Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 88
Alguém com quem contar


Notas iniciais do capítulo

Wohooo! Primeira postagem do ano!! ☆*:.。.o(≧▽≦)o.。.:*☆
Minna, ogenki deshou ka? (Gente, vocês estão bem?) (´ ω ` )♡ Que alegria finalmente poder postar o capítulo de hoje! Só que eu não vou brincar, ele foi realmente difícil de fazer -ainda sinto certas inconsistências nele, mas que não consegui refinar a tempo... ( ̄□ ̄」)
Porém isso tudo deve ser porque K.K. teve um misto de compromissos/planos muito complicados durante todo o mês de Dezembro (realmente, espero que as coisas normalizem um pouco mais agora (-_-;)・・・), o que acabou complicando minha rotina de escrita...! (×_×)⌒☆

Sendo assim eu já vou admitir o óbvio. (눈_눈) Não consegui fazer os 2 capítulos nessa semana como prometido porque descobri que não dá para escrever direito quando estamos viajando Σ(°ロ°)... Mas, fret not (não se preocupem)! Eu vou novamente nessa próxima semana tentar uma postagem dupla, até essa bendita conseguir sair! ୧(✧△✧)୨ E enquanto isso, espero que vocês apreciem muito muito essa nova fase de BlackDesert (é, entramos em uma "pseudo nova fase", eu não tinha dito?! (•ิω•ิ )?), aonde finalmente a real trama irá se desenrolar! \(≧▽≦)/
Então, mesmo que K.K. seja um caso perdido para estipular quanto ainda falta da história, eu posso garantir à vocês que esse novo ano de 2018 prometerá muita ação e yaoi (aleluia, salve Grivah)! (★ω★)/ E sendo assim, eu então deixarei vocês começarem este ano com o pé direito lendo o capítulo de hoje~ (ง ื▿ ื)ว Tenham todos uma ótima leitura, e que possamos seguir juntos por mais um ano imersos nesse mundinho torto -porém cativante- de BlackDesert!! (ノ◕ヮ◕)ノ*:・゚✧



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Seus olhos pareciam querer me evitar por aquele instante em que suas palavras lhe faltaram, ao que pude sentir ele parecer remoer seus pensamentos em silêncio, antes de então finalmente decidir voltar mais uma vez a me olhar com uma sobriedade quase que inquietante! Tomando um segundo da minha distração para firmar seus pés, e agarrar uma de minhas mãos em um único bote! Me puxando até ficarmos inquietantemente de frente um para o outro, em uma firmeza que não me permitiu levar na brincadeira aquilo que ele tinha para me dizer!
Sendo que sua voz não me pronunciou exatamente a resposta que eu queria ouvir, mas sim, algo que ele queria me fazer entender acima de tudo!

— "Não importa como foi que eu soube disso tudo. O que importa realmente é que, mesmo assim, eu continuo não tendo nenhuma das respostas que eu queria ter agora! Sendo que o que mais está me preocupando no momento é não conseguir saber dizer quando que afinal a Oráculo vai alertar os outros sobre você... Essa mulher pode até estar quieta agora, só que isso não vai continuar assim para sempre."
— "... Tsc, então o que eu devo fazer? Voltar para os Desertos Profundos?! Porque enfrentá-la nunca me pareceu uma boa ideia desde o começo, e não tenho também como conseguir viver aqui dentro fugindo ou me escondendo para sempre!"
— "Não! Você não vai-...!"

Na mesma hora que me ouviu falar sobre sair da cidade, Damian então se exasperou como se não tivesse se preparado para essa possibilidade! Contraindo suas pupilas e apertando ainda mais a minha mão em um óbvio desespero, ao que antes mesmo que ele pudesse fazer aquelas suas abruptas palavras serem entendidas, ele simplesmente as cortou! Me olhando então com uma silenciosa irritação, antes de finalmente abafá-la com uma forçada calma que à essa altura não me convencia mais ser verdadeira -ele estava bem alterado por dentro, e não estava conseguindo esconder isso muito bem.

