Bells of Notre-Dame escrita por Elvish Song


Capítulo 17
No Pátio dos Milagres


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Desculpem pelo sumiço, mas eu realmente não sei nem como tenho tido tempo de comer, com o tanto de coisas na faculdade. rs. Ainda assim, aqui está mais um capítulo; espero que gostem!



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— Esmeralda – Miro chamou a moça, que costurava um vestido sentada na “varanda” de sua kampína. Surpresa, uma vez que não se falavam após a briga de dias atrás, envolvendo Aaron, ela largou o que fazia e foi até o “esposo”.

— Resolveu voltar a me dirigir a palavra, Miro? – perguntou, surpresa – por quê?

— Ficarmos brigados e sem nos falarmos não irá resolver nossos problemas. – disse ele – posso entrar?

— Acho que é uma pergunta retórica, uma vez que você é meu marido – ela deu de ombros e entrou, permitindo que o cigano também o fizesse. Sentaram-se em duas banquetas, e então o rapaz começou:

— Sei que ele virá aqui, hoje... – a vontade de Esmeralda era dar respostas afiadas, confrontar Miro, extravasar a raiva e frustração ante a possibilidade de tudo dar errado naquela noite, mas sabia que seria errado atacar a única pessoa que não a estava olhando atravessado naquele dia.

— Sim. Ele virá. Mas...

— Só me deixe falar, Esme, por favor. – ele se aproximou e acariciou os cabelos dela – sabe que somos casados, pela nossa lei. Então, o que fazemos ou deixamos de fazer já não é da conta de mais ninguém...

Ela olhou fundo nos olhos do amigo, e viu ali uma dor guardada; um ferimento fundo e doído, do tipo que se carrega por toda uma vida. Ah, pela Mãe Terra, desde quando ele guardaria aquela dor? Há quanto tempo estaria sofrendo, e ela, cega de raiva por seu “marido” e de amores por Aaron, deixara de perceber? Mas sabia muito bem que tipo de sofrimento era...

 - Quem é ela, Miro? – perguntou enfim. O moço esboçou um sorriso triste, e brincou:

— Tinha certeza de que você ia adivinhar o que está havendo... – ele esfregou a nuca – em resposta, só posso dizer que ela não é cigana. É filha de um homem rico, uma pérola alva de delicadeza e beleza...

— E ela lhe corresponde?

— Está disposta a fugir comigo – riu-se ele – imagino que, para uma menina de quatorze anos, nossa vida deva parecer romântica, cheia de aventuras... Ela parece crer que eu sou, nas palavras dela, um cavaleiro de armadura prateada. Logo se vê que nada sabe da vida, já que tais “cavaleiros” costumam ser aqueles que mais se comprazem em maltratar os menos afortunados e cometer injustiças... – ele suspirou – mas sim, ela me corresponde. Porém, existe um abismo intransponível entre nós.

— Miro, nós partiremos na primavera! Você pode levá-la consigo! Anulemos esse casamento, que todos sabem não ter sido consumado, e você estará livre para tê-la consigo!

— Não vou arrastar uma menina que cresceu em meio a mimos e riquezas para a vida que vivemos, Esmeralda. – ao contrário de Esmeralda, que amava a vida cigana e a liberdade que esta trazia, por mais que viesse acompanhada de labutas, dissabores e dificuldades, Miro sonhava com uma vida normal, com não ser alvo de olhares acusadores, com ter um lugar para chamar de seu. – Ela merece mais do que isso. – ele suspirou, e era óbvio para qualquer um que se tratava de um homem profundamente apaixonado – mas não é sobre isso que eu queria falar...

— Miro... – Esmeralda queria ajudar o amigo, mas ele a interpelou:

— Sei o que é ser separado de quem se ama, Esmeralda. Entendo sua dor e, mesmo não gostando da pessoa por quem se apaixonou... Quero que ao menos um de nós possa ser um pouco feliz.

— O que está querendo dizer?

— Nós dois sabemos que você é sinuosa como uma cobra, quando quer, e vai dobrar a Kris como se fosse uma brincadeira. – ela não estava tão certa disso, mas ficou feliz com a confiança de Miro – o que lhe dá quatro meses para conviver com a pessoa que ama, Esme. – ele acariciou o rosto da cigana – quatro meses, para o resto de sua vida. Não desperdice isso. Viva o que tiver de viver, experimente o que puder experimentar. Seja feliz com ele, ao menos por esse inverno.

A moça teve seus olhos marejados de lágrimas, e abraçou o amigo de infância:

— Ah, Miro! Eu queria poder ajuda-lo de algum modo!

