplicidade, seu tom arrogante imperando em cada palavra — O que pensa que está fazendo, governanta? Que tipo de dança estranha é essa? Não tem nada melhor para fazer?

— É um bicho... — ela apontou sem olhá-lo de fato. O medo pelo pequeno ser e a surpresa por encontrar seu amor ali — Tem um gigante aqui.

— Um bicho? — ele olhou novamente para aquele ponto da parede, agora que estava mais próximo — Isso é apenas uma aranha.

— Eu sei... Eu sei o que é... — aflição impregnava a voz de Ha Jin.

— E para quê tanto alarde com uma simples aranha?

Ele olhava dela para a parede. Não era possível que uma mulher daquele tamanho tivesse medo de uma simples aranha. O animal, que era pequeno e comum em jardins, permanecia estarrecido na parede, provavelmente assustado com o desespero daquela criatura estranha.

— Por favor, Go Ha Jin... Não tenho tempo para brincadeiras. Desobstrua a entrada da garagem antes que um dos meus irmãos chegue e passe por cima de você.

— Por favor, por favor... — ela o segurou pelo braço. O toque entre os dois lhes chamando à atenção.

Ha Jin o olhou nos olhos, ele retribuiu aquele gesto. As mãos dela, quentes e firmes, ao redor de seu braço o impedindo de sair daquele local sem ela, provocou uma sensação estranha nos dois. Ela parecia lembrar-se de muitos momentos vividos no passado e ele, ao contrário, aos olhos dela, parecia tentar compreender como aquela garota poderia ser tão insubordinada a ponto de tocá-lo.

— Por favor... — ela soltou as mãos antes que pudesse ser recriminada — Eu tenho pavor de aranhas.

— Já disse que não tenho tempo para brincadeiras, governanta — se encaminhou novamente para a porta.

— Aissh... — ela se exaltou chamando a atenção do homem — Por que nunca leva a sério o que eu falo? O que o senhor acha que sou, na verdade? Não estou inventando, tão pouco chamando a atenção de quem quer que seja. Não é brincadeira, tenho pânico de aranhas desde pequena.

— Isso é... Sem sentido. É provável que a aranha esteja com mais medo de você do que o contrário.

— Claro que não...  — Há Jin respondeu exasperada.

— Como você se sentiria se estivesse sendo observada por um gigante descontrolado? — ela o olhou confusa — É assim que essa aranha se sente.

— Por favor, senhor Shin. Me ajude.

O homem revirou os olhos a contragosto. Não conseguia acreditar que aquilo estivesse, de fato, acontecendo.

— Garota, não há nada que você faça ou fale que me leve a acreditar que você é um ser humano normal.

— Pare de falar que sou louca e dê um jeito nela... — a governanta se exaltou, a aranha se movendo um pouco na parede, provavelmente pressentindo o que o seu futuro lhe reservava.

Shin, que olhava para a garota sem saber o que fazer de fato, se aproximou ameaçadoramente. Ha Jin, encurralada pelo patrão, não sabia se temia o aracnídeo da parede, o homem tão próximo de si ou seus próprios impulsos e sentimentos.

— Quem você pensa que é para me dar ordens? — o tom ameaçador, os olhos injetados nos dela.

— Ah... Eu... — gaguejou — Me desculpe, senhor — respondeu desviando o olhar. O peito batendo forte; e ela sabia que não era por medo do bicho.

— Acredito que seja obrigação sua como governanta da casa cuidar da limpeza, da manutenção... das aranhas... — o tom era seco, mas seu íntimo se divertia — Quero que tire essa aranha daqui, agora.

— Não senhor, não posso — deu dois passos para trás, ele a sua frente.

— Você pode sim, e vai! — dessa vez, Shin lhe segurara pelo braço. A sensação pós toque constrangendo intimamente os dois novamente.

— Não, senhor... Por favor — ela começou a suplicar enquanto ele a puxava para perto da porta, e da aranha.

— É só uma aranha, garota. Ela não vai te matar — respondeu, a mão firme segurando-a sem soltar.

