Black Desert escrita por Kallin


Capítulo 108
Os dois lados de uma única Verdade


Notas iniciais do capítulo

Ya-hooo! (・∀・)ノ
K-K dayo! Gente, eu estou perdidinha. Talvez alguém possa ter notado isso (e K.K. não sabe se é uma boa ela falar sobre, afinal, talvez ninguém tenha percebido também~ ( ̄。 ̄") ) mas eu me perdi completamente nas datas de postagem! σ( ̄、 ̄〃)
Eu sequer sei se pulei ou não uma semana por acidente! Só sei que meus instintos começaram a apitar dizendo "você fez besteira", mas se recusaram a ser mais claros comigo sobre o quê afinal eu fiz. ლ(ಠ_ಠ ლ)

Mas bem, acho que à partir do próximo mês eu vou começar a marcar no calendário as semanas com postagem, por segurança. (・・;)ゞ E por via das dúvidas, também vou tentar postar um capítulo extra para compensar já que K.K. fez um material grande nessas férias de julho! ᕕ( ᐛ )ᕗ
Não será exatamente agora (porque eu baguncei todo esse material na revisão do capítulo de hoje (ops...) ( ̄▽ ̄;) ), mas será em breve. ∑d(°∀°d)
Então é isso, eu só queria falar sobre isso com vocês e pedir uma desculpa pela minha desatenção (caso tenha acontecido mesmo). ┐( ̄ヮ ̄)┌
Obrigada pela constante paciência de jó de vocês, K.K. adora todos vocês por isso!
(´• ω •`) ♡ E tenham hoje uma boa leitura! Vamos juntos continuar sempre dando o nosso melhor até o fim! (๑˃ᴗ˂)ﻭ



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— "Yura, essa é uma afirmação muito séria que você está fazendo. Você tem certeza de que há um oráculo nessa cidade?"

Ebraín se inclinou sobre mim e colocou sua mão em meu ombro. Me olhando severamente com uma dificuldade em se deixar ser convencido, no que eu em resposta acabei afundando o meu corpo ainda mais naquela poltrona com receio de repetir aquelas palavras!
Balançando quietamente a minha cabeça em afirmação, até que enfim os seus olhos saíram de cima de mim e ele se afastou novamente em uma clara frustração que me pegou desprevenido.
"Então... ele também sabe sobre a existência dos oráculos!"
Eu o encarei surpreso, mas ao mesmo tempo confuso sobre como pôde até então aquele assunto jamais ter surgido entre nós dois -enquanto que ao mesmo tempo Ebraín tivera procurado me ensinar tudo o que ele sabia sobre os Skreas justamente para eu não ser pego desprevenido contra eles como eu acabei sendo!
Quero dizer, isso também era para ter sido importante não?! Afinal, ele claramente não está subestimando o que eu acabei de dizer! Só que antes mesmo que eu pudesse tentar questioná-lo, Ebraín tomou a minha frente e começou a me interrogar de uma forma muito sistemática.

— "... E essa oráculo chegou a ficar frente a frente com você?"
— "N-não. Ao menos... não hoje."

Diante da minha resposta evasiva, ele então bruscamente me encarou com um amargor em sua expressão entendendo muito facilmente aquilo que eu não quis falar palavra por palavra -que nós já havíamos nos encontrado SIM antes! Se segurando porém para não ter qualquer reação extrema -e incomum à sua forma de ser-, no que pensativamente Ebraín então admitiu com certa calma -porém um claro incômodo- o óbvio.

— "Hmm, então ela já sabe quem você é."
— "S-sim..."
— "E imagino que ela esteja atrás de você não?"
— "Sim... Quero dizer, sim mas eu não entendo o real motivo! Afinal, por quê aonde quer que eu vá, ela aparece!? E por quê ela está matando as pessoas pela cidade sem se importar!? Os Skreas não deviam de agir assim, pelo que você me ensinou!"
— "... Eu entendo a sua confusão, mas os Oráculos são assim mesmo Yura -eles funcionam de uma forma diferente. Desde que eu me lembro eu os via sendo capazes de tudo para conseguirem aquilo que queriam. E quem ficava no caminho deles -Skreas ou Humanos-, eram eliminados sem uma segunda consideração. Por isso o melhor teria sido se você tivesse se mantido afastado do caminho dela."
— "MAS ESSE É O PROBLEMA, EU NUNCA ENTREI NO CAMINHO DELA!! Então por quê ela não me deixa em paz!? E-eu sequer sei mais se ela apareceu naquele prédio por coincidência, ou porque eu também estava lá! E-eu... eu sequer sei mais se algo do que aconteceu foi culpa minha ou não... eu..."

