21st Century Girls escrita por LahChase


Capítulo 1
Rap Monster: Gênios Incorrigíveis.


Notas iniciais do capítulo

Hey, ARMYs ^^
Então, este é o primeiro de sete capítulos, da minha primeira Fic de BTS. Sou nova no Fandom, então por favor, peguem leve comigo ^^ Espero que gostem ♥



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Óculos de grau apoiado no nariz, orelhas com múltiplos furos, olhos grandes e casaco largo cobrindo o uniforme escolar. A garota de cabelos repicados em um corte bagunçado parecia se esforçar para encobrir qualquer sinal de delicadeza, mas nem mesmo a forma desajeitada com a qual prendia o cabelo era capaz de esconder sua beleza.

Quando olhou para ela pela primeira vez, Namjoon pensou que aquela garota que discursava as boas-vindas aos novatos na cerimônia de início de ano pouco se encaixava no estereótipo de nerd responsável e presidente do Conselho Estudantil. Foi uma ótima primeira impressão. Ele sempre gostou de pessoas que não seguem padrões. Mas as surpresas não pararam por aí.

Kwan era mais que uma quebra aos padrões, era a personificação do inesperado. Sua personalidade foi algo que Namjoon descobriu ser interessante de desvendar. E foi como resultado desse interesse que aqueles dois passaram a ser vistos juntos por muitas vezes nos corredores da escola.

Acima de tudo, Kwan era, como dizia seu nome, uma garota forte. Seu pulso era firme o suficiente para colocar na linha até mesmo os “delinquentes” que toda escola tem. Tinha o dom de encarar as coisas com um bom-humor inabalável. Podia assumir uma postura assustadora quando preciso, e tinha uma língua afiada. Seu jeito de falar, andar e se comportar muitas vezes podia lembrar o jeito de um garoto, de forma que, se você tivesse a sorte de flagrar uma conversa entre as demais meninas da escola, poderia ouvi-las comentar que alguns meninos deviam ser mais como ela.

Além de tudo isso, ela era o que se pode chamar de quase gênio. As pessoas falavam em 151 de QI, mas ela nunca confirmou os rumores. A partir daí, Namjoon apenas cresceu em curiosidade. O que havia sobre ela que ele ainda não sabia? Seria ela, de fato, capaz até mesmo de tomar-lhe o primeiro lugar que ele procurava manter no ranking de melhores notas?

Sem saber bem se para responder a estas perguntas ou para satisfazer sua admiração, ele se aproximou dela. Os dois se tornaram amigos, e ficaram conhecidos como a dupla de gênios da escola, embora Namjoon tivesse a impressão de que ela se comportava mais como sua noona que como sua amiga, sempre vindo em sua ajuda, sempre consertando tudo que ele quebrava. De um jeito ou de outro, vê-la mais de perto o fez perceber o tipo de líder que ela era: sempre firme, mas também prestativa e compreensiva. O mais impressionante era sua inteligência, no entanto.

Os boatos começaram a correr: Namjoon estaria apaixonado por Kwan, mas os dois não poderiam ficar juntos por serem rivais, ambos disputando pelo primeiro lugar dentre os alunos da escola. “Todos sabem que Kwan é mais inteligente” diziam “Quando ele perder, será que vai continuar amando-a?”.

“Como se fosse um empecilho” Namjoon refletia seriamente “Um amor verdadeiro quebra as barreiras do egoísmo, e por muitas vezes abandona seus próprios sonhos em favor do amado”. Não que ele estivesse mesmo apaixonado. Na verdade, estava certo de que não estava, mas achou trabalhoso tentar discutir os fundamentos desses rumores, visto que ninguém o havia procurado desde o princípio para formular a teoria. Ele provaria que não era verdade uma vez que os resultados saíssem.

Namjoon estava pronto para dar tudo de si, mas já sabia o resultado inevitável: Kwan com certeza venceria. Pelo menos nisso os rumores acertavam. Ao contrário do que diziam, porém, ele não estava se incomodando com o fato. Na verdade, estava quase satisfeito com isso.

Havia algum tempo, Kwan lhe tinha revelado que um de seus grandes objetivos era se formar naquela escola deixando sua marca. Aquele era o último ano dela, e, além de ser a primeira garota a ser presidente do Conselho Estudantil, ela queria manter-se no primeiro lugar durante os três anos seguidos. O ranking era divulgado duas vezes ao ano, no fim de cada semestre. Namjoon teve bastante tempo para mudar de opinião quanto a ser posicionado em primeiro.

