Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 63
(D) Reunião de Emergência


Notas iniciais do capítulo

Ya-hoo!! \(^▽^)/
K.K. está super empolgada por ter sobrevivido com vocês até aqui, meus queridos leitores anônimos!! ( ´• ᵕ •`)♡ Vocês nem imaginam o quanto eu estava ansiosa para postar essa parte da história (que aliás, graças à Grivah só ocupou 1 capítulo, terminando tudo de acordo com meus planos -mesmo que tenha ficado enorme-, muahahah)! (✧ω✧)/

À partir daqui nós chegamos em um checkpoint aonde começarão (em algumas vezes) a aparecer esses capítulos com "(D)" antes do título! Esse será o sinal para avisar que o capítulo tem seu POV (point of view / ponto de vista) trocado para o Damian, estreando ele assim como oficialmente nosso segundo protagonista! Yaay! *se esconde atrás de um muro caso alguém tenha mandado agora um olhar de reprovação* ┬┴┬┴┤´ ▽`)"

Aliás depois de K.K. pensar muito, ela resolveu brincar um pouco e usar esses capítulos de POV trocado para fazer uma narração em 3º pessoa, quebrando um pouco a rotina do método de narração para mim e para vocês também! *se esconde atrás de um muro de novo* ┬┴┬┴┤・д・)"
Então, sem mais delongas eu vou deixar vocês quietos para apreciarem o capítulo de hoje, já que ele é bem, bem, BEEEM importante para a história! ( ` ω´)b
Oh sim, e também tem uma ilustração de comemoração para vocês no final do capítulo! (Sim, K.K. vai continuar fingindo que não postou aleatoriamente nenhum desenho zoado no capítulo anterior~ heheheh) ┐(︶▽︶)┌
Então minha gente, boa leitura a todos e nos vemos no próximo comentário!
Bye bye~ ( ・ω・)ノ



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Em um lugar afastado dos vários e amontoados prédios que contornavam os muros escuros daquela velha Citadela, uma enorme e imponente construção surgia no horizonte para quem quer que ousasse seguir as largas estradas a Avenida em direção ao sul.
"Não vá além do terceiro seguimento de muros!"
Diziam as pessoas umas às outras sempre que viam alguém seguindo para aquela direção desavisadamente. Isso, porque além daquele terceiro seguimento de muros que cortavam as famosas Avenidas residia o que todos chamavam de "o Capitólio". E talvez agora -mais do que em qualquer outra noite que cruzava os céus daquele deserto- nenhum Humano iria MESMO ousar se aproximar daquele lugar, já que exatamente nesse instante um enorme grupo de Skreas vindos de todos os lados da Ala Oeste tomaram as ruas das Avenidas, marchando todos eles para o sul em direção daquela colossal construção altamente fortificada e vigiada.

Considerado um lugar fora dos limites para qualquer Humano, o Capitólio era aonde se concentrava todo o poder, as decisões e as ordens repassadas para os outros Skreas daquela Ala -sendo tudo isso diligido pelos 4 Patriarcas que moravam lá dentro, representando eles o comando absoluto sobre todos que viviam na região.
E seguindo a importância das pessoas que residiam ali dentro, igualmente então os Skreas que também deveriam ser permitidos a entrada precisavam ser importantes de alguma forma.

Assim sendo, dentre todos os Skreas que ouviram o silencioso chamado de alerta ecoando por entre os intermináveis becos daquela cidade, apenas os mais perigosos, os mais importantes e os de maior poder responderam na verdade ao aviso de que uma reunião de emergência iria ser realizada naquele momento dentro dos grandes salões do Capitólio.
30 minutos era tudo que eles tinham para cruzar a cidade até a região Sul das Avenidas, e por essa razão então que as ruas foram tomadas por várias sombras escuras correndo alucinadamente, desviando de obstáculos e cruzando aqueles prédios altos como se nada daquilo pudesse atrapalhar o caminho de um Skrea de ordem superiora -e não podia mesmo, afinal, eles eram conhecidos por justamente conseguirem tomar a "forma original" de Skreevah, usando sua energia para adotar uma capacidade de força e locomoção acima do concebível!

