O Legado escrita por Luna


Capítulo 79
Capítulo 78


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!
XOXO



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“Tente de novo, falhe novamente. Falhe melhor.”

Teen Wolf

 

Harry estava lendo aquilo pela terceira vez, toda a teoria parecia complicada demais e mesmo que se esforçasse ainda tinha muitas perguntas. Hermione no outro lado da sala analisava a planta do instrumento enquanto falava com Morrigan, não tinha confiança naquela mulher, mas Hermione parecia confiar nela e naquele momento teria que ser o suficiente. Ela se debruçava na mesa e seus longos cabelos pretos caiam na lateral de seu rosto, não estava usando o colar que lhe era tão comum, no lugar tinha apenas uma fina corrente dourada, com uma estrela de várias pontas como pingente, sabia o que era aquilo, o símbolo dos Ivashkov.

— Você deveria ser pego olhando tão fixamente assim para uma mulher que não é sua esposa? – Terêncio se colocou ao lado de Harry, um sorriso aparecendo.

— Não brinque com isso. – Harry lançou um olhar para o auror e voltou ao que estava lendo antes. – Não sei se posso confiar nela.

— O que ela faz aqui então? – Ele cruzou os braços e se voltou diretamente para Harry.

— Hermione disse que precisava da ajuda dela com as runas. – Harry desistiu de ler, era para aquilo que os outros estavam ali de qualquer forma. – Temos que selar toda a sala, garantir que o que aconteça lá não afete os outros cômodos.

— Sabemos o que vai acontecer?

— Claro que não. – Morrigan vinha caminhando com passos curtos até eles, sua voz era calma e fluída. – Isso é o que faz tudo ser mais emocionante.

— Está tudo pronto, pessoal. – Emme colocou a cabeça para fora da porta. – Terminei os últimos retoques.

Os quatro entraram na sala em que Emme tinha ficado trancada durante horas nos últimos dias, ela disse que precisava de solidão e silêncio para fazer seu trabalho e depois de um discurso acalorado eles simplesmente a deixaram em paz.

— Eu nunca fiz nada assim, mas venho estudando sobre a estrutura e funções durante todos esses meses, nunca pensei que fosse ser possível construir algo assim da forma como fiz, sabia que não teria o dinheiro para isso, mas era bom sonhar e-

— Emme, está lindo. – Hermione apertou o braço dela.

— Espero que funcione. São muitas composições, sra. Granger, tentei balancear e busquei o equilíbrios entre os itens, mas...

— Que madeira você usou? – Morrigan se adiantou e passou a mão pelos riscos da madeira.

— Tive uma longa conversa com o Tio Ollivaras sobre isso, foi complicado escolher a madeira. Primeiro estava confiante em usar Acácia, seria útil já que sua varinha demonstra mais lealdade do que outras, seria difícil outro bruxo conseguir produzir qualquer coisa, mas o Sr. Potter queria que outra pessoa além de Nicholas pudesse usar o instrumento. Passei por tantas madeiras, Azevinho, Aveleira, mas nenhuma delas parecia boa o suficiente para o Nick.

— Srta. Ollivaras, eu fui claro, outra pessoa deve ser capaz de usar o instrumento. – Harry apertou a ponta do nariz.

— Eu sei, eu sei. Mas isso ainda é para ele, certo? – Ela olhou para os outros, construir aquilo para alguém além de Nicholas não parecia correto. – Bem, Carvalho parecia o ideal, é, aliás, a madeira da varinha dele, sabiam disso?

— Mas você não a escolheu, pelo visto. – Terry disse.

— Não, logo eu pude perceber o quanto Nick era brilhante e que tinha bons reflexos, isso significava que ele seria um excelente duelista e sabia que viria grandes coisas daquela cabecinha. Mas Carvalho não parecia a madeira ideal para o piano, ela com certeza ficaria ressentida com isso. Tio Ollie queria que eu usasse Cipestre. – Ela se remexeu desconfortável. – Mas nunca a usaria, dá excelentes varinhas, mas seus donos... bem... Eles têm vidas curtas, morrem em atos heroicos, com bravura e coragem.

— É melhor afastar qualquer coisa que tem ligação com a morte do pequeno Nott. – Morrigan piscou.

