O cara da sala ao lado escrita por choosefeelpeace


Capítulo 22
Capítulo 21




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Dessa vez, havia feito as coisas sob às devidas autorizações e o site de Kyle tinha acessos de todas as partes do país! Era inacreditável como estavam se esforçando para encontrar a nossa garota.

No entanto, nada estava acontecendo.

Passei dias e dias fixada ao telefone da Glam, assim como Ryan checava seu celular à cada minuto e Kyle lia todas as mensagens em seu site.

Éramos um bom time. Em paz. Focados. Sem ego.

A revista havia se tornado um mini departamento de polícia e eu me acostumava com isso. 

Exceto Roger, que queria arrancar o punhado de cabelo que lhe restava.

— Os dias estão correndo, Pierce. É bom encontrar a garota quanto antes. 

Sua mão bateu na minha mesa, me fazendo dar um pulinho. Justamente quando meu celular vibrou na minha mão embaixo da mesa e o derrubei com o susto todo.

Sou um desastre total.

Rachel:
Jantar, às 20h na minha casa! Nem pense em se livrar disso. PS: traga o Ryan

Anna:
Não sei se posso... Nem sei se tem clima, precisamos vigiar o telefone, Rach

Rachel:
Vocês vão precisar jantar em algum momento, então por que não? Vamos, Anna! Audrey e Jonas confirmaram

Anna:
Eu vou, não prometo sobre ele, mas nos vemos mais tarde, beijos

Ela tinha razão.

Ainda não havíamos conseguido nada e nenhuma garantia estava no menu. Comíamos mal e rápido. E podia ouvir como ele dormia mal do outro lado da parede.

Foi então que, depois de me lembrar de todas essas coisas, resolvi fazer o convite.

— Oi! — Bati em sua porta semiaberta e sorri. — Ocupado?

— Para você? Nunca. — Sorriu de volta. Seus olhos estavam pequenos, ele estava cansado.

— Rachel me convidou para jantar essa noite e disse que você deveria me acompanhar. — Coloquei o cabelo atrás da orelha, sem jeito. — Sei que não temos humor, mas ela insiste que devemos fazer uma refeição boa.

— Peter me ligou. — Ele deu uma risadinha. — O que posso dizer? Meu amigo vai conhecer um cara novo e ficar naquele clima enquanto minha garota precisa da minha companhia. Acho que está na hora do Superman voltar à resgatar vocês.

— Sua garota, Superman? — Não consegui manter o contato visual por um longo tempo. Senti meu rosto corar.

— Seline não está mais por perto. Eu disse para ela que não iria além, que o evento era nossa última vez e... Quando ela viu as fotos da Mary, me chamou de psicopata e me bloqueou. — Segurou o riso. — Alguém entende o motivo?

— Não faço ideia. — Ri e passei os dedos pelo seu topete. Estava alta perto do grande homem sentado. — Então nos vemos às 20?

— Nos vemos assim que eu passar para ir embora. Ou acha que a senhorita vai andar desprotegida? — Acariciou minha cintura e se levantou em seguida, se aproximando de mim.

— O Superman parece disposto para trabalhar, hoje. — Sorri enquanto minhas mãos caíram para o seu peitoral.

— Ah, ele está sim. Com disposição para mais coisas, também.

— É mesmo? Como o que?

Ryan curvou seu corpo para me beijar e suas mãos seguravam firmes na minha cintura, como se tivesse medo de que eu fugisse.

A porta abriu de repente.

Alex.

— Essa Glam está cada vez mais maluca mesmo! Continuem, quero ver se tem química.

— O que quer? — Ryan jogou um rolo de fotos nele.

Eu gargalhei e Alex desviou.

— Violência é demissão por justa causa, os dois podem passar na minha sala depois. — Brincou. — Umas modelos chegaram para fotografias de anúncios. Sem Seline, pode ir sem medo.

— Se é assim... — Respirou aliviado e me olhou. — Te vejo depois?

— Com certeza.

Beijou minha testa e deixou a sala. À medida que me recuperava das borboletas no estômago, ouvia Alex afinar a voz.

— Com certeza.

— Se eu encontrar o que ele jogou em você, jogo de novo! — Ri. — Vamos trabalhar.

•••

A música baixa embalava nossa noite no apartamento gigante de Rachel e Peter. Dessa vez, optamos por algo mais íntimo, ao invés de ocupar a parte exterior do prédio, para que tivéssemos maior proximidade.

Ver Audrey e Rachel era a conexão incrível entre a minha adolescência e a vida adulta. Elas sabiam tudo sobre mim.

E quando dizia tudo...

— Então agora vocês namoram? — Rachel iniciou a conversa enquanto arrumávamos os pratos na cozinha.