— "Haah... Eu não sei até onde ela já se precaveu sobre você, mas caso ela tenha, você poderá ser pego facilmente se tentar sair da cidade -e eu não vou arriscar isso. Você vai precisar ficar escondido mesmo, nem que seja só por um tempo."
— "... Mas e se ela conseguir me detectar? Não que eu acredite ser um Vessel, mas ela me cercou nas Avenidas de um modo que parecia ter certeza da minha presença por ali, enquanto que eu sequer havia notado-...!"
— "Não se preocupe com isso. Mesmo que ela tenha te detectado porque você É um Vessel, o alcance dessa detecção dela ainda sim é limitado. Então provavelmente se você se mantiver a até 2 ruas de distância dela, conseguirá passar facilmente desapercebido -especialmente porque eu sinto que ela não vai querer usar as relíquias para te encontrar também, já que ela já teve a chance na minha frente e não a usou."
— "... E por quanto tempo então eu vou precisar fazer isso?"
— "Não tenho também exata certeza. Mas sei que ela não vai ficar aqui para sempre. Não tem nenhum outro Oráculo aqui além dela, então ela precisará em algum momento voltar pessoalmente até a Fortaleza para entregar os resultados da sua pesquisa ao Grande Conselho."
— "E até lá eu vou precisar me esconder... Mas, como mesmo assim eu vou conseguir fazer isso, se até agora eu não consegui ficar 1 dia sequer longe do caminho dela?!"

Eu encarei Damian com uma inquietante incerteza, ao que ele então simplesmente interrompeu qualquer novo som de sair da sua boca. Me soltando em silêncio e dando alguns passos para trás, ao que seus braços cruzaram em dúvida e seus pés começaram a se mover lentamente de um lado para o outro. Me fazendo segui-lo com meus olhos para onde quer que ele andasse, até que então ele finalmente decidisse parar novamente quieto. Deixando com isso um exasperado suspiro escapar de dentro do seu peito, antes de então seu rosto se fechar em uma expressão de extremo desagrado e sua voz finalmente voltar a se recordar da minha existência -me perguntando com isso algo no tom mais possivelmente incômodo que eu acho que ele seria capaz de usar agora!

— "Você por acaso teria como pedir ajuda àquele maldito, para ele te ajudar a se esconder?"
— "'Maldi'-... V-você está querendo dizer o Gale?"
— "Sim... Eu não iria sugerir isso se houvesse qualquer outra opção melhor, mas acho que no momento aquele imbecil é quem melhor vai saber te manter escondido dentro dessa cidade... Afinal, se mesmo me esforçando eu ainda sim continuo não conseguindo rastrear ele direito, é porque então infelizmente ele realmente presta para alguma coisa."

Ao que sua voz pareceu conseguir misturar um sentimento de repulsa e admiração -nas palavras que hesitantemente saíram de sua boca-, Damian então pareceu se deixar afogar dentro de um misto de sentimentos que o impediram de sequer olhar diretamente para mim! Tensionando ainda mais o seu corpo, ao que eu não precisava ser adivinho para imaginar que ele estava realmente sendo torturado pela mistura da perpétua raiva que ele iria sempre sentir por Gale, assim como pela sua mais recentemente adquirida satisfação -por perceber que no fim das contas, talvez seu inimigo pudesse finalmente lhe servir para alguma coisa além de saciar sua vingança.

Só que diferente de Damian eu sequer me deixei pular para quaisquer conclusões de solução que fossem. Eu conhecia Gale já muito bem para saber que jamais poderia contar com ele para me sentir seguro, e por mais que eu soubesse que ele não iria me negar ajuda ainda sim, o mesmo eu não ia conseguir dizer do resto do seu grupo...
O que me fez então engolir minha reticência por cortar aquele raro momento de Damian, e -com uma voz penosa- destruir todas as precoces e inusitadas expectativas dele sobre uma solução que ele acreditava já ser mais do que definitiva dentro de sua cabeça.

