Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 124
Sem olhar para trás


Notas iniciais do capítulo

Ya-hoo! K.K. não morreu! (o´∀`o)
E aí gente, eu sei que esse mês inteiro foi passando e eu não fiz nenhuma postagem mas, eu só queria explicar que fiquei bem doente assim que Junho começou e por isso tive que parar de escrever -não por escolha pessoal. (。T ω T。) (Ah, mas não se preocupem!! Não tem nada a ver com o Covid também! K.K. apenas deu azar e pegou algo aleatório mesmo! ) (」°ロ°)」
Agora é que estou melhorando, mas ainda não estou 100%, por isso até eu vim pedir um favor para vocês antes de tudo. ( ̄ω ̄;) Me desculpem se no próximo mês eu não conseguir postar 2 capítulos, eu vou tentar! (✧∀✧) Mas não sei se conseguirei caso eu volte a piorar... (-_-;)・・・ De todo modo caso não aconteça, espero que vocês entendam. ( _ _)人
Mas bem, dito isso eu só quero que vocês apreciem o capítulo de hoje porque ele foi revisado umas trocentas vezes e acho que finalmente curti o resultado final! ( ^▽^)φ__
Uma boa semana para todos, e uma ótima leitura hoje! K.K. out -but not gone!
─=≡Σ((( つ><)つ



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— "Não pensem muito, apenas venham! Enquanto estivermos a um raio de 40 metros daquela Oráculo ela continuará podendo rastrear vocês dois, e Sal não tem como segurá-la para sempre."

Ebraín nos ordenou apontando com a lamparina para o corredor mais adiante enquanto nos encarando com uma indiscreta apreensão pela situação claramente fora de seu controle -na melhor das interpretações. Me fazendo por instinto então trocar olhares com Gale, já que aquela situação estava -em grande parte- girando em torno de nós dois, e sendo surpreendido de repente por Saret, que nos empurrou para o lado para tentar se aproximar mais de Ebraín questionando-o exaltadamente!

— "Espera, como assim 'segurá-la para sempre'? Você me disse que Sal estaria logo atrás de nós!"
— "..."
— "! Você-... você mentiu para mim."
— "Saret, para termos alguma chance de escapar ela precisa ficar-..."
— "N-Não! Você não pode estar falando sério!"
— "Acalme-se! E que outra opção você acha que temos?! Sem alguém ficando para trás para atrasá-los por tempo suficiente, acabaremos todos sendo emboscados!"
— "Mas fugir não é a única opção! Eu e Yura somos os melhores Feiticeiros da Clínica depois de Sal, juntos poderíamos-...!"
— "Não, não poderiam. Você está muito ferida e claramente Yura está cansado. Se vocês tentarem ficar para trás apenas irão atrapalhá-la, e não podemos envolver Yura e Gale no confronto ou essa será uma briga para se levar até as últimas consequências."
— "Que seja então até as últimas consequências, mas não podemos abandonar Sal sozinha contra eles!"
— "Não Saret, não temos como entrar em uma luta desse tipo acreditando que poderíamos ganhar... Oráculos são Skreas de uma das mais altas hierarquias Skreanas, eliminá-la apenas resultará em uma grande retaliação por parte dos Skreas e outra ainda maior por parte dos novos Oráculos que virão substituí-la. A única coisa que podemos de fato fazer agora é sair de seu alcance o mais rápido possível. Caso a Oráculo perca Yura e Gale de vista, ela também perderá as suas razões para se arriscar contra Sal -e estaremos ajudando-a dessa forma."
— "Tsc, ou poderíamos apenas entregar eles dois... desse jeito também iríamos ajudá-la."
— "Haah... Eles são Vessels Saret, eu entendo os seus sentimentos sobre isso mas a vida de um Vessel é importante demais para ser sacrificada. Não só para você ou para mim, mas para a nossa raça inteira -afinal eles têm sido a fonte da nossa essência. E você sabe disso."
— "..."
— "Agora vamos, não podemos continuar perdendo tempo assim-..."
— "Não. Vocês podem ir se quiser, mas eu... EU NÃO VOU!"

