Batman - Alvorecer escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 18
Capítulo Dezoito - O jornalismo informa




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É pela noite, quando as luzes se apagam, que invado o teatro. Após minha conversa com Giovanni Zatara, despedi-me e retornei ao apartamento. Para o que pretendia fazer era necessário o equipamento certo. Agora a noite voltava ao local.

Rumo para os fundos do teatro onde tento arrombar as fechaduras. A ação é quase impossível. Selina havia me ensinado a como arrombar fechaduras, no entanto, todas as vezes que sequer posicionava as gázuas para iniciar o processo, quebravam-se de imediato. A porta dos fundos não era mais uma opção. Uma entrada alternativa era requerida.

Observo ao redor e encontro uma janela não muito fora de alcance. Esta provavelmente levaria a um dos níveis superiores do teatro. Utilizo um latão de lixo próximo para tomar impulso e alcançar as escadas de incêndio. Alcanço o último degrau ao saltar, contudo, é neste instante que a mesma se solta produzindo um som ensurdecedor. Luzes de janelas próximas se acendem. Deixo-me cair no latão de lixo onde, graças à escuridão, sou capaz de me misturar.

Espero por certo tempo até que aparenta ser seguro movimentar-se. Agora que a escada estava ao alcance era fácil subir.  Fazia-se necessário ainda certo esforço para alcançar a janela, todavia, consigo. A mesma é pequena, mas sou capaz de esgueirar-me para dentro. Ao fazê-lo, uma incômoda sensação de formigamento percorre toda a extensão de meu corpo. Como sendo momentânea, ignoro-a.

No teatro minha passada era leve. Vou aos bastidores do palco e retomo minha busca. Busco pelas cordas. Em minhas pesquisas, a causa da morte nunca fora divulgada. Um acidente era citado, todavia, nada mais. Tudo o que tinha era o fato de que ao falar da situação Zatara apontara para as cordas. Porém, o equipamento era novo, exceto por uma.

Esta corda apresentava sinais de queimadura em sua ponta. Nada muito grande, mas o suficiente para que rompesse, aos poucos. Estas sustentavam os pesos. Isto já era um início. Ligando os fatos, Sindella Zatara havia sido morta por um dos pesos do palco que se soltara, enquanto que Giovanni acreditava que graças a um erro seu isto ocorrera. Contudo, como seria Zatara capaz de queimar involuntariamente uma das cordas do palco? Isto indicava que ou ele o teria feito propositalmente, ou outro alguém o fizera. Mas quem?

Vasculho a região por mais pistas. Acompanhando o traçado da corda, encontro o possível local onde o peso caíra. O piso estava concertado. Nenhuma marca era capaz de ser encontrada. Não haveriam mais pistas a encontrar no teatro. Mas talvez no apartamento.

Subo as escadas e dou de cara com a porta. Trancas demais. Levaria muito tempo para abri-las, sem falar do barulho que fariam. Precisava de uma entrada mais sutil. Busco em minha memória pelo visual do apartamento. As janelas. Estavam fechadas com tábuas, contudo, como mais cedo estivera lá e as mesmas já haviam sido retiradas, era uma entrada a se considerar.

Saio do teatro e procuro por um ponto por aonde chegar até as janelas. Pelos fundos não havia uma entrada que levasse ao apartamento, no entanto, uma loja que ficava logo ao lado proporcionaria uma boa forma para chegar ao segundo andar.

O fato de haver uma escada ao lado da loja facilita a subida. Do teto desta, salto e agarro uma estrutura sobressalente das paredes do teatro. Alguns anos atrás não teria sido sequer capaz de dar o salto. Agradecimentos a um instrutor de Blüdhaven.

O teatro possui diversas esculturas e pontos que se sobressaem na estrutura. Subir é extremamente fácil. Finalmente alcanço uma das janelas. Como recordava-me, as janelas já não mais estão tapadas com tábuas e persianas. Nem mesmo há cadeados. Consigo abri-la calmamente. Ao passar sinto novamente uma sensação de formigamento percorrer por meu corpo, ignoro o fato. Observo os arredores. A porta do quarto onde Zatara provavelmente estava encontrava-se fechada. Igualmente a do cômodo que tomei por certeza ser o quarto de Zatanna.

Vasculho a mesa, escrivaninhas, pastas. Não há nada. Exceto por antiga correspondência arrumada para desocupar espaço. Ao continuar olhando encontro um documento em especial que evoca minha atenção. É um documento de posse, mais precisamente de transferência de posse. O mesmo passaria a propriedade do teatro de Giovanni Zatara para... Bobby Gazzo!

Bobby Gazzo era um dos chefões do crime de Metrópolis. Possuía fortes ligações com as famílias criminosas de Gotham, mas principalmente com os Falcone. Qual a ligação que Zatara poderia ter com Gazzo? Teria Gazzo algum envolvimento com a morte de sua esposa? Não tinha muitas informações sobre o homem. Mas havia alguém... Havia alguém que possuía.

...

— Lois Lane? Você está procurando por Lois Lane?

— Sim. A estagiária Lois Lane.