E em meio aquele grande -porém ainda sim limitado- grupo de sombras que do alto pareciam dançar por entre as ruas que a luz da lua ainda iluminava, estava Damian. Um Skrea que mesmo sendo de Ordem Superiora, por muitas vezes ainda sim atraia olhares de imensa reprovação sempre que cruzava por alguma razão com algum de seus outros semelhantes.
A questão toda era que Damian era só um vergonhoso e questionável Híbrido... que dera a sorte de ter o sangue de um Patriarca dentro dele, ganhando assim a bênção das habilidades de Skreevah que, por lei, o colocavam então automaticamente acima dos outros Skreas na hierarquia -coisa que para muitos soava como uma falha grave do sistema, já que o certo eram os Híbridos estarem sempre abaixo de todos, por não serem representantes puros da raça.

E essa era sinceramente a real razão para que todos aqueles Skreas detestassem Damian tanto assim. Afinal, mesmo que ele pudesse (e devesse) ser tratado como algo menor do que o mais fraco dos Skreas, por lei ele continuava tendo o direito de abusar de todo o respeito, regras e permissões que valiam apenas para os Skreas de Ordem Superiora. Envolvendo nessas permissões o direito de acessar quaisquer estabelecimentos ou informações dentro da Citadela, o direito de ser livre para decidir pelo seu próprio destino (tudo dentro do consenso dos Patriarcas), e o que mais irritava a todos, o direito de ordenar Skreas abaixo dele -obrigando-os a conceder suas ordens sempre que elas não pudessem ser questionadas como sendo "uma atitude errada".

Assim sendo, por desprezo nenhum Skrea então dava ou sequer dera atenção para Damian durante toda a sua vida, julgando-o pelas suas costas ao que muitas vezes ele até mesmo precisara se afastar de multidões para evitar brigas desnecessárias -já que independente dele estar certo ou não, ninguém iria perder tempo ouvindo ou apoiando o lado de um Híbrido... nem mesmo Derak.
E nisso só restara então àquele Skrea viver sua vida às margens de um mundo que mal o aceitava. Desejando um dia poder mudar aquela sua realidade e finalmente significar algo para a única raça que até hoje aceitou acolhê-lo -não importasse de que modo esse acolhimento tivesse sido feito.

E com sua natural falta de medo de sempre, Damian então rumou para o Capitólio sem diminuir seu passo, não se deixando ser intimidado por todos aqueles Skreas Superiores ao que a falta de sentimentos e a vida já o acostumaram desde criança à encarar aquela realidade -que aos seus olhos jamais iria mudar mesmo, enquanto ele por outro lado não encontrasse alguma forma de mudar também.
Fazendo-o assim então não perder tempo com mais nenhuma preocupação inútil além da que dizia respeito ao porque que uma reunião de emergência foi convocada assim tão de repente!... Isso, e também uma discreta preocupação sobre por onde aquele Humano -que estivera em sua companhia- poderia estar agora, assim como se ele estava ou não em segurança já.

Porém independente do quanto Damian às vezes se pegava preso no confuso desejo de pensar sobre aquele Humano chamado Yura -e no quanto aquela pessoa estranhamente o fazia se sentir tão bem consigo mesmo-, seu bom senso o fez optar por logo desligar esse assunto de seus pensamentos, esvaziando sua mente de quaisquer possíveis distrações que pudessem tirar seu foco e se concentrando apenas naquilo que ele estava fazendo agora, ao que finalmente os portões do Capitólio surgiam no horizonte assim como a enorme multidão de Skreas que se formou bem à sua frente -todos amontoados na entrada, sem muita bagunça.

Imitando-os então sem hesitar, Damian também saiu de dentro do fogo negro que o envolvia, se desprendendo daquela "forma draconiana" que acentuava demais suas capacidades -sempre que ele assim o quisesse fazer-, e agindo discretamente da mesma forma que todos os outros Skreas à sua frente também estavam agindo.
Foi assim que ele então facilmente se misturou àquela multidão, não atraindo nenhuma atenção para si enquanto andava junto deles em direção a um dos grandes salões de reunião dentro do Capitólio, quase como se todos ali já soubessem de cor aonde aquela reunião iria ocorrer.

