A Lenda de Yuan escrita por Seok


Capítulo 12
Ataque surpresa


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Leiam tudo que é muito importante, o.k?

Primeiramente, gostaria de me desculpar pelas palavras repetidas e/ou comidas em alguns capítulos, é que eu escrevo realmente rápido e acabo não vendo. E, como tenho alguns problemas, sou muito ruim em revisar e acaba passando despercebido.

Esse capítulo é o fim da primeira temporada, que tinha como foco o amadurecimento do Avatar. Sendo assim, continuarei no próximo mês e uma coisa eu afirmo: não terão erros.

Prometo uma qualidade infinitamente melhor, tanto em escrita (mas adiantando: não irei usar palavras antiquadas ou demasiadamente complexas para parecer chique. Na minha visão, a leitura é para todos, e palavras complexas reduzem o interesse de todos), quanto em desenvolvimento. Focarei no ponto de vista dos outros personagens, mudanças de ambientação, et cétera. Tornarei tudo melhor e mais fluído para que fique mais parecido com a série. Algumas cenas eu tive de cortar, pois se não, seriam capítulos com mais de 5 mil palavras e seria algo massante e chato. Espero não ter desapontado no desenvolvimento do personagem principal, claro que ele ainda vai amadurecer bastante, e eu não sou nenhum roteirista, como deu pra perceber, sou apenas um menino de dezesseis anos que gosta muuuito de escrever, infelizmente. =(

Obrigado ao grupo do Mundo Avatar pelas QUATRO MIL VISUALIZAÇÕES ♥ e aos meus leitores do Nyah! Fanfiction também.

Por fim, agradeço à você, que leu até aqui, apesar de alguns erros pífios. Agradeço pelos comentários com críticas recheadas que me auxiliaram no desenvolvimento da minha escrita do primeiro ao último capítulo. Agradeço a você que divulgou ou comentou com os amigos. Agradeço a todos vocês!

Por fim, deixem seus comentários: o que pode melhorar? O que acharam da primeira temporada? Como foi o desenvolvimento do personagem principal e a apresentação do antagonista maior? Gostarei de saber tudo que se passa pela cabeça de vocês, suas opiniões, e receberei todas com muito amor.



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Uma semana se passou desde o último acontecimento na floresta. Ainda não consegui dobrar metal, entretanto, tenho tido alguns avanços nos treinos de dobra de terra avançada e na minha capacidade de sentir vibrações pelo solo — tudo isso graças ao Beifong. Além disso, estive treinando a dominação do ar; ela não fora um empecilho para mim, no final, foi a dobra que mais me identifiquei.

Mas não era isso que incomodava. Cidade República estava caótica. Dobradores e não-dobradores estavam em uma guerra civil, com segregacionismo e ódio uns pelos outros. Os dobradores diziam que os não-dobradores eram responsáveis pelo caos, e qualquer um era considerado um igualitário disfarçado. Os não-dobradores, por outro lado, discordavam e odiavam ser tratados dessa forma. O presidente estabelecera um toque de recolher, como eu já havia mencionado, e os não-dobradores precisavam estar em casa. Quem não estivesse, seria levado sob custódia. Saber que isso tudo estava acontecendo me deixava seriamente incomodado e preocupado, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Eu cheguei a escrever várias cartas para Fang, contudo, nenhuma fora realmente enviada. Ouvi comentários maldosos dos meus colegas de trabalho que ‘’os níveis de aprovação do Avatar foram os menores em toda história.’’

Acordei logo pela manhã. E, quando eu digo pela manhã, foi pela manhã mesmo. Antes mesmo de o sol erguer-se por trás das colinas, a lua ainda se fazia presente, embora desse um tom azul bem claro ao céu. Havia neblina por todos os lados, e a grama do acampamento cheirava a orvalho. Foi uma sensação tão libertadora ao respirar o cheiro de mato, e aquele ar gélido entrando em meus pulmões… Quase tinha me esquecido de que só acordei cedo porque estava ansioso.  

Pelo visto, eu não estava sozinho.

