Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 68
Perdido no Labirinto




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"O quê!? Saret tem uma irmã mais nova que é adorável desse jeito!? EU ME RECUSO A ACREDITAR NISSO!!"
Eu pensei completamente embasbacado, ao que aquela mulher na minha frente era o ser menos fraternal e dócil que eu já cheguei a conhecer até hoje!! Não tinha como ela ser irmã de ninguém, e muito menos de uma menina como aquela!!
Só que antes que eu pudesse continuar deixando minha reação refletir inapropriadamente nas minhas próprias expressões, Saret então -claramente incomodada com a forma que eu a estava encarando- resolveu corrigir as palavras de sua "irmã" o mais rápido possível.

— "N-não somos irmãs de verdade, nos conhecemos quando eu vim morar aqui e agora dividimos o apartamento! E aliás eu só cuido dela também porque ela não tem mais ninguém que a ajude, então tire essa expressão estranha da sua cara, seu-...!"
— "... Hehehe, mesmo assim você me trata exatamente como se fosse uma irmã mais velha, Saret!"

A menina então complementou, passando totalmente por cima das acanhadas palavras de Saret e segurando assim sua mão, ao que sozinha ela estava sorrindo de tudo aquilo -orgulhosa por poder admitir uma coisa daquelas! Sendo assim eu então em resposta apenas tapei minha boca desesperadamente, não sabendo se eu ria -pelo óbvio desconforto de Saret quanto ao rumo que aquela conversa tomara- ou se eu me deixava engasgar com aquilo enquanto encarava as duas, completamente estarrecido -novamente- por conta do rumo que aquela conversa tomara!

"Não acredito nessa menina, Saret deve obrigá-la a dizer isso, só pode! Eu não tenho como acreditar que alguém realmente possa dizer isso tudo sobre ela enquanto mantém um sorriso no rosto até o fim!"
Eu incontrolavelmente debochei dentro de mim, ao que independente da minha reação, de nenhuma maneira dava para levar aquilo tudo a sério! E sendo assim eu não resisti e acabei agarrando com toda vontade a chance de mexer ainda mais com Saret -já que a cara de desconforto que ela estava fazendo para mim realmente era impagável!

— "Então quer dizer que até alguém como você consegue ter um lado fraternal também Saret!? Que Grivah me ajude, porque o mundo de repente ficou muito mais confuso do que já era!"
— "Q-quieto seu imbecil!! O que afinal você acha que sabe sobre mim, para poder ganhar o direito de ficar falando assim!?"
— "Bom... Realmente, eu não sei muito sobre você..."
— "Então fique quieto de uma ve-...!!"
— "Mas se tem uma coisa que eu sempre pude perceber, é que (além de não gostar de mim) você nunca pareceu ser do tipo doce ou amável que aprecia ter outras pessoas dependendo sempre da sua ajuda... Sendo assim, me desculpe por ter ficado surpreso ao descobrir que até mesmo VOCÊ consegue ter um lado gentil... só que de fato, eu não estava esperando hoje por essa novidade."

Diante das minhas palavras Saret então engoliu as dela, me olhando de um modo frustrado como se não fosse capaz de revidar o que eu acabara de dizer. Porém enquanto eu e ela continuávamos naquele nosso discreto arranca-rabo, a sua protegida então -que até agora apenas estivera ouvindo nossa discussão quietinha- finalmente se colocou na frente de Saret, decidindo que iria intervir em sua defesa sem ainda sim ser capaz de carregar metade da hostilidade que sua "irmã" por outro lado conseguia sempre demonstrar sem qualquer esforço!

— "Não é verdade, a minha irmã é a pessoa mais legal que eu já conheci até hoje! Tudo bem que ela pode ser um pouco dura às vezes com os outros, mas ela realmente é muito gentil por dentro!"
— "M-Minka! Não diga essas coisas!"
— "Mas Saret, é a verdade! E eu não gosto quando as pessoas ficam te julgando errado-..."
— "Verdade ou não, não têm porquê perder o seu tempo falando essas coisas justamente para esse cara! Eu não me importo com o que ele pensa, e você também não deveria ficar se importando!"
— "Ughh..."
— "Aliás, nem sei porque ainda estamos perdendo o nosso tempo aqui com ele... Vamos, vamos embora logo para casa antes que eu me arrependa mais ainda de deixar você perto dele!"
— "Espera! M-mas e a nossa comida!?"

