Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 79
Vessels


Notas iniciais do capítulo

Nyahoo! \( ̄▽ ̄)/ K.K. está aqui brevemente porque deseja explicar duas coisas em particular para vocês no capítulo de hoje, então~

Primeiro: Ai meu deus, vocês perdoam K.K. por ela estar postando o MAIOR capítulo até hoje!? (」°ロ°)」 Eu sinceramente nunca imaginei que esse capítulo iria acabar com mais de 4.000 palavras! Σ(°△°|||) Só que quando eu pensei em reduzir ele, K.K. acabou voltando atrás e decidiu deixar passar "só" dessa vez, porque ela achou que esse capítulo merecia terminar com a finalização certa! (ಠ_ಠ ) (Porém eu juro, isso não se transformará em um hábito! Foi apenas um... acidente muito muito muito imprevisto!) (╥_╥)

E Segundo: Finalmente temos a ilustração de aniversário que K.K. não postou na semana passada! Yay!! (ノ´ヮ`)ノ*: ・゚ Eu fiz ela com todo amor e carinho, e em um formato de 1280x800 (SIM! É UM WALLPAPER!) (❤ω❤), então se quiserem imitar K.K., fiquem à vontade para salvar com vocês também esta imagem e usar de wallpaper em seus dispositivos! ☆⌒(≧▽​° ) (Será uma honra para mim, para falar a verdade, se vocês desejarem fazer isso~) („ಡωಡ„)

E com isso então concluímos os breves avisos de hoje! (・∀・)/ Espero que o capítulo tenha ficado bom (porque encaixar as explicações com os diálogos não foi em nada algo simples de se fazer) (x_x), e nos vemos na próxima semana com ainda mais Black Desert!! Bye bye~ ( ´ ▽ ` )ノ



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Quando eu ouvi a voz de Damian novamente me acusando de ter sido o único responsável pelo que aconteceu, o meu sangue então -no mesmo instante- começou a ferver! Só que eu me contive, eu não me permiti abalar por aquilo!... Se eu continuasse a insistir que a culpa não havia sido minha, Damian então apenas iria continuar alegando várias coisas sobre essa história de Vessels (que eu não queria ouvir sobre), até me fazer chegar no limite da minha própria paciência!
Sendo assim, eu então me forcei por fim a aceitar a sua vã acusação -mesmo que ele estivesse errado... Engolindo de certa forma aquele meu difícil orgulho, para -por outro lado- ter com isso a chance de conseguir contestar algo ainda pior ao meu ver!

— "Tá eu então vou ter que concordar com você... A culpa só teve como ter sido minha mesmo, já que afinal, "Vessels" sequer são reais!!"
— "O q-...?! De onde foi que você tirou isso? É claro que Vessels são reais!"

Damian então na mesma hora me encarou surpreso, claramente não esperando que eu fosse dizer uma coisa daquelas!... Só que, aquilo sozinho não ia ser o suficiente para me fazer recuar com meu ímpeto também! Insistindo assim ainda mais contra as suas palavras, já que essa não era só mais uma simples questão de deixar que alguém falasse aquilo que bem entendesse sobre as suas próprias ideias -afinal, foi justamente por essas mesmas ideias que muitos inocentes acabaram morrendo atoa!
E com isso eu então continuei respondendo-o vigorosamente, não me esforçando em segurar dentro de mim nenhum daqueles sentimentos de revolta que esse assunto me fizera acumular em meu peito, até hoje!

— "Não, eles não são reais! Eles são apenas uma lenda idiota que a sua raça criou, como desculpas para poder ficar exterminando a MINHA raça sempre que vocês estivessem afim!"
— "Mas o que você-...? Sinceramente, se só quiséssemos ficar exterminando a sua raça por aí, então não iriamos ficar parando para inventar desculpas! Já se esqueceu de que quem sofre de problemas com a própria consciência são vocês, e não nós!?"
— "Então não sei a razão pela qual vocês ainda acham que precisam ficar acreditando nessa história idiota!"
— "Nós precisamos 'ficar acreditando nessa história idiota', porque é só ela que consegue nos explicar o porque desses seus malditos sentimentos ainda existirem, mesmo depois da Deusa de vocês ter sido destruída!"
— "E quem disse que precisamos de Grivah para sentir qualquer coisa!? Porque vocês apenas não aceitam logo as coisas como são, e desistem dessa sua obsessão pelos nossos sentimentos!? Vocês já nos subjugaram e mataram a nossa Deusa... isso não foi o suficiente para vocês não!?"
— "Não, não foi! Porque nós só queremos proteger aquilo que Skreevah nos criou para ser! E enquanto houverem sentimentos nesse mundo, nunca vamos conseguir ser nem metade do que nosso deus espera que sejamos! Mas você não tem como entender o que é ver sua raça inteira falhar consigo mesma não é?! Você não tem como entender, porque a deusa de vocês nunca criou expectativas para vocês seguirem, e nunca virou suas costas para vocês quando erraram!!"

