Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 51
O Turno da Noite




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Sem gastar então mais tempo eu apenas balancei a minha cabeça evitando olhar diretamente para Rigur -ao que o meu foco agora houvera sido totalmente roubado pelo receio de que a noite estava finalmente começando e que não tinha como postergar isso mais. Me afastando então daquela bancada e seguindo o rastro das meninas até o camarim, em silêncio.

Eu entrei naquele cômodo despretensiosamente, sabendo que se eu fosse qualquer outra pessoa elas já teriam à tempo me enxotado de lá de dentro. Só que para essas meninas eu não era mais do que um colega de trabalho, e por isso minha mera presença ali entre elas realmente não as incomodavam em nada -como se eu nem mesmo estivesse ali.
Muito provavelmente cada uma dessas mulheres tiveram também momentos em suas vidas aonde seus orgulhos foram destruídos por outras pessoas, e elas tiveram que aprender à perder a vergonha e sobrepor muitos tabus para conseguir sobreviver. E por isso elas então não se importavam de mudar de roupa e se arrumarem na minha frente, pegando cada uma várias roupas com tecidos mais lindos um do que o outro, experimentando perfumes, maquiagens e joias -que ficavam espalhadas pelo camarim- e caminhando ao meu redor sem sequer fazer mais do que às vezes me olhar e soltar um sorriso condescendente.

Já eu por outro lado ao que também vivera tempo demais dentro desses ambientes femininos (até mais porque eu fui criado como uma menina desde jovem), acabava igualmente por abstrair também aqueles momentos -correspondendo às suas atitudes sem qualquer dificuldade.
Dentro de mim eu não tinha o menor estranhamento quanto à estar entre essas mulheres e fazer o que quer que tivesse que fazer lá dentro para continuar meu trabalho, tornando aquela situação de um homem se trocando em meio de várias mulheres algo que também não me afetava em nada -e permitindo com que todos nós nos déssemos muito bem dentro daquele pequeno camarim sempre que preciso.
Foi assim que eu então apenas continuei minha incessante busca por uma roupa melhor para vestir entre todos aqueles apertados cabides, enquanto todas aquelas garotas continuamente transitavam ao meu redor fazendo o que quer que precisassem fazer para se prepararem também dentro do mais curto espaço de tempo possível.

Como minhas roupas normais já podiam ser consideradas como "roupas de odalisca" por algumas pessoas, eu então não procurava me esforçar muito também para vestir algo diferente do que eu já usava (afinal, o objetivo de usar essa roupa era justamente para não ter que ficar trocando-a toda hora mesmo).
No geral eu só abandonava o meu manto em um canto e tentava me cobrir com alguns véus mais coloridos e transparentes para dar uma alusão maior aos meus movimentos, deixando que todo o resto do meu visual fosse complementado realmente pelas joias e outros acessórios que pudessem também se sobressair ao que eu me movimentasse -tentando não depender de nada mais do que isso para atrair a atenção dos clientes.
Por já ser um homem aqui dentro, eu não precisava realmente me esforçar tanto assim para atrair diversos olhares -sendo a maioria deles olhares curiosos como os que eu encontrava também na rua. Fazendo com que esse meu esforço fosse apenas na verdade para poder me destacar como um trabalhador em meio à multidão que iria se formar mais tarde pela Boate inteira, atrapalhando os clientes de distinguirem um pouco as pessoas em meio à péssima iluminação.

Porém ao que alguns minutos se passaram ali dentro eu então finalmente parei quieto, ajeitando um pouco um véu ao redor do meu corpo e tomando o meu rumo para sair daquele camarim -ao que as primeiras meninas já haviam também saído dali e várias novas garotas atrasadas agora passavam por mim correndo, preocupadas em se arrumarem a tempo.
O atraso delas me daria a chance de pegar os primeiros clientes e os primeiros pedidos da noite antes que as confusões e as brigas por clientes pudessem realmente começar, e eu não podia ser mais do que grato a isso.