— Ajude-me sendo feliz. – ele beijou sua fronte – eu te amo, Esme. Não como um homem ama sua mulher, mas não é menos real por isso. E se eu puder ver seu rosto feliz, então já será uma grande alegria. – ele mordeu os lábios – se quiser ter um filho dele, saiba que eu assumirei a criança e a criarei como minha. Aceitarei toda e qualquer escolha que faça, Esmeralda, como sei que aceitaria as minhas, se eu me decidisse por essa jovem pela qual me apaixonei.

Lágrimas de emoção afloraram nos olhos de Esmeralda, que lançou os braços subitamente ao redor do pescoço de seu amigo:

— Eu te amo, Miro! Eu te amo, meu irmão... Obrigada! – Ele retribuiu o abraço com força, e respondeu:

— Eu também te amo, Esme. E por isso quero ver você feliz, mesmo que por pouco tempo. – o rapaz acariciou seu rosto – está escurecendo, e a Kris vai se reunir... É melhor se aprontar.

— Sim, claro. – ela ia entrar em sua kampína quando se voltou para o “marido” – Miro... Obrigada. Mesmo.

Ele não disse nada: apenas deu um sorriso triste, que encheu Esmeralda de determinação quanto a encontrar uma solução para as dores de seu amigo. No momento, porém, precisaria manter a cabeça no lugar para conseguir bons resultados na audiência com a Kris. Ela não mantinha falsas ilusões de que fosse ser apenas uma arguição... Era um julgamento. Um julgamento que determinaria se Aaron viveria ou morreria. Pois mesmo que Clopin houvesse prometido a segurança do homem no Pátio, ela sabia que a morte trataria de encontrar logo o organista, caso a decisão final lhe fosse desfavorável. Uma morte rápida e invisível, no meio da noite, quando ele menos esperasse. Por isso não havia a alternativa de perder: tinha de convencer os demais, pela vida do homem a quem amava.

*

Aaron estava sentado de frente para um semicírculo de ciganos com expressões nem um pouco amistosas; também, pudera! A reputação d’A Sombra não era a melhor, em Paris e nas cercanias, especialmente para aqueles que mais motivos tinham para temer.

— Você é aquele a quem chamam A Sombra. – declarou Clopin, em pé junto ao fogo; seria uma figura intimidadora para qualquer um, mas Aaron já vira coisas horríveis demais para se intimidar com a simples perspectiva da morte. Estava ali por Esmeralda e, se fosse o preço, morreria por ela. Não era como se sua vida tivesse um grande valor para alguém, além da jovem cigana que se sentava junto aos demais, aguardando sua vez de falar.

— Esta é uma alcunha que não uso mais – esclareceu o mascarado, com serenidade e firmeza na voz. Retórica, dialética, oratória... Estudara bem demais as artes das palavras, e estava muito tranquilo – Meu nome é Aaron.

— Tem alguma ideia de por que está aqui, Gadjon? – perguntou Diogo, firme.

— Perfeitamente: devido a meu envolvimento com Esmeralda. E, é claro, aos crimes que já cometi contra os seus, o que torna tal situação, a seus olhos, confusa e completamente reprovável. – ele se empertigou, muito digno, mas ainda humilde – não nego as culpas que me atribuam, nem imagino se há alguma desculpa possível para os atos que cometi, mas peço que me permitam declarar um único fato em meu favor: jamais agi contra seu povo de modo pessoal. Quaisquer atrocidades que eu tenha cometido, foram por ordem única e exclusiva daqueles a quem eu servia.

— E não serve mais? – o olhar de Clopin era ameaçador e cínico.

— Por minha honra, minha vida, e pela Graça de Nosso Senhor, juro que não. – ele lançou um breve olhar para Esmeralda, sentada sobre os calcanhares ao lado de Alba – conheci alguém que me mostrou meus erros, e fez ver que o mundo era muito mais do que jamais pensei.

— Deixe-me ver se entendi corretamente – começou Tarim, levantando-se e indo até diante do homem julgado – você diz em alto e bom tom que se envolveu com uma mulher casada de nosso povo, o qual muito já sofreu sob o jugo de sua laia, e agora vem até diante de nós?

— Se aqui venho é porque fui chamado. – ele olhou para o punhal que o cigano tinha na cintura, e continuou – não nego que estou apaixonado por Esmeralda. Não nego que sou um assassino, que trabalhei para a Inquisição e fui homem da confiança de Frollo. Sou o que poderia haver de pior, para vocês, e todos aqui sabem que este julgamento, se me for favorável, apenas deixará as coisas como estão. E se não for, aparecerei morto, mais dia, menos dia, e será merecido que o aconteça. – ele desatou o colete e abriu a camisa – ofereço meu peito ao seu punhal, se considerarem que da morte sou merecedor.