“Era um objetivo sem resultados significativos, afinal” concluiu “Só por este ano, enquanto a noona está aqui, eu o colocarei de lado. Quero que ela realize o que deseja. No final, isso não afeta o que realmente importa para mim: a minha música”.

E por falar em música...

— Você quer ser rapper... – um de seus colegas reagiu surpreso ao ouvir sobre o sonho do garoto.

— Exato.

— Com 148 de QI? – outro garoto emendou.

Namjoon o encarou.

— Qual o problema? – perguntou.

— Ah, bem... – o primeiro continuou – É que normalmente alguém com esse nível de inteligência teria escolhido uma profissão mais...

— Ele está querendo dizer que é um desperdício. – o terceiro interrompeu.

Namjoon franziu a testa, pronto para dar uma de suas respostas certeiras, mas foi interrompido por uma voz:

— Não fale assim do sonho de alguém.

Encostada à porta, com braços cruzados, pé na parede e postura mais máscula que muitos meninos por aí, estava Kwan, a Presidente do Conselho Estudantil, e número Um da escola. Com seu ar de chefona, caminhou para perto deles e apoiou o cotovelo no ombro de Namjoon.

— Kwan noona... – o terceiro garoto mudou até o tom de voz – Qual é, vai dizer que não acha que o Namjoon faria algo muito melhor com esse QI se escolhesse outra profissão? Vocês dois são os gênios dessa escola, certo?

— Hah? Acha que ele tá desperdiçando inteligência? – ela se inclinou para frente – E se eu te disser que quero ser mecânica?

— A-ahn?

A garota deu um sorriso.

— Vocês nunca ouviram a música do Nam, certo?

Meio pasmos, os meninos negaram com a cabeça.

— Exatamente. – ela continuou – Não fale mais sobre desperdício de talento. Eu posso assegurar que a música desse garoto é genial. – ela abriu mais um sorriso, e então fitou Namjoon – Nam, preciso que me ajude com algo, pode me acompanhar?

O garoto, ainda um tanto surpreso com a situação, demorou alguns segundos para responder:

— Ah, certo.

Já no corredor, ele observou suas costas, enquanto ela caminhava à sua frente. Não importava quanto tempo passasse com ela, ainda não parava de ser surpreendido por ações como aquela. O seu cabelo, em seu corte irregular, balançava à medida que ela andava, dando-lhe um ar um tanto surreal, quase como se aquela garota tivesse saído de algum filme.

— Noona. – ele chamou e ela diminuiu o ritmo para andar ao seu lado.

— Hm?

— Nunca te mostrei nenhuma música minha.

— Sei disso.

— Então, como pode assegurar que ela é genial?

Ela parou de caminhar e se virou para ele. Sua expressão era divertida, mas de alguma forma Namjoon viu certa tristeza naqueles olhos. Kwan nunca permitia que vissem através dela. Foi assim que ficou conhecida como coração de ferro, como a garota inabalável, como a Presidente Imperturbável, pois não importava o quão complicada ou desagradável fosse a situação, ela achava uma solução sem perder a segurança em si mesma. As pessoas diziam que ela nunca havia chorado, e, de fato, ninguém naquela escola havia testemunhado alguma lágrima naquele rosto tão delicado, mas tão firme.

O brilho triste no olhar de Kwan naquele momento, portanto, foi um choque para Namjoon, mesmo que ele só tivesse sido capaz de vislumbrá-lo por um mero segundo, pois ela logo o escondeu com um sorriso encorajador.

— Porque eu conheço você. – respondeu – E acredito em você, Nam.

Ela riu.

— Então é melhor você ser mesmo genial, viu? – falou, dando um tapinha no ombro dele – Eu tenho que fazer valer minha palavra como Presidente do Conselho!

Com isso, ela continuou a caminhar, deixando-o novamente olhando para suas costas e para seu cabelo esvoaçante.

 

Namjoon fitou o mural, com os olhos presos ao topo, onde, no primeiro lugar, estava escrito seu nome.

“Primeiro...” sua mente processou “A noona ficou em segundo...? Como? Por que?”

Ele se virou, procurando-a no meio das cabeças que se amontoavam para olhar o mural. Sem vê-la em lugar algum, correu para onde tinha certeza de que a encontraria.

 

— Noona!

A garota, sentada no balanço do playground com as mãos apertando as correntes que o erguiam, ergueu o olhar para ele. Seus pés impulsionavam de leve o balanço, fazendo sua saia, blusa e cabelos voarem ligeiramente. A bolsa estava jogada no chão de areia. Os olhos dela tremiam.