Assim que eu entrei no salão principal da Boate eu então já pude dar de cara com o movimento noturno que simplesmente quebrara totalmente a lembrança do lugar em que eu passara a manhã inteira trabalhando, e assim sendo, quase como um feitiço eu então também mudei totalmente a minha postura para me adequar à esse novo ambiente -um tanto hostil.
Ajeitando o meu corpo em uma posição bem mais sedutora e revidando cada olhar atento para a minha direção com uma expressão envolvente, eu finalmente então fiz despretensiosamente o meu caminho até o bar aonde eu sabia que Rigur estaria me esperando já com algum trabalho em mãos.

— "Eu não me canso de repetir, você realmente tem um dom para isso Yura! Hehehe!"

Falando aquilo Rigur então me recebeu no momento em que eu surgi em sua frente, zombando um pouco da completa mudança de atitude que eu conseguia demonstrar no expediente da noite -e fazendo isso apenas porque ele sabia muito bem o quanto no fundo era desconfortável para mim ficar agindo assim, mesmo sabendo que era necessário. Foi com isso que eu então acabei revidando aquele seu sarcástico riso com meu olhar irritado, fazendo-o automaticamente se calar e recuar um pouco (criando uma pequena distância segura entre nós dois) enquanto aquele seu sorriso para mim sequer pretendia diminuir -tudo isso muito bem escondido da visão dos clientes.
Sabendo porém que ele nunca tomava jeito, eu então apenas desisti de me irritar e apenas me debrucei sobre o seu bar -ao que os panos leves enrolados pelos meus braços pareciam flutuar cada vez que alguém passava por mim-, perdendo a hostilidade no meu olhar e respondendo-o em um casual e mal-humorado tom.

— "Não é um dom, apenas fui treinado para saber fazer isso."
— "E foi treinado muito bem devo dizer. Eu tenho quase certeza de que muitas das meninas aqui poderiam te superar facilmente nos números se conseguissem ter exatamente esse mesmo ar exótico que você consegue ter ao seu redor quando está afim, sabia?"
— "Cuidado, se elas descobrirem que esse é o segredo para ganharem mais dinheiro, elas vão é acabar conseguindo pagar todas as suas dívidas... Vão sumir de vez dessa cidade e nem vão parar aqui para te dizer tchau."
— "Não brinque com isso. Eu não quero desejar mal nenhum para elas, mas preciso que elas continuem tendo dívidas para pagar... pelo bem desse lugar."
— "Com esse pensamento não sei como você ainda não foi promovido pelo dono daqui."
— "Bem, já tentaram me promover algumas vezes mas eu recusei. Afinal você sabe, eu nasci para lidar com pessoas e não com papéis."
— "Você tem sorte de conseguir admitir isso, porque eu não consigo. Não gosto de papéis, e nem de pessoas."
— "E ainda sim consegue continuar à ser um dos melhores... Agora vamos lá, você está desperdiçando o seu tempo com a pessoa errada! Isso aqui é para a mesa 7!"

Assim que Rigur quebrou propositalmente aquele nosso diálogo com uma última frase surpreendentemente bem animada, suas mãos então me empurraram a bandeja que ele estivera até agora discretamente preparando -contendo nada mais do que alguns copos e uma garrafa de bebida fechada- e me fazendo encará-las com o olhar de uma pessoa que tivera sido pega de surpresa.
Aquele era o meu sinal para começar logo à servir as mesas, e por isso assim que eu tentei olhar para ele mais uma vez, Rigur em resposta apenas deu suas costas para mim e me sinalizou para ir logo de uma vez servir os clientes já que eu não iria conseguir mais nada dele.
Mais do que agir daquela maneira para que eu não continuasse à perder meu tempo de serviço conversando, Rigur na verdade agia assim para ele próprio não continuar à puxar novos assuntos e nos distrair do serviço -e até que aquela era uma reação muito bem-vinda dele já que sozinho ele conseguia distrair qualquer pessoa dentro de longas (looooongas) conversas caso se descuidasse.