A garota chamada Minka então disse puxando Saret pelo braço antes que ela pudesse me dar suas costas de vez, apontando assim para o tagine desperdiçado no chão e fazendo uma cara novamente chateada para sua "irmã".
Sendo assim eu então não me contive quando notei a expressão reticente de Saret sobre aquilo. E sem pensar, (mais uma vez) minha mão -que ainda estava segurando o dinheiro- apenas se estendeu na direção delas. Me fazendo encará-las com muita seriedade sobre aquilo enquanto as duas por outro lado apenas me olharam de volta em resposta, igualmente sem saberem o que dizer.

Sinceramente tudo estava me indicando já que a própria Saret não tinha o suficiente para mais comida. Naturalmente as feiticeiras não eram pagas pelos seus serviços na clínica -por serem meras aprendizes. E mesmo que fossem qualificadas para receber algo, ainda sim teriam problemas com isso já que a maioria dos clientes também era muito pobres para conseguir pagar pelos serviços prestados a eles. Sendo assim elas realmente viviam sempre muito limitadas quanto a gastos, e por eu mesmo ter vivenciado isso nos meus primeiros anos aqui foi que então eu me senti ainda mais incentivado à passar por cima das nossas desavenças. Desejando apenas ajudar as duas sem pedir nada em troca.
"Afinal independente dela ser ou não a Saret, as duas ainda sim vão acabar passando uma noite inteira com fome só por culpa de um acidente que-... que em partes também foi culpa minha, já que eu não estava olhando para frente enquanto andava!"

— "Toma, usem esse dinheiro para comprar mais tagine para vocês. Eu não me importo."
— "Grrr, não se meta nisso! Nós nunca vamos precisar de dinheiro, ou de qualquer outra coisa que venha de você!"
— "Ei, não precisa falar comigo assim. Eu só estou tentando te ajudar dessa vez Saret!"
— "Mas eu não pedi em nenhum momento a sua ajuda! E eu tenho mais dinheiro comigo, então pode guardar o seu, entendeu!?"
— "..."

E com isso então eu me calei de vez -recuando minha mão irritado- ao que Saret vigorosamente dispensara minha ajuda. Ela claramente não queria me dar a chance de ajudá-las, e para ter a certeza de que eu não iria ter MESMO essa chance, Saret então agarrou Minka pelo braço e a puxou mais uma vez para o seu lado, ameaçando novamente me dar suas costas e ir embora -só que agora, de uma vez por todas. O que me fez em resposta abaixar indiferentemente minha cabeça e ignorar completamente sua partida, voltando assim a guardar aquelas notas junto com o resto do meu dinheiro ao que tudo que me restara fora a sensação de desaforo que ela gratuitamente arremessou contra mim.

Só que no segundo em que eu abaixei minha guarda -acreditando que elas já haviam realmente sumido dali-, algo do nada então me acertou de frente mais uma vez com toda força! Ao que a única coisa que eu tive tempo de realmente perceber foram aqueles dois pequenos braços se enrolando ao redor da minha cintura e me abraçando, fazendo assim Minka afundar seu rosto no manto que caía pelo meu corpo enquanto eu tentava não ser jogado mais uma vez para trás por ela!

—  "-...!!"
— "Desculpa pela minha irmã, mas obrigada mesmo assim pela sua gentileza moço!"

A voz de Minka dificilmente conseguiu sair enquanto o pano do meu manto abafava cada uma das suas palavras. O que fez ela então finalmente desistir e levantar aquele seu rosto para mim, sorrindo sem culpa enquanto me encarava de uma forma extremamente resolvida e madura -coisa que desafiou um pouco a primeira impressão que eu tivera dela, mas que reforçou ainda mais o fato de que ela estava tendo coragem de sobra para contrariar a vontade de Saret e vir falar comigo daquela forma!

Porém antes mesmo de eu ser capaz de fazer ou pensar algo mais sobre aquilo, nervosamente então meus olhos desviaram para as pessoas que passavam ao nosso redor, me fazendo congelar -incomodado- diante da confirmação que já havia muita gente me encarando de uma forma bem estranha.
Sendo assim eu então apenas tentei desviar meu foco daqueles grandes e brilhantes olhos de Minka -que me encaravam por entre os bagunçados fios de sua escura franja-, colocando minhas mãos sobre os ombros dela e lentamente tentando afastá-la de cima de mim... ao que o meu desconforto e constrangimento já estavam começando a conseguir fazer minhas próprias palavras se embolarem dentro da minha mente.