Eu amparei meu rosto com uma de minhas mãos enquanto as palavras confusamente tentavam escapar de dentro de mim igual a um vendaval, arrastando todos os meus pensamentos junto como se a chance de desabafar os meus problemas para qualquer outro Humano agora fosse muito mais tentador do que a necessidade de ficar quieto sobre as coisas que estiveram presas dentro do meu peito até então! Encarando o canto do chão com uma angústia que já estava me remoendo faziam uns dias, enquanto que eu lutava para o meu peito não ser esmagado por um sentimento que eu sequer sabia se em fato tinha que me pertencer ou não -o sentimento da culpa pelo que aconteceu.
Só que antes que Ebraín -ou até mesmo Gale- pudessem sequer encontrar algo para me dizer sobre isso, foi a voz de Damian vinda ao longe que sem ninguém esperar cortou aquele clima pesado com uma frieza imparcial.

— "Eu já te disse que ela não apareceu lá por sua causa. Havia provavelmente algum outro Vessel naquele prédio que ela estava caçando, e você ter estado ali ou não não fez a menor diferença."

Meus olhos observaram Damian em reflexão, ao que a sua postura evasiva tentando não olhar diretamente para nós 3 do outro lado daquela sala me fez perceber quão pequeno estava sendo o seu desejo de continuar a se pronunciar daquela maneira. Fazendo com que as suas palavras ganhassem então ainda mais força dentro de mim, até que enfim elas abstraíssem quaisquer possibilidades de responsabilidade pelo que aconteceu de dentro da minha mente...
Porém, enquanto eu me sentia tranquilizar com a sua afirmação, Ebraín por outro lado pareceu se incomodar bastante ao ouvi-la.

— "Tsc, vejo que você já está ciente de que o Yura é um Vessel. Se é assim, não há mais então porque eu continuar tentando desviar desse inevitável assunto ..."

"'Que eu sou'-...? E-espera, do que Ebraín está falando!?"
Meus olhos subitamente saltaram para a sua figura em surpresa asism que eu o ouvi dizer aquilo! No que minha voz acabou sendo mais rápida do que até mesmo a minha noção de que eu não consegui esconder o meu choque!

— "Ebraín, do que você está falando? Vessels não existem!"
— "..."

Ebraín então voltou com seu olhar sóbrio e sério para a minha direção. Me encarando por um instante em silêncio, até que um longo suspiro escapou pela sua boca e ele enfim levou os seus dedos até a sua testa de uma forma incomodada porém pensativa.

— "Yura... Eu sinto que levei tanto tempo para decidir lhe falar sobre isso, mas acho que é hora de você enfim saber sobre tudo."
— "Ebraín...!?"
— "Tente compreender a razão do meu silêncio até então. Quando nos vimos pela primeira vez -naquela cidade de fronteira-, tudo que eu pude enxergar na hora foi um jovem convivendo em paz consigo mesmo sem saber sobre aquilo que ele realmente guardava dentro de si. Haaah, naquela hora eu perdi a minha coragem. Eu não podia estragar as suas chances de viver uma vida normal e sem medo... O tipo de vida que eu já vi tantos outros Vessels desejarem ter, sem sucesso. Eu não quis arruinar isso e, com o tempo... foi se tornando ainda mais difícil então para mim tomar essa decisão."

Ebraín tentou me olhar como se pedindo perdão por algo que eu sequer estava sendo capaz de assimilar. E-eu... Eu me senti perplexo com aquelas suas palavras. Olhando perdidamente para frente, para Gale que me encarava sem nada dizer, até que enfim eu pisquei algumas vezes e voltei com meus olhos para o chão.
"Eu... E-eu não... mas eu não sou. Isso não existe."
Minha cabeça então começou a doer como se uma mistura de vozes e momentos se digladiassem dentro dela! Afirmações da minha mãe, do meu povo, das pessoas na rua, de Rigur, de todos ao meu redor que pareciam estar certos sobre os Vessels não serem reais e-... E ao mesmo tempo essas palavras de Ebraín. As palavras de Damian. A Oráculo. Todos afirmando com uma naturalidade absurda aquilo que eu por outro lado ainda não conseguia.

