Batman - Alvorecer escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 11
Capítulo Onze - Firmando um contrato


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que vem acompanhando esta história. Vocês são o incentivo que preciso para continuar. Obrigado a todos.



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Encontrar Henri Ducard estava sendo mais difícil do que o esperado. Como ex-agente da Interpol acredito que o homem tenha adquirido certa paranoia quanto a contato humano face a face. Os arquivos que Alfred me entregara levaram-nos a um pequeno e antigo prédio de apartamentos em um bairro pobre de Paris. Todavia, o homem não estava lá para ser encontrado.

— Espalhar a palavra de que estamos procurando por ele? Acredita que isto vai funcionar? – indago Alfred enquanto caminhamos pelas ruas da Cidade Luz de encontro a um local no qual, devido a informações sigilosas, seria um ponto de encontro de alguns dos mais renomados caçadores de recompensas. O homem poderia estar lá ou alguém poderia nos informar como achá-lo.

— É uma opção Mestre Bruce. – responde ele. Estamos agora às portas do estabelecimento. Qualquer outro em uma situação diferente passaria direto pelo local pelo fato de não se diferenciar em nada de outros bares parisienses. Contudo, o grande homem guardando a entrada talvez evocasse atenção.

—  Messieurs Désolé, cependant, cela est un établissement privé. (Desculpem senhores, no entanto, este é um estabelecimento privado) – diz-nos o homem mantendo-se a frente das portas do local, suas mãos cruzadas à frente do corpo.

Alfred faz sinal para mim demonstrando que lidará com a situação. Seu francês, apesar do tempo que passamos em Louisiana ainda é enferrujado e por vezes tropeça em si mesmo. Ele explica que soubemos sobre a fama do local e o tipo de clientela que o frequenta e estaríamos interessados em entrar e conversar com alguns dos frequentadores em busca de ajuda com um negócio. O que era uma história plausível igualmente pelo fato de que no local, pelo menos até onde os rumores eram corretos, seria utilizado para firmar contratos. A expressão do segurança antes séria agora suaviza-se.

—Ah, oui. Soyez bien alors la bienvenue à Port-américain. (Ah, sim. Sejam bem-vindos então ao Port-Américain) – responde-nos o segurança abrindo passagem.

Ao adentrarmos o recinto noto que o nome “Porto Americano”, não era apenas um nome. Logo próximo à entrada principal pela qual entramos encontra-se um balcão onde uma jovem serve os mais variados tipos de pessoas. Às suas costas reconheço diversas bebidas pelo fato de muitas delas estarem amontoadas em prateleiras pela Mansão Wayne. Há diferentes tipos de peixes empalhados, assim como gaivotas se espalham pelas paredes. Ao centro do local posicionam-se duas mesas de sinuca, mesas com assentos acolchoados e uma jukebox no canto esquerdo do recinto. Pelas paredes quadros que não duvido, representassem regiões do litoral americano. Reconheço inclusive uma do Porto de Gotham por volta de 1820.

Praticamente ninguém nota nossa entrada, ou se o faz, não demonstra. Dirigimo-nos ao balcão e sentamo-nos. Pouco tempo após o ato a jovem moça que servia os outros clientes se aproxima e nos saúda. Assim como o segurança da portaria, ela não fala inglês e toda sua cerimônia ocorre no idioma do local. Em momentos como esse torno-me ainda mais grato pelas aulas de línguas tanto do colégio quanto particulares.

— Bienvenue. Comment puis-je être utile? Vouloir quelque chose? (Sejam bem-vindos. Em que posso ser útil? Desejam algo?) – finalmente ela nos salda em inglês.

— Oh, je vous remercie. En fait, nous sommes à la recherche d'une personne en particulier. Pouvez-vous nous aider? (Ah, obrigado. Na verdade, nós estamos procurando por uma pessoa em especial. Pode nos ajudar?) – para alguém que presa tanto a discrição, Alfred fora extremamente direto neste momento.