— "N-não se preocupe com ela, eu já estou bem acostumado já! E... e aliás, você pode me chamar de Yura se quiser."
— "E você pode me chamar de Minka! Exatamente como aqueles gatos grandes que vivem no deserto profundo!"
— "Entendido, Minka. Mas agora é melhor você realmente ir, senão a sua 'irmã' vai querer tentar me acertar mais uma vez com aquele bastão dela."
— "Hehe, não precisa ficar se preocupando! Eu sei que ela nunca tentaria machucar de verdade um amigo!"
— "É... o que só aumenta ainda mais a minha certeza de que ela vai tentar me acertar denovo."

Falando isso da forma mais desmotivada possível, eu então deixei meu olhar desviar por um segundo de Minka para Saret -que parecia estar se preparando para pegar o seu bastão uma segunda vez, quase como se estivesse sendo provocada apenas pelo fato de que eu existia, e de que eu estava perto demais da sua protegida!
Sendo assim eu então suspirei tentando ignorar aquela ameaça iminente, apoiando minha mão sobre a cabeça de Minka e esfregando-a um pouco ao que ela sorriu para mim em resposta. Fazendo com que finalmente então a jovem menina me soltasse e voltasse correndo para o lado da única pessoa que ela aparentemente ainda tinha nesse mundo.

Sendo assim por uma última vez Minka então olhou para mim e sorriu, acenando com sua mão e finalmente dando suas costas ao que quanto mais as duas se afastavam de mim, mais aquela multidão ao nosso redor as engolia e fazia com que seus rastros desaparecessem de vez do alcance dos meus olhos.

— "Haah, 'irmã mais velha'... Eu nunca iria ter acreditado nisso se não tivesse visto com meus próprios olhos."

Minhas palavras então escaparam de mim ao que o barulho das pessoas ao meu redor facilmente abafara a existência de minha própria voz.
Permitindo assim que ninguém mais pudesse ser testemunha do quão impressionado eu realmente estava por imaginar que até mesmo alguém tão individualista e fria como Saret pudesse realmente achar uma pessoa que admitisse conseguir gostar dela.

Só que por mais que aquele assunto pudesse continuar transitando dentro de mim -tentando minha mente quanto a acreditar um pouco que até mesmo ela tinha seu lado bom-, em pouco tempo eu então resolvi responder àquilo tudo com nada mais do que um sincero sorriso, sabendo que de nada adiantaria eu me convencer também sobre as palavras de Minka, se Saret por outro lado não fosse tentar começar a me provar ela mesma que sua protegida tinha razão sobre o que dissera a seu respeito!
"Desde que me conheceu, Saret -com ou sem motivos- me trata mal. E não será só por conta desse rápido encontro entre nós três que ela provavelmente vá também mudar sua atitude comigo! Então por isso eu também não tenho porque mudar o que penso dela!"

E com isso eu então me satisfiz dentro daquela breve conclusão, aceitando que era irrelevante eu me interessar demais por aquele assunto ao que eu finalmente decidi deixar o meu fascínio pela real natureza de Saret se perder de uma vez por todas dentro de mim. E da mesma maneira que eu o perdi, meu foco então -quanto ao que eu precisava fazer- voltou a tomar o controle das coisas, fazendo com que mais uma vez eu pegasse aquela encomenda do chão e voltasse a tomar o meu próprio rumo... multidão adentro.
Sendo assim eu então continuei indo para o sul. Continuei, até ser impossível me manter naquela direção -já que o local de entrega claramente ficava em uma das ruas internas, bem a oeste da rua do alquimista.

E quando então a falta de alternativas finalmente me atingiu em cheio, eu não tive outra opção senão entrar de uma vez por todas em um daqueles vários becos escuros e apertados que ofuscavam a luz do sol -dadas às altas paredes e os vários varais de roupas pendurados acima de mim que pareciam me seguir durante todo o trajeto rua adentro.
Aonde quanto mais eu andava, mais as vozes da multidão na rua principal se perdiam e desapareciam no horizonte, até que por fim o som dos meus passos e das gotas d'água caindo do alto dos prédios se tornaram -juntos- os únicos barulhos que ainda conseguiam chegar até os meus ouvidos ali dentro.
Definitivamente o local de entrega não era pouco escuso, mas isso sequer realçou a minha desconfiança já que muitas pessoas nessa cidade realmente não tinham culpa por morarem em lugares tão escondidos como esse.
E sendo assim eu apenas prossegui -ao que o grande labirinto começava a se dividir em escadarias abandonadas e contornos intermináveis.

