Batman - Alvorecer escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 10
Capítulo Dez - Através de um adeus, ressurgir




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Seguiram-se meses após nossa invasão ao escritório de Theodore Grant, e o mesmo desde então não falara conosco muito mais do que o necessário para orientar-nos nos treinos. Selina e eu pensamos durante certo tempo como poderíamos ajuda-lo a talvez voltar à ativa, ou simplesmente, encontrar uma real razão do por que ele havia deixado este embate de lado. Uma vez que acreditávamos que por mais que suas palavras fossem sinceras, ainda resguardavam a verdade longe do lado de fora de sua mente.

Considerei o fato de que talvez ele jamais tivesse desistido. Que talvez a academia fosse a forma que ele encontrara de ainda fazer a diferença. Contudo, pessoalmente comparando o tipo de mudança que ele seria capaz de causar saindo às ruas e combatendo o mal face a face, seria muito maior do que apenas ensinando jovens a lutar. Talvez... Não sabia dizer.

Em poucos dias completaria o período de um ano sob as orientações físicas de Grant. Agora possuo quatorze anos. Meu primeiro aniversário sem papai ou mamãe. Nosso primeiro natal sem eles. Alfred dava seu melhor, é verdade. Todavia, havia sempre aquele espaço vazio que nunca seria preenchido. Como algo arrancado que nada jamais substituiria por melhor que fosse. Theodore, Selina... Eram boas companhias. Boas pessoas. Gostaria de mantê-los por perto. No entanto algo maior, maior que eles, maior que eu, não podia esperar.

De Harvey, Tommy e Roman não me despedi pessoalmente quando deixei meu lar, apenas enviei-lhes mensagens. O telefone móvel facilitava, contudo, nada se comparava a face a face. Contávamos sobre nossas vidas, fiz questão diversas vezes de mentir sobre o que fazia. Tio Philip enviara uma correspondência relatando a situação de Gotham e das Empresas Wayne não muito tempo antes. A cada dia a cidade parecia afundar mais em criminalidade. Nomes como os das famílias Falcone e Maroni tornavam-se cada vez mais comuns nas páginas de jornal associadas a crimes. A diretoria da Empresa não estava satisfeita com o controle de meu tio e queria manda-lo de volta a Londres. Uma coisa tornara-se certa, deveria apressar-me em meus objetivos. Talvez Gotham não tivesse tempo o suficiente.

Dadas às notícias, acreditei que talvez fosse o momento de deixar Nova Orleans e seguir em frente ao próximo ponto para avançar em meu treinamento. Alfred e eu reunimos nossos pertences da casa, que depois de tanto tempo, quase o considerava como um bom lar, mesmo que simples. Voltamos à academia para nos despedir e agradecer a Theodore, contudo, um dos momentos que mais esperava, era falar com Selina.

Toda a experiência que adquirimos juntos. Com ela, um peso parecia partir ou reduzir. A dor, quase se extinguir. Ela tirava de mim as sombras. Eu não entendia como. Pensei em falar com Alfred sobre, todavia, a possibilidade me enjoava.

Ao chegarmos à academia, noto que Selina parece estar igualmente de saída.

— Aonde vai? – indago-a.

— Voltar a Gotham. Meu velho tem alguns assuntos a resolver na cidade. Então... De volta ao noir. – ela responde enquanto reúne alguns de seus pertences do armário que possuía na academia.

— Também estou de saída. Mas ainda não vou voltar, tenho assuntos a resolver em outro local. – comento ao abrir meu armário mesmo sabendo que nele, nada há.

— Uh, misterioso.

Nós dois rimos juntos, no entanto, logo se faz um silêncio um tanto quanto desconfortante. Observo Alfred rir um pouco com o pai de Selina.

— Se... Se um dia você ainda estiver em Gotham... Poderíamos sair um dia. Não sei. Você poderia me visitar, ou eu poderia te visitar... – começo timidamente quebrando o silêncio.

— Seria ótimo. – Selina responde-me sorrindo.

Ao fundo ouço seu pai chamando. Ela reúne o resto de seus pertences, coloca em sua mochila e me abraça.