— Por favor... — ainda sendo arrastada em direção ao aracnídeo.

— Olha aí — ele a colocou diante da aranha que, com aquela movimentação, recuou um pouco, subindo mais na parede.

Ha Jin, em resposta àquele movimento, se colocou por trás de Shin, cada uma das mãos segurando os braços do homem com firmeza, a cabeça escondida nas costas dele. Ela o usava como um escudo e ele, não conseguindo mais conter, sorriu.

— Por favor, não ria de mim... Eu tenho fobia — a voz saiu abafada de contra as costas do herdeiro.

— Isso é incrível — ele tinha a voz travessa — Uma mulher desse tamanho... Quer dizer... dessa idade…

— O que quer dizer com isso? — ela perguntou com firmeza, focando a nuca dele.

— Quero dizer que você não é das mais altas... — ele respondeu sem se mover, virando apenas o rosto o suficiente para encontrar os olhos dela — Mas já tem idade suficiente para não ter medo desses bichinhos.

— Diga isso para meu subconsciente... E eu não sou baixa... Tenho a altura média para mulheres do nosso país.

— Tudo bem... senhorita média-baixa — sorriu ainda mais e ela bufou.

— Se não vai me ajudar, também não me insulte.

— Vou te ajudar, criatura estranha — confirmou de uma vez, o ar extrovertido — Mas não vou matar a aranha.

— Por que não? — ela perguntou assustada.

— Ela não me fez nada — pontuou dando de ombros e o aracnídeo se moveu mais um pouco.

— Olha ai... Olha ai... Ela quer pular em mim…

— Não acredito nisso… — se divertia.

— E se ela voltar? E se crescer ainda mais? Por favor, por favor... — a cabeça novamente escondida nas costas dele.

— Siga meus passos e venha atrás de mim…

— Sim.

Shin começou a caminhar lentamente, os passos acompanhados pela governanta que apertava os braços dele em desespero enquanto pressionava a cabeça em suas costas. O rapaz, sem entender ao certo aquela situação, achava graça do medo dela e se sentia bem, de alguma forma, por ser ele ali, protegendo-a daquele risco de morte iminente.

— Pronto — ele avisou assim que atravessaram a porta da garagem e chegaram a um local seguro nos jardins — Protegi sua vida daquela grande ameaça — o modo de falar ainda estava brincalhão. Ela o encarou de frente.

— Muito obrigada, senhor Shin — falou irritada, o tom grosseiro , uma vênia breve — Nem tenho como agradecê-lo por tamanha benfeitoria…

— Aigo... Como é mal agradecida — ralhou.

— O que queria? Fica me provocando...

— Provocando? Tenho mais o que fazer do que perder meu tempo te provocando, garota.

— Então... Então…

— Da próxima vez, resolva você mesma seus problemas — e saiu, a expressão fechada. A referência à bebedeira da noite anterior ainda fresca na memória.

— Senhor Shin — o alcançou após uma breve corrida, o acompanhando em sua caminhada para a mansão — Me desculpe. Fiquei nervosa devido à aranha. Muito obrigada por ter me ajudado. Não tenho como retribuir…

— Não se preocupe — ele parou à sua frente e a encarou. Ela sorriu agradecida, mesmo que constrangida — No momento certo, lembrarei de cobrar minha retribuição.

— Mas…

Ela não falou mais nada. O coração bateu forte ao ouvir aquelas palavras. Ha Jin observou, parada, à entrada da mansão, Wang Shin, o seu eterno salvador, adentrar na casa e sumir diante de seus olhos, um vazio no peito, embora fosse reencontrá-lo em breve.

Horas mais tarde, Ha Jin subia a ladeira em direção ao seu apartamento rapidamente. O medo de ser pega pela tempestade que se aproximava era grande agora que os respingos já caíam sobre sua cabeça.