Ele congelou, surpreso, a quatro metros dela. O que estava acontecendo?

— Por que...? – ele começou – Você me deixou ficar com o primeiro lugar, não foi? Por que?

Enquanto sustentava o olhar dela, pela primeira vez ele viu uma fragilidade naquela garota, à medida que lágrimas silenciosas desciam por sua face. Toda a postura dele caiu por terra ao ver aquilo e ele inconscientemente deu mais alguns passos para perto, perguntando-se o que havia acontecido. Ali acabava o mito de que Kwan não chorava. Mas aquelas lágrimas causaram em Namjoon uma dor no coração, uma vontade incompreensível de secá-las. Sem ação, ele a viu parar o balanço e dizer, em um tom baixo:

— Você... Você não se apaixonou por mim, não é, Nam?

Ele se surpreendeu ainda mais, sem compreender o motivo da pergunta. Franzindo a testa, balançou a cabeça devagar, para então ficar mais uma vez surpreso com o sorriso melancólico que ela abriu.

— Ainda bem... – disse, e então suspirou – E mesmo assim... É uma pena.

A essa altura, Namjoon estava ainda mais confuso.

— Eu teria gostado de ser amada por você. – ela continuou, quase como se falando sozinha – Afinal, cheguei a pensar em te amar.

Um minuto de silêncio se seguiu até que Namjoon fosse capaz de balbuciar:

— O-o que está dizendo? Noona, o que aconteceu?

Ela olhou para cima e suspirou.

— Estou me mudando. – falou.

— O que?!

— O coronel foi transferido para Kansong. Partimos esse fim de semana.

— O coronel...?

— Meu pai. – explicou – Ele serve no exército. Foi chamado para Kansong para ficar mais próximo da fronteira... Vamos nos mudar para uma instalação do Exército, e eu vou frequentar o Colégio Militar até o final do ano.

— Mas o que você tem a ver com a convocação dele? – o garoto insiste – Por que tem que ir? De que vai lhe servir transferir-se para esse colégio por meio ano?

Kwan deu uma risada amarga.

— Quem sabe? Mas ele decidiu... – ela faz uma pausa – O coronel queria um filho homem. Um garoto que pudesse seguir os seus passos. Mas, ao invés disso, eu nasci, custando a vida da minha mãe. Ele pouco se importou se eu era uma menina. Escolheu um nome masculino, e me criou como quis. Mas eu cresci o suficiente para ter meus próprios desejos, e agora nós brigamos o tempo todo. Sobre a transferência... Há algo que eu quero, e ir com ele é a condição para que eu o consiga.

Aquilo explicou muita coisa na cabeça de Namjoon. Ele de repente podia ver por trás da armadura de Kwan, e entender o motivo pelo qual ela a usava. Entendia como ela construíra aquela personalidade tão forte...

— Mas, noona, eu pensei que quisesse completar a escola aqui, deixar sua marca...

Ela o fitou com mais um sorriso melancólico.

— Você ficou em primeiro? – perguntou.

 Ele confirmou.

— Ainda bem... – ela soltou um suspiro e balançou os pés no ar – Você tem razão... Eu realmente queria deixar minha marca. Pense em como seria legal: “a primeira garota a ser presidente do Conselho Estudantil da escola também se manteve em primeiro lugar no ranking por três anos seguidos. Ela até competiu com o idol, o rapper genial, Namjoon...” eles diriam...

— Então! – o garoto interrompeu antes que ela terminasse – Você ainda pode deixar sua marca! Não vá, noona. Realize seu sonho.

— Você não entende, Nam. Eu tenho um sonho maior que esse, e para realiza-lo, eu não tenho escolha senão ir com o coronel. Essa foi a condição que ele me impôs: terminar o ensino médio no Colégio Militar e servir um ano no Exército. Depois disso, estarei livre para fazer o que quiser. Às vezes, para conseguir algo que queremos, precisamos desistir de outras coisas que também desejamos.

Namjoon fitou o chão, a mente correndo para encontrar um argumento que a fizesse desistir... Por um motivo que não podia explicar bem, ele não queria que ela fosse. Não queria vê-la com aquela expressão dolorosa, não queria vê-la desistir de seus desejos...

— Mas não deve ser tão ruim assim. – ela continuou, abrindo um sorriso – Transferir-se no meio do ano. Sabe, o personagem que muda de escola no meio do ano é sempre alguém importante, não é?

— Hah? – Namjoon a encarou – Do que está falando?

— Dos animes, é claro. – ela respondeu, rindo em seguida.