De repente Saret gritou virando-se para a minha direção e se preparando para correr, no que assim que ela -ainda com alguma força- conseguiu tentar passar novamente por nós dois, as mãos de Gale instintivamente interceptaram ela antes que ela pudesse terminar de me empurrar para o lado! Agarrando-a pelo braço com força, e a puxando em sua direção no que seus braços se fecharam ao seu redor imobilizando-a sob o peso de seu próprio corpo!

— "Me solta!!"

Saret gritou despreocupada com as paredes de areia que facilmente começaram a tremer com a altura de sua voz! Me forçando a congelar os meus movimentos com medo de incitar ainda mais um desabamento, antes voltar a olhar para Saret e perceber que, mesmo tentando se debater para se soltar, ela cada vez menos parecia conseguir fazê-lo... diminuindo a força de seus chutes e de sua tentativa de repelir Gale com os braços, até que finalmente seu corpo não mais conseguiu acompanhar a intensidade do seu desejo de se libertar... Saret claramente não tinha como lutar mesmo se quisesse -contra ninguém- e duvido que ela também iria, à essa altura, sequer recorrer aos seus poderes após tudo que ela tinha acabado de ser obrigada a fazer.

Foi aí que, enfim, Saret parou completamente de se mexer olhando um tanto perdida para a direção da escada que de algum modo ainda conseguíamos enxergar dali -independente dela quase estar se fundindo à própria escuridão. Seus braços tremiam -possivelmente por dor- e seus olhos também -talvez igualmente por dor, mas uma dor um pouco mais diferente. Ao que finalmente a sua cabeça então pendeu para o chão e um exasperado suspiro decretou a sua conclusão acerca do quão inútil estava sendo querer resistir. Ficando ela naquela posição por algum tempo, no que incertos de como proceder com ela, até mesmo Gale me olhou sem saber se poderia agora soltá-la já que o seu corpo parecia que iria simplesmente desabar caso ele o fizesse. Não desabando ele antes de seu espírito porém, na forma de algumas lágrimas muito contidas que só eu pude notar cairem de seu rosto, naquela escuridão, graças aos meus poderes.
"Saret..."

— "Você entende agora, não entende? Claramente vocês não estão em condições de enfrentarem uma luta pelas suas vidas. A nossa única escolha é seguirmos juntos por esse túnel, e pedir que Grivah proteja Sal pelo tempo que for preciso para escaparmos."

Com uma dureza necessária em sua voz pude ver então Ebraín encarar Saret sem esperar que ela fosse tentar desafiá-lo por uma segunda vez. No que ela de fato apenas balançou a sua cabeça em concordância, tão fracamente... tão brevemente... que eu sequer pude afirmar com certeza se ela realmente o havia feito ou se aquilo foi apenas uma ilusão causada pelo chamejar do fogo da lamparina que constantemente dançava com as nossas sombras e com a minha percepção dos movimentos ao nosso redor. O que para Ebraín porém já bastou, fazendo ele igualmente balançar a sua cabeça antes de voltar a se mover adiante sem mais se preocupar com qualquer um de nós -mais do que com a ideia de sair dali antes que algo pudesse dar errado. E nos ordenando assim com uma voz firme.

— "Vamos logo. Deve haver uma saída mais a frente que podemos usar, tentem apenas não se afastar muito ou acabarão perdidos -esse lugar possui mais túneis do que saídas. E torçam para que nenhuma passagem tenha desabado desde a última vez que estive aqui ou seremos obrigados a procurar por uma rota alternativa-... que eu não tenho como garantir que irá existir."

Ouvindo aquilo eu então pude perceber o contorno do corpo de Gale finalmente afrouxando os seus braços para deixar Saret ter a chance de conseguir empurrá-lo para trás e se ver mais uma vez livre para tomar suas próprias decisões. Se voltando ela porém em uma reação de desagrado tanto para Gale, quanto para... mim? Ao que foi aí que então nossos olhares enfim se encontraram e ela apenas me encarou. Sem dizer nada já que palavras claramente não iriam conseguir transmitir melhor do que seus próprios olhos aquela estranha sensação de desgosto que ela pareceu sentir ao me fitar, balançando negativamente a sua cabeça para nós dois antes de finalmente desprezar as nossas imagens nos dando as suas costas e seguindo solitariamente logo atrás de Ebraín sem dizer uma palavra a mais sequer.