Pensando aquilo eu então deixei um consciente sorriso escapar enquanto ajeitava a bandeja sobre minha mão, e rumava para a mesa 7.
As 10 primeiras mesas eram sempre as mais próximas do palco da Boate, e normalmente as mais movimentadas e agitadas de todas -assim como também eram as primeiras à enxerem já que possuíam a melhor localização. Porém eu mesmo não gostava de andar por essas mesas já que ao longo da noite essa área acabava se tornando muito difícil de se transitar, cheia de homens bêbados e abusados que queriam muito mais do que apenas ficar olhando as meninas e aproveitar o ambiente.
Isso chegava à ser tão problemático que depois de um horário nem mesmo as meninas queriam mais servir essas mesas da frente -à não ser que estivessem caçando clientes para a noite- colocando Rigur em situações às vezes até complicadas na hora de repassar os pedidos.
Porém enquanto ainda estava cedo e seguro, Rigur me fazia servir essas mesas também -afinal esse era um horário aonde os clientes pediam muito e as meninas (que ainda estavam chegando ou se arrumando) não conseguiam dar conta sozinhas. E esse tipo de coisa durava até ele sentir que finalmente tinha gente de sobra disponível para poder me afastar dali, permitindo que eu então servisse apenas as mesas do meio e do fundo aonde eu me dava muito melhor -já que era nessa parte aonde os Skreas e os humanos mais comportados realmente preferiam ficar, e aonde as meninas menos se interessavam em trabalhar.

Com aquilo eu então fui me movimentando por entre aquelas várias mesas -das quais muitas ainda pareciam estar vazias-, deixando meus panos contornarem cada movimento que eu fazia ao que de longe eu já podia sentir os vários olhares que minha incomum presença conseguia roubar -fossem esses olhares de curiosidade, ou de surpresa.
"Pode ser o meu trabalho e posso fazê-lo bem, mas nunca deixei de detestar essa sensação de ser observado demais por estranhos..."
Eu pensei aquilo para mim mesmo ao que eu então cheguei até a mesa 7 sem nenhum trabalho. O homem que estava sentado nela apenas sorriu admirado para mim ao que parecia querer me estudar atentamente, e em troca eu então apenas olhei-o discretamente com um misterioso sorriso por sobre o véu que cortava meu rosto e iludia seus olhos firmes -distraindo-o assim de meus ágeis movimentos para servi-lo e me afastar o quanto antes de sua mesa.
Eu não me esforçava para atrair a atenção das pessoas nas mesas da frente, mas ainda sim eu não deixava de tratar cada cliente da forma que eu fui treinado para saber tratar -usando minha aparência e meus gestos para atiça-los ainda mais nessa arte que uma Odalisca precisava saber dominar. Afinal, demonstrar antipatia enquanto você serve alguém pode realmente manchar sua reputação entre os clientes -não importa aonde eles estejam sentados.

— "Se tiver algo mais que precise, é só pedir à uma das meninas senhor."

Eu disse aquilo provavelmente entregando (de boa vontade) aquele cliente para alguma outra menina pelo resto da noite e deixando então rapidamente aquele espaço ao que eu podia notar mais e mais gente transitando ali dentro sem que se pudesse ter sido notado antes.
Ao que não só vários clientes começavam à realmente ocupar as mesas naquele escuro, as meninas que também estiveram até então se arrumando começaram à sair dos fundos e andar cada uma até as mesas recém-ocupadas, anotando os pedidos daqueles clientes que mal podiam esperar para se acomodarem e serem bem recebidos ali dentro por elas.
Porém não só isso, mas outras garotas também começavam agora à sair pela porta da Boate indo à caça de novos clientes nas ruas e com isso aos poucos eu finalmente pude então me sentir não mais sozinho para atender as mesas. Agora que havia gente para dar conta dos pedidos que eu sequer queria ter que atender, dava para relaxar um pouco mais e finalmente sondar a situação das mesas ao fundo, procurando atentamente com meus olhos pelos clientes que realmente iriam garantir o meu lucro dessa noite.