A atitude dele espantou a todos, que decididamente não imaginavam que o temido Sombra fosse se colocar daquele modo vulnerável àqueles aos quais perseguira... Esmeralda baixou o olhar, rezando para ele não fazer nenhuma tolice, e foi nesse instante que Sarah, a mais velha das mulheres do clã, levantou-se e começou a caminhar ao redor de Aaron; seu olhar negro tinha o dom de ver a alma das pessoas, e quando ela parou diante do organista e fitou profundamente seus olhos dourados, declarou:

— Interessante... Você é um homem perturbado, dividido entre o passado e o presente. Olho para suas mãos e vejo sangue, mas em seu olhar não há gosto por ele. Ainda assim, é o olhar de um assassino. E um assassino que tirou uma vida, hoje pela manhã.

Todos se espantaram e o fuzilaram com os olhos; o gadjon, porém, não deixou transparecer sua apreensão:

— Sim, eu matei um homem. Um soldado que não apenas tentou violar Esmeralda, mas que a teria entregado à Inquisição como bruxa, depois que ela se defendeu e o feriu.

Os olhares se voltaram para a jovem, que ruborizou: não havia contado sobre a tentativa de estupro a ninguém!

— O que ele diz é verdade, Esmeralda? – perguntou Clopin.

— Cada palavra. – ela se levantou, e decidiu falar em defesa daquele a quem amava – tudo o que Aaron disse aqui é verdade: ele foi um assassino, um homem da Inquisição, e chegou mesmo a tentar me levar prisioneira. Mas isso está no passado: quando o juiz eclesiástico Claudius Frollo me ameaçou, foi Aaron quem se colocou entre nós. Quando o soldado disse que me denunciaria por bruxaria quando o envenenei, Aaron o matou. – ela suspirou – julguem-me como quiserem: adúltera, traidora de nosso povo... Mas juro pelo ar que respiro que o homem diante de vocês não merece a morte. A Sombra não existe mais, e Aaron, o homem, jamais cometeu ato algum contra nossa gente.

Tarim se adiantou até ficar diante de sua sobrinha – sim, ele era irmão do falecido pai da cigana – e a encarou com enorme raiva:

— Você mancha nossa honra e reputação defendendo esse assassino e criminoso? Desceu à vileza de assumir diante de todos que trai seu marido com esse gadjon, virando as costas a todos os nossos costumes e tradições? – ele deu um tapa no rosto da menina – você é uma vergonha para nosso clã!

O tapa gerou uma pequena confusão, pois Clopin agarrou firmemente o pulso do primo e o torceu para trás com facilidade enquanto rosnava:

— Toque nela outra vez, e quebro seu braço. – uma enorme tensão permeava o ar quanto Tarim se sentou, e Clopin fitou o casal diante de si – eu sei, por meio das visões de Alba, que este homem tem protegido Esmeralda. Mas gostaria muito de saber como tudo veio a ocorrer. – ele ficou frente a frente com Aaron – e acredite, gadjon: eu saberei se mentir.

Sempre impassível, Aaron relatou tudo quanto se transcorrera desde que pusera os olhos em Esmeralda pela primeira vez; e o relato dele seguiu fielmente ao que o líder do clã escutara de sua tutelada, dias antes. As palavras do filho da Igreja, porém, eram polidas por um verniz de excelente escolha dos termos, que evitavam más interpretações e evitavam qualquer ideia errada acerca do tipo de envolvimento que ocorrera entre ele e a jovem. Também procurou deixar bem claro o tipo de intenção que Frollo nutria em relação à menina, e manter nas entrelinhas a declaração de que apenas o fato de a jovem estar sempre próxima a ele impedira que Claudius desse ordens para o aprisionamento da moça. Um orador nato, capaz de dizer muito com frases curtas e bem construídas.

— Agora, aqui estou. – terminou o moço – jurando em nome de tudo o que me é mais sagrado que não represento perigo para Esmeralda, ou para sua gente. Sei que partirão assim que findarem as últimas neves da primavera, e que este julgamento, se não se encerrar com a decisão pela minha morte, não alterará nada de fato. A única coisa que peço, aqui, é que não punam Esmeralda pelo único erro de ter o mais puro dos corações. Não voltem sobre ela a sua raiva, mas sobre mim.

— Belas palavras – ironizou Diogo – quanto as ensaiou?