Mas o quê? Parece até que ela está me... culpando por algo? Espera, ela está mesmo me culpando pelo que está acontecendo só porque eu sou um Vessel?! Ou talvez-... ela esteja me culpando porque eu não disse nada esse tempo todo? Mas-! Mas eu também me importo com Sal! Eu também estou preocupado com ela! Eu também queria poder ter como voltar e fazer as coisas diferentes! Eu-... só que no fim das contas eu mesmo assim não fiz nada, não é? Eu não a ajudei por algo que é tão importante para ela quanto seria para mim. Eu sequer disse alguma coisa, eu-... eu só a fiquei olhando como se ela é que estivesse errada, e não eu.

Meu olhar então se perdeu pela escuridão na qual ela e Ebraín continuavam se embrenhando, com passos firmes, porém cautelosos o suficiente para não instigarem ainda mais o desgaste nas paredes do túnel. Me deixando eles dois facilmente para trás, abandonado àquela confusa sensação, no que então, de repente, a minha atenção foi tomada pelo som das mãos de Gale decisivamente sacudindo o seu casaco para tentar tirar a areia de cima dele, assim como talvez aquela amarga sensação que ficou sobre nós após Saret nos encarar. Um tanto indiscreto com seu claro desconforto, se não fosse porém a determinação em seu olhar de ignorar tudo aquilo, que eu pude notar, assim que ele por uma última vez voltou a sua atenção para mim.

— "Gale-..."
— "Esqueça isso."

Ele me respondeu de forma curta, se virando também para a direção da luz de Ebraín e começando a segui-la, sem ousar olhar para trás uma segunda vez. Mas é claro que ele não iria olhar... alguém como Gale jamais iria arriscar a perder Ebraín de vista só por conta de um atrito pessoal. Afinal, entre todos nós ele justamente era o mais hábil em conseguir fazer aquilo: seguir em frente sem se importar com as opiniões ou as pessoas que ficavam para trás, sempre que sua vida estivesse em risco. E eu não tinha como julgá-lo por aquilo porque ele era assim mesmo. Ele era... e eu não podia fingir que eu também não estava sendo tão diferente, pelo visto.

Com aquela realização eu então encarei as minhas mãos um tanto chateado, confirmando tamanha certeza ao notar que elas não estavam tremendo que nem o corpo de Saret, que, reticentemente parecia se abraçar tentando buscar forças para prosseguir à cada novo passo para longe daquela escada. Não, eu não estava relutante que nem ela por mais que eu quisesse acreditar nisso -mesmo que há até minutos atrás eu estivesse me debatendo sobre Damian dizendo que não podia abandonar Sal-, não... no exato momento em que todos entramos nesse túnel, foi como se eu apenas tivesse me conformado. Aceitando abandonar o que era preciso para novamente poder me salvar, assim como Gale.
"Mas se eu e ele somos tão parecidos, então... então por quê lá no fundo eu mesmo assim não consigo parar de também me sentir culpado por estar agindo dessa maneira?"

— "Ei, o que houve?"

Em meio à minha distração uma mão então pousou sobre o meu ombro me pegando de surpresa no meio daquela escuridão que já estava se intensificando ao meu redor! Me fazendo virar surpreso só para me recordar de que Damian estivera esse tempo todo atrás de mim, muito próximo para talvez não conseguir mais ignorar os meus sentimentos, ou até mesmo, para conseguir priorizar acima disso a importância de seguirmos Ebraín, antes que a luz de sua lamparina se afastasse ainda mais de nosso alcance!
O que me fez automaticamente buscar com receio a figura dos outros cada vez mais longe de nós, antes de respondê-lo, muito inquieto por saber que não poderíamos também ficar ali parados por muito mais tempo!

— "N-nada demais... eu só estava pensando em algo."