Só que foi apenas eles entrarem naquele enorme salão e começarem a se espalhar um pouco que então os Skreas ao seu redor finalmente se deram conta de quem estava bem ao lado deles! Quase que instantaneamente, olhares de desaprovação e rejeição então envolveram Damian, fazendo-o desviar -sem sequer diminuir seu passo- em silêncio para longe do amontoado de Skreas que se concentrava bem à sua frente, seguindo sozinho até um dos balcões que ficavam acima da entrada do grande salão... ao que aquele era um dos lugares em que melhor dava para ele se esconder, já que não eram muitos os Skreas que se interessavam em subir ali.

O grande salão parecia ser um lugar tão monumental quanto o próprio Capitólio inteiro. O espaço era imenso e vazio -justamente para que os Skreas pudessem se reunir ali dentro sem dificuldade- alcançando suas paredes a altura de 3 andares, e fazendo assim o teto ser sustentado por enormes e altas colunas de pedra maciças que se espalhavam pelos chãos daquele salão contornando-o como se ele fosse uma stoa.
Uma escolha requintada que combinava muito bem com o liso e polido chão de mármore que revestia todo aquele lugar. Um chão que era capaz de refletir quase tudo que estava acima dele, dando assim uma dimensão ainda maior para aquele Salão que já não era pequeno por si só!
E ao que poucas decorações se destacavam dentro daquele espaço tão imponente, bem na parede à esquerda, enormes e pesadas cortinas -da cor dos vinhos mais caros da região- recaíam em exuberância por cima de 3 compridas janelas que iam do chão até o teto do salão, sendo elas impossíveis de não serem notadas por quem quer que entrasse ali dentro.

Só que ao que a luz do sol não estava mais presente para atravessar aquelas janelas e iluminar direito aquele imenso espaço, a noite vinda de fora então friamente tingia o lugar inteiro em um único e sombrio tom escuro-azulado -não sendo esse um grande problema já que Skreas na verdade enxergavam razoavelmente bem no escuro-, permitindo que daquela forma uma outra coisa muito em particular se destacasse mais ainda do que o normal ali dentro.
Bem ao final daquele espaço, um grande e bem iluminado palco de madeira se estendia para fora da parede ao que ela o contornava belamente, dando destaque às 4 e imponentes cadeiras que ficavam bem ao seu centro. Essas cadeiras eram usadas pelos 4 Patriarcas sempre que eles precisavam tratar de assuntos com os outros Skreas -fossem esses assuntos uma reunião geral ou uma simples audição particular- sendo elas um pouco mais simbólicas do que qualquer outra coisa durante as grandes reuniões.
E assim sendo, todos então procuraram se amontoar ao redor desse palco, aguardando pacientemente a chegada dos mais importantes Skreas da Ala Oeste.

Com isso -ao que não havia na realidade muitos lugares para conseguir se esconder ali dentro-, Damian então apressadamente se colocou atrás de uma das colunas que atravessavam aquele balcão aberto no segundo andar, se misturando à sombra de uma delas ao que ninguém iria percebê-lo mais ali à essa altura.
Já havia sinceramente passado a época em que Damian iria querer ter sido encontrado por algum outro Skrea ali dentro, ao que sem os seus irmãos, ele agora não tinha mais razões para querer ser notado dentro de uma reunião tão cheia quanto aquela. E com isso ele então apenas cruzou pacientemente seus braços e ficou ali aguardando -escondido nas sombras-, deixando que as vozes questionadoras dos Skreas que ecoavam ininterruptamente por aquelas paredes se encarregassem de fazer o tempo de espera chegar ao fim.

Finalmente então -sem que tivessem que esperar muito mais- o som dos portões do salão fechando puderam ser ouvidos por todos, fazendo com que todas as vozes ao mesmo tempo se calassem em apreensão diante das 5 grandes sombras que se formaram sobre a parede que contornava aquele imponente palco por trás. E seguindo elas, finalmente então os 4 Patriarcas surgiram sobre aquela estrutura, sendo eles acompanhados por uma misteriosa 5º figura que vestia um pesado manto com um capuz -cobrindo inteiramente seu rosto graças à já presente escuridão no salão.