— Pergunte à dama que me submeteu a seu escrutínio. – ele se voltou para Sarah – há mentira em minhas palavras, senhora?

Sarah estreitou os olhos, e enfim declarou:

— Você é um homem perigoso, sim. Mas não deseja nosso mal, e tem mantido a salvo nossa menina... Como disse, isso não muda nada, mas seu amor por Esmeralda o coloca, no momento, como nosso aliado. – ela se ergueu e falou aos demais – todos sabemos que, se Esmeralda desaparecer da cidade, soldados virão nos causar problemas até conseguirem uma justificativa para levá-la prisioneira. E também sabemos que dentro dos muros ela está vulnerável. – olhou para Aaron – parece que entrou em bom momento em nosso caminho, rapaz, e creia-me: este pequeno detalhe salvou sua vida.

— Não me importo com minha vida, senhora. Se me importasse, não estaria aqui, hoje.

— E com o que se importa, então? – indagou Alba, com um leve sorriso de quem já sabia a resposta.

— Com Esmeralda.

Clopin fechou os olhos, meditativo, e então se voltou para a filha adotiva:

— Faça o que bem entender nos meses que restam. Seja inteligente, e não se deixe capturar pelos malditos homens da Igreja. – ele olhou para Aaron – não o reconhecemos como um igual, e tampouco temos por você qualquer apreço; mas enquanto proteger nossa menina de pessoas piores do que você, o Pátio dos Milagres lhe será um refúgio seguro, caso necessite. – e para os demais – esse debate está encerrado. O gadjon viverá.

                Diogo se voltou para o irmão e lhe falou baixinho:

                - Esmeralda está cometendo adultério abertamente... Vai deixar que isso passe impunemente?

                - Não houve adultério, se o casamento dela não foi consumado. Todos sabemos que ela e Miro não são marido e mulher. Isso encerra qualquer discussão sobre moralidade. – o tom de voz do cigano se elevou – podem se recolher a seus afazeres. A reunião da Kris terminou!

                Esmeralda tinha uma expressão de alívio no rosto: Aaron viveria, ela não seria punida, e teriam quatro meses para estar juntos. Não era muito, mas era o que a vida lhes podia oferecer.

                O grupo se dispersou, ficando apenas Esmeralda, Aaron e Clopin junto ao fogo. Ante a tensão que se formara e ainda pairava no ar após o julgamento de Aaron, Esmeralda decidiu se manifestar:

— o que acham de um pouco de música?

— Esmeralda, acha mesmo que é hora para isso? - Clopin esfregou as têmporas, mentalmente esgotado. Em resposta, a moça se levantou e abraçou o pai, quase como um pedido de desculpas por toda aquela confusão.

— por favor - pediu, com aquele olhar inocente e manhoso que usava sempre que queria algo de seu pai. – não vamos deixar as coisas continuarem nesta tensão... - Ao fim de um minuto, o cigano deu de ombros e declarou:

— você é ainda pior que sua mãe. - ele pegou a flauta de madeira que a moça lhe estendia e a levou à boca, fazendo soar uma melodia levemente melancólica, que aos poucos se tornou alegre. O som se espalhou, e alguns jovens que se haviam mantido afastados durante a reunião se aproximaram. Alguém, em algum lugar, começou a acompanhá-lo com um banjo, depois outro, e então guizos... A cigana sorriu ao ver os amigos se reunirem ao redor do fogo, desta vez deixando de lado toda e qualquer animosidade e unindo-se em torno daquilo que os tornava um só, nas alegrias e dores: música.

Esmeralda, por sua vez, ergueu-se e começou a bailar em redor do fogo, seu corpo ondulando junto com as chamas, seus olhos buscando cada um na plateia, demorando-se a cada vez que encontravam o olhar dourado ao qual amava.

Aaron, porém, estava menos fascinado pela dança que tão bem conhecia do que pela música e pelo fogo... Sim, ele ouvira as canções ciganas ecoarem pelas ruas de Paris, mas jamais as havia escutado de fato. Ali, junto ao fogo, sob as estrelas, ele ouvia como nunca fizera: cada nota era um grito de dor ou alegria, um movimento, uma vida, uma morte. Cada compasso alterava as batidas de seu coração, agitava algo que se escondia no âmago de sua alma... Ele estava completamente imerso na música! Cada som não apenas relatava, mas o fazia viver as emoções do "ser cigano". E pela primeira vez ele realmente viu, e realmente ouviu, e enfim compreendeu não apenas a natureza de sua Esmeralda, mas a de cada um dos presentes ali. Sentiu, viveu... E compreendeu o poder da música cigana, que unia e fazia comungar pessoas tão diferentes e, ao mesmo tempo, iguais.