— Bem, um detalhe que ninguém sabe ou sabia é que três varinhas escolheram o Nicholas, incrível não? Carvalho, Nogueira e Faia, o que essas três têm em comum?

Ela esperou que um deles respondesse, mas eles não faziam ideia do que responder.

— Todas elas servem a bruxos brilhantes, como o Nicholas. Então pensei, poderia usar duas madeiras para compor o piano?

— Poderia? – Harry perguntou.

— É isso que vamos descobrir. – Ela abriu um sorriso tímido. – Quanto ao núcleo, bem... Eu tentei compor da forma mais equilibrada que consegui. Se acontecer o pior eu tenho um plano B.

— Acontecer o pior? – Hermione que analisava o instrumento se virou para ela.

— É, a senhora sabe, alguém morrer no primeiro teste.

 

 

As corujas levantaram voo voltando para a quietude do Corujal, deixando os alunos no Salão Principal eriçados com as correspondências. Tentando sem sucesso esconder a tensão Lily e Albus esperavam que James lesse a carta que tinha chegado, fazia quatro dias que seus pais não mandavam qualquer bilhete ou davam notícias, era um novo recorde. Há dois dias Victorie tinha mandado uma pequena carta e Ted tinha escrito uma pequena nota falando sobre o trabalho, mas nenhuma menção a Harry.

— Mamãe está fora do país cobrindo um jogo para o jornal. – Ele baixou a carta. – Papai está metido em um caso com a tia Hermione, ela disse que eles estão... – Ele olhou ao redor, se inclinou para frente e falou mais baixo. – Na casa da Ordem.

— Mas por que eles não escreveram antes? – Lily esmagava um bolinho.

— Foram só quatro dias, Lily. Talvez eles não tivessem nada para dizer, olhe mamãe mandou mais uma foto autografada para você. – Ele estendeu a foto de uma mulher com uma vassoura no ombro acenando.

— Tudo bem. – Ela bateu uma mão na outra limpando os restos do bolo. – Tenho que falar com a Mirian, nos vemos depois.

Ela passou as pernas pelo banco e andou mais para o fundo sentando-se ao lado de uma garota baixinha de cabelo curto.

— O que você sabe? – Albus perguntou.

— Papai não tem andado no Ministério, tia Hermione também não, ela está agindo através do Eric e Victorie. – James bebeu do seu suco. – Eu acho... Acho que...

— Fale de uma vez, Jamie.

— Eu não sei. – Ele parecia confuso. – Algo aconteceu com Nicholas para Eric ter sido chamado na escola, depois nós vimos Timothy brigando com o Nicholas, o terceiro andar foi proibido para todos, mas eu tenho certeza que já vi o Nick indo naquela direção e ele estava na companhia de duas pessoas que nunca vi por aqui. E hoje mais cedo... Eu vi o Eric e eles dois no Hall.

— O que isso significa?

— Eu não sei. – James deu de ombros. Olhou para a mesa da corvinal onde o jovem Nott comia seu café da manhã distraído.

Eles olharam na direção da porta quando escutaram o barulho de vozes, passos e porta batendo, ninguém poderia entrar ali sem permissão, mas a tensão fazia com que sempre estivessem alertas. O primeiro a entrar na sala foi Eric, ele segurava um grosso casaco no braço e deu um sorriso de canto quando percebeu como Harry, Hermione e Terêncio estavam duros.

— Podem relaxa agora. – Ele jogou o casaco de uma mão para a outra. – Estamos prontos para começar?

— Quando você fala assim me lembra muito seu pai. – Terêncio falou e percebeu na hora seu erro ao notar a sombra que passou pelo rosto de Eric.

— Nicholas nos deu uma partitura, disse que não está finalizada, mas o garoto é muito perfeccionista, enquanto ele mesmo não testar não estará satisfeito. – Janet disse passando a pasta para Hermione.

— Você deveria controla-lo. – Harry a lembrou.

— Não acho que qualquer pessoa conseguiria controla-lo, Potter. Ele tem um gênio forte, é mais inteligente do que deveria e sabe disso. Optamos por um trabalho em conjunto, tentamos movê-lo em parâmetros seguros, mas isso tudo é dele, é sobre ele.

