Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 141
A Decisão Errada


Notas iniciais do capítulo

Oooooooi! ┬┴┬┴┤・ω・)ノ
Então gente, o capítulo a seguir contém momentos meio que... +16 (porque essa história é +16 então eu não posso dizer que escrevi algo +18). Por isso se vocês tiverem qualquer sensibilidade a respeito, pulem os 2 parágrafos finais. (Esse é o máximo que a lei anti-spoilers me permite dizer.) ( ^▽^)ψ__

Mas então, tirando isso, acho que vocês notaram né? Esse capítulo meio que ficou um monstro... ヽ(°〇°)ノ (desculpa ( _ _)人 )
Só que como vocês podem ter entendido, eu jamais me permitiria manter vocês um dia a mais longe dessa cena final de hoje!! ლ(ಠ_ಠ ლ) Então sério, perdoem K.K. pela extrapolada, eu juro que passei a semana inteira tentando cortar o que dava e esse foi o melhor que consegui! (。T ω T。) (Sério, faz dias até que o meu ombro está me matando, por conta da pressão (×﹏×) ). E para compensar eu até coloquei um fanservice no final do fanservice master! Ehe.... será que isso me redime? (°◡° )♡
De qualquer maneira espero que vocês apreciem bastante este momento muito especial, e ignorem pormenores como... essas reles 5k palavrinhas. (ง ื▿ ื)ว Heheheh. K.K. vai ficando por aqui e, mais do que nunca, nesta noite/tarde/dia especial de hoje, tenham todos uma boa leitura!! K.K. partiu! ( ´ ∀ `)ノ~ ♡



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Eu travei por um momento sem entender as palavras de Damian. Ou talvez sem acreditar que eu havia entendido elas corretamente, no que a minha voz só pôde divagar confusamente em resposta.

— "Espera, não... você não está dizendo que-..."
— "..."
— "Mas, mas você é um Skrea! Um Skrea superior, filho de um Patriarca!"
— "E também metade Humano, infelizmente... filho de uma Vessel."
— "M-mas isso é... isso significa então que, que nem a Saret, você-...?"
— "Sim. Existem certos sentimentos que até mesmo eu posso sentir por conta própria... mesmo não querendo."
— "E mesmo sendo um Skrea..."
— "Haah... eu não espero que você consiga facilmente entender, mas..."
— "N-não é isso! Bem... também é isso, mas eu estou tendo uma dificuldade maior é para entender como! Quero dizer, seu pai é um Patriarca! Como ele se permitiu ter-...!?"

No que minha voz então deixou aquelas palavras saírem em desespero, eu pude perceber Damian franzir a sua expressão virando ele o seu corpo para a direção do fraco queimar do fogo como se nem mesmo ele fosse capaz de tentar me esconder o quanto aquele assunto podia tão facilmente machucá-lo, mais até do que a intensa brasa que ele encarava pudesse ser capaz de o fazer. Deixando ele que então o silêncio nos rodeasse de uma forma muito pesada até eu enfim desistir das minhas palavras e sentar igualmente do seu lado, quieto.

