O Legado escrita por Luna


Capítulo 80
Capítulo 79




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“Nunca devemos fazer as coisas erradas quando as pessoas estão olhando”.

Mark Twain

 

Era 31 de outubro e aquele era o penúltimo dia das bruxas que James Potter passaria na escola, por isso ele tinha decidido junto com Fred que seria o melhor dia das bruxas que Hogwarts já viu. Eles começaram bem cedo, acordaram antes de qualquer um e com adereços que conseguiram pegar da Gemialidades Weasley enfeitaram todo o Salão Comunal da Grifinória.

Poderiam ter ficando apenas com os enfeites inofensivos, mas que graça teria? Uma grama baixa cobria todo o chão e algumas tinham subido pelas paredes irritando os quadros que fugiram das plantas intrusas. As plantas trepadeiras pegavam as crianças pelos tornozelos e só as soltavam depois de alguém contar uma piada realmente engraçada, elas faziam um barulho esquisito, como se estivessem rindo e então a criança era jogada no chão.

Claro que eles não ficariam apenas no seu Salão. No corredor das masmorras que dava para o Salão da Sonserina eles usaram outro tipo de grama, mas o que ela escondia era que em algumas partes o sólido dava lugar o lodo pegajoso e dependendo de onde o aluno pisaria seu pé era tragado e ele precisaria de muita ajuda para sair ou era consumido pela gosma. Na caixa vinha dizendo que não oferecia risco real, mas James e Fred não faziam ideia de onde a pessoa iria parar caso fosse pego.

Alguns alunos tinham dado a ideia de espalhar doces por todo lugar, algo típico do dia das bruxas trouxa, Fred escutou que também era comum as pessoas fazerem travessuras nessa data, claro que ele não se preocupou em buscar mais informações. De maneira sorrateira os dois trocaram vários dos doces por caramelo incha-língua, febricolate, nugá sangra-nariz e vários doces do kit mata-aula.

Antes do almoço a enfermaria estava lotada e demorou até alguém perceber o que estava acontecendo. Os doces foram recolhidos e McGonagall estava realmente chateada, ou assim pareceu.

— Não fique tão irritada, Freya. – Amélia tentava não rir.

— Eu perdi o meu sapato naquela gosta estúpida. – Freya olhava acusatoriamente para a mesa vermelha. – Se eu descobrir quem foi o responsável por isso.

— Não olhe para mim assim, eu teria avisado se soubesse que James está por trás disso. – Amélia falou, mas cruzou os dedos. Não colocaria o namorado na mira da varinha de uma Freya zangada.

— McGonagall nos liberou pelo resto do dia. Disse que não faz sentido termos aula com metade dos alunos na enfermaria. – Scorpius se jogou ao lado de Amélia.

— Pelo menos uma coisa boa saiu disso. – Albus ainda estava em pé. – Quando Flitwick vai tirar aquele pântano do nosso corredor?

— Assim que ele conseguir tirar do quinto andar e do Salão da Grifinória. – Amélia respondeu.

— Malditos leões chamativos. – Freya praguejou.

— Não seja tão rancorosa, pequena serpente. – James chegou rindo, mas colocou Rose a sua frente quando Freya o olhou raivosa.

— Se eu souber que foi você...

— Ei, você ficaram sabendo? – Thomas chegou de repente. – Os monitores conseguiram permissão para fazermos uma pequena comemoração no jardim, vai ter fogueira e comida.

— Que incrível. – Rose estava animada com a possibilidade.

— Só não mande mais ninguém para a enfermaria. – Ele falou olhando para James.

— Por que todos acham que fui eu? – James fez a melhor expressão de inocente que conseguiu, não era muito boa.

— E não foi?

 

Era noite já, o céu estava estrelado e a lua brilhava em um ponto no céu, pequenos pontos brilhantes muito parecidos com vagalumes estavam espalhados pelo jardim, o que fazia com que as crianças corressem atrás deles tentando pegar o máximo que conseguiam. Uma grande mesa estava colocada abastecida dos mais diversos tipos de doces e tinha uma grande fogueira com fogo azul e troncos de madeira ao redor que os alunos do sétimo ano tinham recolhido na Floresta.

Apenas os alunos do quarto ano em diante tinham tido permissão para ficar no jardim, o que fez com que Lily ficasse resmungando por todo o jantar, Albus e James tentaram confortá-la, mas a menina ruiva parecia uma chaleira naqueles dias. Os irmãos estavam guardando doces para que pudessem alegrá-la, já que sabiam que ela ainda estaria acordada quando James voltasse para o Salão.

