Batman - Alvorecer escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 17
Capítulo Dezessete - O peso recai sobre a magia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Gostaria de pedir desculpas pelo extenso hiato sem novos capítulos, contudo, a previsão é de que agora eles retornem normalmente. Obrigado pela paciência e por acompanharem a história. Vocês fazem tudo isso valer à pena.



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No apartamento pouco fico. Passo um tempo na biblioteca, em uma academia de boxe próxima. Às noites, caminho pelas ruas. Observo a vida noturna. O que dizem e como agem. É neste horário que ficam à solta. Que se sentem à vontade. Contudo, é o horário em que ficam mais tensos. Como se qualquer coisa pudesse acontecer. Tinham consciência de seus atos, da gravidade deles e tinham medo de que alguém os pegasse. Eram supersticiosos. Poderia futuramente aproveitar-me disto.

Em uma das noites em que volto tarde para o apartamento indagando-me sobre o porquê Zatanna ainda não haveria de ter ligado, quando ouço protestos. De um beco não muito distante enxergo um grupo de homens, ao todo cinco. Rodeiam uma jovem. Dois deles sacam canivetes, um parece reter algo no bolso do casaco, possivelmente uma arma. Aproximam-se lentamente da jovem. O que dizem é de baixo calão.

— Ah, vem cá gatinha, só queremos ser seus amigos. Realmente bons amigos!

Eles gargalham. Um deles se aproxima demais, a jovem o soca. Aparentemente quebra seu nariz, pois o sangue escorre de imediato. O grupo torna-se agressivo, é hora de agir. Não os chamo ou faço qualquer coisa que evoque sua atenção, apenas inicio o abate.

Seguro a cabeça do mais próximo e o lanço contra a parede. A pancada, obviamente, não o mata, não é seu sangue em minhas mãos o que procuro, mas ele cai inconsciente. Atordoados por minha ação retiram a atenção da jovem. Um dos que empunham um canivete investe contra mim. Seus golpes com o utensílio são rápidos, contudo, distantes do corpo. Facilitam que possa imobilizar seu braço, quebra-lo e lançar seu corpo por sobre minha cabeça ao chão. Os restantes são inteligentes o suficiente para atacar de forma conjunta. Dois lançam-se sobre mim. Abaixo rapidamente desviando do soco do primeiro, socando a boca de seu estômago enquanto com um chute atingia a canela quebrando a perna de seu companheiro. Como ainda de pé aplico uma pancada em seus ouvidos para atordoar e com um soco ele cai. O único que restara estava atônito observando-me. O canivete solto em sua mão como que para cair. É neste instante que uma bolsa atinge sua nuca levando-o a nocaute.

— Você está bem? – refiro-me à jovem que assopra o cabelo do rosto enquanto ajeita sua bolsa ao ombro.

Esta possuía um longo cabelo negro. Sua expressão, principalmente seus olhos, azuis, demonstravam completo descontentamento com que acabara de acontecer, contudo, nenhum medo. Trajava uma jaqueta de couro marrom por sobre blusa formal branca. O jeans preto que utilizava já havia visto dias melhores, assim como suas sapatilhas. Por onde esta moça poderia estar andando?

— Eu... Estou, estou bem. Obrigada. – ao todo ela não parece abalada, como se já esperasse por esse tipo de situação.

— Pode não ser da minha conta, mas o que fazia aqui? Nenhum tipo de cidade é segura à noite.

— Olha, agradeço pela... Ajuda. Mas isso não significa que preciso te contar tudo sobre a minha vida. – ela avalia minha expressão. Não é como se realmente esperasse obter uma resposta, no entanto, aquilo pegara-me de surpresa – Mas já que você praticamente salvou minha vida... Estava procurando pistas sobre os negócios de Bobby Gazzo, um dos chefões do crime daqui de Metrópolis. E bem, você viu o que aconteceu.

— Bobby Gazzo? Não lhe ocorreu que isso seria extremamente perigoso e possivelmente tolo?

— Ossos do ofício. Como repórter, bem, estagiária do Planeta Diário, devo estar preparada para esse tipo de situação. Se bem que esse tazer não foi muito útil agora. – ela retira da bolsa um tazer que jamais teria a oportunidade de usar.

— Planeta Diário? Qual o seu nome?