Durante o trajeto no ônibus até a sua casa, a moça não fora capaz de não pensar em todos os fatos acontecidos naquela tarde na Mansão da Lua. Ela não fazia ideia do tipo de relação existente naquele momento entre ela e o chefe, mas sabia, tinha consciência, que mudara e melhorara desde o mês anterior.

Ainda estava constrangida por tudo o que acontecera no domingo. Não fazia, sequer, vinte e quatro horas que gritara com o patrão, que ele fora até a sua casa buscar a moto usando a desculpa de ter dois capacetes caso um dos irmãos precisasse… Aquilo tudo era muito confuso para ela que não conseguia posicionar-se com Shin, nem sabia o tipo de posicionamento que ele tinha com ela.

“— Para onde vai? — ele perguntou enquanto a governanta saia pela parte posterior da mansão.

— Para casa. Já acabou meu horário —  Shin, sentado sobre o encosto de um dos bancos do jardim, olhou o relógio de pulso enquanto ela fazia sua vênia.

— Como vai para casa? — ele perguntou sem demonstrar interesse.

— De ônibus — ela respondeu simplesmente.

— Vai chover…

— Sim… Mas acredito que chego em casa antes da tempestade cair.

— Vou torcer para a chuva não te alcançar — respondeu meneando a cabeça, após um pequeno e constrangedor período de silêncio.

— Agradeço.”

— Você vai conseguir me deixar louca de verdade, Wang So… Shin… — reclamou procurando a chave na bolsa em frente à porta do apartamento.

— Se continuar falando sozinha, vão mesmo pensar que está louca.

Mi Ok, em sua constante mania de aparecer das trevas daquele corredor, falara enquanto se aproximava da amiga que, como de costume, se assustou com a aparição repentina da outra.

— O que quer aqui, criatura? — Ha Jin perguntou áspera abrindo a porta.

— Ai, Ha Jin… Por favor. Não vai ficar com raivinha de mim agora…

— Não. Eu não tenho motivos, Mi Ok. Sabe o tamanho da enrascada em que você me meteu essa manhã?

— Não exagera... — respondeu enquanto retirava os sapatos à soleira do apartamento — Eu só não tive coragem de olhar pra sua cara hoje de manhã.

— Ah... Jura? — foi irônica — Então está tudo bem com você agora? Podemos voltar a ser melhores amigas, finalmente…

— Que coisa chata, Ha Jin — suspirou cruzando os braços — Eu vim para me explicar, para pedir desculpas…

O silêncio se instaurou entre as duas. Em pé, no meio da sala-quarto, elas se fitaram se avaliando. Mi Ok imaginando por onde começar, Ha Jin pensando se valia a pena escutar.   

— Eu fiquei com vergonha de você — Mi Ok começou focando o chão — Eu lembro de algumas poucas coisas, mas sei que gritei muito com você e com os ricaços…

— Sim, você gritou — ela confirmou.

— Quando acordei hoje de manhã, a única coisa que pensei foi que deveria ir embora. Eu não tinha o direito de falar aquelas coisas, mesmo estando bêbada, e na frente dos seus patrões... com que cara eu iria olhar para você?

— Você poderia, pelo menos, ter me acordado. Sabe o que tive de passar por sua causa?

— Desculpe.

— Desculpe... Desculpe... — Ha Jin se exaltou — Se já não bastasse toda dificuldade que eu passo naquela casa, eu realmente não precisava ter sido acordada e levada de carona para o trabalho pelo meu patrão.

— QUÊ?

— Isso mesmo, querida amiga — ela continuou dramática — Se você tivesse me acordado, nada do que aconteceu hoje teria acontecido de fato — respondia avaliando internamente se realmente teria sido algo ruim.

— Qual deles? — Mi Ok perguntou pesarosa, imaginando que fora Jung. Ela não era boba, percebera o interesse do rapaz na amiga.

— Não foi o seu amor — a governanta respondeu como se lesse seus pensamentos — Foi o pior dos três…

— O que veio buscá-los? O da moto? — o típico olhar arregalado da garota apareceu.

— Sim... Ele mesmo. Por que fez isso comigo?