Sentado na posição de lótus, Kelzang, meu futuro mestre, meditava. Não parecia sentir frio, apesar de estar bastante. Sua capa vermelha de dobrador de ar parecia ser o suficiente. Tentei não despertá-lo, mas, quando pisei a alguns metros dele (e eu estava na ponta dos pés, literalmente, não me pergunte como ele ouviu), ele disse:

— Já acordado, Yuan?

— Como você…

— Quando se medita, estamos conectados à todas as energias. E a do Avatar é fácil de sentir.

— Você não está com frio?

— Não. Com uma mente quieta e um coração apaziguado, o frio e outros desconfortos simplesmente não existem.

— Isso é irado. Quando eu vou começar meu treino?

— Agora mesmo.

— Agora, agora? — fiquei um tanto surpreso. Não esperava acordar de madrugada e ser recebido com um treinamento. —Mas… ainda é de madrugada.

— É o horário perfeito. Todos estão dormindo e você já está acordado. O silêncio é uma das chaves para a dobra de ar. Vamos.

Ele se levantou e  nós seguimos para a área de treinamento criada pelo chefe Beifong. Lá, ele ficou diante de mim e disse:

— Avatar Aang, meu bisavô, conseguiu dominar seu elemento oposto, a terra, em um dia. Ele só precisou ter coragem. Ele também fez o mesmo com fogo. Fico feliz que você esteja no mesmo caminho.

— Por que todos me comparam aos Avatares que vieram antes de mim? — eu disse, revirando os olhos. Ser comparado me deixava frustrado, não importa se é por um pai ou por um mestre. — Isso é muito desanimador…

— O passado, presente e futuro estão interligados, Yuan. Precisamos aprender com o passado para saber escrever o futuro.

Eu o olhei por alguns instantes. Fazia sentido, embora eu fosse orgulhoso demais para dizer, então, acabei ficando em silêncio. Kelzang prosseguiu:

— Diferente de como foi com Korra, não te ensinarei através da ‘’bugiganga que gira’’. Não é fácil e, muitas vezes, é frustrante. Acredite, eu sei bem. Passei por isso e decidi não ensinar ninguém assim.

— Não foi você que disse que o passado, presente e futuro estão interligados?

— É, mas… — ele pareceu buscar algumas palavras, desistindo logo após. — ah, esqueça. Apenas faça o que eu disser.

— O.k, senhor sabe-tudo.

—  Preste atenção: a dobra de ar se trata de movimentos circulares e evasivos…

Ele me explicou tudo sobre a dobra de ar, sua história (uma história bem chata que você não iria querer ouvir), os dobradores originais, e que a dobra de ar não deve ser, nunca, sob hipótese alguma, usada para tirar uma vida ou para a violência sem sentido.

Eu fechei os olhos e respirei fundo. Por algum motivo, sempre achei que eu deveria ter nascido como um dobrador de ar ou um de água. Sempre fui tímido e relutante demais para ferir alguém de verdade, mas acho que Beifong estava moldando minha personalidade e esculpindo como mármore.

Kelzang disse que eu devia manter meus pensamentos e meu espírito quietos, calmos, fluídos como uma brisa. Pensei em Fang e em como eu gostava dele e em como ele me fazia sentir como se eu pudesse voar. Pensei na minha nova amiga que, apesar do ciúmes que eu sentia, era importante para mim. Meu mestre assumiu, então, a postura da dobra de ar e moveu-se circularmente, dizendo para que eu fizesse o mesmo. Ele, então, controlou uma pequena brisa ao meu redor e pediu que eu tentasse controlá-la. Disse-me que eu era o Avatar e, portanto, era um dobrador de ar. Disse que eu conseguiria, embora eu estivesse relutante. E, por fim, falou que o chakra do amor é o chakra do ar. Pediu para eu pensar nas pessoas mais importantes para mim, e foi o que eu fiz.