Sinceramente às vezes parecia um milagre não se perder dentro dessa cidade -tendo você experiência ou não em andar aqui dentro. Muitas vezes eu usava os céus (além de locais de referência) para poder chegar aonde eu queria, só que isso sequer tinha como ser usado se eu estivesse andando em um lugar estranho e fechado demais como esse -me impossibilitando assim de ver com clareza a posição do sol ou das estrelas acima de mim... E ao que ao mesmo tempo os simples corredores e escadas começaram a então se transformarem em uma imensa ravina de passarelas, subidas, descidas e becos que não faziam sentido, foi que então eu por fim abri mão totalmente do meu senso espacial ali dentro. Passando a gradativamente me guiar através apenas das numerações gravadas nas portas e nas paredes que se espalhavam ao meu redor.

E quanto mais eu adentrava aquele lugar, pior então ficava transitar sem ter que tomar muito cuidado, ao que a própria luz do sol começara a se tornar não mais do que pequenos e dispersos pilares de luz tentando encontrar o seu caminho em meio à escuridão. Me obrigando assim a finalmente depender TAMBÉM dos meus poderes para saber aonde eu estava pisando -e aonde eu não podia pisar. O que quase me fez desistir de prosseguir, se por outro lado eu não tivesse percebido a tempo aquele beco escondido mais afrente, contendo uma singela porta velha de madeira bem ao seu fim que parecia ter a exata numeração do local da entrega.
Sendo assim eu então -muito aliviado- diminuí o ritmo dos meus passos e casualmente andei até lá, disfarçando grande parte da incerteza que eu estava sentindo -quanto a continuar andando ali dentro por muito mais tempo do que o necessário.

— "É... Esse parece ser o lugar mesmo."

Eu então concordei comigo mesmo ao que minha mão agilmente pegou o bilhete que viera com a encomenda, abrindo-o para confirmar a numeração e guardando-o uma última vez por entre os barbantes que estavam amarrados ao redor daquela caixa.
O que me permitiu logo em seguida bater confiantemente naquela velha porta, deixando que o som do eco das batidas desagradavelmente me envolvessem até finalmente uma figura estranha surgir -muito desconfiada- de dentro daquele lugar.

Logo que sua cabeça timidamente saíra das sombras e se inclinara mais para frente, seus olhos então pareceram começar a encarar de forma desconfiada o pacote em minhas mãos -ou ao menos eu acho que encarou, já que não só a escuridão como também um grosso manto recaído sobre sua cabeça e ombros cobria as suas feições-, esticando assim rapidamente suas mãos em resposta e tomando aquela caixa de mim sem dizer absolutamente nada!

"Pelo visto as pessoas daqui são bem desconfiadas mesmo."
Eu então pensei comigo enquanto assistia a misteriosa pessoa balançar aquela encomenda perto de seu rosto -como se tentasse verificar o conteúdo apenas pelo barulho que fazia. Evitando eu mesmo de desconcentrá-la com gestos ou palavras suspeitas, até que ela por fim me sacudiu satisfeita sua cabeça -em confirmação. Esticando sua mão mais uma vez na minha direção, e me entregando o envelope que continha o meu pagamento ao que logo em seguida ela simplesmente bateu a porta na minha cara -antes mesmo de eu tivesse a chance de confirmar a quantia pessoalmente! Fazendo assim com que o barulho abafado da madeira velha batendo pudesse ser o único som que conseguira escapar de dentro daquele discreto beco, durante toda a nossa transação.

"Corrijo minhas palavras. Essas pessoas são no mínimo paranóicas."
Eu então retifiquei, sacudindo um pouco a minha cabeça e não me deixando impressionar (ou afetar) demais pela forma que ela me tratara desde o princípio. Imaginando que razões para essa atitude toda suspeita não devessem realmente de faltar por aqui, já que cada vez mais que eu olhava ao meu redor, mais ainda eu tinha a sensação de que esse lugar não era em nada seguro ou confiável para se ficar transitando -conclusão que impressionantemente estava vindo de uma pessoa já acostumada com lugares perigosos, por morar justo na Cidade Baixa!
E sendo assim eu então não vi mais motivos para me desafiar a continuar ali, guardando o meu dinheiro muito bem guardado e rumando de volta pelo mesmo caminho que eu vagamente me lembrava de ter feito.