—Bien sûr (Claro). – a jovem busca uma lista abaixo do balcão e nos entrega – Si vous recherchez réellement ce que je pense est, cette liste va les aider. Beaucoup d'entre eux ont fait enregistrer ici. Régulièrement assister.  (Se estão de fato procurando pelo que penso que estão, esta lista irá ajudá-los. Muitos deles fizeram registro aqui. Regularmente comparecem.)

— Uma lista de caçadores de recompensas? – sutileza talvez não fosse meu ponto forte até então.

A jovem sorri compreendendo o que dissera e como se já estivesse acostumada com este tipo de reação. Como poucos são permitidos adentrar o recinto, então talvez ela já saiba sobre o que falam os visitantes que desta forma se referem.

— Quelque chose d'autre qui pourrait être utile? (Algo mais em que possa ser útil?)

— Ah, oui. Est-ce que je voudrais un Martini et le jeune ici ... (Ah, sim. Gostaria de um Martini e o jovem aqui...) – pede Alfred.

— Soda. – respondo.

— Soda.

— Très bien. Sera bientôt prêt. (Muito bem. Logo estará pronto.) – ela se afasta.

— Certo, agora precisamos apenas torcer para que o cavalheiro tenha feito o registro aqui Mestre Bruce. – diz meu amigo enquanto tamborila por sobre o balcão uma melodia conhecida.

— Torçamos então. – começo a folhear as páginas do encadernado recitando em voz baixa o nome do homem “Henri Ducard, Henri Ducard...”.

— Sotaque britânico e ainda pede um Martini, sabe coroa, isso não te torna o James Bond. E, aliás, garoto, não gaste o nome. – diz um homem sentando-se ao meu lado no balcão.

Ao virar-me identifico-o de imediato. Henri Ducard. Não mudara muito em relação a foto do arquivo, exceto que aqui parecia um pouco mais velho. Seu cabelo era castanho e possuía o estilo militar de corte. Suas sobrancelhas grossas por sobre os olhos pretos curvavam-se dando-lhe a impressão de sempre estar em fúria. Conservava um bigode que se estendia até o queixo. Sua voz carregava um tom presunçoso. Trajava um cachecol, luvas e um sobretudo negro. Levava consigo um copo de Whisky.

— Henri... Henri Ducard? – indago-o.

— Em carne e osso.

...

— Deixe-me ver se entendi corretamente... Aparentemente vocês possuem conhecimento de grande parte de minha carreira e requisitam que passe para você, uma criança, o tipo de treinamento que recebi e a experiência que adquiri com estas situações? – pergunta Ducard ainda cético enquanto toma mais um gole de sua bebida.

— Exato. – esclareço.

— E você vai estar me pagando por isso?

— Sim.

Ele coça o queixo e toma mais um gole da bebida.

— Olha garoto, não vou mentir para você, se isso realmente acontecer, não vai ser fácil. Você vai acabar vendo muita coisa pesada. E seu amigo aí, ele parece que tá pensando a mesma coisa. – aponta para Alfred a qual a expressão é fechada. Sei o que se passa em sua mente. Cada passo que tenho tomado, desde o menor em meio a toda esta minha jornada, o tem desagradado. Ele se sente responsável pelo que estou fazendo. Pelo que estou me tornando. A culpa não é dele. Nunca foi.

— Entendo perfeitamente. Temos um trato? – estendo-lhe a mão. Ducard a observa por breves instantes e a aperta.

— Feito. Agora, vou pegar um pouco mais de bebida pra mim antes de irmos. Vai querer um pouco mais de Martini, Bond? – Henri Ducard faz seu movimento para levantar estendendo o braço para pegar o drink de meu amigo.

— Não, obrigado. – responde-lhe.

Enquanto Ducard se afasta Alfred e eu trocamos olhares. Palavras que em voz alta não se dizem, passam através deste ato.

— Por favor amigo. – peço.

— Estarei aqui Patrão Bruce. Apenas espero... Que saiba o que está fazendo. – reconheço em seus olhos o olhar de papai. O exato olhar que ele me lançava quando estava de alguma forma machucado não somente fisicamente. O olhar de alguém que se preocupa.

Ducard retorna.

— Então... – ele toma um gole de sua bebida – Quando começamos?


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