— "Eu não tenho como pedir ajuda a ele..."
— "O quê?"
— "Não faz nem um dia direito, Gale veio até mim e me disse que os membros da gangue dele estão cismados comigo porque acham que eu posso estar tramando contra ele... Então mesmo que eles não entrem no meu caminho, eu sei que eles também não vão querer me ajudar caso eu precise de qualquer tipo de favor que seja -e principalmente se isso ainda por cima me colocar diretamente ao lado do Gale."
— "Tsc, Humanos imbecis! Não tinha nenhuma outra hora melhor para eles decidirem implicar com você não!?"
— "Bem... Eles só começaram com isso porque perceberam que você tem me usando de isca para pegar o líder deles. E como eu não sou exatamente amigo de ninguém ali dentro (além do próprio Gale), então esses caras provavelmente sequer tentaram pensar duas vezes quando decidiram que iam começar a desconfiar de mim."
— "... Humph."

Ouvindo aquela minha resposta bem direta, Damian então se calou e virou seu rosto para o lado em um único e irritado grunhido. Engolindo provavelmente qualquer desejo de ainda criticá-los, ao que não tinha como ele reclamar sem admitir em voz alta que grande parte da culpa por aquilo estava sendo na realidade dele!
"Bom, pelo menos ele reconhece isso... acho que se ele fosse apenas um Humano, as coisas então não iriam conseguir ser tão simples assim."
Eu pensei comigo ao que minha voz logo decidiu retomar de onde havia parado. Ignorando a reprimida reação de Damian -que agora parecia render suas palavras inúteis-, ao que em troca com isso eu ganhei todo o espaço que ainda poderia precisar para reafirmar como seria impossível pedir realmente qualquer tipo de ajuda ao Gale.

— "... Mesmo que ele até acredite que eu estou do lado dele, ainda sim eu não tenho como convencer ninguém mais disso ali dentro. E por isso, mesmo que Gale até possa querer me ajudar, eu sei que nenhuma das minhas mensagens vão conseguir chegar aos ouvidos dele -os Homens dele com certeza não vão repassar nenhum recado meu."
— "... Você tem certeza disso?"
— "Sim. Eu já andei tempo demais com ele, para saber como as pessoas na BlackHole funcionam. Aqueles caras colocam a segurança do Gale acima de muitas coisas -até do bom senso deles-, e por isso com certeza vão colocá-la acima de mim também. Eles não vão me deixar chegar até ele, a não ser que ele mesmo decida por alguma razão vir até mim -e eu não tenho como prever que ele irá fazer isso, antes da Oráculo me encontrar novamente."
— "Tsc..."

Damian então virou mais uma vez seu rosto para o lado, em descontentamento. Deixando que um silêncio então dominasse o corredor em que estávamos, ao que calmamente seu corpo decidiu por conta própria quebrar aquele distanciamento entre nós dois, voltando para mais perto de mim e repousando com isso sua mão sobre meu ombro. Em um gesto que eu ainda não conseguia dizer estar acostumado a aceitar, mesmo que por outro lado meu peito batesse forte em resposta.
E no que eu acanhadamente desviei meu olhar do seu -por diversas razões-, sua mão então subiu mais uma vez até meu rosto e me puxou de volta para a direção daqueles olhos apreensivos. Questionando-me com uma voz inapropriadamente firme e austera, no que parecia aquele ser o seu próprio jeito de não ceder o controle da situação para o desespero.

— "E você não teria mais ninguém com quem pudesse contar além dele?"