Minha voz então balbuciou sem muito conseguir decidir se esse era o momento certo para entrar em detalhes ou não, ao que Damian também não me respondeu de imediato. Seus olhos apenas se voltaram brevemente para a figura dos outros, me dando ele assim a abertura para então, em um impulso, cortar aquele início de assunto!

— "Não importa, precisamos ir antes que percamos eles de vista."
— "Eu não vou perdê-los de vista. Diga o que está havendo."

Damian então sem sequer me deixar virar direito para a outra direção simplesmente segurou o meu braço e me puxou para mais perto dele! Onde sua voz agora não precisaria passar de um sussurro para que apenas eu o ouvisse, fazendo então o meu coração disparar e em um impulso eu tentar me soltar para nos afastarmos um pouco! Um tanto acuado pela sua imposição, mas acho que-... já acostumado, e até um tanto tranquilizado também pela sua segurança em o decidir fazer.
"Parece que eu não tenho escolha..."
Eu então suspirei tentando acertar os meus pensamentos da melhor forma possível, antes de lhe dizer coisas que naturalmente eu não estava acostumado a contar à nenhuma outra pessoa tão facilmente assim.

— "Haah... É só que... A forma como Saret me olhou, eu acho que ela estava me julgando porque eu não fiz nada. Eu... sequer tentei fazer."
— "..."
— "Estamos deixando Sal para trás, e é até como se eu-... se eu fosse capaz de realmente fazer isso. Como se eu conseguisse aceitar abandoná-la, mesmo sabendo que não devo."
— "Você não está aceitando abandonar ela. Você está aceitando é o fato de que dessa vez a sua vontade não vai conseguir superar a minha."
— "O quê?"
— "Yura, eu já te permiti hoje fazer as coisas ao seu modo e isso quase nos matou -quase te matou. Então quem está tomando as decisões dessa vez sou eu, e não você -e eu vou priorizar a nossa sobrevivência acima da desses outros Humanos se necessário. Enquanto você estiver fraco demais para me enfrentar por esse direito, as coisas serão assim. Do jeito que eu quero, e não do seu. Assim como a responsabilidade pelas consequências dessas decisões..."
— "..."

Eu abaixei a minha cabeça confuso, incerto sobre realmente estar fazendo a vontade dele ou não... desnorteado em acreditar na visão de Damian sobre as minhas próprias atitudes quando, então, eu pude sentir a sua mão amparar o meu rosto gentilmente, levantando-o mais uma vez na sua direção como se o calor do seu toque conseguisse dissolver todos os meus problemas, os meus receios, e apenas me prender àquilo que agora estava exatamente na minha frente. Aqueles olhos... Aqueles olhos vermelhos, severos, porém estranhamente empáticos. Que brilhavam de uma forma tão única, mas tão única que eu não me sentiria capaz de conseguir confundi-los com os de nenhum outro Skrea porque apenas Damian é que me olhava daquela maneira. Daquela maneira que eu-...!

E foi aí que então eu finalmente entendi... Com uma estranha clareza, eu enfim pude ver que eu não estive até aqui agindo de forma egoísta que nem Gale, ou desesperado que nem Saret. Não, esse tempo todo eu estive era agindo que nem Damian. Lutando contra todos os meus motivos para querer voltar atrás e apenas aceitando quietamente seguir em frente, porque eu sentia que se o fizesse aqueles olhos então não sumiriam da minha vista. Aquela mão não iria deixar de me tocar. Aquele Skrea não iria deixar o meu lado da forma como ele quase fez pelo tempo em que se esqueceu de que eu também não deixaria o dele...
"Sim, eu estou aqui porque ele está... e você está mais errado do que pensa Damian. Eu poderia ainda tentar lutar contra você com os meus poderes se eu quisesse. Mas eu não vou fazer isso porque... porque eu não quero. Eu não vou trocar a minha vida pela de Sal e correr o risco de trocar a sua também junto. Afinal você vai vir atrás de mim se eu tentar fazer isso, não vai? E vai se arriscar de novo se eu-... se eu não decidir que dessa vez eu preciso estar disposto a sacrificar tudo para proteger a pessoa que eu mais-... amo?"