— "Esse não é um assunto que qualquer um consiga perguntar para Derak, então eu também nunca tentei, mas... ao menos eu posso afirmar que, assim como você, a minha mãe jamais teve culpa de quem era ou por quem se apaixonou. E assim como eu, talvez ele também não tenha tido até perceber que era tarde demais."
— "Então você acrecita que mesmo o seu pai sabendo que ela era um Vessel, ele escolheu continuar com ela?"
— "Haah... sabendo como ele é, não seria estranho acreditar que ele percebeu rápido. Só não me pergunte por quê mesmo assim ele decidiu continuar junto dela."
— "Será que é porque ele realmente a amava?"
— "Eu... não tenho o direito de deduzir. Mas sei que ela o amou, e por isso gosto de acreditar que ele não teve outra razão maior senão essa para escolher ficar ao seu lado... até os meus irmãos nascerem e ele finalmente perceber o erro que cometeu. Foi aí que ele a abandonou levando-os consigo, antes mesmo de poder descobrir que ela havia engravidado novamente."
— "E ela nunca tentou ir atrás dele depois disso?"
— "... Eu entendo a minha mãe nesse ponto. O meu pai nunca foi uma pessoa fácil de se conversar e ela temia que ele pudesse também me tirar dela, então ela preferiu sacrificar tudo para me levar para longe da Fortaleza, até uma vila só de Humanos, e me criar escondido."
— "Até ele descobrir e ir atrás de vocês dois..."
— "Sim... Eu só não sei afirmar se naquele dia ele realmente foi atrás de nós dois com a intenção de matá-la. Sabe, às vezes, quando estou com você eu consigo duvidar disso. E penso que, talvez, ele só a tenha matado na verdade porque esse destino estava além do seu controle."
— "Por ele ser um Skrea, e ela um Vessel?"
— "Não, por ele ser um Skrea, e ela o Vessel da ira. Qualquer um quando perto da minha mãe podia perder a sua razão, ser tomado pela raiva, se tornar violento, explodir... mesmo que só por uma fração de minuto antes de voltarem a se acalmar. E por mais que com o tempo eu tivesse criado resistência à sua presença, nem mesmo eu conseguia julgar direito o que fazia contra ela quando a raiva me tomava -por ser um Repetidor."
— "E por isso o seu pai talvez possa ter também... falhado em julgar o que estava prestes a fazer."
— "... Eu nunca... nunca tentei honestamente pensar muito a respeito disso, antes de te conhecer. Eu nunca achei que havia propósito em entender algo que não tivesse como se consertar. Só que agora que eu caí na mesma situação que ele, eu não sei... não sei se posso continuar evitando pensar nisso. E na dúvida de se, assim como eles, eu também não irei -mesmo não querendo- acabar te colocando em perigo por ser o que sou."

Após aquelas últimas palavras ecoarem no silêncio da noite, Damian e eu parecemos nos calar com igual preocupação. Atingidos da mesma maneira pelo peso daquela verdade, ao que eu sabia que não era necessário compreendê-lo ali para entender a importância do que ele estava tentando me fazer entender. Só que...
"Mesmo que ele me diga isso, não é como se a essa altura eu pudesse me convencer a ter medo dele! Ter medo de uma pessoa que sabe ser mais gentil do que muitos Humanos que eu conheço por aí! Eu-... eu confio demais nele para poder considerar essa possibilidade!!"
Perturbado por isso eu então fechei as minhas mãos em punhos e lhe indaguei temendo ser ainda mais tragado para dentro daquela ideia absurda!

— "Então é disso que tudo se trata? Você tendo medo de fazer comigo o mesmo que seu pai fez com a sua mãe!? Damian, você nunca será como ele!"

Damian reagiu me olhando surpreso pelo tom de audácia com a qual eu o respondi! Não me dizendo nada porém, e não fazendo nada além de me encarar de um modo crítico... até finalmente a tensão diminuir entre nós dois e ele se forçar a voltar a olhar para o fogo antes de continuar a me explicar as coisas sem permitir que aquele instante abalasse a seriedade em sua voz.