— Ele te deu uma carona? — ela boquiabriu-se especulativa.

— Sim...

— Hmmm...

— O que é agora? — Ha Jin cruzou os braços, na defensiva.

— Só achei estranho... Ele não parece ser dessas pessoas... que se importam com os outros — Mi Ok explicou sem se aprofundar. A amiga estava irritada demais para ouvir suas teorias sobre príncipes e garotas pobres que viviam amores impossíveis.

— Pois pensou errado — partiu para a defesa — Ele sempre foi bom, as pessoas que não conseguiam ver.

— E como pode ter tanta certeza?

— Eu... Não sei. Apenas tenho — tentou disfarçar aquele assunto colocando a bolsa no gancho ao lado da porta para não ter de olhá-la nos olhos — Espero que isso não aconteça novamente.

— Eu também — Mi Ok pareceu arrependida — Me desculpe, Ha Jin.

— Tudo bem... Vamos comer.

Um tempo depois as duas estavam sentadas em frente à TV comendo lámen. A tempestade já alcançara a cidade. Trovões cantarolavam nos céus e a amiga, sem coragem alguma para enfrentar aquela tromba d’água, resolveu dormir na casa da governanta aquela noite.

— Ah... Eu te disse que ela era a noiva dele — Mi Ok comentou efusiva diante do drama que assistiam — Eu sabia desde o momento que eles se encontraram na primeira vez.

— Isso era meio óbvio — Ha Jin interpelou de boca cheia depois de levar mais uma porção à boca — Não precisa de muitos detalhes pra entender isso. Mas pode palpitar… É engraçado.

— Você é muito cética... Não sei como pode ser minha amiga.

— Cética? — revirou os olhos.

— Sim. Cética — começou falando com certeza — E não revire os olhos. Fique você sabendo que eu acredito em vidas passadas... Acredito que temos ancestrais em nossas vidas e que, em determinados momentos da nossa vida, podemos nos encontrar com eles.

— Por que está falando sobre isso agora? — Ha Jin perguntou temerosa, apoiando os hashis no prato.

— Por nada... — voltou à atenção para a TV — Quero que saiba também que, independente do que seja, e por mais louco que pareça ser, eu posso compreender... Talvez ajudar. Às vezes é bom desabafar. Pode ser que aconteça algo estranho em sua vida, que você ache que é loucura, ou que possa ter sido um sonho sem sentido... Sonhos também têm sentido, eles representam algum significado...

— Aishh... Que conversa estranha... — Ha Jin a cortou ansiosa, se voltando para a TV atentamente. Os ouvidos ainda presos para as palavras de Mi Ok.

— Pode me contar os seus sonhos, se você quiser. Não vou te achar uma louca, tudo bem?

— Tudo bem... Agora olha, ele está nervoso com a ideia de tirarem a espada — voltou o assunto para o drama. Sentiu uma sensação estranha com toda aquela conversa.

Mi Ok também notou a sensação estranha da amiga e voltou-se para a TV. Um trovão potente irrompeu no céu em seguida. As duas estremeceram sobre o colchonete e se enrolaram ainda mais em suas cobertas. A tempestade forte do lado de fora fez com que Ha Jin pensasse como faria para ir ao trabalho no outro dia.

— Vamos precisar de um táxi amanhã... — a outra disse fazendo-a arregalar os olhos com o susto da resposta ao seu pensamento, estremecendo novamente ao ouvir o toque de dedos contra a sua porta — Quem pode ser? —  perguntou enquanto Ha Jin se levantava e ia atender.

— Na Na?

A boca de Ha Jin se abriu em “o” ao olhar a prima, à sua porta, encharcada da cabeça aos pés. O rosto inchado deixava claro que havia passado muitas horas de choro; os sapatos nas mãos, não carregava a bolsa. As mãos de Mi Ok foram até a boca quando ela também se aproximou da porta e viu a garota.

— Posso dormir aqui hoje, Ha Jin? — a voz da prima fora um sussurro trêmulo e a outra abriu passagem, ainda espantada.