Aquela imagem atraíra muitos olhares dúbios para si de uma só vez, mas aquilo sequer conseguiu resultar em uma reação final vinda dos Skreas já que logo um dos Patriarcas -justamente Derak- deu então alguns passos a frente, erguendo seus braços e se dirigindo a todos naquela sala sem perder tempo algum -ao que afinal, Skreas não sabiam como ou porquê eles deveriam ficar enrolando qualquer assunto que fosse.
Sua voz já era poderosa como o som de um trovão, porém naquele salão -que ecoava bem até demais todos os sons-, suas palavras pareciam agora carregar ainda mais poder do que normalmente já carregavam, fazendo todos (até mesmo Damian) estremecerem por um segundo com a altivez de sua presença.

— "Obrigado a todos por comparecerem nesta reunião de hoje! Como alguns de vocês já estavam cientes, há pouco tempo a Citadela recebeu um novo pedido do grande Conselho dos Oráculos para auxiliá-los em um projeto que eles estão formulando contra a insistente existência dos Vessels. E depois de especularmos um pouco, nós, os Patriarcas de todas as 4 Alas acabamos concordando em abrir novamente a cidade para os desejos do grande Conselho!"

Ao que Derak citou o termo "Vessel", instantaneamente muitos dos Skreas mais velhos em meio aquela multidão então reagiram com expressões exaltadas de desgosto e empolgação, contrastando com os mais jovens que ainda observavam tudo aquilo diante de uma incômoda falta de reação -o que já era esperado pelos Patriarcas de certa forma.
Sendo assim então, um dos outros 3 Patriarcas -chamado Meveere- que estivera até então calado também tomou um passo afrente, parando ao lado de Derak e começando a falar, ao que sua voz -um pouco mais calma, porém igualmente severa- interviu em prol de uma melhor e necessária explicação, para parte daquela multidão.

— "Como muitos de vocês devem se lembrar, fazem mais ou menos 20 anos desde a última vez que auxiliamos os Oráculos da Fortaleza na caça contra os Vessels que viviam na região dos Desertos. Talvez alguns de vocês que são mais novos não se lembrem tão bem quanto nossos membros mais velhos, mas a ameaça dos Vessels de Grivah até hoje é uma consequência que ainda precisa ser resolvida. Como vocês aprenderam em seu tempo de exílio, infelizmente até então nossa raça não teve completo sucesso em eliminá-los de forma definitiva, e é por isso que então o Conselho parou temporariamente com suas purgações para poderem se dedicar à encontrar uma forma mais eficaz de exterminar de vez os sentimentos Humanos, para o bem de nossa raça."

Com isso então Meveere voltou ao seu lugar e devolveu o espaço para que Derak continuasse com o seu aviso sem sequer quebrar sua confiante e dominadora presença -que parecia facilmente ocultar a imagem dos outros 4 Skreas atrás dele.

— "Já que os Desertos estão a muitos anos sem uma purgação de Vessels, o Conselho então nos procurou pedindo nosso auxílio para uma nova caça aos Vessels de Grivah, ao que eles acreditam terem finalmente encontrado uma forma de talvez exterminar de vez os sentimentos Humanos. Sendo assim, nós convocamos esta reunião de emergência para apresentar à Oráculo que foi enviada pelo Conselho. Ela irá conduzir as operações de teste aqui na Ala Oeste."

Ao que Derak disse isso, sua mão então se estendeu para a figura misteriosa atrás dele, convidando-a para dar alguns passos afrente ao que agora -com a melhor iluminação do palco- dava-se para finalmente ver o rosto daquela mulher Skrea que indiscutivelmente apresentava ter certa idade.
Já era de noção para todos ali dentro o quanto a aparência dos Oráculos de Skreevah diferia da dos outros Skreas normais, porém ainda sim todos na multidão demonstraram certa surpresa quando então puderam finalmente notar o pequeno porte físico daquela pessoa, assim como aos seus incomumente platinados cabelos, seu rosto que era adornado por rugas e não por escamas, e a marca de dois triângulos vermelhos abaixo de seus olhos que pareciam uma continuação da cor característica da íris avermelhada de sua raça.