— "... Eu sei que não sou. Porque mesmo não tendo muito controle sobre a minha ira, eu ainda sei conviver com ela. E sei que mesmo perdendo a cabeça por um instante eu não devo tomar nenhuma decisão ou atitude extrema até me acalmar -especialmente não a seu respeito."
— "Então por quê você está me dizendo essas coisas!?"
— "Porque mesmo que eu prometa que não irei te fazer mal, não posso impedir que os outros não me obriguem! Caso eu... perca a calma perto deles."
— "Você diz os outros Skreas?"
— "Sim. Como Híbrido eu tenho algo que nem eles e nem o meu pai jamais tiveram. Eu entendo tudo o que sinto ao invés de apenas ser induzido. Tirando a minha raiva, todo o resto das coisas que eu chego a sentir eu sinto porque escolho sentir! E muitas vezes isso é o suficiente para me ajudar a retomar o controle antes que eu cometa algum erro. Só que meu pai e os outros Skreas..."
— "Eles não conseguem fazer o mesmo quando sentem a raiva através de você... e aí perdem a razão de vez."
— "Yura, eu tenho a sorte de ser um Skrea superior, mas... ainda há pessoas que eu não tenho o direito de contrariar -não importa quão fora de si elas estejam. E se em algum momento essas pessoas conseguirem me encurralar de vez a seu respeito, eu... eu não sei o que vou fazer."

Novamente, como se aquelas palavras fossem lhe intimidando Damian então voltou a se calar. Estendendo a mão até um dos gravetos que o fogo ainda não havia destruído e lhe segurando diante de seus olhos como se aos poucos a tardia brasa vinda de seu interior passasse a lhe transformar em cinzas que desfaleciam por entre os seus dedos. Quase como se eu estivesse vendo ele encarar o seu próprio espírito se esvaindo, ao longo de uma série de pensamentos ainda piores que eu sabia que estavam ali lhe atormentando mas eu temia lhe perguntar a respeito.

— "Até agora eu consegui escapar dessas situações, mas quanto mais eu tento... mais eu volto a me sentir sem qualquer controle, assim como antigamente. Quando eu não podia me conter ou culpar ninguém além de mim mesmo pelas coisas que eles me faziam."
— "'As coisas que eles te faziam'?"
— "Sim... Desde que vim para cá, mesmo perdendo grande parte dos gatilhos emocionais que os Humanos me causavam, eu continuei a naturalmente ter as minhas crises de raiva. E por isso as Matriarcas (ou quaisquer outros Skreas que estivessem por perto) em resposta acabavam se tornando também violentos comigo, me ofendiam, agrediam, até a minha própria raiva passar ou eu me forçar a me acalmar."
— "..."
— "Mesmo não gostando de mim, como Skreas eles não tinham razões para de fato me agredir -especialmente porque não seria sensato desafiar a decisão do Patriarca que decidiu me acolher. Só que justamente por culpa das minhas crises era que eles perdiam a racionalidade e continuavam a descontar tudo em mim. Isso só foi parar quando meus irmãos então passaram a me ensinar a suprimir melhor a minha ira -assim como eles também faziam. Eles me ensinaram a engolir o desdenho dos outros Skreas para que a minha ira, e consequentemente as punições também diminuíssem."
— "Damian..."
— "Só que o meu controle não é perfeito, e quando eu estou perto dos Humanos eu ainda-..."
— "Você ainda não consegue se conter tão bem assim."
— "Eu aprendi a me blindar contra palavras, atitudes, mas não contra o excesso de emoções. E desde que eu voltei a conviver mais entre vocês, mais eu tenho sentido dificuldade em voltar a controlar esses impulsos."
— "É por isso então que você sempre fica incomodado perto de multidões?"
— "O excesso de emoções sempre me tira a calma, e eu não sei como controlar a minha raiva de outra forma senão estando calmo... não que eu odeie sentir outras coisas mas, eu não gosto de me descontrolar dessa maneira. Especialmente não perto de você..."

Se aquietando brevemente, Damian então pareceu franzir as suas sobrancelhas como se aquelas palavras fossem difíceis demais para ele admitir -mas necessárias. Tomando algum momento para que sua história conseguisse continuar a sair dele, mesmo que por vários momentos ele parecesse ter que se forçar a isso.