— Lois Lane. Escrevo alguns artigos para a seção criminal do jornal. Em geral o que se vê lá é apenas uma parte. Um dia, como repórter fixa, talvez eles não cortem tanto o que eu escreva.

Já havia lido algumas matérias escritas pela mesma. A Seção Criminal era uma das poucas que me chamava à atenção.

— Bem, sugiro que volte para casa. Como eu disse, nenhuma cidade é segura à noite. E se quiser continuar andando por aí, pelo menos saiba por onde.

Não espero por sua resposta e rapidamente deixo o beco. Fora uma boa oportunidade de testar meu condicionamento físico em algo um pouco mais prático. Era bom, mas não o suficiente.

...

É manhã quando recebo uma ligação.

— Lucius! É bom ouvir sua voz. Como está?

Lucius Fox, um antigo amigo de meu pai estava auxiliando-me quanto a despesas e a cobrir meus rastros. A maior parte disto poderia executar só, mas como era a Alfred quem eu queria manter longe, precisaria de ajuda para continuar sumido.

— Está tudo bem Senhor Wayne, apenas checando. O Senhor Pennyworth tem estado distante de Gotham por muito agora. Mantenho contato. A última vez em que nos comunicamos ele estava em algum lugar próximo ao Himalaia.

Isto significava que Alfred estava novamente indo atrás dos membros da lista. Provavelmente deveria ter encontrado alguma pista sobre meus destinos anteriores e teria se distanciado da mesma. Agora voltara, pois meu rastro esfriara.

— Obrigado pela informação Lucius.

— Senhor Wayne... Bruce veja, por que não volta para Gotham? Acalmar o coração do velho Alfred. De seus amigos. Já são mais de cinco anos longe de casa. Eu lhe peço Bruce, como um amigo, volte.

— Agradeço por sua preocupação Lucius. É sempre bom falar com você.

Desligo e retorno a meus exercícios. Em poucos minutos havia instalado barras no apartamento o diversificava a cadeia de exercícios que poderia executar. De cabeça para baixo enquanto fazia flexões o sangue descia para minha cabeça e a fazia pulsar. Meu pensamento voava longe retornando a Terra graças a outro telefonema.

— Alô, Williams?

Por um mínimo segundo quase acredito que a ligação fosse um mal entendido, recordando-me logo do pseudônimo que adotara e de que a alguns dias esperava uma ligação de Zatanna para informar-me quando seu pai estaria melhor.

— Sim, sim. Sou eu. Tudo bem?

— Sim. Desculpe a demora para ligar. Papai passou um tempo um pouco doente. Preferi esperar que melhorasse para te ligar. Ele está entusiasmado com a ideia de conversar com um fã de verdade do seu trabalho e deseja te ver o quanto antes.

— Bem, estarei aí o mais rápido possível Obrigado.

...

— Senhor Zatara, é um prazer vê-lo! Vejo que conseguiu um horário na sua agenda.

— Ora, para um fã sempre há tempo. Ainda mais hoje em dia quando eles são tão raros. – Zatara vem até mim quando chego ao teatro para cumprimentar-me.

Giovanni Zatara tinha um porte físico extremamente semelhante ao de Alfred, até mesmo conservavam o mesmo fino bigode. Contudo, Zatara não aparentava os sinais de calvície que Alfred fazia. Igualmente magro, alto, não o suficiente para equiparar-se a minha altura, outra característica que atualmente compartilhava com Alfred. O cabelo escuro estava penteado para o lado. Trajava um colete por sobre uma camisa azul formal, assim como igualmente calças formais e um sapato preto bem engraxado. Parecia um homem totalmente diferente daquele que encontrara no bar alguns dias antes.

O teatro estava mais limpo do que da última vez que lá estivera. A poeira e teias de aranha já se haviam ido. Os buracos causados pela violência com que as cadeiras foram retiradas, agora estavam devidamente tapados.  Um trabalho que talvez levasse meses fora feito em um período de dias. Eles eram eficientes.

— Zatanna, é um prazer te ver. Tudo bem? – cumprimento-a. Parece mais “viva” agora do que no dia em que nos encontramos. Sua expressão demonstrava preocupação, contudo, menos.

— Tudo bem sim. Bem, eu preciso ir agora. Volto em algumas horas. Conversem, se divirtam. Williams o mantenha longe de bebida. – Zatanna se encaminhou para a saída do teatro que desta vez, necessitou ser fechada. Devia ter sido a minha impressão naquele dia.