— Você percebeu? – Albus perguntou.

— Apenas finja que está tudo bem. – James deu um chocolate com caramelo para Albus.

— Ben não voltou ainda? – Albus olhou em volta.

— Pare de procurar por eles, Al, ou alguém vai perceber e isso poderia acabar com a festa. – James ficou mais sério. – Está tudo bem, é dia das bruxas, vamos comer doces, beber cerveja amanteigada e ouvir histórias de terror dos nascidos trouxas.

— Por que eles estão aqui?

— Albus! – James aumentou o tom de voz. – Eu não quero ouvir mais nada sobre isso. Você entendeu?

— Sobre o que? – Scorpius perguntou fazendo James se virar e ver que o sonserino estava acompanhado de Amélia e Rose, ele logo sorriu.

— Albus estava me irritando querendo saber sobre as pegadinhas de hoje, mas eu já disse que não sei nada sobre elas. Sou completamente inocente.

— E eu não acredito nisso nenhum pouco. – Albus tentou sorrir também, mas achou melhor só enfiar algo na boca.

— Vocês estão pegando os melhores doces. – Amélia foi para a cesta pegar alguns para ela e Rose fez o mesmo.

— Vou pegar nossos lugares antes que nos deixem com os piores assentos. – Ele olhou para Albus antes de sair. – Vejo vocês depois.

James foi se afastando do ponto que os outros estavam até achar que estava escondido pela escuridão, passou pela grande árvore onde tinha visto Arthur pela última vez.

— Você não deveria estar aproveitando com seus amigos? – Ele ouviu antes de conseguir vê-lo e só o percebeu quando viu o feitiço se esvaindo aos poucos.

— Não sabia que estariam aqui hoje.

— Não era para ninguém saber. Alguém mais nos viu? – Arthur cruzou os braços.

— Albus.

— Claro que sim. – Ele sorriu, mas algo longe de ser amistoso. – Vocês dois darão excelentes aurores um dia.

— Por que tem aurores aqui?

— Volte para lá, garoto.

— O ataque aos centauros não foi o único ataque contra a escola, foi? – James trocou o peso de uma perna para outra.

Arthur deu dois passos parando a centímetros de James e se curvou o suficiente para colocar seu rosto na altura do garoto.

— Volte para sua festa estúpida e nos deixe fazer nosso trabalho. Não pense que por ser filho do Chefe eu não possa estuporá-lo aqui e deixa-lo amordaçado pelo resto da noite.

— Meu irmão colocaria esse Castelo abaixo assim que percebesse minha ausência. – James deu um sorriso de canto. – Não se preocupe, só vim deixar uns doces.

Ele estendeu uma sacola pesada, Arthur a pegou a contragosto. James deu um aceno e se virou para ir embora.

— James! – Arthur o chamou. – Pare com as pegadinhas, em algum momento não saberemos diferenciar uma brincadeira de criança de um ataque. Um aluno pode vomitar por causa dos doces do seu tio ou por estar envenenado. Não é hora para brincadeiras.

— Sim, Senhor. – Pela primeira vez James parecia envergonhado por causa de suas pegadinhas. – Me desculpe.

— Volte logo, antes que seu irmão coloque o Castelo abaixo.

Quando voltou para a fogueira tinha um lugar vago entre Albus e Amélia, ele sentou-se lá e distribuiu cerveja amanteigada entre eles.

— Onde você estava? – Amélia perguntou baixinho para não atrapalhar a história que estava sendo contada.

— Fui pegar uma coisa no dormitório.

— Sem mais pegadinhas, Jamie. – Amy falou entre censura e riso, ele deu um beijo na ponta de seu nariz.

Vendo que ela tinha voltado sua atenção para a lufana que falava uma história sobre um lago ele cutucou a perna de Albus.

— Desculpe por mais cedo. – Falou baixo para Scorpius não ouvir.

— Está tudo bem.

— Não, eu não devia falar daquela forma com você. Desculpa.

— Está tudo bem, irmão. – Albus sorriu e apertou o joelho de James. – Estamos bem.

Os alunos começaram a bater palmas e rir.

— Quem é o próximo? – Uma sextanista da corvinal perguntou. – Que tal você, Amy?

— Eu? – Ela foi se encolhendo ao lado de James.