— Sabia que ela iria direto ao ponto. — Audrey riu.

— Não sei, meninas. Quer dizer, não houve pedidos, só estamos bem. — Meu rosto queimava.

— Eu demorei à saber com Peter, também. — Rachel secou as mãos em um pano com as iniciais do casal. — O rótulo não importa, mas sim o que vem de dentro. A decisão de estarem juntos e se escolherem a cada dia.

— Quando Rachel ficou romântica assim? — Audrey desconfiou.

— Foi o escritor. Tenho certeza. — Ri com elas. — Como não sei essa pergunta, quando descobrir, conto para vocês.

— Contar o que? — Ryan entrou e acariciou meus braços, erguendo as mãos em seguida. — Precisam de ajuda, meninas?

— Pode levar uma dessas travessas, cunhado. — Rachel sorriu. 

— Contar... O que vocês estão tendo. — Audrey respondeu e todos a olhamos. — O que? Eu preciso de inspiração com romances e vocês tem uma história linda! Quero ver como isso caminha.

— O que nós temos? — Ryan riu e olhou para cima. — Temos o que Anna quiser e estiver disposta à ter. Não tenho pressa. Ela sumiu por meses, depois a encontrei, ela deu um jeito de sumir do meu quarto e tentou até sumir da minha vida, mas como podem ver, não é assim que funciona entre nós. É para ser.

Elas suspiraram românticas e meu sorriso estampava a felicidade. Ele nos havia definido. Era para ser. Era e deveria ser.

Eu o queria, o amava.

Não era o momento para dizermos além disso, então deixei que ele fizesse o que Rachel pedisse enquanto eu pegava outra travessa para dispor na mesa.

Antes de ir, Rachel tocou minhas costas e sussurrou.

— Era para ser, desde a primeira vez, então deixa ser e vê no que dá. É hora de ser feliz.

Em comparação ao momento, podíamos ser tudo, menos felizes, mas, pelo menos estávamos juntos e passaríamos por tudo assim. Juntos.

A comida era a melhor possível. Rachel tinha as mãos boas para isso, agora e a comida de Audrey era imbatível. Realmente não sei se há algo que ela não saiba fazer.

Peter estava divertido. Ele fazia difícil não gostar dele. Um bom pai, marido e, sem duvida, o melhor amigo de Ryan.

E Ryan. Podia ver sua preocupação como uma sombra, mas ele precisava de um jantar assim, onde se sentisse útil e querido. Minhas amigas derramavam elogios que o faziam sorrir e os garotos conversavam sobre a temporada de futebol que parecia empolgante.

— E, então, o que você faz? — Peter perguntou para Jonas após o jantar.

— Além de desembalar todas as caixas da mudança? — Ele deu um sorriso cansado. — Nada, no momento.

— É New York, um lugar cheio de oportunidades. Isso muda logo. — Ryan respondeu.

— Na verdade... — Jonas começou, mas pareceu imenso em seus pensamentos o suficiente para não responder.

— Jonas era jogador de baseball profissional. Estava indo para a primeira liga quando teve uma lesão há um ano e meio. — Audrey disse, fazendo carinho em seu joelho, provavelmente nos indicando o local.

— Desde então eu fico em casa fazendo comida enquanto ela vai trabalhar. — Respondeu, com ironia.

— Você pode encontrar um hobby ou algo novo para trabalhar por aqui. — Peter indicou. — Essa cidade é feita para nos descobrirmos de verdade e tenho certeza que você vai encontrar um plano B.

— Peter sabe o que diz! — Rachel brincou. — Ele mudou a vida toda para ser escritor.

Jonas não parecia tão convencido, mas a conversa continuava entre todos dividindo a própria experiencia e novas historias.

Algo em Audrey e Jonas não estava bem, eu podia sentir, mesmo que ela parecesse ter se esforçado naquele momento.

Talvez a lesão tivesse sido um problema entre eles. Ele teve a carreira interrompida abruptamente, mas, ainda assim, era um motivo para que eles estivessem mal? Audrey não tinha culpa.

Talvez eu estivesse fantasiando. Ultimamente tenho visto como as coisas nem sempre dão certo que no primeiro sinal, fico alerta. Eles acabaram de se mudar. Juntos!

Eu só precisava relaxar. Audrey diria se precisasse de alguma coisa.

•••

— A vista daqui é linda. — Disse Ryan, sentado no muro da sacada.

— É linda, mas tenho medo de você sentado aí. — Cruzei os braços, me aproximando.

— Nada mais pode me acontecer! — Ele abriu os braços. — Tenho você. E coisas ruins aconteceram demais na minha vida antes disso.

— Ryan...