A sensação da brisa de ar era tão suave, assim como estar perto de Fang. Quando saí do meu pequeno devaneio, consegui controlar por alguns instantes as correntes de ar ao meu redor e de Kelzang. Não era um movimento de mestre, era algo bem básico, mas eu sorri. A dobra de ar me veio tão fácil, e me perguntei se para Aang tinha sido assim também. Kelzang e eu nos movimentávamos em espiral, controlando as correntes suavemente. ‘’Você é natural’’, disse ele. Eu agradeci. Após alguns momentos, dissipamos as correntes de ar e nos curvamos um para o outro.

— Pelo visto, o ar não é o elemento que se opõe à sua personalidade. — disse-me ele, com um certo brilho no olhar.

— Para ser sincero, eu sempre me imaginei como um dobrador de ar — eu respondi, sincero. — Água, por outro lado, parece desafiadora. Não sei se sou disciplinado o suficiente para domá-la.

— O fogo e a terra são elementos teimosos, assim como você. O ar é calmo, o que também combina com você. Já a água, é necessário um espírito tranquilo e mente quieta; o que não combina com você.

— Acho que vai ser meu maior desafio. Aliás, como sabe disso?

— A união dos quatro elementos em uma só pessoa torna o Avatar bastante poderoso. Mas pode tornar qualquer um muito poderoso. Aprender sobre todos os elementos é a chave para criar novas técnicas e saber como se defender.

Eu fiquei impressionado com as palavras dele. Eram de uma imensa sabedoria e, por algum motivo, me lembrava Iroh, do mundo espiritual. Acabei me perdendo em pensamentos e não o respondi.

— Em uma semana, você progrediu muito na dobra de ar. Korra era uma excelente dobradora antes do dez anos de idade.

Eu o olhei com um pouco de frieza, e acho que ele percebeu. Kelzang tossiu e mudou de assunto bem rápido. Eu o interrompi.

— Mestre Kelzang, eu vou voltar à Cidade República. As coisas lá não estão certas. Eles precisam de mim.

— Não acho que seja a hora, Yuan...  Abbey ainda não está segura.

— Cidade República também não. Sinto que é lá que eu devo estar. Participarei de minha última missão hoje e estarei retornando amanhã. Chefe Beifong, que é detetive, localizou onde as forças inimigas estão.

                                                                 [...]

Os igualitários seguiam para o seu ponto de encontro; vinte e cinco homens em cotas de malha e os mais diversos armamentos. Seus passos tinham pressa no momento em que adentraram o povoado ao pé da montanha. Moviam-se por vielas escuras, onde jamais seriam notados; não àquela hora da noite. Eram homens que lutaram como irmãos por anos; que viveram no limiar entre a vida e a morte. Na liderança deles, um guerreiro em armadura metálica e óculos de visão noturna. Uma pesada espada longa descansava em seu ombro. Por baixo de seu elmo, o rosto tinha barba e fissuras, queimado por uma vida inteira de guerras, marcado por uma cicatriz que um dobrador de fogo um dia lhe fizera.

As cidades adjacentes anteriores haviam sido facilmente superadas; pouco desafio para homens nascidos para a batalha. Os despojos eram poucos e desinteressantes, mas, nesta terra estranha, tudo é de interesse dos homens. As proximidades de Cidade República, se caíssem, seriam a oportunidade perfeita para que Scar desse continuidade ao seu plano e tomasse a cidade à força.

Essa cidade não era diferente das outras.

Diversos satomóveis da polícia cercaram os inimigos.

Impossível.

O líder ergueu a mão repleta de calos ao ver uma silhueta solitária, de pé, na transversal da rua em que estava. Ele franziu as sobrancelhas ao ver que era um homem cujo a armadura de metal havia um enorme distintivo: o chefe Beifong. Finalmente, algo digno de pilhar.

Outros policiais surgiram na rua, tomando posição em ambos os lados do delegado, cada um deles portando uma armadura metálica e levando apenas sua dominação como armamento.

— Estas terras estão sob minha proteção. — vociferou Beifong.

Beifong ergueu sua mão, a medida que doze policiais formaram um arco em sua volta, deixando-o no centro. Seis de cada lado, ergueram blocos de terra os golpeavam em uníssono.