Falando aquilo com certa angústia em sua voz -quase como se ele realmente estivesse se cobrando pela mera possibilidade de decepcionar Skreevah-, Damian então fechou suas mãos em punhos e me encarou de uma forma bem crítica! Desistindo -porém- rapidamente de manter aquele contato visual entre nós dois, ao que seus olhos apenas se fecharam com firmeza e sua cabeça pendeu um pouco para frente -em uma intraduzível, porém estranhamente óbvia decepção...
E ao que cada vez mais aquela cena se tornava algo incomum de se testemunhar, foi que então eu comecei a me sentir realmente incomodado por ela -já que era bem estranho ver esse lado mais fragilizado dele, tão exposto...
Fazendo assim com que então o silêncio -que se formara entre nós dois- se agravasse muito mais do que deveria, até finalmente sua mente se recobrar -assim como também a sua voz, se pronunciando agora em um tom bem mais condescendente e racional do que antes.

— "... A sua raça nunca precisou encarar isso, diferente da minha. 'Ser algo diferente daquilo que seu Deus desejou que vocês fossem'... E nós tentamos, nós lutamos desde então para nos manter firmes! Para sermos os mais sábios, os mais fortes, aqueles que conseguiriam tomar conta de todos sem cometer falhas! Só que-... como podemos realmente ser tudo isso que deveríamos ser, se os seus sentimentos no fim sempre acabam nos dividindo e nos enfraquecendo como raça?"
— "..."

Quando eu ouvi aquela sua explicação, algo dentro de mim então me estimulou a ficar quieto... Eu podia não simpatizar com os Skreas e seu jeito de ser, mas eu sabia muito bem o que era viver em uma raça desunida, injusta e caótica. O que tornava esse desejo deles de se afastarem do nosso caminho, uma ideia até que bem relacionável para falar a verdade.
"Se a minha raça pudesse também mudar, eu acho que acabaríamos não pensando tão diferente assim deles..."
Só que, ao que eu me descuidei e acabei ficando quieto -por tempo até que demais- com apenas os meus pensamentos, Damian então encontrou nisso sua chance para tentar me explicar -ou talvez desabafar- melhor sua tão contrária versão dos fatos! Ignorando minha animosidade, ao que eu podia jurar que cada vez menos ele parecia querer resguardar seus pensamentos de mim!