— Hahahaha. Muito engraçado mocinha. – Zatara vira-se para mim – Vamos, vamos subir.

— Se não se incomoda senhor, gostaria de ficar aqui mesmo.

Nos dias desde que o encontrei no bar estive procurando por mais sobre Giovanni Zatara. E tornara-se extremamente mais fácil ser um fã do homem. Em seus bons dias, o mesmo era incrível. Era quase como se fosse capaz de praticar real magia. É claro, se magia existisse.

— Não, tudo bem. Como quiser. Venha, vou pegar umas cadeiras.

Zatara pegara algumas cadeiras que estavam encostadas em um canto e as posicionara.

— Obrigado senhor. E, me desculpe por ser tão direto, mas... O que houve? Olho para este lugar e penso no quão incrível ele ainda poderia ser. No quão incrível o senhor ainda é.

— Eu... Agradeço os elogios meu jovem. Mas... Eu parei. Mágica é algo para jovens.

— Passaram-se apenas dois anos senhor.

— É...

— Zatanna mencionou algo sobre sua esposa.

A expressão de Zatara torna-se momentaneamente séria e logo em seguida melancólica.

— Desculpe, eu não quis tocar em um assunto tão delicado... – começo.

— Não, tudo bem. Eu não falei com ninguém sobre isso desde que ocorreu. Nem com Zat... Sabe, quando esse teatro ainda estava aberto, minha esposa era minha assistente de palco. Éramos uma dupla incrível. Fazíamos o impossível acontecer. – seus olhos brilham e é quase impossível não emocionar-se.

Em minhas pesquisas sobre o mesmo já havia lido sobre sua esposa. Sindella Zatara. Era belíssima. Zatanna era muito parecida com a mãe. No entanto, não havia muitas informações a respeito da morte da mesma. Apenas era dito que devido a um acidente a fatalidade ocorrera. O acidente nunca havia sido divulgado.

Após para por um breve momento, aparentemente perdido em suas melhores memórias, Giovanni voltara a falar.

— Mas antes de um show, houve um erro... E... Eu... Eu não... Eu estava nervoso para aquela apresentação. Devo ter cometido algum erro... Um dos pesos ele...

Zatara apontava para uma das cordas atrás do palco. Todo o equipamento do teatro agora era novo, exceto por aquela corda.

— Ela... Ela se rompeu. Sindella sempre ficava naquela exata posição ensaiando suas falas, revisando os números...

Giovanni começava a cair em prantos. Toquei seu ombro e entreguei-lhe um lenço.

— Eu, agradeço sua simpatia. Obrigado. Desculpe-me por isto.

— Eu que devo desculpas. Não deveria ter tocado no assunto. O senhor... O senhor quer que lhe prepare algo?

— Ah, não seja bobo meu jovem. Pode deixar que eu preparo. Vou fazer um café. Fique aqui sentado.

— Obrigado Sr. Zatara.

— Por favor, me chame de Gio.

— É claro. Obrigado Gio.

Assim que ouço os passos de Giovanni alcançarem o topo da escada começo a vascular o teatro. Vou diretamente as cordas dos pesos. Ele dissera algo sobre os pesos. E a forma como dissera... Meus pais haviam sido assassinados, e apesar da polícia ter investigado, tinha minhas dúvidas que achassem o culpado. E se a morte da esposa de Zatara tivesse sido mais que um acidente? Cordas não simplesmente se partiam. E Giovanni... Ele jamais faria algo do tipo. Podia conhecer o homem a pouquíssimo tempo, mas se havia algo que o luto me fizera saber, é quando uma pessoa realmente sente remorso por algo. Quando realmente deseja que algo jamais houvesse acontecido.

Não conseguia entender meu próprio interesse nisto. Ele dissera que fora um acidente. Talvez a similaridade de perder alguém tivesse me feito interessar. Contudo, não tenho tempo para investigar. Zatara estava voltando. Mas talvez, pudesse investigar depois, com mais calma.

Lois Lane

Primeira Aparição – Man of Steel #1 (1986)

Bobby Gazzo

Primeira Aparição – Batman: Vitória Sombria #1 (1999)

Sindella Zatara

Primeira Aparição – Liga da Justiça da América #163 (1979)


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