21st Century Girls escrita por LahChase


Capítulo 2
Suga: Sol de Inverno


Notas iniciais do capítulo

Heey ARMYs ^^
Eu voltei com um novo capítuloooo ^^ Estou tão feliiiz
Gente, fico muuuito grata pelos comentários que Renna Martins, ArmyMila e EveHeartfilia deixaram no capítulo anterior ♥ Sério, vocês são de mais ♥
Então, sobre este capítulo... Eu AMEI escrevê-lo. Suga é especial para mim, de uma forma que eu não sei explicar muito bem. Eu amo a história dele, e a forma como ele alcançou o que tem hoje. Além disso, quem mais aqui também vê uns tracinhos tsundere nele? 0/ hahaha
Bom, sem mais delongas... Vejo vocês no final ^^



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— Bem-vindo. – a voz sonolenta o cumprimentava cada vez que entrava na pequena loja.

A garota sentada ao caixa era a única que permanecia no estabelecimento no turno da noite. Os cabelos curtos eram pintados de rosa e azul, e modelados para parecerem ondulados naturalmente, os olhos deviam ser naturalmente escuros, mas ela sempre usava lentes de contato azuis ou verdes. O corpo seguia perfeitamente os padrões de beleza coreanos, apesar de o uniforme sem graça da loja tirar parte de seu brilho.

Não que Suga reparasse nisso. Pelo menos não reparou nas primeiras vezes que a viu. Mas, à medida que o encontro foi se repetindo, ele começou a se dar conta de algumas coisas sobre aquela garota. Depois de um tempo, percebia até coisas que poucos viam. Como o fato de ela esconder as olheiras com maquiagem. Ou o costume que ela tinha de cantarolar enquanto colocava os itens nas prateleiras. E também o fato de que a voz dela era bastante agradável. E ainda tinha as vezes em que ele entrava na loja e ela estava adormecida com a cabeça sobre o balcão.

O estabelecimento era uma simples loja de conveniência próxima ao dormitório do BTS, que funcionava 24 horas por dia. O garoto, que tinha o costume de passar algumas madrugadas em claro por causa das letras por escrever, muitas vezes se dirigia ao local para comprar algum energético ou qualquer outra coisa que precisasse. Sendo assim, eles se viam com frequência. Nunca chegaram a ter uma conversa, no entanto. Ele sabia que seu nome era So-young pela plaquinha em seu uniforme, mas nunca se apresentou.

Os outros membros comentaram sobre ela uma vez. Rap Monster comentou algo sobre sua voz melodiosa, e Jin falou que gostava da cor do seu cabelo. Mais ninguém parecia perceber o que Suga notava. Ele não gastava muito tempo pensando nisso, mas às vezes ia lá sem motivos.

— Com licença... – chamou, esperando despertá-la para poder passar as compras.

Ela ainda respirava profundamente apesar do chamado. Ele suspirou. Não tinha a coragem para falar mais asperamente com aquela garota, ao que parecia. No fim, ele acabou por deixar para depois o que precisava comprar. Até por que, eram coisas que só estava comprando por precisar de uma desculpa para ir à loja.

Por algumas vezes isso se repetia. E aqueles dois, que nunca iniciavam uma conversa, seguiam a vida noturna trocando olhares dentro de uma lojinha.

Até aquela certa noite.

Madrugada, frio, escuro. So-young senta-se no banco da praça pouco iluminada, com um caderno no colo e lágrimas nos olhos. Seu lápis vaga pela folha, desenhando futilidades nas bordas até que a inspiração necessária para escrever algo venha, e ela registre as palavras quase com ferocidade. O som de uma batida repetida ecoa em seus ouvidos, sem perdoar o peso que já sente em seu coração. O casaco fino escorrega dos ombros não importa quantas vezes ela o ajeite.

Ela trava o lápis na folha, então batucando com a ponta dele, e mordiscando o lábio inferior numa tentativa de não deixar lágrimas rolarem. A batida fica mais rápida e próxima, e é quando ela vê a bola de basquete quicar para perto dela. Um garoto vem logo atrás, saindo das sombras e revelando o rosto. Ao reconhecer quem é, ela arregala os olhos.

— Ah, desculpe. – ele fala, pegando a bola que havia batido de leve no joelho dela.

So-young balança a cabeça, dizendo que não havia problema, e olha para baixo novamente, tentando voltar para seu caderno.