— "Nunca foi muito fácil na verdade me adaptar a tudo isso. As Matriarcas desprezavam a minha origem e a criação Humana que recebi, então elas não se importaram em me ensinar nada... Quem cuidou mesmo de mim foram só os meus irmãos. Nenhum outro Skrea iria igualmente se dar ao trabalho de olhar por um Híbrido que, desde seus primeiros anos, sempre que perdia o controle, ao invés de ser punido duramente era sempre abraçado pela sua mãe... até ela o acalmar."
— "A sua mãe... sempre que você a menciona faz parecer que ela era uma pessoa muito gentil."
— "E ela era... muito gentil. Mas só porque talvez como Vessel da ira ela tivesse precisado se tornar assim. Uma pessoa disposta a tudo para tranquilizar os outros, em troca da chance de viver."
— "..."
— "As coisas nunca foram fáceis para ela, mas ela também nunca se deixou ser menos forte por isso. Eu ainda me lembro de como era confuso estar em seus braços, percebendo que quanto mais eu a machucava por raiva, mais ela em troca forçava um sorriso e me dizia que estava tudo bem. Que me amava. Aquilo era tão... confuso, para eu entender. Como era possível eu fazer tantas coisas ruins e em troca ela só me fazer sentir coisas boas? Eu nunca entendi como ela podia suportar tanta coisa sem perder o seu sorriso. Mas ao menos ela me ensinou com isso a preferir os bons sentimentos, ao invés dos ruins. E foi só por esse motivo também que, depois de perdê-la, eu continuei a me esforçar para melhorar o meu controle. Não porque eu entendia de ações e consequências como todo Skrea tinha que entender, mas sim porque eu entendia que se eu não mudasse, eu só iria continuar a sentir os meus sentimentos ruins através deles."
— "Damian..."
— "Por essa razão é que eu sempre tentei ser mais rigoroso do que os meus irmãos em tudo, eu precisava ser para não me irritar ou irritar os outros. Só que... agora que eu voltei a interagir com Humanos, eu sequer-... sequer sei como equilibrar esses dois mundos sem voltar a me portar como o erro que eles esperam que eu seja."
— "Não, Damian...! Você pode ser muitas coisas, mas você não é um erro!! O que esses Skreas dizem, eles-!!"
— "Yura, tudo bem. Ser a vergonha do meu pai é um peso eu estou acostumado a carregar. E é mais fácil carregar isso se eu não tiver sentimentos a respeito. Então-... não sinta essas coisas por minha causa. Não me faça senti-las. Só... só se sinta bem ao meu lado. Isso é tudo o que eu realmente preciso."
— "... Tudo bem."
— "Eu não ligo na verdade para o que eles pensam de mim. Eu só me importo com... o que o meu pai possa pensar. Porque ele foi a única pessoa que naquela noite me olhou nos olhos e me estendeu a sua mão, e o único que desde então me fez acreditar que eu tivesse algum direito de ficar entre eles. Só por ele, foi que eu então tentei me tornar o Skrea ideal, o filho ideal, o soldado ideal... tudo para prová-lo de que eu podia ser digno da sua decisão. Só que agora eu sequer-... se ele descobrir que eu estive atrapalhando a Oráculo para te proteger, eu... eu não sei quais escolhas mais serei capaz de fazer."

Ao me confessar aquilo como se o fardo de decepcionar o seu pai fosse tão cruel para ele quanto a ideia de me perder, Damian então abaixou a sua cabeça apoiando-a sobre seus braços. Como se ele fosse incapaz de continuar suportando a possibilidade de ter que escolher desafiar um de nós dois, no que eu então coloquei uma de minhas mãos sobre suas costas não conseguindo igualmente ter a coragem de lhe dizer o que fazer... Eu não poderia. Especialmente por entender tão bem o elo forte que nós Humanos tínhamos com nossas famílias -e não poder duvidar que mesmo dentro de uma linhagem Skreana, Damian não fosse igualmente estar imune. Por isso tudo que me restou foi então suspirar de uma forma pesada, enfim compreendendo por quê ele esteve me contando tudo aquilo até então e o que ele esperava que afinal eu fosse fazer com aquelas informações que ele, por sua vez, não tivesse tido a capacidade de já ter feito -tomar a decisão certa.