Eu o-... amo. Sim, como eu poderia continuar sendo teimoso a respeito disso, fingindo que haveria outra explicação?
E foi assim que eu finalmente entendi. Tão naturalmente, e ao mesmo tempo com tanta dificuldade pois junto dela haviam tantas consequências, tantos motivos para eu temer me arrepender-...! Só que a verdade era aquela e eu não podia mudá-la, já era tarde demais para fingir que isso seria qualquer outra coisa senão amor. Senão querer ter ele vivo do meu lado, mais do que qualquer outra pessoa-... mais até mesmo do que Sal! Sal... me perdoe... Mas se eu ousar fingir que a razão para eu estar te abandonando é outra, então estarei junto sacrificando você por algo que valha muito menos do que o meu desejo de tê-la ainda na minha vida. E eu me recuso a fazer isso! Se eu tiver que dizer que estarei deixando Sal morrer, então que seja apenas por esse sentimento-... esse único sentimento e nenhum outro mais! Ou então eu acho que não saberei me perdoar por deixar você também para trás...

— "Vamos. Precisamos ir agora ou eu vou acabar perdendo-os de vista."
— "E-eu..."
— "Está tudo bem, eu já disse que não é você que está tomando essa decisão, não disse? Então pare de pensar nisso e apenas venha comigo."

Damian então me respondeu firmemente como se sequer estivéssemos na mesma página -e eu não o culparia, afinal ele já devia de estar acostumado com esse tipo de sentimento antes mesmo de eu ter tido a chance de começar a estar. O que o fez ignorar por completo a minha envergonhada falta de reação, deslizando a sua mão por trás do meu corpo e me segurando com vontade! Antes de começar a andar e me forçar a seguir os seus passos, pouco imaginando ele de fato que, àquela altura, eu não mais iria resistir segui-lo. Eu não mais iria me permitir sentir confuso. Eu ia fazer o que era preciso para ficar ao seu lado, até mesmo se isso significasse permitir que um Skrea me forçasse a fazer o que ele queria. Afinal, daquele momento em diante, acho que seria difícil eu e Damian não querermos mais a mesma coisa... especialmente agora que eu estava muito mais autoconsciente da razão por trás de minhas próprias ações -ou da falta delas- do que até então eu estive me permitindo estar.

Sendo assim nós dois fomos seguindo em frente através da eterna escuridão, em silêncio, e em um ritmo que não atiçasse demais as paredes daquele túnel a reverberar com o som dos nossos passos. Mantendo porém alguma pressa também, já que àquela altura eu sequer conseguia mais identificar o brilho da lamparina de Ebraín ou o contorno dos outro se movendo à distância. Não me restando então muito de onde extrair a minha calma, senão apenas do eco distante dos passos deles que me indicavam estarmos ainda conseguindo seguir pelos seus mesmos rastros -um pouco diferente de Damian porém, que parecia estar tão confortável naquele escuro que era como se ele sequer existisse.
Sem muito tardar porém, graças a Grivah, logo voltamos a conseguir ver uma fraca luz voltando a se aproximar do nosso campo de visão.

Só que, contrário ao meu desejo de ficar o mais próximo possível daquela única e fraca luz que se mantinha trêmula pelo longo túnel, Damian insistiu que ficássemos à certa distância dos outros já que talvez ele não se sentisse muito a vontade para continuar me conduzindo forçadamente na frente deles -ou igualmente, à vontade para me soltar e ver na prática o que eu iria fazer em seguida. Onde honestamente, por mais que aquela luz pudesse ser muito convidativa para um Humano como eu no meio de toda aquela escuridão... poder me manter ao lado de Damian dentro de um túnel que possuía o risco de desabar estava conseguindo me reconfortar bem mais do que aquela mera luz sequer iria talvez conseguir.