— "E foi por tudo isso... que depois de muito tempo meus antecessores então acabaram se desesperando e tentaram eliminar Grivah -como um último recurso. Eles não sabiam mais o que fazer, e realmente se permitiram acreditar que isso iria conseguir resolver alguma coisa -tanto para nós, quanto para vocês também."
— "Tsc, e de onde foi que eles tiraram afinal essa péssima ideia de que matar nossa Deusa iria nos ajudar em algo!?"
— "De Skreevah, eu acho. Mas nada disso foi exatamente culpa dele também... Desde os primórdios a minha raça fora guiada pelos conhecimentos do nosso deus -através da voz dos nossos oráculos. E sempre quando solicitávamos respostas, ele então nos cedia essas informações sem sequer nos indagar. Acreditando -provavelmente- que jamais iríamos fazer mau uso de suas palavras, já que ele não havia nos criado para cometermos um erro tão absurdo como esse."
— "Só que vocês acabaram cometendo o erro de qualquer forma."
— "Meus antepassados cometeram, induzidos por esses mesmos sentimentos que você tanto fica adulando por aí. Eles desejaram entender melhor sobre a origem dos sentimentos, e foi quando Skreevah nos explicou que eles não haviam nascido junto dos humanos, mas sim junto de sua própria deusa Grivah, em seu despertar... assim como a racionalidade nasceu de Skreevah."
— "Então você está me dizendo que os sentimentos não são algo naturalmente Humano?"
— "Bem, a natureza de vocês tem afinidade suficiente com eles para conseguir canalizá-los, mas isso não é porque eles são uma parte sua, e sim porque vocês dois vieram do mesmo lugar -de Grivah."
— "Tá... E você espera que eu apenas aceite e acredite nisso, porque você está me dizendo que as coisas são assim?"
— "... Na verdade eu não esperava nem mesmo ter que fazer você acreditar em alguma coisa. Já que a própria história de vocês admite que os seus sentimentos não foram criados por Grivah na mesma época em que ela criou a sua raça."
— "Tsc, e desde quando um Skrea tem como afirmar qualquer coisa sobre a história da minha raça!?"
— "Nós só somos ignorantes quando escolhemos ser. O que aliás, é exatamente o que vocês está tentando fazer agora-..."
— "Eu não estou sendo ignorante! Eu estou é evitando ser ingênuo, porque qualquer Humano sabe que a nossa história é mais baseada em lendas, do que em fatos que realmente façam sentido!"
— "Certo, então você quer algo que faça sentido, não é?... Que tal então o fato de que não importa quantas gerações de Humanos sejam substituídas, e o quanto a sua raça mude, os sentimentos de vocês continuam sendo a única coisa que não se altera, se transforma ou se extingue junto!?... Quase como se a existência deles na realidade não dependesse em nada da de vocês!?... Ainda sim você iria insistir em me dar essas mesmas respostas?"

Ouvindo aquilo com um fácil desagrado em meu olhar, eu então virei irritado o meu rosto para longe e cruzei teimosamente os meus braços! Me recusando a respondê-lo, ao que mesmo que eu não quisesse dar o braço a torcer, ainda sim cada vez que ele usava aquela sua -sempre impecável- lógica, mais então eu podia sentir as minhas chances de conseguir retrucá-lo se esvaindo para além do meu controle.
Fazendo por fim com isso com que minha voz recuasse de volta para dentro de mim, ao que essa parecia começar a ser a atitude mais sensata para eu decidir tomar agora.

Só que, diante daquela minha reação, Damian então na mesma hora lançou um imediato e insatisfeito grunhido para mim! Como se repudiasse aquela minha muda -porém óbvia- teimosia, até eu finalmente me fazer ceder e permitir a ele continuar com sua história da forma que bem entendesse -sem contrariá-lo a cada mísera palavra dita.
"Tsc, tudo bem... Seja como for, não é como se eu estivesse sendo obrigado a acreditar em tudo que ele fala mesmo."
Eu então concordei com a minha cabeça -em certa resistência-, e deixei ele continuar com aquela sua história da forma que ele bem entendesse... ao que -mesmo que minha intenção pudesse ser permissiva- minha voz por outro lado não conseguira se conter em disfarçar meu desacreditado sentimento -saindo acidentalmente assim em um tom de sarcasmo.