O de elmo é o principal. Pegue-o e o resto cairá sozinho, pensou Yuan.

Quanto ao Avatar, parte dele queria soltar as rédeas de seu poder; queria transformar estes homens em pilhas de ossos e cinzas. A adrenalina fervia seus ouvidos; tais sentimentos não pertenciam ao espírito da luz, e sim às trevas cristalizadas em seu interior — o espírito do caos, Vaatu, ansiava por liberdade. Mexia com os sentimentos do Avatar e tirava-lhe a razão. Precisava lutar contra isso.

Os ataques haviam acabado com a vida de dezenas de pessoas que chamavam de lar as terras ao redor de Cidade República. Eles mancharam os espaços do Reino da Terra, causando terror por onde passavam. Era um caos tão intenso quanto o da Guerra dos Cem Anos; no fim das contas, ao longo dos anos, os igualitários conseguiram força para se oporem às Nações.

O de elmo riu e brandiu a espada de seus ombros ao que seus próprios homens se afastavam. Para lutar com uma arma desse tamanho e mantê-la em constante movimento, ele precisava de espaço. Urrou algo, que mais parecia um ruído de animal do que qualquer coisa humana. Seus guerreiros, por outro lado, eram silenciosos. Atacariam da escuridão.

Yuan expirou um sopro quente ao ver os invasores avançando, e mesmo por trás de suas máscaras igualitários era possível sentir seu olhar ardente. Ele deixou com que o fogo tomasse conta de seu sangue, sentindo a escuridão abraçar a si próprio. Não conseguia raciocinar direito, embora tentasse. As trevas eram sedutoras demais para um menino imaturo. O caos da batalha e o estado desesperador do mundo forneciam cada vez mais força à Vaatu. O medo, o pânico, tudo influenciava na força do espírito das trevas

Para Yuan, o tempo passava devagar. Ele via o brilho pulsante do coração de cada inimigo. Ele ouvia o trovejar do sangue fluindo por suas veias. Cara-de-elmo saltou em frente — sua espada golpeando o flanco do Avatar. Só teve tempo de erguer um muro de rocha, e o som foi como o punho de um titã de pedra. O impacto foi feroz. Os policiais tratavam de proteger seu chefe que, possivelmente o dobrador mais poderoso ali presente — atrás apenas do Avatar —, dobrava a terra em grande escala: pedregulhos, elevações, deslizamentos. E não só isso, conseguia prender igualitários em seus fios metálicos com extrema facilidade.

O punho de Yuan resplandeceu, ateando fogo no manto do Homem-de-Elmo. Seus olhos arregalaram de surpresa ao que puxava para trás a espada, pronto para outro golpe.

— Segurem-se e ataquem! — gritou Beifong ao ver que o resto dos invasores haviam se aproximado.

O voleio de atacantes era feroz. Sua velocidade, destreza e sutileza formavam um equilíbrio sublime; estudavam os movimentos de cada dobrador antes de atacar, para, então, desferirem uma série de golpes rápidos e derrubarem os policiais que ousavam aventurar-se nas proximidades

Golpes e mais golpes, de todos os lados. Nervos inchavam e gargantas urravam com o esforço do ataque. Rochas voavam pelos ares, seguidas de boladeiras elétricas. Yuan arremessou um igualitário com uma pilastra de terra que se ergueu direto contra o estômago. Ele gritou e voou para trás, com a respiração obstruída.

A formação dos policiais foi forçada para trás com o movimento da espada do Homem-do-Elmo, em um golpe diagonal, que atirou vários dobradores metros atrás, e eles não levaram muito tempo para se erguer, com uma resistência invejável; resultado de anos de treinamento.

Yuan e Beifong não deram ao Homem-do-Elmo uma chance de dar o próximo golpe.