Ele me perguntou em um tom bem focado, ao que eu então (tomado pela sua própria calma) me calei pensativo -por um instante- antes de tentar responder àquela sua discreta e controlada ansiedade que eu apenas reconhecera por um vago brilho de temor ainda existente em seu olhar.
Honestamente, eu não sei se realmente tinha uma boa resposta para a sua pergunta, mas nas mãos de Damian, eu sentia que qualquer resposta já seria de alguma valia!

— "Bom... eu até conheço outras pessoas pela cidade, mas-..."
— "Não 'pessoas'. Estou falando de outros grupos mesmo. Se uma única pessoa pudesse ser o suficiente para conseguir te manter longe dessa mulher, então eu sozinho iria já ter sido capaz de evitar que as coisas tivessem chegado aonde chegaram! Não, você precisa de muito mais do que apenas 'só uma pessoa'. Você precisa de várias pessoas que possam ficar de olho nas ruas para você, e te alertarem caso ela chegue perto demais de onde você está."
— "B-bem, talvez haja um outro grupo..."

Eu gaguejei ao que então me lembrei automaticamente de a quem eu mais pude até hoje recorrer aqui dentro! Mordendo minha língua porém antes de desejar dizer que iria pedir ajuda às Feiticeiras, já que infelizmente meu último encontro com Sal não havia realmente terminado da melhor forma possível.
Só que, aquela minha frustração nada mais era do que meu orgulho ferido tentado despertar depois de tanta coisa que acontecera desde aquela noite... O que me fez por fim apertar meus olhos em rejeição à minha própria teimosia, e forçadamente admitir para Damian que eu podia SIM recorrer àquela pessoa que eu sabia que iria me receber de braços abertos, não importava de que forma ruim nosso último encontro tivera ou não conseguido terminar -afinal, esse era justamente o tipo de pessoa que Sal era!

— "Haah... Existe sim um outro grupo."
— "E você tem certeza de que eles conseguem te manter longe da minha raça?"
— "Sim, são todas Feiticeiras D'água. Mesmo que elas não lutem, ainda sim elas tem bastante experiência em se esconder pela cidade, por culpa da BlackHole. Sem falar também que elas nunca se estabelecem perto das regiões com Skreas. Então ficar entre elas é sempre seguro -para o bem das próprias pessoas que elas cuidam."
— "Ótimo. Vá até elas então agora mesmo! Eu não posso ir com você, mas nesse horário nenhum Skrea vai realmente te dar muita atenção se você for discreto."
— "Espera... como assim não pode vir comigo?"

Eu olhei então para Damian de forma questionadora, sabendo que era óbvio que eu não poderia levá-lo até as Feiticeiras, mas ainda sim percebendo que não devia de ser exatamente sobre isso que ele estava falando agora...
"Ele é esperto, mas não tem como ele já saber que elas não vão recebê-lo mesmo estando comigo...!"

Sendo assim eu dei um passo em sua direção para tentar me aproximar e tirar isso melhor dele, ao que na mesma hora ele em resposta tomou então um passo para trás, me deixando ainda mais confuso sobre o que estava realmente se passando dentro de sua mente! E nisso, -ao que provavelmente aqueles meus confusos sentimentos começaram a afetá-lo também- foi que então Damian fechou os seus olhos e apoiou sua cabeça em sua mão. Finalmente me respondendo de uma forma bem séria e penosa, ao que aquele seu prolongado silêncio já tivera agravado demais minha impressão da resposta que ainda estava por vir de sua boca!