— "Que seja então... E depois disso imagino que foi quando Skreevah finalmente decidiu matar Grivah, não é?"
— "... Sim, mas essa decisão nunca partiu na realidade de Skreevah. Ele foi influenciado pelas súplicas da minha própria raça a destruir sua irmã, o que o fez cair logo em seguida em um arrependimento tão profundo, que ele acabou dando suas costas para nós. Desaparecendo de vez nesse mundo e nos deixando assim sozinhos... para lidarmos com as consequências daquilo que nós mesmos acabamos causando."
— "E de qual consequência você está falando exatamente? Porque eu posso pensar em muitas, mas não consigo sequer imaginar metade delas sendo um problema tão relevante para vocês, quanto foi para nós!"
— "Bem... teve uma. Nem mesmo os nossos mais sábios Oráculos perceberam naquela época, mas não dá para simplesmente se destruir um deus assim. Eles são seres imortais, então não existe realmente uma forma de eliminar de vez a sua existência, ou os seus poderes... Porque eles continuarão existindo de algum outro jeito, mesmo que seu corpo físico seja destruído e despedaçado quantas vezes tiver que ser."
— "Então o que você está me dizendo é que na realidade Grivah ainda existe?"
— "Sim, ao nosso ver ela ainda existe, mas não exatamente como antes também. Nossos Oráculos nos ensinaram que sem um corpo para capturar toda a sua essência, a energia dela então se dispersou etereamente por um tempo até reencontrar um novo receptáculo que pudesse mais uma vez conduzi-la ao mundo físico. O que no caso acabou sendo aquilo mais próximo que havia do corpo físico de Grivah -e que tinha afinidade para atrair e conter a sua energia... vocês."
— "..."
— "Só que como o poder de um Deus era algo muito grande para conseguir caber tudo em apenas um frágil Humano, sua essência -e consciência- então se fragmentaram bastante para poder conseguir assim usar a sua raça como seu mais novo recipiente. Retornando dessa forma tudo aquilo que achamos ter expurgado desse mundo, só que agora com muito mais dificuldade de se rastrear -por estar fracionado... assim como também com muito mais intensidade do que antes, já que -diferente de Grivah- vocês convivem perto demais de nós."
— "Humph, tocante... E você precisa que eu acredite em tudo isso só para poder justificar o que a sua raça está fazendo contra a minha, não é?"
— "Bom, você quis uma explicação não é? Então eu estou te dando ela. Mas não me interessa realmente o que você fará depois com isso. Não é como se a sua opinião fosse mudar qualquer coisa mesmo. Se bem que-..."
— "?"
— "Até que essa sua teimosia toda conseguiu me surpreender. Afinal, se você mesmo é um feiticeiro e consegue usar os poderes da sua Deusa quando bem entende... então porque por outro lado é tão difícil assim considerar que mais do que apenas os poderes dela acabaram sendo passados para a sua raça?"

Quando Damian tocou naquele assunto, meus olhos então caíram até minhas mãos e eu as encarei de uma forma um tanto questionadora. Não podendo argumentar muito contra aquilo que havia dentro de mim, mas ainda sim, determinado em continuar a não aceitar que Vessels por outro lado pudessem remotamente existir!... Para mim, pessoas demais já cometeram o erro de acreditar nessa história e foi o que exatamente acabou permitindo que coisas como a "geração exterminada" pudessem vir a existir!
"Não, eu tenho mais do que razões para rejeitar aquilo que quase me matou já duas vezes! E não é Damian que irá me convencer do contrário!"
Só que antes que eu pudesse sequer fechar ainda mais minha expressão quanto àquilo, sua voz então me cortou subitamente -quase como se ele pudesse agora ler os meus pensamentos também.

— "Você sabe que rejeitar isso não irá tornar as coisas menos reais do que são, não é?"
— "O que você pode saber, afinal-...?"
— "Que não importa a cara que você faça, ainda sim minha raça não vai deixar de continuar acreditando e agindo como sempre agiu."
— "... Matando Humanos, você quer dizer? E nos culpando como bem entendem por problemas que só dizem respeito a vocês!? Então, você vai me dizer o que agora? Que a minha raça precisa desaparecer para sempre, para que as coisas finalmente se consertem!?"
— "Não, ninguém vai dizer algo assim!... Porque nós já entendemos da primeira vez que não dá para simplesmente destruir para sempre isso que -agora- está dentro de vocês! Quando um Vessel é morto, o máximo que acontece é que a existência de seu sentimento retorna ao seu estado mais puro e perde a sua ligação com o nosso mundo físico... Enfraquecendo sua influência por alguns anos, até novamente conseguir renascer dentro de um próximo Humano qualquer! Destruir a sua raça nunca resolveu, e nem irá resolver também os nossos problemas contra algo que possui uma natureza tão -irritantemente- incontrolável!"
— "Gh-... então se vocês entendem isso, porque mesmo assim acabaram indo atrás dos Vessels!?"
— "No começo, foi porque enfraquecer a presença desses sentimentos acabou sendo a única coisa que nos restou poder fazer, para amenizar as coisas-..."
— "Você quer dizer então que para vocês, uma vida significa menos do que uma mísera solução temporária!?"
— "... Bem, cada Skrea tem uma opinião muito própria sobre isso. Mas se você quiser uma resposta um pouco mais generalizada, então eu posso dizer que essa nunca foi também uma das decisões que minha raça mais se orgulhou até hoje de ter tomado."
— "Humph, e isso é tudo que você realmente vai me dizer sobre isso?! Que depois de tantas mortes, vocês apenas não se orgulharam mais?!"
— "... Ei, não me encare como se eu tivesse alguma culpa pelo que aconteceu também! Eu era muito jovem quando a caça aos Vessels finalmente foi cessada -há mais ou menos 20 anos atrás-, então o mais perto que eu já cheguei dessa história toda foi o que eu ouvi e li sobre ela!"
— "Bom, eu e muitos outros também éramos muito jovens há 20 anos atrás, mas isso não nos impediu por outro lado de termos sido envolvidos naquela porcaria de extermínio que a sua raça causou!"
— "Huh? Do que você está falando-...?"
— "Tsc, nada, esqueça..."