E foi diante daquela multidão de Skreas -que tentava se manter neutra diante de tal figura-, que a Oráculo então deixou seus olhos sobrevoarem por sobre todo aquele lugar, utilizando-se de uma premeditada indiferença para sorrir confiantemente, ao que ela sabia que nenhum Oráculo de Skreevah jamais iria ser julgado ou desrespeitado por um outro Skrea dentro de sua tão bem organizada sociedade. Afinal, os Skreas prezavam demais o valor de alguém que pudesse se comunicar com Skreevah, cumprindo suas vontades divinas, ensinando suas sábias filosofias e repassando suas ordens sagradas como um mensageiro dos desejos do imponente Deus dragão.
Isso tinha realmente tanto valor para aquela raça, que até mesmo os Patriarcas algumas vezes pareciam se submeter também sem questionamentos aos desejos do Conselho. Afinal para qualquer Skrea, a voz de Skreevah e de seus representantes significava muito mais ali dentro do que qualquer questão hierárquica um dia poderia vir a significar.
E sendo assim, Derak -que havia olhado por um segundo para a Oráculo- imitou então seu sombrio sorriso, voltando à continuar com seu imponente discurso ao que ele sabia que não precisaria se preocupar com a forma que seus homens iriam tratar a recém-chegada Oráculo, ao fim daquela reunião.

— "À partir de amanhã nós indicaremos alguns Skreas do posto militar para servirem à Oráculo em sua missão. Isso não significa que estaremos recomeçando uma purgação ainda, pois o novo método que eles desenvolveram ainda está em estágio de testes. Mas significa que haverão pequenas ações por dentro da cidade, e que precisaremos assim manter o máximo de descrição possível sobre isso. Não desejamos alertar novamente os Humanos atoa e reviver mais uma vez a rebelião das tribos vizinhas que aconteceu há 20 anos atrás durante a última purgação. Por isso que então, sob o consentimento do Conselho, nós estaremos contando com a participação de todos vocês para auxiliarem na contenção das informações divulgadas aqui hoje, assim como na contenção de quaisquer consequências geradas pelas atividades da Oráculo durante sua estadia na cidade."

Ditando suas ordens para todos, Derak então pausou por mais um instante para admirar a enorme quantidade de cabeças à sua frente balançando em concordância diante das suas palavras. Não era incomum uma cena daquelas em meio aos Skreas, já que eles eram sempre obedientes e impessoais demais diante de um superior. Porém ainda sim isso não removia o prazer que um Patriarca podia sentir quando via que as coisas continuavam tomando essa mesma forma, mesmo depois de tantos anos se passando e depois tantas novas gerações de Skreas surgindo à cada década. E com isso então ele concluiu satisfeito.

— "Que Skreevah nos permita finalmente ter sucesso. Os erros dos nossos antepassados nos sobrecarregaram com a incontrolável consequência de um mundo que continua a desafiar nossa natureza. Porém nós somos a raça que desde o princípio foi criada para alcançar a perfeição de nosso Deus, e por isso que com sua bênção nós conseguiremos juntos purgar este mundo do caos ao qual sua irmã condenou todos nós! Sendo assim eu finalizo esta reunião. Estão todos liberados!"

Ao que suas últimas palavras então ecoaram pelo grande salão, Derak finalmente deu as costas para aquela enorme multidão -que novamente voltava a se agitar e vocalizar suas opiniões- sem dar qualquer importância para aquela grande comoção que se formava agora atrás dele.
Se juntando aos outros 3 Patriarcas, Derak e a Oráculo se reuniram em cima daquele enorme palco ao que eles começaram ali mesmo a discutir questões das novas atividades que seriam iniciadas a partir de amanhã, dando tempo para que uma grande parte daqueles Skreas atrás deles começassem a se dispersar e buscar a porta de saída, no desejo de voltar para suas rotinas ao que muitos ali sequer participavam de atividades que os colocariam em contato direto com a Oráculo.