— Você deve conhecer alguma história de terror. – James a instigou.

— Okay... – Os alunos foram se silenciando e o que se podia ouvir naquele momento era o crepitar da fogueira. – Uma família tinha se mudado para uma casa antiga, eles tinham gasto todo o seu dinheiro no lugar, era uma casa bonita, mas que escondia um terrível passado. Depois de um tempo, quando já estavam estabelecidos no lugar a mãe percebeu que seu filho ficava conversando com alguém, ele ria e corria pela casa, quando ela perguntou com quem ele conversava dizia apenas ser um amigo, Elliot, ele tinha morado naquela casa anos antes e estava lhe mostrando todas as passagens secretas. A mãe achou que era apenas a imaginação da criança e não deu mais atenção ao falatório incessante. A noite, quando todos estavam dormindo se podia ouvir o barulho de passos pela casa, as escadas rangiam e as cadeiras se arrastavam, no começo os pais queriam acreditar que aqueles sons não significavam nada, mas foi difícil ignorar com o passar das semanas. Um dia o filho passou a tarde inteira desaparecido, quando retornou o sol já havia sumido, encontrou seu pai preocupado e sua mãe às lágrimas, explicou a eles que estava procurando um tesouro com Elliot, que ele tinha que encontrar esse tesouro. Naquela noite os barulhos voltaram, era como se alguém corresse pela casa, o pai levantou e foi ver o que estava acontecendo, os barulhos na cozinha eram horríveis, quando chegou lá estava tudo revirado. Ele fez o que qualquer um faria naquela situação, ligou para a polícia, quando os oficiais chegaram lá viram que o problema era bem maior que um possível roubo, já que o filho do casal tinha desaparecido. A criança voltou horas depois, quando o sol começava a nascer, disse a eles e a polícia que Elliot o tinha levado a um lugar seguro, por que a senhora estava muito zangada naquele dia. “Que senhora?” a mãe perguntou. “A dona da casa, ela anda por aí todas as noites, vocês não a escutam?” o filho respondeu, “ela não gosta de pessoas aqui, ela não gostava do Elliot também, por isso a família dele foi embora, temos que encontrar o tesouro para a família dele voltar”. Os pais olharam para o policial sem entender e ele foi embora já que não podia fazer nada por aquela família, mas antes de partir deu um aviso aos pais, disse que eles deveriam ouvir o filho. Dias passaram e as mesmas coisas continuaram acontecendo, passos, rangidos e nos dias ruins os objetos da família eram arremessados, um padre foi chamado para abençoar o lugar, mas só pareceu deixar as coisas ainda mais agitadas. Um dia o filho voltou correndo para a casa, suas calças sujas de terra, ele sorria. “Nós encontramos, mamãe”, ele dizia, “encontramos o tesouro, esteve no jardim durante todo esse tempo”, a mãe foi até lá junto com o marido e viu que o filho tinha cavado um buraco onde dava para ver o início de um baú, o pai continuou cavado até conseguir tirar o baú da terra e ao abri-lo encontraram a ossada de uma criança. “Nós podemos ligar para os pais do Elliot agora”, o filho disse.

Quando ela terminou de falar o silêncio permaneceu, as pessoas ficaram olhando para ela e a vergonha foi lhe consumindo achando que eles tinham odiado.

— Elliot era a criança dentro do baú? – Thomas perguntou, os olhos dele estavam arregalados.

— Sim, era ele.

— O que aconteceu com ele?

— A família de Elliot passou muito tempo na casa, tempo suficiente para o espírito da senhora influenciar a mãe. Em um ato de loucura a mãe matou Elliot, o pai o enterrou no jardim e foram embora da casa.

— Ele ficou preso na casa com a velha durante muito tempo? – Freya se encolhia.

— Sim, até encontrar alguém que pudesse lhe ajudar.

— Ótima história, Zabine. Estou até arrepiada. – Ela mostrou o braço para demonstrar. – Quem é o próximo?

— Isso não aconteceu de verdade, não é? – James passou o braço pelos ombros dela.

— Claro que não.

 

 

Os gritos de um homem podiam ser ouvidos antes de se abrir a porta, as paredes de pedra não eram boas para selar o som. Ele estava jogado no chão, seu corpo inteiro tremia, suas roupas estavam sujas e rasgadas, talvez por ele ficar se arrastando no chão.