— "Haah... então você precisa que eu reconsidere estar com você porque tem medo do que Derak te forçará a fazer, se souber?"
— "..."
— "Então é isso..."
— "Yura, se eu quisesse te afastar de mim eu já teria feito a muito tempo. Eu não quero honestamente te convencer a fazer isso, e eu não quero também afirmar que definitivamente vou falhar em cuidar de você. Só que... eu também não posso ser irresponsável e esconder a verdade de você. Eu não poderia te deixar tomar uma decisão tão arriscada sem saber que esses riscos existem. Não é assim que eu aprendi a fazer as coisas darem certo."
— "..."
— "Por mais que eu sei que devesse estar me preocupando mais em te afastar das armadilhas daquela mulher do que em te manter por perto... acredite, não é isso que eu estou tentando fazer agora."
— "Armadilhas?"
— "E-esqueça isso. Eu só não... posso deixar de ser o Skrea que eu sei ser, e não te pedir para ponderar muito antes de tomar a sua decisão. Assim como não posso deixar de ser o Humano que eu não podia ser, e te pedir para que você mesmo assim não mude de ideia... Mesmo que por causa da minha presença, do meu pai, da hierarquia que sigo as minhas forças possam se tornar tão limitadas... Eu quero que você tenha a coragem de confiar em mim, e de dizer que mesmo talvez sendo a decisão errada, eu não vou precisar perder novamente a única pessoa que é capaz de me amar! Se você fizer isso, então eu...!"

Não conseguindo terminar de dizer suas palavras porém, Damian simplesmente se virou na minha direção e segurou o meu rosto com as suas duas mãos como se tentando terminar de me expressar o quanto ele precisava! O quanto ele agora estava dependendo de mim para tomar uma decisão que como Skrea ele não podia tomar -a decisão errada! No que enfim, me dando conta do que ele estava querendo eu então apoiei a minha testa na dele de uma forma cansada e encarei a turbulência que transbordava de seus olhos vermelhos, até perceber que a angústia que eu estava sentindo em vê-lo assim tão dividido quanto eu agora estava, era uma angústia que eu não queria partilhar com ninguém mais... senão apenas ele. Mesmo que isso pudesse significar que aquela, de fato, pudesse ser uma decisão muito errada para eu escolher tomar.

— "Damian, eu... eu confio em você. E eu não vou mudar a minha decisão."
— "..."
— "Mas... eu quero que você também possa confiar em mim dessa mesma maneira quando for preciso."
— "?"
— "Eu não quero mais que apenas você seja a pessoa a confrontar os perigos, a Oráculo, os Skreas, a até mesmo os meus sentimentos sozinho. Eu quero começar a fazer isso junto de você, eu quero acreditar que posso fazer isso junto de você porque sou capaz de estar à sua altura, e à altura da sua vontade de também estar comigo! Eu... eu já fugi por muito tempo, e me permiti fingir não ser capaz de lutar as minhas próprias lutas porque ter medo de ser forte sempre me soou mais fácil do que ter a coragem para ser. Mas ser covarde também acabou me custando muito caro, por diversas vezes, e eu não quero que isso continue até novamente ser tarde demais -assim como foi com Saret... Especialmente não se for com você! E não pelo que eu sinto por você! Então se chegar algum momento em que você sinta que não pode mais me defender, eu quero... que você tente também depender de mim! Eu-... eu sei que isso soa idiota para um Humano dizer a um Skrea, mas como Feiticeiro eu sei que posso-...!!"
— "Isso realmente soa idiota."
— "Gh-...!"
— "Mas é só porque eu sempre estive esperando você ter essa atitude, e você levou tanto tempo para ter..."
— "!!"
— "Yura, eu até agora só estive cuidando de você por conta própria porque você não me deu outra opção. Mas se você está finalmente me dizendo que está pronto para cuidar de si próprio e da minha retaguarda, então... tudo bem. Eu não vou te impedir, se você estiver mesmo disposto a fazer isso."
— "S-sério?"
— "Mas, em troca você também vai ter que me prometer uma coisa."
— "O quê?"
— "Você vai ter que me prometer que estará disposto a fazer o que for preciso para sobreviver, e que não irá hesitar em ser forte.... mesmo se quem entrar no seu caminho for eu."
— "Espera, isso é-...!!"
— "Apenas me prometa que eu poderei contar com você para isso!"
— "Mas-!!
— "..."
—  "T-Tudo bem, eu... prometo."