Só que por mais que minha memória até estivesse me ajudando ali de início, tiveram muitos momentos aonde eu me deparei com curvas sem saída ou descidas que não davam para as direções que eu realmente precisava tomar. O que fez com que eu me perdesse muito facilmente da rota que eu usei para chegar até aqui, acabando por fim em vários momentos me fazendo sentir que eu estava apenas era andando em círculos...

Sendo assim, depois de um tempo eu finalmente desisti e resolvi parar para respirar, tentando pensar sobre como que afinal eu ia sair agora desse labirinto de louco!
Nem mesmo o Deserto parecia ser tão deserto quanto esse lugar era, o que me impediria de poder pedir informações a algum estranho que estivesse de passagem -já que simplesmente não há "estranhos de passagem" por aqui! Duvido também que qualquer pessoa iria abrir a porta de suas casas para mim e me receber se eu apenas batesse nelas... e por fim, sequer posso usar as numerações das casas para encontrar o caminho de volta, já que para piorar, eu não sei qual é realmente a numeração mais próxima da saída...

"Isso tudo sem falar que essa está sendo a primeira vez que eu adentrei tanto assim nas ruas dessa área! Sinceramente... foi um enorme descuido meu ainda achar que isso ia ser fácil, depois das primeiras curvas que fiz aqui dentro!"
Eu então suspirei irritado, entendendo finalmente porque eu fui contratado só para vir até aqui entregar uma porcaria de caixa! É claro que isso não ia ser tão simples quanto parecia... quanto mais fácil um trabalho parece ser, pior ele realmente acaba sendo! E com isso eu então apoiei um pouco meu rosto sobre minhas mãos, divagando nas minhas próprias frustrações ao que obviamente eu ia acabar precisando depender dos meus instintos para achar a saída desse lugar!... Só que, não muito depois disso, um estranho e imprevisto barulho então atraiu minha atenção de volta para as ruas à minha frente.

— "Você tem certeza de que é nessa direção?"
— "Sim, há algo suspeito mais afrente, eu posso afirmar isso."
— "Tsc, eu odeio esse pedaço da cidade. Não entendo porque ainda não demoliram esse lugar inteiro!"

Algumas vozes distintas do nada então começaram a romper aquele incômodo silêncio -que por um tempo já estava me acompanhando ali dentro-, fazendo assim com que meu corpo se inclinasse curiosamente por cima da plataforma em que eu estava, percebendo com isso que haviam 3 pessoas andando casualmente por uma rua abaixo de mim -vindo todas na minha direção...
Elas pareciam estar tão perdidas quanto eu, mas só quando elas realmente se aproximaram um pouco mais foi que eu então finalmente pude perceber quem realmente estava comigo dentro daquele labirinto de prédios! Me fazendo na mesma hora voltar correndo para trás e me atirar contra a parede contrária de um beco, na tentativa de não ser avistado por eles!
"N-Não acredito nisso!!"

Eu repeti na minha mente quantas vezes fora preciso, até finalmente conseguir acreditar no que eu havia visto! Nisso então eu comecei a tentar controlar a minha respiração e os meus movimentos seguintes, evitando fazer qualquer barulho agora ao que isso poderia ser o suficiente para entregar a minha posição para aqueles 3 Skreas! Justamente os 3 Skreas com quem eu esbarrara hoje mais cedo nas Avenidas, e que cada vez mais -pelo som de seus passos- pareciam estar se aproximando de onde eu estava!

"N-Não posso ficar aqui ou eles vão me encontrar! Preciso me esconder-...!!"
Meus pensamentos então me motivaram a tentar fugir o mais rápido possível -já que eu estava extremamente exposto se continuasse apenas parado no meio daquela passagem! Era só uma questão deles subirem algumas escadas, e eu seria automaticamente avistado -especialmente porque Skreas enxergam bem no escuro!
Só que no segundo em que eu então tomei coragem e tentei correr na direção oposta àqueles 3, duas mãos do nada surgiram de dentro da escuridão e me agarraram por trás!! Tapando a minha boca e me puxando para dentro de um beco que eu sequer havia notado durante esse tempo todo que estava ali!


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