— Você... – o garoto fala e ela ergue o olhar novamente – So-young, não é?

Ela fica surpresa ao ver que ele sabia seu nome, e assente.

— O que faz aqui a esta hora?

A garota desvia o olhar mais uma vez, antes de responder:

— Só... Matando tempo.

Suga inclina a cabeça.

— Tem certeza? A mim me parece estar matando outra coisa. Que tipo de pensamentos melancólicos uma garota escreve em seu caderno numa praça escura na madrugada?

Ele faz a pergunta enquanto se senta ao lado dela, a bola entre os pés, e os cotovelos apoiados nos joelhos. Talvez por já tê-la visto tantas vezes, ele se esquece que nunca se apresentou. Toda sua postura diz “sou todo ouvidos”, o que a faz esboçar um sorriso triste.

A garota passa os dedos pelas palavras escritas, distraída.

— Uma discussão. – fala – É isso que estou escrevendo. Um debate entre uma pessoa fraca e uma forte. No entanto, ambas são o mesmo, são uma só.

Ele assente, sério.

— Então, dois lados de você mesma estão em conflito. – conclui – Qual a causa do embate?

Ela o fita.

— Eu nunca disse que eram partes de mim.

— Não me parece provável serem de mais ninguém. – ele sustenta seu olhar.

— Sempre foi bom assim em ler as pessoas?

Ele dá de ombros.

— Só quando me importo. – responde – Mas então?

A garota continua a encará-lo por alguns segundos, e ele se permite pensar que aquele brilho triste não combina com sua beleza delicada. Suga não sabe bem o motivo de se preocupar com ela, nem de ter insistido para que falasse. Ele normalmente não faria isso, mas algo naquela garota chama sua atenção.

— A parte fraca quer desistir de algo. – ela diz – A forte quer continuar a lutar por isso.

Ela encosta as costas no banco, olhando para o céu.

— Algo que ambos os lados concordam é que estou cansada. Que deixaria de me machucar se parasse... Não precisaria mais juntar os cacos.

Suga assente, e responde:

— Parece uma batalha árdua. Mas, se você desistir desse sonho, não machucaria mais ainda?

Ela franze a testa, mas não volta o rosto para ele, permanecendo com o olhar nos céus.

— Eu não disse que é um sonho.

— Se está tão difícil de desistir, só pode ser um sonho.

A garota sorri minimamente, e então suspira, fechando os olhos e abaixando a cabeça.

— Acho que tem razão. Ao desistir, teria que juntar muito mais cacos que das outras vezes, mas... Ao menos colocaria um fim logo, ao invés de vê-lo morrer aos poucos.

Os dois mergulham no silêncio, enquanto encaram o céu. Poucas estrelas podem ser vistas, o que não deixa o cenário mais animador. “Desistir”. Suga, mais do que ninguém, sabe como é tentador abandonar os sonhos diante das dificuldades. Todos os membros encararam adversidades para entrar no grupo, mas ele foi quem viu todos à sua volta ficarem contra ele. Min Yoongi foi o que mais lutou para chegar onde está, e compreendia bem a luta interna que So-young enfrentava ali.

— Você sempre foi uma inspiração para mim. – ela quebra o silêncio, surpreendendo-o com a declaração – Pode não parecer, mas... Eu sou uma A.R.M.Y.

Ele ergue as sobrancelhas, surpreso. Normalmente esse tipo de frase vem acompanhada de gritinhos e pulos de alegria. Mas aquela parecia carregada de pesar.

— De certa forma, conheço a sua história, sei do quanto lutou pela sua música. – continua – Pensar em você sempre me deu forças para enfrentar meus próprios problemas, por que eu pensava: “se Yoongi oppa conseguiu, eu também consigo”. Mas... Eu acho que não sou tão forte, afinal.

O garoto fica quieto, absorvendo a fala dela. “Sou inspiração para ela...”. De alguma forma, o pensamento produz um sentimento bom dentro dele, como se a confirmação de que seu esforço diário junto com os outros membros está mesmo valendo a pena. E isso faz com que ele se sinta responsável por ela, que sinta o ímpeto de não a deixar desistir. Quer de repente compreender mais o que está passando, ouvir a história por inteiro. Com isso em seu coração, ele pergunta:

— O que aconteceu?