Reticente por aquelas palavras eu então balancei a minha cabeça lentamente sem ter muita certeza de estar concordando com algo que eu deveria. Temendo que qualquer dia aquilo realmente fosse ser necessário, ao que por outro lado, as palavras até então de Damian não estavam também indo muito além de uma dedução para eu ter que realmente levá-las a sério... Eu não ia ter que fazer aquilo realmente, não é? Eu estremeci, enquanto vendo Damian continuar a me encarar seriamente sem me dizer mais nada. Sem ousar me dizer mais nada que pudesse me fazer querer voltar atrás em minha palavra, no que do nada ele finalmente se permitiu sorrir de uma forma mais aliviada antes de finalmente se aproximar um pouco mais de mim e, -por uma fração de segundo- encostar a sua boca na minha como se tentando me tirar de perto daquela melindrosa preocupação.

— "Obrigado."

Ele sussurrou se afastando novamente para acariciar o meu rosto, sem parecer ligar muito para as atribulações que eu continuava tentando ainda enterrar dentro de mim -sem evitar de talvez transparecê-las-, no que por uma segunda vez ele então voltou a pressionar a sua boca contra a minha, segurando a minha cabeça para que eu não ousasse recuar enquanto aos poucos sua insistência tentava abri-la até por fim ele conseguir me render em um beijo bem mais passional que simplesmente terminou de aquietar os meus medos! A minha noção de tantas possibilidades e destinos ruins, ante a certeza de que pelo menos enquanto estivéssemos juntos no aqui e agora, nada daquilo honestamente iria ter que me preocupar. Não tanto pelo menos, quanto o meu único desejo de que ele apenas continuasse a tentar me convencer cada vez mais disso.

Foi ali que então, afogado entre nossas respirações cada vez mais ofegantes, eu enfim notei pela primeira vez que eu não encontrava mais motivo também para pararmos. Para temer o que pudesse vir em seguida. Não, era como estar pela primeira vez livre de razões, de motivos que ainda me instigassem a recuar, no que quanto mais eu sentia Damian igualmente me envolver e me tocar de formas que nunca antes ele havia tentado tocar, mais eu entendia que não era só eu que estava percebendo aquilo! Não era só eu que estava tomado pela excitação de apenas continuar sem temer mais qualquer arrependimento seguinte! E foi aí quando então eu senti os seus dedos começarem a descer pelo meu corpo, tentando entrar por baixo das faixas em meu peito assim como eu também tentava fazer sob a sua blusa, procurando senti-lo próximo a mim, até que ambas as batidas em meu peito e o meu desejo de que ele não parasse fossem as únicas coisas que de repente tinham o direito de fazer sentido naquele momento! Só que, foi aí que de repente com o cravar mais firme de suas garras em minhas costas, e um gemido que eu não consegui conter, Damian subitamente parou e se afastou assustado!

— "Ghh!"
— "!!"
— "O-o quê foi? Por quê parou?"
— "M-Me desculpe, eu... é melhor não..."

Damian jogou então o seu corpo para trás como se tentando recuar, no que eu por instinto me inclinei em sua direção sendo pego de surpresa pela agilidade com a qual ele simplesmente se levantou e deu mais um passo para trás evitando que eu novamente o tocasse!