— Você é sempre tão cuidadosa e protetora. — Ele riu e desceu do muro. — Sei o que vai dizer, que coisas piores podem acontecer o tempo todo.

— Eu acho que estou paranoica sobre isso, agora. — Encostei o rosto em seu peito quando fui abraçada.

— Diz isso por Audrey e Jonas também? Vi sua expressão.

— Foi tão visível? — Levantei o olhar, com vergonha.

— Não. Digamos que eu te olho bastante para entender. — Riu de si mesmo.

— É só que... Eles acabaram de se mudar. — Eu disse baixo.

— Sim, justamente por isso pode ser que tenham se mudado, para tentar outra vez. — Colocou meu cabelo atrás da orelha, me dando um longo olhar.

— Você tem razão, mas... O que esse olhar significa? Não sou tão boa como você, ainda.

— Que você é linda. E não consigo parar de te olhar. E agora você vai corar porque foi elogiada. — Sorriu.

E ele tinha razão. Minhas bochechas estavam quentes como duas brasas e não pude evitar. Nunca fora acostumada à ser elogiada. Ouvir isso vindo dele me fazia flutuar.

Ryan me pegou de surpresa quando tocou meu rosto e se curvou para me beijar. Nossos narizes se tocaram antes e pude sentir seu hálito quente.

— Não acredito que vou ter que atrapalhar esse momento... — Rachel pigarreou, mais corada do que eu. — É hora de cortar o bolo.

— Sim, hum, está tarde! — Respondi enquanto acenava. — Vamos.

— Ninguém quer deixar eu te beijar hoje. — Ryan disse baixo enquanto entravamos.

Nós rimos antes de nos aproximar da mesa. Era verdade, por mais que os dois quisessem, um beijo parecia impossível. Era sempre assim conosco, então precisávamos de uma paciência redobrada.

O bolo era lindo e retangular, de chocolate e uma camada externa tão generosa que eu tinha certeza que era Nutella. Jonas era o aniversariante da vez, coisa que só descobrimos em cima da hora, quando Audrey chegou com o bolo. Jonas não queria um grande alarde sobre o seu dia, mas ela decidira aproveitar a reunião para aproximar à todos dessa forma.

A pequena Lola foi dormir e apesar da música em um volume mais baixo, todos decidiram dançar. Em casal, em grupos ou invertendo os pares.

— E, então... — Peter começou enquanto nos movíamos com uma música desconhecida para mim. — Qual suas intenções com o meu amigo?

— As melhores possíveis! — Ri, me segurando em seus ombros. 

— Toda pessoa sem boas intenções diz essa mesma frase, sabia? — Brincou.

— Aposto que a segunda frase dessas pessoas é "Trago sua filha antes das dez da noite, senhor".

— É isso mesmo, eu não estava errado sobre você. — Piscou. — Agora, brincadeiras à parte... Como vai o caso da Mary?

— Nada novo. — Olhei para o Ryan, disfarçadamente. — Toda hora uma pista falsa ou nada interessante. Não sei o que pensar.

— A primeira pessoa que quis convidar para hoje foi ele. Ryan precisa se distrair. Na época foi tudo bem feio, ele ficou paranoico e se culpando, não quero que tudo volte.

Confirmei com a cabeça, agora também sentindo culpa por tudo ter acontecido dessa maneira, mas não pude dizer nada demais. Rachel e Ryan estavam vindo para trocar os pares.

— Posso? — Ryan estendeu a mão para mim e olhou Peter.

— Vou pensar. — Ele respondeu antes de me soltar.

Troquei de lugar com Rachel e me senti no meu lugar quando a mão de Ryan segurou na minha cintura. Repousei o rosto ao lado do seu e fechei os olhos. A música estava lenta demais.

— Finalmente temos nosso momento. — Ele riu, acariciando a mão que segurava.

— Eu acho. — Sorri.

— Então será que posso te beij... — Escutou meu celular e olhou meu bolso, sabendo a resposta.

— Um segundo. — Fiz o gesto com o dedo antes de me afastar. — Alô?

— Pierce? Roger, seu chefe. Quero você na Glam, agora. Nem deveria ter saído.

— São... — Olhei no relógio. — Quase meia noite. Não é o meu horário de trabalho.

— Não faz diferença. Recebemos uma ligação de uma senhora, contou uma história. Nossa equipe e a da polícia estão concluindo, mas parece verídico.

— Então temos uma pista?

— Pelo que vi e ouvi, não temos uma pista... Achamos a garota, Pierce.

Meu coração acelerou mais do que nunca com a voz do meu chefe, mas dessa vez não era medo e sim emoção.

Olhei para trás, encontrando o olhar de Ryan e fiz um gesto positivo com a cabeça.

Ele sabia o que significava. Ele me conhecia.


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