Nisso então a Oráculo se desprendeu por um instante da ávida conversação com os Patriarcas, observando com olhos perspicazes os poucos grupos de Skreas que restaram naquele grande salão -todos eles estando de algum modo ligados às Bases Militares da Citadela.
Havia um brilho estranho nos olhos daquela Oráculo, como um prazer indescritível por estar ali presente finalmente prestes a poder colocar os planos do Conselho em ação, e aquilo pareceu passar desapercebido por muitos dos Skreas que distraidamente conversavam uns com os outros-... de todos, menos de Damian, que ainda observava das sombras aquela estranha figura, sendo tomando por um mal pressentimento que o assaltara desde que aquela reunião começara.
Damian não era o tipo de pessoa que vilanizava ou ficava contra qualquer coisa referente à sua raça -muito pelo contrário, ele defendia as escolhas e atitudes de sua raça com unhas e dentes-, porém ainda sim algo estranho o estava incomodando sobre aquele assunto, e por aquela razão ele então decidiu ir embora dali.

"Não tem razão para eu continuar aqui dentro."
Damian pensou consigo mesmo ao que ele então recuou de trás da pilastra, seguindo discretamente pelo balcão na tentativa de alcançar a saída sem ser mais uma vez percebido. Porém muito para o seu azar, ao que haviam poucos Skreas por ali agora e todos os que restaram eram Skreas de patente militar alta, ele então muito facilmente acabou cruzando dessa forma o caminho de três Skreas de patente alta que já o conheciam a muito mais tempo do que ele gostaria.

— "E não é que até você veio hoje?"
— "Achei que iria desistir de andar em público depois que seus dois cães de guarda foram vergonhosamente liquidados."
— "Eu acho corajoso ele ainda resolver aparecer aqui, já que agora oficialmente não existe mais ninguém que ainda o queira por perto."
— "É verdade, porque você não desaparece de uma vez que nem eles Damian? Seria um favor que você iria fazer para o nosso pai."
— "Não adianta falar isso para ele, nem para ser morto um Híbrido consegue servir. Sem falar que dos 3, foi logo o mais inútil que sobreviveu..."
— "Sinceramente, pelo menos aqueles dois eram Generais. Já você eu me pergunto se vai um dia conseguir chegar em algum lugar... Nosso pai continua negando a permissão para o seu alistamento, não é?"

Os 3 Skreas comentavam em turnos, destilando palavras venenosas que fizeram no mesmo instante Damian travar aonde estava, desviando seus olhos um pouco e fechando suas mãos em punhos ao que uma inexplicável fúria tentava crescer dentro dele.
Damian não queria ir de contra aqueles seus 3 meio-irmãos, que -assim como a maioria dos outros filhos de Derak- possuíam postos relevantes demais dentro da área militar. De fato só aquilo sozinho já podia gerar uma consequência muito grande caso Damian decidisse começar uma briga logo agora -bem no meio do mesmo recinto em que estavam os Patriarcas. E por essa razão então que ele apenas fechou seus olhos, engolindo obedientemente tudo aquilo que ouvira e dando suas costas para os 3 enquanto partia humilhantemente em direção da saída, sem dizer absolutamente uma palavra sequer para ninguém.

Um Skrea não tinha sentimentos, não se ofendia, não se importava com palavras de reprovação pois elas serviam apenas como um sinal de que eles precisavam melhorar. Só que Damian não podia melhorar sua própria natureza, e ao que ele tinha essa certeza, a influência então de seu lado Humano começou à fazê-lo desejar reagir em frustração àquelas frases todas que ouvira, forçando-o à apertar seus passos ainda mais em direção da saída daquele grande salão ao que ele temia trazer para si mesmo uma complicação desnecessária naquele momento.
E com isso -sem olhar para os lados tentando não se fazer ser percebido- Damian então desapareceu porta afora para longe daquele lugar, falhando em perceber com isso que bem no meio daquele salão, durante esse tempo todo, a Oráculo estivera observando-o em silêncio do alto daquele palco, com uma curiosa, porém desconfortável expressão de interesse.


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