— "Você... você precisa voltar agora para a boate."
— "Por quê? Qual é o problema?"
— "Já ficamos... muito tempo nesse frio, e você é só um Humano. Não vai te fazer bem continuar aqui. Eu preciso te levar de volta."
— "Tsc, eu nasci nos desertos Damian, meu corpo é acostumado!"
— "Yura! Apenas-...!!"

Ele quase griou cortando as suas palavras às pressas, no que suas pupílas contraídas me encararam em meio a rapidez com a qual ele tentou se conter antes da raiva implodir ainda mais em sua expressão! Tomando Damian então um fôlego muito longo, até que seus ombros pareceram relaxar novamente e ele de alguma maneira conseguiu voltar a falar comigo mais calmamente.

— "Não podemos passar a noite inteira aqui, juntos, nesse acampamento."
— "E eu me recuso a voltar para a RedLight! Eu... não quero olhar para V. ou Gale mais essa noite, não depois do que eles dois fizeram."
— "Eu não vou também te deixar aqui sozinho..."
— "Então fique comigo! Eu não me importo!"
— "Mas eu sim!!"
— "!!"
— "Haah... Me escuta, se ficarmos juntos por mais tempo eu não-... não sei se vou conseguir me controlar perto de você."
— "Eu não estou te pedindo para se controlar."
— "Você não sabe do que está falando! Yura, você acha que eu não estive tentando me segurar perto de você desde que eu fui pego pela presença daquela menina!? Você realmente acha que eu não estive me mantendo longe de você porque eu tinha uma boa razão!?"
— "Então você... você também estava querendo fazer isso comigo...!"
— "Sim! Só que eu não posso."
— "E por quê!?"
— "Porque eu sou um Skrea e você um Humano!! E se eu perder o meu controle perto de você eu não vou ser gentil! Eu provavelmente vou me descuidar com a minha força, os meus gestos, eu... eu provavelmente vou acabar te machucando! E o seu corpo Humano é muito frágil para não me preocupar..."

Damian parecia constrangido ao me dizer aquelas coisas da maneira como sua mão subitamente tapou sua boca e ele parou de conseguir me olhar diretamente. Me fazendo decidir então também levantar daquele chão e me prostrar na sua frente, ao que no primeiro descuido que ele deu eu o segurei pela camisa e o puxei mais uma vez para me beijar e não ousar soltar as suas mãos por uma segunda vez de mim!

— "Eu não ligo se você me machucar, Damian."
— "Yura, você não tem noção do que está me pedindo..."
— "Mas estou disposto a descobrir... Damian eu, eu nunca estive com outro homem, e com certeza não com um Skrea, mas... eu também nunca estive com a pessoa que eu amo. E eu quero especialmente saber como é isso, mas só se essa pessoa puder ser você."
— "Yura... se você me pedir isso eu, eu não prometo que vou conseguir parar no meio do caminho..."
— "Tudo bem, eu estou disposto a correr o risco."
— "..."

Suspirando então por uma segunda vez como se suas palavras tivessem esgotado, Damian apenas me encarou em um misto de preocupação e incapacidade de tirar novamente as suas mãos de cima de mim. No que sem concordar ou recusar com o meu pedido ele simplesmente tirou o meu manto de cima de mim e o jogou sobre o chão do nosso lado, antes de voltar a me pegar de surpresa em um beijo ainda mais intenso junto ao som de suas mãos agilmente mexendo em seu cinto e o arremessando também para o outro lado, fazendo assim, junto ao som alto do tilintar de suas correntes e o despertar assustado dos camelos, eu precisar nos afastar em pânico -mesmo que por duas vezes ele tentasse me impedir de o fazer!

— "Espera, espera, os vigias!"
— "Não se preocupe, eles não vão nos ouvir."
— "Como você sabe?"
— "Porque eu sei que eles estão longe demais... para conseguirem ouvir até mesmo os sons que você vai fazer."
— "O qu-...!?"