— Ele ainda é só uma criança, por Merlin. – Harry apertou as mãos, colocar Nicholas naquela situação ainda revirava seu estômago, saber que era necessário, pois algo no futuro o colocava em perigo fazia seu coração acelerar.

— Ele é magnífico, realmente brilhante. – Emme falou.

— Ele puxou a mim. – Eric foi andando até o piano, passou a mão pela madeira e sentou-se no banco em frente ao instrumento. – Estou pronto quando vocês estiverem.

— Eric- – Hermione começou a falar, mas foi interrompida por Morrigan.

— Preciso entalhar algumas runas. Emme, você pode me ajudar, eu começo aqui e você vem do outro lado. – Ela passou um livro antigo para a fabricante de varinhas. – Você pode repetir as que fez no violino, mas gostaria de acrescentar essas, vão potencializar a magia.

Eric analisava a partitura com atenção, ignorou Hermione por alguns minutos, mas depois desistiu.

— Pare de me olhar assim. – Ele falou ainda de costas.

— Você não sabe como eu estou lhe olhando. – Ela respondeu irritada.

— Sim, eu sei. A menos que um de vocês tenha aprendido a tocar piano nas últimas semanas eu sou a pessoa mais indicada a fazer isso. E não, Hermione, não vou ensinar ninguém. – Ele se virou para ela.

— Esse é um teste muito perigoso, Eric. – Hermione se aproximou colocando a mão em seu ombro. – Você tem que cuidar dos seus irmãos.

— Terminamos. – Morrigan guardou a varinha e olhou apreciativa para as runas entalhadas na madeira. – Eu sou muito boa.

— Ótimo. – Janet olhou para Ivan. – Vocês podem sair agora.

— Hermione. – Eric chamou antes que ela passasse pela porta. – Se algo acontecer assegure que eles nunca cheguem perto dos meninos, nem que você tenha que tirá-los do país de maneira ilegal. Me prometa que você não deixará meu pai ou Sebastian tocá-los.

— Eric...

— Me prometa. – Eric insistiu.

— Eles estarão seguros, Sebastian ou qualquer um que queira machuca-los nunca irão se aproximar. Eu prometo. – Ela falou com segurança.

— Ótimo, saiam daqui agora.

Eles fecharam a porta, Harry e Terêncio lançaram os últimos feitiços ali para garantir que nada acontecesse com a casa.

— Você não deveria ter prometido aquilo ao garoto. – Morrigan se apoiou na parede e olhava intrigada para Hermione.

— Sim, eu deveria. Timothy e Nicholas não serão usados pelo pai ou pelo avô, eles estarão em segurança, de um jeito ou de outro. – Os olhos de Hermione estavam febris.

— Você me assusta um pouco quando fala-

Uma onda de energia bateu na porta explodindo a madeira, que não conseguiu ultrapassar a barreira de proteção que foi colocada, eles demoraram alguns segundos para tirar os feitiços.

— Harry! – Hermione se agitava. – Rápido! Rápido!

Assim que os feitiços caíram eles entraram na sala. Ivan estava caído inconsciente, sangue escorria de seu nariz e orelhas, Janet tentava se erguer com dificuldade, ela estava encostada na parede, sangue manchava o local que sua cabeça tocava. Hermione foi diretamente para Eric, viu seus sinais vitais e conseguiu respirar com mais tranquilidade quando percebeu que seu coração batia e ele respirava bem.

— O que aconteceu? – Ela virou sua cabeça para olhar Janet.

— Muita... magia... – Terêncio a apoiou, mas ela precisava de cuidados imediatamente.

— Eric, Eric, acorde. – Hermione passava a mão no rosto dele.

— Mione, precisamos leva-los ao hospital. Não sabemos o que aconteceu aqui. – Harry tentava chamar a atenção da amiga.

— Como vamos explicar isso para eles? – Hermione colocou a cabeça dele em suas pernas.

— Nós podemos... – Morrigan não sabia o que falar.

— Ivan está muito mal, Mione. – Harry examinava o bruxo. – Não podemos ficar aqui. Janet mal está aguentando e Eric...