Só que mesmo que eu não conseguisse afirmar as coisas com aquela mesma propriedade que eles, será que eu conseguia continuar a duvidar? Quero dizer, eu apenas havia engolido essa história até aqui porque para a Oráculo a minha opinião não iria nunca ser relevante. Eu apenas deixei Damian pensar o que ele quisesse, porque faze-lo mudar de ideia não iria me ajudar a ser salvo das garras daquela mulher -talvez até pelo contrário. Só que...
"Como eu posso porém questionar Ebraín? Como eu posso contestá-lo?... Como eu posso desafiar as suas certezas, se foram delas que eu sempre dependi para poder também criar as MINHAS próprias certezas!?"
E assim, enfim, as minhas certezas viraram dúvidas. E a minha teimosia, se desfez em uma poça turva incapaz de continuar a ser segurada pelas minhas duas mãos.
Eu perdi a minha capacidade de afrontar. E no que o silêncio me dominou por completo, foi a voz de Damian que então quebrou de forma inesperada aquele estranho clima com um tom brusco de reprovação para Ebraín.

— "Você está dizendo então que esse tempo todo você estava sabendo que ele era um Vessel, e mesmo assim o trouxe para a Citadela? Isso foi inconsequente."
— "Humph, pelo contrário. Não há monastérios ou oráculos aqui na Citadela, as chances que haviam dele ser descoberto sempre foram bem pequenas. Além do que os extermínios também já acabaram faz mais de 20 anos."
— "Mas ainda sim esse não deixa de ser um lugar perigoso para ele estar!"
— "E onde não seria perigoso? Yura precisava ser protegido das más intenções das pessoas, então traze-lo para cá e o esconder entre os Skreas foi a melhor decisão que eu pude tomar. Ou você pensa que é muito mais seguro para um Vessel viver fora destes muros onde Humanos não sabem se comprometer com as próprias leis? Pois se quiser, eu posso também gastar algumas horas lhe contando certas histórias que irão faze-lo mudar rapidamente de ideia."
— "..."

Damian enfim se calou não muito contente. Franzindo suas sobrancelhas e engolindo as suas palavras, antes de então desviar o seu olhar mais uma vez para o lado e cruzar os seus braços em um claro incômodo. Afinal, acho que nem com a sua aguçada mentalidade ele é também capaz de desafiar as atitudes lógicas de Ebraín.
E no que Gale e eu também nos abstemos de dizer qualquer outra coisa em relação a isso, Ebraín então se viu com toda a oportunidade possível para insistir em seus argumentos. Como se ele não pudesse rejeitar a chance de colocar tudo aquilo que ele guardou consigo por 5 anos, finalmente para fora.

— "E não pense também que eu tomei poucas precauções quanto a trazer o Yura aqui para dentro. Eu fiz promessas que não poderia quebrar, só para conseguir tirá-lo daquele lugar decadente! E uma delas era que eu não iria poupar esforços para proteger a sua vida. Afinal, eu não tenho o direito de falhar justamente com um Vessel primário!"
— "Vessel... primário?"

Eu balbuciei sem perceber aquelas palavras, procurando sem sucesso na minha mente qualquer tipo de familiaridade com aquele termo. E me intrigando pela seriedade com a qual Ebraín falara aquela palavra, porém igualmente confuso -e assustado- por aquilo aparentemente dizer muito ao meu respeito sem que eu sequer pudesse entender do que se tratava!