Sussurrando aquelas últimas palavras em meu ouvido, Damian então sem qualquer piedade me jogou contra o chão nos fazendo cair de vez sobre o meu manto antes do arrepio conseguir terminar de me descer por toda a espinha! Me pegando ele um tanto desprevenido, no que meu coração do nada começou a bater acelerado assim que eu levantei a minha cabeça e pude ver aquele Skrea sobre mim me encararando com os seus olhos vermelhos, igual a um predador, tirando ele pacientemente o seu casaco e o seu cordão e os arremessando sobre as suas armas antes de parar por mais um instante para me admirar.
Na verdade nem eu pude evitar de também fazer o mesmo já que aquela era a primeira vez que eu estava vendo Damian sem o seu casaco, tendo ele a sua figura contornada pela luz fria da lua que agora me mostrava a bela definição de seu corpo...
"Seu belo corpo que até agora minhas mãos conseguiram falhar em notar."
Meu coração então disparou e eu voltei a ficar ofegante! Sentindo que nem mais as brasas daquela fogueira eram necessárias para me aquecer ante a ansiedade de vê-lo enfim se abaixar lentamente e começar a então desenrolar as faixas do meu corpo.

— "Se eu te machucar, me desculpe."

Antes porém de esperar pela minha resposta, Damian voltou a novamente se inclinar sobre mim e me beijar como se ele não quisesse me dar a chance de voltar atrás naquela decisão! Arrancando o resto das minhas faixas e jogando-nas para longe com a mesma intensidade que de repente os seus gestos pareceram então começar a querer tomar, ao que eu pude sentir as suas mãos voltando a se mover por todo o meu corpo cada vez mais desprotegido, cada vez mais rendido ao dele, e ao deslizar das suas garras pela minha pele junto à brisa gelada que fazia uma corrente elétrica parecer me percorrer sempre que o calor de seus dedos chegavam até os lugares mais incomuns! Me fazendo contorcer sob suas mãos que cada vez mais me seguravam com firmeza, tentando me convencer de que eu seria capaz de derreter apenas por senti-lo sobre mim sem que nada mais estivesse entre nós dois senão aquela inóspita escuridão, e a luz fria das estrelas que nos observavam ofuscando a minha visão cada vez que eu precisava encará-las envergonhado, enquanto sentindo os seus movimentos e a minha voz se misturarem entre diversas sensações novas de dor e desejo! Instigando estas Damian a se tornar cada vez menos cuidadoso e cada vez menos gentil em suas ações, até eu sentir as suas presas começando a se fincar em meu pescoço como se ele pudesse me devorar por inteiro! Me tomando ele consigo por entre lapsos de um embriagante descontrole, e momentos onde seus olhos vermelhos simplesmente voltavam a me encarar com sanidade preferindo ele por mais uma vez me beijar insaciavelmente enquanto me envolvendo na segurança dos seus braços ao longo de uma noite cada vez mais impossível de se explicar!

E eu simplesmente permiti que Damian fizesse o que ele quisesse comigo, como se nada pudesse ser mais especial do que ser conduzido pelo seu incontrolado desejo, pelo tempo que ele pudesse querer. Ao que eu me via junto sendo completamente tragado para uma verdade que não tinha mais como também ser ignorada: a de que eu... eu realmente o amava. Perdendo nisso a conta de por quantas vezes Damian acabou me fazendo encarar essas palavras sem conseguir mais escondê-las dentro de mim, até que por fim a minha mente simplesmente se enfraqueceu junto ao meu corpo e ambos se desfizeram em seus braços, em um exausto sono! Deixando-me assim aquela noite com apenas um último desejo que ela não teve tempo de satisfazer... o de saber se ele também chegou a perceber o mesmo que eu -que dali em diante, não haveria mais retorno para nós dois.



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