— "Eu não posso ir com você, eu não posso saber aonde você vai ficar, e para o seu bem será melhor que eu não cruze com você mais... por um tempo."
— "P-por quê!?"
— "Porque não é só por eu ter dito que te amo, que deixei com isso de ser um Skrea -e não quero que você se esqueça disso. Você vai precisar se esconder de muita gente, mas especialmente, de mim também."
— "Eu não entendo... Ser um Skrea nunca te impediu antes de me ajudar, e de fazer as coisas do seu próprio jeito! Então por quê dessa vez as coisas vão ser diferentes, se claramente você continua não querendo me fazer mal?!"
— "... Porque depois do que eu tive que fazer hoje cedo para te salvar, ficou claro para a Oráculo que nós dois nos conhecemos. Então não tenho mais como ficar fazendo o que bem entendo, e fingir ainda por cima qualquer tipo de ignorância caso ela decida que vai me usar para chegar até você! Especialmente, não depois de eu ter me exposto tanto da forma que me expus..."
— "E por isso você então quer se afastar de mim...?"
— "Tsc, não é como se eu quisesse-...! Grr, eu definitivamente não quero. Mas eu preciso! E por isso que tenho que ter toda a certeza de que você vai estar seguro enquanto eu não estiver por perto... senão eu não vou também conseguir ser capaz de realmente me afastar de você."

Ouvindo sua voz dizer aquelas coisas em um tom cada vez mais lamentoso, eu então finalmente tirei os meus olhos de Damian e olhei para o chão abaixo de nós. Encarando pensativamente a realidade que por si só já nos separava -de que realmente, ele ainda era um Skrea e eu ainda era um Humano-, ao que então sem que eu percebesse sua mão mais uma vez se aproveitou da minha desatenção e amparou o meu rosto. Trazendo com isso meus olhos mais uma vez de encontro com os dele, e me permitindo ouvir sua tentativa de consolo sem ser capaz de negar dentro de mim a sinceridade que havia por trás delas -é verdade, nenhum dos meus sentimentos realmente passam desapercebidos por ele.

— "Eu... Eu queria poder dizer que consigo fazer as coisas que nem você, e que nem a minha mãe fazia... Mas eu não consigo. Eu não sou assim. Eu não sei colocar esses sentimentos estranhos na frente do meu bom senso, da minha raça, da minha própria vida... Eu até queria ser capaz de fazer isso, mas eu não sou."
— "Damian..."
— "Eu realmente queria poder te dizer que eu consigo me rebelar por você, por esse sentimento que sequer é meu. Eu queria poder dizer que consigo mentir, que consigo enfrentar eles-... mas eu sei que não vou conseguir, porque..."
— "Porque você é um Skrea. E sempre vai acabar escolhendo a sua raça acima de qualquer outra coisa."
— "Não... Escolha está sendo o que eu estou fazendo agora-... e não aquilo que eu serei forçado a fazer depois de hoje."
— "Ser 'forçado'?"
— "... Se eu desafiar qualquer ordem, não vai ser a minha natureza que eu vou estar desafiando, mas sim os outros Skreas acima de mim. E isso tem sempre um custo muito alto para qualquer um de nós. Um custo que eu não consigo ter a coragem de arriscar pagar."

Ouvindo aquilo eu então me toquei do que Damian tanto estava tendo dificuldades para me fazer entender até hoje... Ele não estava sendo apenas só mais um Skrea fiel à sua própria raça. Não, ele estava sendo uma pessoa fiel a si próprio. E disso eu entendia muito bem (eu tinha que entender muito bem), afinal, eu também sempre fui alguém que precisou constantemente pensar em si mesmo já que ninguém mais o iria fazer.
E com isso foi que então eu respirei fundo e consenti com a minha cabeça o rumo que aquela complicada conversa estava tomando. Olhando Damian nos olhos com mais firmeza, antes de então engolir o meu próprio receio e perguntar logo de uma vez o que à essa altura já era muito óbvio para mim.