— "Sim, você é um Vessel primário Yura."
— "M-mas o quê é...? Tsc, e porque de repente eu passei a ser todas essas coisas de uma vez só!? Porque vocês todos decidiram que agora vão-...!?"
— "Já chega Yura. Não dá mais para você continuar agindo como uma criança. Há uma Oráculo nessa cidade que já sabe sobre você, e um Skrea estava te acompanhando sem que você tivesse a menor ideia do que a sua existência realmente está significando para eles dois. Essa é a hora para você deixar de ser orgulhoso e me escutar com muita atenção, porque a sua vida vai ter que começar a depender de você se permitir familiarizar com tudo isso."
— "Tsc...!"
— "Me diga, você já tinha algum conhecimento sobre a história original da criação dos Vessels não é mesmo?"
— "Sim... A minha mãe me contou algumas vezes sobre isso quando eu era criança. Mas ela sempre me disse que tudo não passava de uma invenção dos Skreas."
— "Entendo. Então me permita citar a versão dos antigos escritos, eu prefiro que você também passe a conhecê-la."
— "..."
— "De acordo com estes textos, após Grivah ter sido destruída a sua energia imortal se espalhou pelo mundo como vários raios de um arco-íris rompendo os céus em todas as direções possíveis. Igual aos fios de uma tapeçaria se desfazendo, cada um daqueles raios se soltaram uns dos outros carregando um fragmento de sua essência divina. Alguns menores apenas com uma fração dos seus poderes divinos, e outros maiores contendo junto também a essência dos sentimentos que jamais poderiam vir a ser destruídos. Pairando eles sobre o mundo a esmo, em busca de um novo recipiente físico para poder voltar a contê-los e transmiti-los."
— "E aí nasceram os Feiticeiros e os Vessels."
— "Sim. Como imãs, essas energias foram atraídas até os corpos puros dos Humanos que não haviam ainda nascido. Fazendo-os se desenvolver de uma forma especial que lhes permitissem suportar essas energias como seus novos recipientes e, com isso, dando início a esses dois grupos de pessoas dentro da nossa raça."
— "Como muitos dizem, 'e essa então foi a maldição com a qual Grivah nos abençoou antes da sua morte'."
— "Sim... Alguns dizem isso realmente. Mas eu prefiro um pouco mais a ideia de que a sua energia na realidade apenas foi atraída até nós por acidente, porque sem Grivah, passamos a ser os seres físicos existentes mais próximos da sua polaridade."
— "Tsc, mas do que importa também discutir essa lenda?... Para mim ela nunca vai deixar de ser isso, uma lenda. Uma lenda que os Skreas inventaram só para poder fazerem o que quisessem conosco sem que pudéssemos questionar!"
— "E você realmente acredita nisso Yura? Que ELES foram os que precisaram inventar uma desculpa para nos atacar sem terem um motivo? Você realmente acredita que eles perderiam seu tempo inventando algo? E você acredita também que Skreas saberiam agir sem terem um motivo? Ou será que a raça que esteve mentindo esse tempo todo para você não seria na verdade a única que realmente depende das mentiras para poder sobreviver? Para se proteger? Para conseguir encontrar as forças necessárias para conseguir lidar com esse mundo que Grivah abandonou em nossas mãos?"
— "E-eu..."

Minhas palavras me escapavam à medida que os argumentos de Ebraín se empilhavam sobre os meus ombros. Me incapacitando de conseguir olhar para ele, no que eu fiquei tentando buscar com os meus olhos quaisquer outros argumentos sem sequer ter a chance de pensar decentemente.
"Eu-... eu não. Eu não tenho como."
Enfim minha cabeça então se abaixou cedendo ao peso de tudo aquilo. Sem ser capaz de negar que ele estava certo, e que eu é que sempre estive errado... Skreas não mentiam. Skreas não agiam sem uma boa razão. E se eu ousasse dizer que sim, se eu ousasse desafiar aquela verdade, então eu também iria junto acabar desafiando tudo aquilo que tanto me trazia segurança em Damian -a certeza de que eu podia confiar nele.
E assim os meus ombros enfim caíram, e meus olhos se fecharam com muita força. Cobrindo meu rosto com as minhas mãos, no que eu enfim me vi obrigado a abrir mão da minha insistência e admitir. Vessels não tem como não serem em um mínimo reais. E eu não posso também ficar fugindo mais dessa verdade.

— "Você finalmente entende então... não é, Yura?"

A voz de Ebraín mansamente tentou me alcançar, ao que sua mão pousou sobre meu ombro compassivamente. Não tendo ele uma resposta melhor do que o balançar constrangido da minha cabeça, para lhe dar a deixa que ele queria em prosseguir com a sua explicação.

— "Os Skreas jamais inventaram os Vessels. Mas eles foram os primeiros a notarem que eles existiam, por terem sido os primeiros a questionarem o porquê dos sentimentos -após a morte de Grivah- terem ficado ainda mais intensos dentro de nós."
— "..."
— "E foi aí que eles começaram a entrar em desespero. Vendo que não importava quantas vezes eles pudessem matar Grivah, quantas vezes eles pudessem nos matar, nossos sentimentos jamais iriam ser extinguidos junto. Afinal, quando um Vessel morre essa energia imortal de Grivah apenas se desprende de seu hospedeiro e passa para um novo corpo que nascerá e continuará a propagá-lo pelo mundo -como sendo o seu próximo Vessel. Em um ciclo eterno e incapaz de ser rompido."
— "Mas... se eles sabem que não dá para destruir isso, então porquê ainda sim houveram os extermínios então?"
— "Bem... Os extermínios... os extermínios foram a consequência do desespero deles, quando enfim se deram conta disso."