— Vamos novamente, Christopher. – O homem puxou uma cadeira e se sentou nela. – Eu sei que o Eric voltou para Londres, o grande mistério é saber onde ele está se escondendo.

— Eu já disse, não sei nada sobre o Nott. Ele chega e sai, vai embora por Floo e volta da mesma maneira. Ele não usa as lareiras do Ministério, a sala dos aurores tem uma lareira privada e a sala de Hermione Granger também.

— Você quer mesmo que eu acredite que ninguém fala nada naquele pulgueiro?

— Ele não tem amigos. – Christopher cuspiu no chão.

Sebastian se irritou novamente e o cruciou, os gritos reverberaram pela sala e lhe davam prazer.

— Homens, sempre indo pelo caminho mais difícil. – Sophia entrou na sala fazendo a maldição cessar. Ela foi caminhando até Christopher e o olhava como se estivesse analisando seu corpo maltratado. – Há formas muito melhores de obter respostas se você quer mesmo saber onde está o traidorzinho do sangue.

— Ele é muito treinado para ser influenciado pela Veritaserum. – Sebastian disse, a intromissão de Sophia não era bem-vinda.

— Feitiços e poções... Como eu disse caminhos difíceis. – Com um movimento de varinha ela colocou o homem deitado com as costas no chão. – Olá, Chris.

— Sophia Zabine. – O nome saiu áspero em sua voz. – Tem muitas pessoas caçando você.

— E aqui estou eu e aí está você. – Ela sorriu. – Meu querido amigo Sebastian está com uma fixação por achar o pequeno traidor e ele parece acreditar que você tem as respostas para as suas perguntas.

— Eu já disse tudo que eu sei. – Ele tentou se mexer, mas o feitiço o mantinha grudado no chão.

— Você consegue imaginar a seguinte manchete: Funcionário de Departamento de Execuções das Leis da Magia mata esposa e filha? Só o que eu preciso é de um fio do seu cabelo e a linda Caroline nunca conhecerá Hogwarts. A única coisa que queremos é uma pequena informação e depois você pode sair daqui e jantar com sua família.

Os olhos de Christopher arregalaram diante do horror daquelas palavras e Sophia falava tudo com sua voz mansa e com um sorriso, como se eles tivessem conversando trivialidades. O assustava ver o quanto ela parecia confortável no meio de toda aquela barbárie e não duvidou por um segundo que ela faria exatamente aquilo e o deixaria viver o suficiente para saber da morte de sua família.

Ele gostava de Eric, tinha sido um dos que suspeitou sobre ele estar no DELM, mas depois de meses ele mostrou seu valor e era um profissional respeitado por seus colegas. Ele tinha saído de casa e se tudo que falavam era verdade tinha se desligado da família e agora sabia por que Hermione era tão protetiva sobre ele. O pobre rapaz estava sendo caçado pela própria família.

— Eu não sei como você pode encontra-lo. Ele chega e vai embora pela lareira privada da Granger, mas... – Um nó se formou em sua garganta. – Há rumores de que ele está com Dominique Weasley, ela pode leva-lo até ele.

Sophia fez uma expressão de nojo e se afastou.

— Uma Weasley? A situação está bem pior do que imaginamos se ele estiver mesmo em um relacionamento com a garota.

— Ela é uma puro sangue. – Sebastian a lembrou.

— Ela é uma Weasley, a pureza de seu sangue não vale nada se associado àquela família degenerada. – Sophia rebateu. – Se você não pode controla-lo tire-o do caminho.

— Ainda tenho Timothy e Nicholas, o garoto é um completo fiasco, fraco e medíocre. Mas Timothy pode ser exatamente o que preciso.

— Ele também está envolvido com uma Weasley.

— Não mais. – Sebastian sorriu. – Ele finalmente percebeu o seu erro e se afastou daquela sujeira mestiça e se minhas fontes estiverem corretas se afastou de toda aquela corja.

— Vamos precisar de todos que conseguirmos, Sebastian. Nosso maior golpe está em curso e depois dele não terá mais volta.

— Isso me lembra que até o momento você está sozinha.

— Blaise e Anthony precisam apenas do incentivo certo. – Sophia estava dando voltas pela sala. Ela parou alguns passos de Christopher. – Eu vou lembrar-me de mandar flores a sua família.

— O que...?

Avada Kedavra,— Ela guardou a varinha dentro do casaco. – O joguem em algum lugar na Travessa do Tranco.


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