Diante da minha reação evasiva, Damian então me encarou de uma forma bem suspeita por alguns segundos... Deixando que o silêncio substituísse todas aquelas nossas palavras, até ele finalmente decidir que seria melhor deixar aquele assunto morrer mesmo.
Procurando assim timidamente com a sua voz quebrar o estranho clima que surgiu entre nós dois, ao que ele propositalmente passou por cima do meu claro e contrariado desconforto -quase como se aquelas últimas palavras sequer tivessem saído de minha boca.

— "... A minha raça acabou se cansando muito com o tempo, de tentar lutar contra um inimigo que não podíamos derrotar. E quando notamos que o custo pelas nossas atitudes não estavam compensando em absolutamente nada, foi que então o Grande Conselho ordenou o fim da caça aos Vessels."
— "Mas se ordenaram o fim, então porque de repente aquela Skrea decidiu então que iria recomeçar tudo de novo?"
— "Porque-..."

Damian hesitou então no último segundo aquela sua iminente resposta, cortando sua voz subitamente ao que seus olhos não conseguiram me esconder sua óbvia preocupação em abrir o jogo comigo.
Só que só precisou também de apenas uma troca de olhares entre nós dois, apenas um instante em que ele firmemente me encarou -e eu o encarei de volta-, para que então um profundo suspiro escapasse dele, e sua voz decidisse por retomar de onde ele havia parado.

— "Haah... Porque ela diz ter em mãos uma forma de finalmente acabar de vez com os sentimentos, e com os Vessels. Então ela está andando aqui dentro atrás deles, sob o consenso do Grande Conselho e também dos Patriarcas."
— "..."

Diante daquela resposta -até que um pouco previsível- minhas mãos então finalmente não conseguiram se controlar e se fecharam com força, ao que meu corpo se enrijeceu e eu pude sentir mais uma vez uma ânsia, uma raiva queimar bem dentro do meu peito!
Era só isso que bastava para eles? Um Skrea dizer que tinha uma ideia, uma solução, para então ser permitido novamente caçar e matar Humanos atoa!? E tudo isso, SÓ para conseguir fazer algo que DEFINITIVAMENTE não ia resultar em nada -já que essa teoria deles era extremamente surreal!?
"Ugh, eu não acredito que só precisou isso, para eu quase acabar sendo morto! E todas aquelas outras pessoas antes de mim que também foram friamente mortas, sem nem saber porque aquilo aconteceu à elas...! Eu... Eu não posso perdoar os Skreas por isso!"

Meus pensamentos então me percorreram em um tom amargo, ao que à cada segundo eu podia sentir aquele meu familiar desprezo contra os Skreas ressurgir das cinzas! Fazendo com que de repente, até mesmo a presença de Damian se tornasse irrelevante diante do fato de que talvez Gale pudesse -mais uma vez- estar certo sobre tudo que sempre parecia pensar sobre essa raça! E em especial, sobre o seu desejo também de acabar com eles de uma vez por todas, antes que eles pudessem acabar ainda mais com a gente!
Só que no que eu comecei a me afogar mais e mais em um cego repúdio, algo macio então pousou sobre meu ombro e me fez assim perceber o olhar atento de Damian para mim -o olhar atento daquele que eu não conseguia enxergar com igual desprezo. Demonstrando não muito mais do que apenas uma muda seriedade, até que por fim então ele me disse algo em um tom relativamente preocupado.

— "Talvez eu não devesse de ter te contado todas essas coisas... Mas não precisa ficar se preocupando atoa também. Eu não vejo como logo você poderia vir a ser um Vessel, então provavelmente o encontro que vocês tiveram hoje foi só uma acidental confusão mesmo-..."
— "Grr, você pode apostar muito bem nisso!! Porque eu sei que não sou, e que nem nunca fui uma porcaria de Vessel! Eu sou só um Feiticeiro, e esse é o mais longe que eu vou chegar de admitir que realmente tem alguma coisa de Grivah dentro de mim, entendeu!?"