 Ele revirou os olhos, impressionado com a capacidade que ela tinha de quebrar qualquer clima pesado. Enquanto ela continuava a rir de sua própria piada, ele a observou. O resultado de sua análise o deixou chateado.

— Noona. – Namjoon a cortou, sério – Noona, pare.

Kwan deixou a risada morrer, e o fitou, surpresa.

— Eu sei o que está fazendo. – ele continuou – Forçando o riso, falsificando sorrisos, atuando sobre aceitar tão facilmente toda essa situação. Eu sei que não está tudo bem, então pare de se esforçar para me convencer do contrário. Vamos, pode falar a verdade para mim, pode mostrar sua tristeza.

O olhar dela suavizou e umedeceu. Seus lábios abriram mais um sorriso melancólico, e Namjoon pensou que nunca na vida havia visto tantos destes em um único dia.

— Ah, você vai ser um idol incrível. – disse – Suas fãs serão as mais sortudas do mundo. Mas não precisa se preocupar comigo, Nam. Fingir que aceito é o meu jeito de fazer doer menos. Lutei até onde deu, agora estou me resignando, tentando ver o lado bom. Abrir mão de algo não é fácil, mas eu tenho um objetivo maior, e é por isso que seguro as pontas.

Ele hesitou.

— Isso... Me soa um pouco solitário...

Ela sorriu agradecida. Kwan pegou a mochila no chão, limpou a areia da saia e caminhou até Namjoon, aproximando-se dele.

— Obrigada por ter sido meu amigo, Nam. – falou – Estes últimos meses, com você... Eu me diverti muito. Eu... Vou sentir sua falta. – ela sorriu – Você vai conseguir manter o primeiro lugar que te concedi pelos próximos anos também?

Com o coração doendo, ele assentiu.

—Ainda bem.

Kwan estendeu a mão para a sua face, e aproximou o rosto do dele, selando os lábios dos dois por alguns segundos.

— Vou levar isso comigo. – falou – Talvez... Talvez eu não tenha apenas pensado em te amar. Adeus, Namjoon.

Ela se afastou e, desviando o olhar, foi caminhando para longe.

— Noona! – ele foi capaz de chamar, e ela se virou para ele, revelando um rosto maculado pelas lágrimas que o faziam sentir dor – Quando realizar o seu sonho... Onde quer que eu esteja, por favor, vá me ver!

O olhar dela emitiu um brilho esperançoso, e seus lábios lhe lançaram o sorriso mais doce que ele já vira.

— É uma promessa, então! – ela exclamou.

Namjoon observou suas costas mais uma vez, levando para longe aqueles cabelos esvoaçantes, aquelas curvas femininas das quais ele se dava conta pela primeira vez, e aqueles lábios que ele desejou sentir novamente. “Droga” ele pensou. Pela primeira vez a via tão feminina, tão desejável. Pela primeira vez se dava conta de que sentimento era aquele em seu peito. E, talvez, também pela última vez em muito tempo.

 

 

Namjoon tornou-se um idol de sucesso no BTS, usando o nome Rap Monster. Kwan acompanhou com satisfação o crescimento dele, enquanto realizava seu próprio sonho, e mantinha em mente a promessa que havia feito. Após cumprir o acordo com seu pai de completar os estudos e servir no exército por um ano, ela se formou com mérito na faculdade de robótica mais renomada do país, e passou a trabalhar com desenvolvimento de tecnologia de ponta. No entanto, insistia em dizer que era mecânica. Por que? Porque tinha que fazer valer sua palavra de Presidente do Conselho.

 

 

Ding dong.

— Quem é?

— Mecânica!

A porta se abre, revelando...

Rap Monster sorri para a garota parada à porta.

— Você... Realmente se tornou uma mecânica, não é?

Ela retribui o sorriso.

— E o deus da destruição realmente se tornou um rapper de sucesso – replicou – Mas, no final, você ainda é o mesmo garoto besta que vive quebrando as coisas e chama a noona pra consertar, não?

Ele dá risada.

— E você ainda é a mesma garota incrível que continua vindo em meu socorro.

Os dois se encaram por alguns segundos, até que ela quebra o silêncio:

— Realmente... Somos ambos gênios incorrigíveis.

 

 


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Notas finais do capítulo

Entããão... O que acharam? Críticas, erros, expectativas, incentivos? Contem-me tudo nos comentários, porque super ajuda ^^ Tentarei colocar uma imagem estilo anime de cada personagem. Bom, não sei quando poderei postar o próximo capítulo, mas não devo demorar ^^
Até mais :3



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