— Se cuida gatinho.

Fico ali parado como uma estátua enquanto ela parte.

— Tudo bem, Mestre Bruce? – pergunta Alfred mal sendo capaz de conter um leve sorriso.

— Sim, tudo... Tudo bem. Vamos falar com Ted.

Grant está sentado a sua mesa folheando alguns arquivos. A luz que entra pela janela de seu escritório possibilita ver claramente as partículas de poeira que circulam pelo ambiente.

— Senhor Grant, viemos nos despedir e agradecer por seu suporte e auxílio neste último ano. – começa Alfred estendendo a mão para cumprimentar Ted que já se levantava ao ver-nos adentrar o cômodo.

— O prazer foi meu Senhor Pennyworth. Bruce é um garoto incrível e possui um grande potencial. É uma pena que estejam partindo. Caso ficassem mais, poderia até mesmo inscreve-lo em um campeonato regional. Da forma como ele ganhava dos outros alunos, se sairia melhor que bem. – Grant me sorri ao dizer isso. De fato, durante o tempo que estive presente ali, não penas treinei com Selina, mas com muitos outros alunos. E lembro-me de poucas vezes em que fui derrotado.

— Foi um prazer Theodore. – cumprimento-o igualmente. Ao separarmos nossas mãos, noto algo deixado por seu aperto. Ao olha-lo rapidamente, Ted pisca o olho.

— Bem, muito obrigado por este excelente tempo que tivemos. Desejo-lhes boa viagem.

— Obrigado Senhor Grant, tenha um bom dia. – Alfred vira-se se encaminhando para a saída da academia.

— Ah, Bruce. – chama-me um pouco baixo Ted para que meu amigo não o escute – Nunca se esqueça, há lutas que valem a pena, por mais que sejam cansativas ou duradouras. Às vezes não por você, mas pelos que o cercam. E... boa sorte.

Aceno com a cabeça sem saber exatamente o que pensar daquilo e deixo a academia.

...

— Sendo o senhor nosso guia turístico em nossa viagem através do mundo para atingir o seu “ápice”, qual nosso próximo ponto de parada, Mestre Bruce? – indaga-me Alfred enquanto observo a cidade de Nova Orleans através da janela de nosso carro alugado para chegarmos ao Aeroporto Internacional Louis Armstrong.

— Acredito que devamos seguir até a França, mas precisamente Paris, caso seus arquivos estejam certos, para encontrarmos Henri Ducard. Um ex-agente da Interpol, atualmente um caçador de recompensas. – digo retirando-me da contemplação e folheando os arquivos - Durante o tempo que estive procurando por Joe Chill tive diversas dificuldades, exatamente por não saber por onde partir. Talvez este homem possa me ajudar neste quesito.

— Particularmente senhor, eu atribuiria sua dificuldade em encontrar o indivíduo na brilhante ideia que tivera por procurar por ele só. – ignoro este comentário de Alfred e volto minha atenção para a janela do veículo.

À noite Nova Orleans é tão ou até mesmo mais bonita do que pelo dia. Lembro-me repentinamente do que ganhara de Theodore ao despedir-me. Pus o objeto em minha mochila tão rápido para que Alfred não visse que não tive tempo para saber do que se tratava. Ao sacar o mesmo entre meus pertences encontro o colar com um dente canino de animal que Ted utilizava na primeira vez que o encontramos.

Contudo, algo remove minha atenção do objeto. Uma sombra estranha que se apresenta a luz da lua sobre as ruas. Uma figura felina, grande e negra com forma humanoide. Correndo e saltando com alta velocidade e agilidade por sobre os prédios e ruas da cidade. Em determinado momento, a misteriosa figura para de acompanhar nosso veículo e apenas contempla-nos. Após certo tempo ela acena e reconheço sua forma física agora finalmente compreendendo o que Theodore Grant gostaria de ter me dito. O Wildcat estava de volta.

 

 

 

 

Carmine Falcone

Primeira Aparição – Batman #404 (1987)

Salvatore Maroni

Primeira Aparição – Detective Comics #66 (1942)


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