Eles avançaram impetuosamente, um de cada lado. Fogo quente voou contra o de elmo, atirando-o aos rolamentos pelo chão por conta da pressão das chamas. E foi em um rápido movimento que Beifong tratou de atirar uma rocha contra ele, entretanto, o pedregulho não foi um empecilho para a espada; um corte e ela fora reduzida à estilhaços. Entretanto, Beifong era rápido; no momento em que a poeira da pedra destruída levantou, o chefe policial chutou o chão e um deslizamento seguiu de encontro aos pés do de elmo, fazendo com que suas pernas deslizassem até derrubá-lo no chão em um ‘’espacate’’ perfeito. Seu grito de dor cortou o ar, e Beifong aproveitou a brecha para enviar fios metálicos para cobrir toda sua extensão.

O sucesso não perdurou por muito tempo.

Ele desvencilhou-se dos fios de metal com um rápido giro, erguendo-se, e pisou neles, de modo que o chefe de polícia tivesse sua movimentação vetada por conta da haste. Apesar da dor do espacate recém-aberto, era um ginasta, tendo capacidades físicas invejáveis.

Vush!

Um risco de baixo para cima da lâmina do líder inimigo foi responsável por cortar o metal, e eu imaginei o que aquela espada seria capaz de fazer com uma pessoa.

— Desgraçado! — urrou o Homem-do-Elmo, e Yuan pôde reconhecer sua voz, gélida como a noite: era o mesmo homem que estivera incentivando os igualitários através do rádio. Era alguém ligado diretamente com seu principal antagonista, Scar, embora Yuan não soubesse quem ou o quê era o seu verdadeiro adversário.

Mais igualitários chegaram ao socorro de seu mestre. Os ginastas estavam levando a melhor. Beifong olhou para Yuan. Um consentimento silencioso estabeleceu-se entre os dois. O chefe não teve outra escolha senão ajudar seu batalhão, que perdia cada vez mais soldados, todos tombados no chão, imóveis.

O Homem-de-Elmo avançou contra o Avatar, sua espada a um fio de cortar a garganta do jovem rapaz. Entretanto, em um rápido movimento, o garoto jogou seu corpo de costas no chão e ergueu-se com um impulso, atirando chamas pelos pés e obrigando que seu inimigo se desvencilhasse da rota com um salto por cima do arco de fogo. Yuan, então, arriscou um território ainda não explorado em combate. Um jorro de vento mergulhou a partir das mãos de Yuan contra o Homem-de-Elmo que, no ar, não teve opções: o ginasta descreveu um arco no ar com seu corpo até cair no chão e rolar duas vezes, erguendo poeira.

Três igualitários, vendo a situação de seu líder, investiram pelas costas do Avatar. E, como resposta, três pilastras de terra ergueram-se violentamente do chão, sem piedade, contra cada um deles. Yuan só pôde ouvir o baque e, quando olhou para trás, seu irmão, Shun, estava a alguns metros dele, com os punhos fechados e os braços em formato de rampa. Ele fora o autor da defesa. Yuan assentiu, pois não havia tempo para distrações. Seu principal adversário, agora retardado, avançou novamente, rasgando sua espada contra o tórax do Avatar. A velocidade, entretanto, ainda era exímia. Yuan não teve tempo de defender o golpe, recebendo-o na armadura de metal. Não imaginava ter mais complicações, contudo, um brilho azul anunciou eletricidade — eletricidade esta que se repassou para a armadura de Yuan, a partir da espada do Homem-de-Elmo. O Avatar soltou um gemido de dor e tombou no chão, sentindo o corpo inteiro formigar.

Não havia tempo para fraquejar, e nem para pensar.

Yuan socou o chão com o máximo de força que reuniu dentro de si, e um muro de terra ergueu-se logo abaixo do Homem-de-Elmo, que estava preparado para dar-lhe o golpe final. O homem caiu alguns metros atrás e perdeu sua espada no ar. Os igualitários, embora leais, não optaram por um embate longo. E não havia como resgatar seu líder, que estava atordoado no chão pelo baque, e sem sua temida espada.

— Seu líder quer o Avatar, não é?! — exclamou Yuan. Estava convicto de que precisava ser decisivo, forte como uma pedra; uma característica típica dos Avatares do Reino da Terra, tal como Kyoshi, que antes enfrentara o Rei da Terra e Chin, o Conquistador — Então EU, o Avatar, responderei com todo o meu poder.