Durante essas noites de trabalho nós recebemos um percentual de tudo que os clientes pedem para consumir, mas apenas se nós estivermos servindo eles. Por isso cada um aqui briga para ganhar a exclusividade de um cliente. Se você o interessar suficientemente ele então pode requerer sempre que você o sirva, e com isso parte de todo o dinheiro que ele gastar vai para você.
É dessa forma que a noite vai seguindo aqui dentro. Nós -"odaliscas"- disputamos no começo para conseguir a atenção dos clientes, tudo para que no fim eles próprios disputem entre si a nossa atenção também -fazendo-os pedir mais e mais bebidas e gastar mais dinheiro (com um pouco de incentivo nosso também) apenas para que fiquemos com eles por um pouco mais de tempo.
Mas claro, além desse jogo baixo que fazemos para conseguir nossa renda, também é permitido à um cliente poder pagar um valor para a Boate e comprar a exclusividade de alguma das meninas por um tempo. Nesse serviço você para de servir as mesas e fica por um período de tempo lhe fazendo companhia enquanto ele bebe e se diverte -Skreas em particular adoram gastar seu dinheiro com isso para poderem ter uma fonte de sentimentos exclusiva do seu lado durante a noite inteira.
E claro, se as meninas também aceitarem, os clientes podem então além disso gastar por fora com elas quantias muito altas para ficarem à sós nos quartos dos fundos -tudo sempre dentro de um tempo limitado, é claro.

Todas essas são as formas de se ganhar dinheiro aqui à noite, mas eu pessoalmente prefiro receber só por servir as bebidas. Até mesmo os serviços de exclusividade eu não faço porque eu não gosto de me fingir de acompanhante dos outros... dando a chance para eles me tocarem e me tratarem como se eu fosse uma mercadoria ou uma posse que eles podem simplesmente comprar.
"Não que eu realmente seja obcecado pela minha liberdade ou algo assim... Mas eu definitivamente sou obcecado quanto a ter que ser submisso novamente nas mãos de alguém."
Eu vivi minha infância dentro do medo de ser vendido como um objeto sexual para algum doente desses, apavorado a cada noite porque eu sabia que eu podia ser o próximo a ser tocado e agredido contra minha vontade por aqueles homens armados que nos humilhavam constantemente. E quando finalmente eu ganhei essa minha liberdade, foi que eu tive a certeza de que eu jamais iria me submeter a esse medo ou a essas pessoas mais uma vez.
Por isso, mesmo que eu não me importe de trabalhar dessa maneira -já que eu realmente não fui acostumado à repudiar esse tipo de vida-, ainda sim eu jamais vou deixar que qualquer um desses bêbados imundos me toquem ou se aproveitem de mim novamente -não agora que eu finalmente posso me defender deles.
"Não que eu vá me importar com humilhações, mas até mesmo eu tenho algo para considerar como um limite."

Nisso foi então que meus olhos finalmente cruzaram com as de um quieto Skrea sentado em uma das mesas, parecendo não saber ao certo o que fazer agora que estava ali sozinho no meio daquela Boate. Seus olhos vagavam rapidamente entre todos aqueles rostos desconhecidos para ele enquanto na mesa à sua frente não havia nada mais do que um solitário cardápio esperando para ser usado -quase como se ele mesmo tivesse entrado ali seguindo nada mais do que a sua curiosidade, e agora estivesse completamente perdido no que deveria ou não fazer.
Sem apressar meus passos então eu fui me dirigindo até a sua direção (ao que eu sabia que nenhuma das outras meninas iriam se aproximar dele por conta própria), me apoiando finalmente sobre a base da sua mesa com uma de minhas mãos e fazendo seus olhos subirem até a direção dos meus.
Ao que ele finalmente viu meu rosto, eu então apenas o encarei de um modo bem atraente. Deixando que as luzes do palco batessem por trás de mim e contornassem insinuantemente a minha silhueta, fazendo-o atônitamente admirar o que estava bem diante de seus olhos (como se nem existissem diferenças entre um homem ou uma mulher dentro de sua cabeça) -e finalmente relaxando um pouco a ansiedade que ele claramente estava sentindo por estar sozinho no meio de tantos humanos.

— "Você já foi atendido?"
— "N-não!! Eu g-gostaria de..."