Descarregando então toda a minha raiva sobre Damian -que dessa vez não tinha realmente culpa de nada-, eu assim logo corri para afastar as suas mãos para longe dos meus ombros! Recuando um passo para trás, ao que eu queria -sinceramente- evitar ao máximo continuar descarregando todos aqueles meus intensos sentimentos sobre ele -já que ele não era a melhor pessoa para se ter por perto também, quando irritado!
E com isso eu então decidi dentro de mim que eu precisava sair dali correndo! A fúria que eu estava sentindo surgir em mim não ia ser aplacada, e Damian certamente seria a última pessoa -que eu conhecia- capaz também de saber lidar com um ser humano no limite de um descontrole!

"Ele e eu podemos até nos entender e ter objetivos em comum de vez em quando... Mas isso nunca quis dizer que deixamos de ser também algo mais do que um Humano e um Skrea! E mesmo que Damian não machuque humanos sem ter uma boa razão, ainda sim, ele jamais iria também refutar as decisões da própria raça dele! O que eu por outro lado vou fazer até o fim da minha vida!... É, não dá para fingir que nós dois não vivemos em lados extremamente opostos. E que isso irá sempre acabar nos dividindo em algum momento."
Eu procurei então me convencer daquela ideia, com um certo aperto no meu peito -como se eu já me arrependesse de aceitar a realidade da forma que ela era. Não querendo ainda sim contrariar o meu instinto de sair de perto dele, ao que eu relutantemente tomei toda a minha coragem e o empurrei para o lado! Procurando abrir caminho para poder sair daquele lugar, ao que -porém-, antes de conseguir me afastar um pouco mais de seu alcance, sua mão então se esticou rapidamente e me agarrou pelo braço! Me puxando assim mais uma vez de volta para os seus braços, ao que então seu corpo se projetou sobre mim -graças a sutil diferença de altura entre nós dois- e seus olhos apenas me fitaram, agravadamente!

— "Aonde você pensa que vai?!"
— "E-Embora! Já me cansei de ficar ouvindo sobre essas besteiras de Vessels!"
— "Tsc! Não, você não vai...! Se esqueceu que eu disse que não iria mais te deixar sozinho!? Vessel ou não, não vou ainda sim deixar você andar novamente por essa cidade à mercê da sorte! Aqueles 5 podem muito bem decidir voltar a te procurar para acertarem as contas, e eu não vou apenas sentar e esperar que isso aconteça novamente!"
— "Sim você vai, porque essa não é uma decisão só sua! Eu não sou NADA de um Skrea, então não ache que pode começar a me dar ordens assim, como se eu fosse te obedecer só porque você quer!"
— "Eu não estou te dando essa opção!"
— "Sim, você está! Porque não existe nada entre nós que realmente me obrigue a te ouvir!... Nós dois vivemos em mundos diferentes demais, e depois das coisas que você disse, eu estou ainda mais certo disso! Então não comece a agir como se a vida de um Humano pudesse significar algo para você, porque eu sei que as vontades da sua raça são a única coisa que no fim vão realmente te importar!"
— "...!"

Nisso então mais uma vez eu empurrei as mãos de Damian para longe de mim!
Recuando (novamente) alguns passos para trás, ao que estranhamente ele não conseguiu dessa vez reagir às minhas ações... Seus olhos apenas ficaram me encarando de um modo bem perdido, ao que -querendo ou não-, parecia que minhas palavras finalmente o haviam afetado -da mesma forma que elas também já estavam me afetando demais por dentro!
E ao que eu pude ver nos seus olhos então aquela sutil confirmação de que eu não estava tão errado assim no que eu disse -já que ele não parecia estar conseguindo ser capaz de me retrucar-, eu então finalmente dei minhas costas para ele e fui embora dali!
Frustrado comigo mesmo por estar agindo daquele jeito, mas não me sentindo nem um pouco culpado por outro lado com isso, já que eu entendia muito bem do que estava tentando me afastar naquele momento... de um Skrea ao qual eu não podia me apegar mais ainda.


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