Seu corpo ainda estava dormente pelo choque, mas conseguira retardar o líder do flanco inimigo o suficiente para que Shun o envolvesse em cordas metálicas e vetasse suas chances de desvio.

Beifong focava única e exclusivamente o auxílio de seus policiais, mas muitos se entrepunham em seu caminho. O homem principal não ansiava um embate, mas, agora que nele estava, desejava capturar o Avatar. Seria o espólio perfeito para seu mestre. Mas o Avatar reagira com mais ferocidade do que o esperado.

— Prendam todos! — rugiu Beifong, e os policiais avançaram. Golpes rápidos e potentes de dominação voavam de um lado para o outro. Repetidamente, tal qual o mecanismo impiedoso de uma máquina. Os igualitários se viraram e fugiram dos policiais, horrorizados com o fim de seu líder. Tudo o que buscavam agora era a fuga. Sua reunião fora interceptada com sucesso.

Bombas de fumaça estouraram no chão e uma cortina de névoa verde ergueu-se, inibindo a visão de todos ali, exceto, talvez, do chefe Beifong, pois, com um rápido pisão no chão, fora capaz de sentir a presença de todos os igualitários. Não podia permitir que escapassem, pois, se o fizessem, poderiam se reagrupar e desferir um ataque surpresa contra o acampamento. Muitos já estavam atrelados à cordas de metais, encarcerados, sem chances de fuga. Policiais também jaziam no chão, imóveis, com o chi bloqueado e movimentos sedados pela série de golpes rápidos que receberam.

O chefe de polícia, então, mergulhou na fumaça e manteve os olhos fechados. A sola de seus pés tocavam o chão, de modo que era capaz de sentir tudo e todos ali presentes. Beifong surpreendeu-se quando um tunel foi aberto na fumaça verde, resultado da dobra de ar, e quando olhou pelo túnel, pôde ver Yuan, com a palma da mão aberta. Os dois seguiram atrás dos igualitários, que eram velozes, mas não tinham seus equipamentos.

Pelo menos, foi o que pensaram.

O grupo de ginastas finalmente alcançou seu objetivo: motos. Restavam apenas seis igualitários de pé. Eles agruparam-se sobre as motos e deram partida. Beifong chutou o chão e fez com que um deslizamento erguesse rumo em direção às motos, mas eram extremamente velozes — de última linha. Pegaram velocidade em poucos segundos e desapareceram da visão da dupla, deixando-os sozinhos na fria madrugada.

— Interrogaremos o líder deles. — afirmou Beifong, evidenciando raiva em sua expressão. O suor escorria de sua testa, resultado de um combate desafiador. — Bom trabalho, Avatar. Operação concluída.

— Chefe — disse Yuan. Pôde sentir o suor banhar seus fios castanhos e seu rosto, o calor resultando em uma coloração semelhante à chocolate com morango — Eu preciso retornar à Cidade República.

— Entendo. — o chefe deixou um suspiro escapar pelos lábios. — Kelzang já me contou tudo. Você irá amanhã. Percebi, hoje, que você está amadurecendo. Nós também estaremos de partida. Aparentemente, pegamos o chefe local.

— A intenção não era diminuir o nível de perigo da cidade?

— Você não ouviu a voz dele? — Beifong arqueou uma das sobrancelhas. — É o homem que se comunica com a cidade pelo rádio. Você sabe disso. A intenção era capturá-lo. Não sabemos o quão próximo ele está da raiz do problema.

— Você mentiu, chefe?

— Não menti — afirmou. — Fiz o preciso para que você se empenhasse. Precisava ver se você tinha coragem. Se valia a pena ser protegido. Eu sou detetive, sabia exatamente o que encontraríamos aqui.

— Eu vou partir para tentar evitar essa guerra. As coisas só estão piorando. Eu preciso agir direto na raiz do problema. Já é hora.

                                                               

Yuan tampouco imaginava que demoraria muito tempo até que pudesse colocar os pés em Cidade República novamente.


[To be continued.]


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