Já em contrapartida à minha calma mental, a figura de Saret continuava caminhando isolada mais adiante, parecendo ainda ter dificuldade para continuar seguindo em frente mesmo que eu soubesse que sua obstinação não fosse deixá-la desistir no meio do caminho -afinal ela era assim, determinada em excesso. Não muito diferente de Gale, que também faria o que fosse preciso para sobreviver, focando ele todas as suas atenções apenas em conseguir chegar até o fim desse túnel inteiro. Muito diferente de Ebraín, porém, que desde que entramos aqui parecia fisiológicamente estar se esforçando muito para manter a sua firmeza, independente do provável desejo de talvez olhar para trás e reconsiderar o peso de sua decisão ao ter escolhido -pelo nosso bem- deixar Sal com os Skreas. Afinal, dentre todos nós, ele talvez fosse a pessoa mais próxima à ela e a que mais pudesse ter motivos para não querer perdê-la... mesmo que no fundo eu não soubesse dizer se em algum dia Sal e Ebraín já chegaram a terem uma relação maior do que amizade, já que eles sempre foram muito discretos sobre esse assunto. Minha única certeza era a de que eles viveram toda uma juventude de aventuras cuidando sempre muito um do outro, e que por isso agora seria difícil de imaginar o quão simples estava sendo para ele também dar esses passos cada vez mais adiante, e cada vez mais para longe da certeza de que iríamos depois daqui ter como voltar a rever Sal segura, e viva.

Só que antes que minha mente pudesse se embrenhar ainda mais para dentro daquele silêncio coletivo interminável que sequer ousava ser quebrado pela dúvida de por quanto mais tempo iríamos ter que respirar aquele ar velho, Ebraín enfim parou nos seus passos. Sendo ele imitado por todos nós, ao que então a sua lamparina calmamente começou a iluminar uma parede mais à sua frente com um interesse que eu honestamente não consegui decifrar.
"Mas isso-... Isso é um túnel sem saída! Espera, n-não me diga então que a passagem-...!!"
Meu coração começou a bater tão acelerado que pareceu ser capaz de sair da minha boca! Enquanto que Ebraín, porém, apenas pousou calmamente aquela velha lamparina no chão elevando pensativamente a sua cabeça como se tentando observar algo no teto sobre ele -talvez uma falha que indicasse a queda da parede? Ou talvez ele estivesse incerto de que viemos pelo caminho certo? Afinal haviam outros túneis e passagens mais para trás que simplesmente ignoramos-...! Só que enquanto eu tentava ver algum sentido mais tranquilizador nisso, Ebraín por outro lado apenas estendeu sua mão em minha direção e disse, sem muito se importar com a clara tensão em minha expressão.

— "Yura, o bastão."

Sem entender muito bem o que ele pretendia fazer eu apenas obedeci confuso e me aproximei de sua posição, soltando o bastão do meu corpo e entregando-o em sua mão no que Ebraín sem nenhuma demora empunhou-o para o alto e em um único golpe esmurrou o que pareceu ser uma outra porta de alçapão sobre nós dois! Abrindo-a de uma só vez com aquela pancada, o que fez um grande punhado de areia cair sobre nós dois me obrigando a virar o meu rosto para longe da fraca luz do sol que finalmente voltou a preencher mais uma vez os nossos arredores -de uma forma até mais do que bem vinda!

— "Subam todos, vamos."

Ebraín ordenou sem sequer dar muita importância à areia que ele mal sacudiu de seu sobretudo. Atraindo os outros para perto de nós dois para todos conseguirmos avaliar a fácil altura a se precisar subir, mesmo que não houvesse escada alguma ali para nos ajudar naquela pequena escalada que não parecia ser pior do que subir pelos blocos que formavam a Escadaria -era possível, com o impulso certo.
Daquela maneira Damian então sem qualquer problema subiu pelo buraco antes de todos nós, logo estendendo a sua mão para ajudar a mim e Saret -mesmo que eu não precisasse tanto assim de ajuda, meu corpo podia estar um tanto cansado mas eu ainda era capaz de fazer algum esforço. Sendo ele indiferente porém à Gale, que precisou se virar só com a minha ajuda para conseguir subir sem poder depender muito de um braço, e logo em seguida, me ajudando Gale a também puxar Ebraín. Fechando ele o alçapão assim que alcançou o lado de fora, e cobrindo-o mais uma vez com a areia de um chão que parecia fazer parte de um pequeno e discreto beco entre alguns prédios velhos. Um lugar escondido e abandonado que eu não identificara de imediato, mas onde felizmente agora nos encontrávamos.


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