Ela parece hesitar por um instante, mas estende para ele o caderno. Suga o pega, notando primeiro a letra charmosa, e em seguida os rabiscos desorganizados nas bordas da página. Só então lê as palavras escritas, percebendo aí que se trata da letra para uma canção.

“Eles dizem

Quem busca o cume da montanha

Não se importa com as pedras no caminho

Eles dizem

Dê seu sangue por seus sonhos

Sem dor

Sem ganho

 

Mas eu já vi o cume desmoronar

E derramei minha última gota de sangue

Tanta dor

Sem ganho

 

Eles dizem que o sol não é mais frio no inverno

Você só tem que olhar além das nuvens

Mas o que eles sabem?

Pois eu tentei olhar para cima

E o que vi foi o céu cinzento”

 

A letra não está terminada, mas apenas por isso Suga vê através dos sentimentos dela.

— Eu quero ser Idol. – So-young diz, e lágrimas surgem em seus olhos, como ela pensou que seria se tentasse falar sobre o assunto – É o meu sonho. Mas meus pais não aceitam, então vivo com minha avó. Ela está doente, e o dinheiro que tínhamos não era suficiente para pagar os tratamentos. Comecei a trabalhar para podermos comer também. Ainda estou na escola, e nenhuma empresa fecha contrato comigo. Eu estudo durante o dia, consegui pagar um curso barato de dança, e então corro para o trabalho na loja de noite. Só durmo três ou quatro horas por dia, os estudos estão puxados e meus colegas zombam de mim por lutar tanto por algo que julgam impossível... Mas estava tudo bem assim. Eu pensava que podia batalhar mais, melhorar até ser boa o suficiente para provar a todos...

Ela faz uma pausa, e Suga fica a espera do restante da história.

— Mas eu fui demitida hoje. – revela – Já é a terceira vez este ano, e foi difícil encontrar este trabalho. Sem ele, não há tratamento para minha avó, nem curso de dança... Talvez nem boa comida em casa. Eu não quero preocupar vovó, e minha única alternativa será pedir ajuda aos meus pais. Mas... Quando eu fizer isso, eles vão me obrigar a desistir de tudo. Meu sonho está ruindo.

Suga permite que o silêncio após o término de sua fala se prolongue um pouco mais, dando-lhe tempo para deixar as lágrimas caírem, e então fala:

— Pelo jeito como fala, pela letra que escreveu... Parece certo quem ganhou essa discussão. O que é uma pena, por que, ao ler isso, eu posso te dizer: se você desistir, o mundo perderá uma ótima compositora.

Ela sente o rosto esquentar, e consegue sorrir.

— Obrigada. Significa muito vindo de você. – ela para, e então olha para o caderno – Sabe, mesmo que todos os outros não venham a escutar minha música, só de poder ter transmitido meus sentimentos a você com essa letra... Eu fico feliz.

Suga balança a cabeça.

— Você não deveria se satisfazer com isso, So-young. – o garoto replica – Pense em quantas pessoas estariam ganhando voz com essa letra. Sabe, eu acredito que músicos carregam a responsabilidade de passar mensagens. Algumas vezes sobre eles mesmos, outras sobre mais alguém. Neste momento, isso aqui te expressa, mas também pode expressar muitas outras pessoas. Acho que não deve desistir de tocar o mundo com sua música.

Ela absorve as palavras, as lágrimas recomeçando a surgir.

— Eu não quero desistir, oppa. – murmura, segurando o choro – Mas, no momento, eu não vejo como prosseguir.

Ele toca o ombro dela, sem conseguir evitar a tentativa de consolar-lhe.

— Sempre há um jeito. – diz – Eu te asseguro, pode confiar em mim. Às vezes, as respostas estão mais perto do que se pensa.

Ela funga, e seca as lágrimas com as mangas do casaco fino. Ele nota que seus dedos tremem, e percebe que ela sente frio. Tira o próprio casaco e o coloca sobre seus ombros, enquanto ela ergue o olhar para ele.

— Não quero que tenha a ideia errada, oppa. Não estou te contando isso à espera de que me ajude de alguma forma. Onde quer que eu chegue na música, será com os meus próprios pés. Caso contrário, não me sentiria digna. Eu só compartilhei tudo isso com você porque... Talvez porque pensei que entenderia. Sou grata por ter me ouvido, isso é o suficiente para mim.

Yoongi assente, impressionado.