Sua voz sozinha parecia lutar para manter o pouco do racional que ele parecia ainda ter em si, perdendo feio para uma timidez com a qual ele com certeza nunca tivera lidado e fazendo justamente o meu lado mais cruel querer escapar por um instante de dentro de mim.
Admito que não gosto de me forçar à agradar ninguém. Mas eu até que aprecio esses rápidos momentos aonde eu sei que se me dedicar, eu conseguirei mexer um pouco com os clientes mais contidos e ingênuos.
Normalmente esses caras não fazem nada demais, sempre se comportam, e gastam o suficiente para que eu também me sinta satisfeito em servi-los. Só que acima de toda a minha gratidão pela disciplina deles, ainda sim eu não consigo esconder muito esse meu desejo de extravasar justamente meus piores sentimentos neles apenas porque estou tendo a oportunidade de fazer isso -porém apenas com os Skreas, porque Humanos se empolgam se você der essa chance a eles.
Por isso diante dele eu então deixei um sorriso ainda mais malicioso escapar de mim, me aproximando ainda mais de sua direção -ao que ele tentava se afundar mais e mais naquela poltrona em que estava sentado, assustado com a mistura de sentimentos que eu o estava atiçando à ter- e falando com uma voz perversamente sedutora.

— "Sim?"

Instigando-o a prosseguir, eu então apenas olhei calmamente para seu rosto com a falsa ingenuidade de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
Eu podia ter todos os problemas que eu tinha, mas não podia deixar de admitir que fazer um Skrea sentir coisas que eles não entendiam era sempre muito divertido. Era como se toda aquela fama terrível deles apenas se dissolvesse, não restando nada mais do que um animal acuado aqui na minha frente -uma verdadeira inversão de papéis eu diria- permitindo até mesmo para mim algum momento de diversão em meio a um trabalho quase sempre muito exaustivo.
"Eu nunca que faria isso com um Skrea na rua, mas aqui dentro eles realmente me dão chances demais para mexer com eles."

Assim que eu então me permiti lhe dar um tempo para pensar, em resposta o Skrea rapidamente pegou o cardápio na sua frente com suas mãos trêmulas -cortando o nosso contato visual por um instante e logo em seguida levantando-o até o meu rosto.
Sem arriscar tentar pronunciar o que queria, seu dedo apenas apontou sem jeito para uma das bebidas no menu ao que ele obviamente tentava ainda se conter, procurando manter o controle de suas próprias reações mesmo que para isso ele apenas desistisse de dizer qualquer nova palavra -e me fazendo com isso apenas suspirar desapontadamente em resposta.
"Tente o quanto quiser, você vai continuar surtando enquanto estiver aqui dentro..."
Sabendo daquilo e já encarando essa situação como previsível demais, eu então resolvi desistir de continuar constrangendo-o ali e apenas concordei em troca com a minha cabeça, recuando enquanto ajeitava o meu cabelo e dando as minhas costas para aquele cliente para levar seu pedido até Rigur -sabendo que seus olhos provavelmente iriam continuar à me seguir por aquele corredor de mesas até que eu retornasse com sua bebida em mãos.

Quanto mais tempo passava ali dentro, mais eu perdia o meu entusiasmo em manipular e brincar com os clientes e mais eu apenas queria que o dia acabasse. Eu conseguia me forçar à ser carismático e interessante na medida que os clientes precisassem que eu fosse, mas agir daquela maneira por tempo demais definitivamente consumia toda a minha energia e a minha tolerância.
E por mais que trabalhar daquela maneira pudesse ao menos me fazer esquecer de todos os meus outros problemas, aos poucos -ao que finalmente os clientes começavam à ficar mais e mais bêbados- novos problemas surgiam na forma de clientes abusados, ou de pequenas confusões nas mesas da frente entre alguns homens e as meninas.
Em todas essas vezes eu sabia que não precisava fazer muito já que todas elas sabiam se virar muito bem (e até melhor do que eu), sem falar que os seus outros clientes também as ajudavam de vez em quando. Porém não era como se eu também nunca tivesse interferido antes em uma confusão aqui dentro.
Como um homem que sabe lutar e que pode imobilizar qualquer idiota, eu carregava certa responsabilidade também em ajudar essas garotas quando as coisas saíam muito do controle (mesmo que já faça muito tempo desde a última vez que precisei me meter).
E com isso tudo, o tempo então se fez responsável por eu finalmente começar à chegar no limite do meu expediente e da minha disposição...


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