— O que aconteceu? — perguntou à prima com delicadeza.

— Só não estou me sentindo bem... Não quero voltar para casa hoje...

— Fique aqui... Vá tomar um banho quente. Você está ensopada. Vou separar algo para você vestir.

Enquanto Na Na se encaminhava, moribunda, para o banheiro, as duas amigas se olharam em silêncio sem entender ao certo o que estava acontecendo. Ha Jin apressou-se até o guarda-roupa e procurou peças quentinhas ao passo que Mi Ok foi preparar um lámen e ferver água para o chá da nova hóspede.

Elas ainda se olhavam enquanto observavam Na Na comer. O silêncio era quebrado apenas pelo barulho da TV que permanecia ligada. Em seu íntimo, a governanta já imaginava o que acontecera e a única vontade que tinha era a de encontrar com aquele imbecil e lhe dar uma boa lição.

— Eu vou ligar para o senhor Hansol amanhã mesmo... — Na Na começou entre uma porção e outra. Parecia em transe ao comer — Tenho férias em atraso…

— Fique o tempo que quiser — a anfitriã a olhava com preocupação, de alguma forma, entendia tudo o que a prima falava.

— Você estava certa, Ha Jin... — Na Na continuou focando a comida — Eu nunca fui nada para ele... Eu devia ter entendido isso antes. Não era estranho que ele nunca me defendeu diante da mãe. Ele só me via como uma interesseira... Uma caça dotes. Ele até me ofereceu como barganha pelo posto de CEO — novas lágrimas caíram conforme as lembranças ressurgiam, as outras duas permanecendo em silêncio — Eu nunca vou conseguir perdoá-lo. Não posso... Me sinto uma idiota por ter tentando... por ter confiado e acreditado por todos esses anos. Nunca fui nada para ele e me sinto estúpida por isso...

Ha Jin se aproximou da prima e a abraçou. Esse foi o estopim para a triste garota chorar aberta e desesperadamente sobre o ombro da sua consoladora. Mi Ok se adiantou em preparar o chá calmante.

— Você não é estúpida... Você apenas se entregou de corpo e alma ao que sentia — adiantou-se no consolo — O estúpido é ele que não foi capaz de perceber isso. Ele que não pôde enxergar suas qualidades, o seu empenho e o seu sentimento. Nunca se sinta mal por amar, Na Na... Chore o quanto precisar, fique aqui o tempo que quiser... Tire suas férias e não se apresse. Estou com você.

— Eu sei...

— Eu também — Mi Ok lhe oferecia o chá e ela o aceitou após enxugar o rosto.

— Obrigada... E desculpe te envolver nisso. Não quero que meus pais me vejam assim.

— Não se preocupe... Vou ligar para a tia e dizer que ficou ilhada aqui. Apenas descanse e pense... Pense muito bem no que fará com a sua vida daqui para frente... Ela é valiosa...


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Concubina Oh - Nyeo Hin Hee
Hae Soo - Go Ha Jin
Hwangbo Yeon-hwa - Wang Yun Mi
Imperatriz Hwangbo - Woo Ah Ra
Ji Eun Tak (OC) - 4ª esposa de Wang Hansol
Khan Mi-Ok (OC)- amiga de Ha Jin
Lady Hae - Kim Na Na
Li Chang Ru (OC) - 1ª esposa de Wang Hansol
Park Soon-duk - Doh Hea
Park Soo-kyung - Doh Yoseob
Park Sun Hee (OC) - Esposa de Sook
Sung Ryung (OC) - empregada/amiga de Ha Jin
Taejo - Wang Hansol
Wang Baek Ah - Wang Eujin
Wang Eun - Wang Sun
Wang Yo - Wang Gun
Wang Ha Na - filha de Wang Sook
Wang Jung - Wang Jung
Wang Mu - Wang Sook
Wang So - Wang Shin
Wang Wook - Wang Taeyang
Yoon Min-joo - Imperatriz Yoo

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