— Mais um motivo. – fala – Muitos se aproveitariam para me sensibilizar e conseguir favores. Mas você tem garra, So-young. Você é uma lutadora, e por isso quer conquistar seu sonho você mesma. Pessoas assim são raras e valiosas, são as que mais merecem alcançar o que buscam. Você está se sentindo fraca agora, mas não tem problema. No final, o que não te mata...

Ela permite que um sorriso quase imperceptível surja em seus lábios.

— Te deixa mais forte. – completa – Obrigada, oppa. Você foi muito gentil por aguentar os lamentos desta garota aqui.

Ele devolve o sorriso.

— Quando passei por tudo aquilo, queria que alguém tivesse feito o mesmo. – responde – Estou fazendo isso por mim também.

So-young assente, e mais uma vez eles mergulham no silêncio, desta vez confortáveis com ele. Pouco depois, ela nota a hora. Já são três horas da manhã.

— Eu... Acho melhor eu voltar para casa agora. – diz, colocando o caderno na bolsa e tirando o casaco do garoto para devolver-lhe.

Yoongi a para com um gesto.

— Vou levar você em casa. – diz – Pode me devolver quando chegarmos.

Ela nega com a cabeça.

— Não precisa! – fala – Eu prefiro não causar mais nenhum incômodo.

— Não se preocupe, eu insisto. Não é bom deixar uma garota sozinha de madrugada. Se eu não for com você, não vou dormir em paz.

Os dois andam até a casa dela, não muito distante, calados pela maior parte do caminho. Quando se despedem e So-young entra em casa, ele discretamente anota o endereço em seu celular, e então volta para o dormitório do grupo.

 

Namjoon acorda de madrugada para ir ao banheiro, e nota a luz da sala acesa. Percebendo quem é, fala com sua voz sonolenta:

— Ah, Suga hyung... O que está fazendo? – ele olha por cima do ombro do amigo – Nova letra?

O garoto assente e abre espaço para que Namjoon leia.

Ela viu o cume desabar

Ela derramou a última gota de sangue

Ela olha o céu cinzento

E sente o sol mais frio no inverno.

 

Mas eu carregaria a montanha nos ombros

Doaria mesmo o meu coração

Dissiparia as nuvens

E traria um abraço aquecedor

Para vê-la entender

Que o sol não é mais frio no inverno”

— Hmm, parece profundo. – o líder diz – Mas pensei que achasse que esse tipo de música ainda não se encaixa no grupo.

O garoto concorda.

— Não é pro grupo. – explica – É um dueto. Você entenderia melhor se visse a primeira parte.

— Um dueto? Com quem?

Suga sorri.

— Com uma estrela ainda não descoberta.

 

 

Alguns dias depois, um envelope chega na caixa de correio de So-young. Ao abrir, ela vê a convocação para uma entrevista de trabalho: se ela passar, será recepcionista no prédio principal da Big Hit. Juntamente com o documento, há um bilhete:

“Você disse que onde quer que chegasse na música, seria com seus próprios pés. Pois bem, agora estenda a mão para que eu a ajude a levantar, e então você poderá que mostrar o quão longe pode correr nesta estrada que escolheu trilhar. Ass: Min Yoongi”

Mais abaixo, a letra que ele escreveu.

 

Desde então, cada vez que o idol Suga passa pela recepção do prédio, se você prestar bastante atenção, seria capaz de vê-lo dar um pequeno sorriso para a recepcionista de cabelos azuis e rosa. Assim como também a veria sorrir de volta. Os dois agora trocam olhares dentro de uma empresa de música.

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo! ^^
O que achou? Espero que tenha gostado. Por favor, deixa um comment aí me contando sua opinião, suas críticas, expectativas, dicas ou mesmo seu incentivo ^^ Amo desde os textões até os simples "oi". Só de saber que você esteve aqui lendo já me alegra, tipo, muito mesmo ♥
Bom, o próximo capítulo provavelmente será do nosso querido horseman, Hobi, J-Hope ^^ Posto assim que tiver um tempo (não devo demorar).
(Ah, e para os semideuses presentes, eu tenho uma fic de PJO. Sintam-se convidados a conhecê-la, se quiserem: https://fanfiction.com.br/historia/686033/A_Espada_Pelo_Sangue/ )
Muito obrigada pela leitura e até a próxima
Amo vcs ♥



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