— Olha, me desculpe, de verdade, mas não posso dar informações assim sobre alguém para qualquer um, senhor...

— Williams. Mas eu não sou qualquer um. Sou o namorado dela. Cá entre nós, eu queria fazer uma surpresa, e por isso precisava que tudo isso fosse feito... Na encolha.

— Ah sim. Entendo. – a recepcionista sorri e por um breve instante parece devanear sobre algo - Sendo assim, Lois Lane trabalha no vigésimo quinto andar. Boa sorte.

A recepcionista me sorri enquanto me afasto. Retribuo o ato. Para que as pessoas realmente acreditassem em minha pequena mentira, tive que investir na aparência. Comprara um smoking, penteara o cabelo, e levava um buquê de flores à mão. Por onde passava as pessoas olhavam. Talvez tivesse exagerado.

Chegando ao 25o andar observo os arredores. O local era dividido em diversos quadrados nos quais cada estagiário e jornalista trabalhava. Havia uma copiadora e impressora não muito longe da entrada onde me encontrava encostadas na parede. Todo o andar era circundado por uma grande janela de vidro que se estendia do teto ao chão. Através da qual se era possível ver as ruas de Metrópolis. Tinha que admitir, a cidade tinha seu charme.

Agora vasculho rosto por rosto em busca de Lois Lane. Dentre tantos jornalistas, seria quase impossível que um deles não me reconhecesse como Bruce Wayne, sendo assim, vez ou outra precisava virar o rosto rapidamente, pois alguém encarava-me por uma quantidade desconfortável de tempo. É por sorte que finalmente a encontro.

— Lois Lane?

— A própria, você... Você! – assim que se volta ela me reconhece.

— Sim, eu. É tão bom te ver! – abraço-a sem dar-lhe tempo de reagir em seguida entregando-lhe o buquê - E preciso de sua ajuda. – sussurro.

— Ah, obrigada. Mas o que você quer?

— Você disse estar investigando Bobby Gazzo. Preciso de suas informações. – ao dizer isso sussurro. Para os outros é necessário que pareçamos um casal.

— Olha, eu agradeço por ter me ajudado naquela hora. Agradeço pelas flores. Não, na verdade, não agradeço. Sou alérgica a elas. Mas não é por isso que vou te dar informações. Já ouviu falar de sigilo de fonte? Repórteres têm regras. O jornalismo tem regras. Além do mais, eu nem sequer te conheço.

— Prazer em conhecer, Williams. Agora, preciso dar informações para ajudar alguém. Para solucionar algo. E, caso consiga, posso lhe retribuir com algo ainda melhor. Outras informações que possam ser mais valiosas, talvez? Ou, um emprego fixo aqui.

— Você não pode fazer isso. Você pode fazer isso? Não importa. Se tiver que conseguir um emprego vai ser por esforço meu. Não preciso da sua ajuda. E você está me atrapalhando. Quer que todo mundo descubra que esse seu disfarce... O que você pretendia ser? Meu namorado?

— Vejo agora que não foi uma boa ideia. Você não teria nenhum.

— O quê?! Olha, vai embora. E não me procura mais. Obrigada pela ajuda, mas vai embora.

— Senhorita Lane... Lois. Eu realmente preciso dessas informações. Há alguém que precisa de ajuda. Por favor. Manterei sigilo sobre você e sobre qualquer outro nome, mas preciso disso.

Lois olha ao redor. Consigo prever que ela pondera mentalmente se deve realmente fazer isso.

— Ok. Te dou as informações. Mas, você me leva junto nessas investigações. Com você posso descobrir muito mais. Você aparentemente saber se virar bem.

— Não.

— Então nada feito.

— Olha, não posso levar você, pois não sei o quão perigoso pode ser. Precisaria prestar atenção em você e no que faço.

— Sei me virar. Talvez você nem lembrasse que estou lá.

— Não.

— Então tudo com o que posso contar é a confiança de que se te der essas informações você vai fazer a sua investigação e me trazer muito mais? É muito pouco para seguir em frente.

— Eu prometo que vou fazer isso. E eu nunca quebro minhas promessas.

Encaramo-nos por instantes nos quais ela tenta arrancar de mim alguma mentira. Uma prova de que não sou confiável. Não consegue.

— Tudo bem. Te dou a informação. – ela pega um papel e começa a anotar – Eu tive uma fonte que me informou sobre diversas atividades criminosas de Gazzo. Talvez, ele possa te dar uma diretriz no que quer que você esteja investigando. Ele faz isso por dinheiro, mas é um trabalho arriscado. Ele cobra alto. Com o salário de uma estagiária não pude obter muito dele.

— É mais do que suficiente. Fico grato senhorita Lane. De verdade.

— Só me traz mais informações, ok?

Assento com a cabeça e deixo o vigésimo quinto andar. Ao voltar para o saguão cumprimento a atendente e deixo o prédio. Observando o contato escrito no papel avalio mentalmente que tipo de equipamento posso vir a precisar. Talvez “Fósforos” Malone possa ser um desafio.

 

 

Fósforos Malone

Primeira Aparição: Batman #242 (1972)


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