A voz de Ebraín foi se perdendo gradualmente como se buscando um pensamento -ou uma memória- longínqua. Possivelmente se lembrando de alguma coisa que tivera vivenciado naquela época, antes de por fim voltar a me olhar com um olhar estranhamente condescendente que eu por outro lado não apreciei -afinal, eu era sim um sobrevivente dos extermínios. Mas eu não queria receber qualquer compaixão dos outros pela sorte que apenas eu tive. Não... não havia orgulho algum em mim por ter feito parte de um passado completamente banhado pelo sangue de tantos inocentes. E igualmente, o menor desejo que as pessoas também me olhassem daquela maneira afinal, sempre que o faziam, por alguma razão eu me sentia notar igualmente um oculto julgamento por parte delas.
Só que antes que eu pudesse criar a certeza de que ele me dera aquela expressão compassiva por conta daquilo, suas palavras por outro lado me desafiaram na mesma hora a repensar sua real motivação.

— "Veja... Um sentimento em fato não pode ser destruído, mas ele pode ser enfraquecido."
— "Enfraquecido?... (Porque eu sinto que já ouvi sobre isso antes?)"
— "Sim... Inicialmente os Skreas não tinham essa certeza, mas gradualmente eles passaram a entender que a intensidade dos sentimentos no mundo dependiam deles terem um canal físico para poder nos alcançarem, já que a energia de Grivah sozinha não teria a força necessária para influenciar a nossa densidade. Igual à água que não impacta a pedra, por ser menos densa do que ela. A água pode acertá-la, mas pouco isso significará para a pedra se ela não estiver dentro de algo tão denso quanto uma rocha..."
— "Então a energia de Grivah de fato só nos afeta porque ela está dentro de um recipiente físico..."
— "Correção, ela só nos afeta COM FORÇA, porque está em um recipiente físico. E quando paramos para ler alguns textos antigos, tudo passa a fazer ainda mais sentido. Afinal, Grivah também era dita ter um corpo físico para poder romper as dimensões do imaterial e nos alcançar com a sua presença. E quando ela foi 'morta', foi o seu corpo físico que foi destruído. Fazendo assim a sua energia logo após buscar então novos recipientes porque ela dependia disso para continuar presente entre nós."
— "... Mas, ainda sim que diferença faz para os Skreas nos caçarem se a energia de Grivah vai continuar voltando na forma de outro Vessel?"
— "Bem, acontece que existe um espaço de tempo antes da energia dela conseguir se reestabelecer em uma nova pessoa. E nesse período então, o sentimento em questão fica enfraquecido dentro de todos nós por perder o seu canal com o mundo físico..."

Meus olhos se voltaram mais uma vez para o chão pensativamente. 'Ficar sem sentir direito algum sentimento por um tempo'... algo me dizia que eu já havia realmente ouvido aquilo em algum lugar. Só que eu sinto nunca ter parado antes para levar isso a sério, ou pensar que uma coisa dessas pudesse mesmo acontecer. Porém se essa era em fato a verdade, então isso significava que-...!!
Que é só por isso então que os Skreas nos caçaram por anos? Que é só por isso que a Oráculo estava tentando me pegar? Que só por isso que todas aquelas pessoas, e Minka, morreram hoje!? Só por isso!?
"É SÓ POR CAUSA DESSA PORCARIA DE MOTIVO QUE QUE TODOS FORAM-...!?"

— "Ebraín! Você está então me dizendo que  foi só por isso que eles exterminaram toda a minha geração!? Tudo isso, só para ficarem alguns dias sem sentir uma porcaria de sentimento!?"
— "Haah... Se acalme Yura. Não adianta se exaltar agora, adianta? (E na realidade seriam alguns meses, quase um ano.)"
— "M-mas!! Isso não tem desculpa! A vida de ninguém merece significar menos do que isso!"
— "Eu concordo Yura. E até mesmo os Skreas passaram também a concordar, quando enfim eles perceberam os erros que cometeram nos extermínios. Quando enfim eles entenderam que matar centenas jamais iria compensar o risco de por uma segunda vez um Vessel conseguir escapar deles com vida."
— "Tsc, do que você está falando?"
— "Ah, essa é só uma teoria minha, claro. Mas eu sinto que o grande extermínio que eles fizeram nos Desertos Profundos foi todo em vão, porque nunca conseguiram de fato achar o Vessel que estavam procurando."
— "E porque você acha isso...?"
— "Bem... você está vivo, não está?"
— "!!"


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