— "Esse preço por acaso... é a sua própria vida? Eles podem te matar se você os desobedecer?"
— "... Talvez. Eu não tenho certeza, mas como não existem razões para qualquer um deles interceder por mim caso eu cometa um erro, então eu não posso ser descuidado em nenhum momento com as coisas que faço... Especialmente, depois que eu já fui pego cometendo o erro de te ajudar naquela rua hoje mais cedo. Para a minha raça, o primeiro deslize pode ser visto como um acidente, mas o segundo já será considerado traição."
— "E aquele Skrea que você atacou agora...? Ele não vai te causar problemas caso te entregue por novamente ter defendido um Humano?"
— "Não, ele não pode. Nenhum Skrea inferior tem sozinho o direito de desafiar um superior -não importa a sua razão. E se ele tentar fazer isso, quem vai ter problemas não vai ser eu, e sim ele."

Ouvindo aquilo eu então me calei por um instante pensativo. Considerando que Damian também estava agindo com relutância demais sobre a Oráculo, para me fazer achar estranha aquela imagem de um Skrea de sua posição tendo que respeitar qualquer outro a todo custo... E sendo assim, foi que então eu o perguntei sem muito jeito.

— "... Damian, a Oráculo... Ela também é sua superiora?"
— "Sim... Um Oráculo sempre será uma das últimas castas dentro da nossa hierarquia, abaixo só do Grande Conselho -que dita todas as regras de toda a nossa raça. E claro, do próprio Skreevah. Na verdade nem mesmo o meu pai e os outros Patriarcas estão acima dela."
— "..."
— "Mas nós já gastamos tempo demais conversando aqui, e eu não quero mais falar nisso. Já te disse tudo o que você precisava saber, então agora você precisa sair daqui!"

Me dizendo aquilo como se estivesse evitando o assunto, Damian então soltou o meu rosto e me direcionou pela cintura -para a direção do beco escuro que parecia interminavelmente mergulhar nas sombras dos prédios à nossa frente!
Só que, antes de deixar que ele me empurrasse um pouco mais, eu rapidamente me virei de volta para a Boate e empurrei sua mão para longe de mim! Resistindo à sua atitude, ao que eu não podia simplesmente sair assim sem ao menos pegar as minhas coisas que ficaram lá dentro e também deixar Rigur avisado da minha ausência!

— "E-espera, eu não posso ir assim! Preciso pelo menos pegar as minhas coisas!"
— "Você não ouviu nada do que eu te falei!? Você não pode voltar para aquele lugar cheio de viciados que vão te entregar de bandeja para ela!"
— "Não se preocupe, se eu ignorar eles, eles sequer vão me notar no meio daquela mult-..."
— "Não! Eu posso te garantir que com ou sem a sua atenção, eles todos te percebem! Você tem uma presença muito atraente para qualquer Skrea ignorar, e não vou por isso te deixar voltar lá para dentro uma segunda vez!"
— "E você espera que eu consiga chegar COMO aonde preciso ir!? Coberto com esse pano de Odalisca, e sem nada em mãos para me defender... Minhas coisas estão lá dentro, e eu tenho que pegar elas!"
— "Tsc..."

Damian então rosnou, ao que ele não podia questionar aquilo que eu disse com qualquer tipo de lógica sem parecer ele ter menos razão do que eu! O que o fez esfregar então seu rosto irritadamente, antes de me dar algum espaço e falar com imenso descontentamento...

— "Tudo bem, mas eu vou entrar com você. Não cheguei até aqui só para abaixar a minha guarda e colocar tudo a perder."
— "Haah, tudo bem. Só-... não arrume então problemas lá dentro, por favor."
— "Isso vai depender mais deles do que de mim. Vamos."

Me dizendo aquilo, Damian então me negou qualquer chance de contrarresposta, ao que rapidamente ele me deu as suas costas e começou a andar até a porta dos fundos -claramente incomodado. Me obrigando com isso a apertar o passo para conseguir acompanhá-lo, ao que não importava nada do que aconteceu entre nós dois. Nada que pudesse me confundir e me fazer ficar constrangido sobre entrar ali dentro em sua companhia. Para nós dois, que não tínhamos qualquer experiência prática com o amor, a maior questão em nossas mentes agora se tornara outra -sobrevivermos à Oráculo.


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