— Tudo bem, tudo bem.

Harry, Hermione e Terêncio saíram com os três, eles ainda não sabiam o que iriam falar, Harry queria usar o discurso da confidencialidade, Hermione teria apenas que confirmar aquilo e torcer para que ninguém fizesse a pergunta certa.

— Você falou sobre um plano B? – Morrigan perguntou a Emme. – Acho que precisamos de um plano B.

— Okay... Eu vou precisar de pelos de unicórnio, muitos pelos de unicórnio.

 

 

Scorpius estava na arquibancada observando o treino do time da Sonserina, na verdade ele observava Albus. Albus com seus cabelos despenteados, sorrindo com seus dentes brancos, dando piruetas com a vassoura. Era bom vê-lo leve novamente, nos últimos dois dias ele tinha estado preocupado, distante, esperando algo que Scorpius não conseguia descobrir, mas naquela manhã ele apareceu na aula com seu sorriso calmo e seu corpo não parecia tenso mais.

Era bom ter ele normal novamente, porque entre um namorado com problema, Tim fora de controle e Freya raivosa Scorpius se sentia fora de sintonia. Tim tomou como tarefa pessoal fugir da presença de Rose e quando não conseguia a ignorava, mas sabia que nenhuma dessas coisas estava fazendo bem ao amigo, quando estavam na presença dela Tim sentava-se duro, suas mãos fechadas com tanta força que sabia que sua palma estaria machucada a essa altura, sua respiração era pesada, como se lhe custasse muito aquilo e talvez custasse mesmo.

Falou abertamente que achava aquilo completamente idiota, naquele momento achou que Tim fosse começar a chorar, mas ele apenas olhou para o lado e disse que não podia, apenas isso, essas duas palavras. Scorpius queria perguntar o que ele não podia, mas não encontrou forças internas para mexer em algo que machucava tanto o amigo.

Sophia Zabine tinha sido vista no país, claro que ela não era uma fugitiva, Freya soube sobre isso através de uma carta da mãe pedindo que todos eles tomassem precaução extra naqueles dias, eles não foram para o povoado naquela visita e provavelmente não iriam à próxima. Ainda não sabiam o que a mulher queria com aquela visita, mas nada sobre ela poderia ser ignorado.

A voz forte de Ellaria chamou a sua atenção, eles estavam voando baixo e recebendo as últimas instruções daquele dia, logo Albus estava voando na sua direção e pousando com a vassoura.

— O que achou do treino?

— Vocês estão muito bem. – Sua atenção no treino era apenas parcial, ele não sabia de fato se tinha sido bom, mas esperava que sim.

— Quando o olhei lá de cima você parecia distante. – Albus sentou-se ao seu lado. – Em que pensava?

— Em como você fica sexy voando. – Ele beijou o rosto de Albus.

— Scorp. – Albus falou sorrindo, Scorpius escondeu seu rosto na curvatura do pescoço dele, a pele estava coberta por uma camada de suor, mas o cheiro amadeirado ainda estava muito presente.

— O que você acha que nos escondermos na Torre de Astronomia?

— Hoje parece ser uma noite fria. – Albus olhou para cima, o sol já começava a sumir entre as nuvens.

— Eu posso esquentar você. – Ele deu um beijo no pescoço de Albus arrepiando sua pele.

— Acho que você está tentando me seduzir para que eu pare de fazer perguntas.

— Bonito e inteligente.

— Scorpius. – Albus se afastou para olhar o namorado diretamente. – Está tudo bem.

— Não está. – Ele deu um riso cansado. – Nada está bem, nenhum de nós está e eu quero isso, nós dois na torre de astronomia fingindo que tudo está bem. Porque as coisas vão cair em cima de nossas cabeças em algum momento, Al. Mas enquanto isso eu quero você, quero acordar olhando o seu rosto, sentindo o seu cheiro no meu travesseiro, quero dormir te abraçando e pensando que pelo menos naquele momento, naquele pequeno instante eu o tive comigo, quero sonhar que o terei para toda a minha vida.

— Você terá. – Albus segurou o rosto dele e o beijou.

Scorpius se entregou ao beijo, mas uma pequena parte de sua consciência dizia que Albus estava errado.


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