Ali havia lugar para todos... Haveria também para si?! Pois o fogo parecia chamá-lo, e as estrelas gritavam por ele. Memórias que pareciam mais antigas do que ele próprio ecoavam em sua mente, e um chamado irresistível o arrastava para longe de tudo o que já conhecera, rumo a algo que, sendo desconhecido, parecia mais familiar do que o campanário onde crescera. Enfeitiçado pela luz, sua visão se turvou: o mundo era um borrão indistinto, e uma voz feminina, suave, porém débil, lhe sussurrava:

— seja forte, meu pequeno Nikolai. Deus cuidará de você. Seja forte... Seja corajoso, meu pequeno vitorioso. Que um dia você possa me perdoar pelo mal que lhe fiz...

Ele foi retirado de seu transe pela sensação de um xale perfumado deslizando por seus ombros; erguendo o olhar, encontrou as estrelas verdes dos olhos de Esmeralda, que sorria:

— dance comigo! - ela o puxou, pondo-o em pé, começando a bailar ao seu redor, batendo ritmicamente os pés, alegrando-o com aquele sorriso enfeitiçante.

— Esmeralda, eu não sei dançar! - protestou o homem, mas não estava tão certo disso... Seu corpo quase implorava para acompanhar com movimentos a melodia que repicava na noite.

— não precisa saber! - devolveu a garota - apenas sinta, Aaron! Deixe-se levar!

A princípio tímido, ele esboçou alguns movimentos, arrancando olhares de deboche e indignação dos que observavam. Esmeralda, porém, era só sedução e viço, e o incentivava, rodopiando, aproximando-se e afastando-se, puxando-o consigo... E aos poucos o organista deixou que a música e um recém-descoberto instinto o guiassem.

O deboche se tornou surpresa quando os passos passaram de vacilantes a vigorosos, rígidos e fluídos a um só tempo quando ele reagia às investidas da pequena cigana. Agora interagiam, circundando um ao outro, travando uma batalha de olhares, a paixão entre ambos quase palpável para os que assistiam. Os passos ecoavam uma luta em que se mediam e avaliavam: ela avançava, ele recuava. Ele se adiantava e ela se esquivava, suas mãos a ponto se se tocar em alguns momentos, mas jamais travando contato. As labaredas da fogueira dançavam agora nos olhares que trocavam, enfeitiçados um pelo outro, até o ato final, em que Aaron ousadamente envolveu Esmeralda pela cintura, a moça arqueando o corpo para trás de modo a confrontá-lo com os olhos, um dos braços dobrado junto às costas, o outro erguido no ar, assim como o braço livre de seu parceiro.

Ninguém sabia o que dizer: tamanha sincronia e cumplicidade numa dança podia ser esperada de membros do mesmo clã... Não numa dança entre uma Rrom e um Gadjon! E onde ele aprendera as danças dos gitanos?! Como aprendera a traduzir em gestos a força das emoções?! O casal, porém, parecia alheio ao burburinho dos poucos espectadores: ainda se fitavam, ela ofegante, ele com a respiração pesada...

— muito bom, para alguém que não sabe dançar. - provocou ela.

Percebendo a indecorosa proximidade de seus corpos, Aaron se afastou da moça, agradecendo pela máscara que encobria seu rosto corado. Olhou ao redor e viu os olhares dos ciganos... Mas o que dera em si?!

— eu creio que... Bem, eu deveria ir embora... – seu constrangimento era claro.

— os portões da cidade estão fechados, a essa hora. Há outras entradas, mas você seria morto no ato por qualquer um que o reconhecesse. - declarou Clopin, sério - Esmeralda lhe mostrará onde pode passar a noite.

***

A gitana ruborizou, segurando a mão do gadjon e puxando-o consigo para longe do fogo, em direção à parte mais sombreada do acampamento.

— venha, Aaron.

Ele seguiu a moça, a única pessoa naquele lugar que não o queria matar ou expulsar, e se surpreendeu quando ela o levou para um doa carroções de viagem.

— onde estamos?

— eu chamo de casa. - riu-se ela, puxando-o para dentro - venha.

— espere! - ele se afastou - é a sua casa...

— sim. E o único lugar seguro para você, aqui.

— mas e seu... Marido? – ele estava mais vermelho do que uma cereja: ficar sozinho com a moça, num lugar fechado... Dormir no mesmo lugar que ela?!

— Miro dorme na própria kampína. - esclareceu ela - e nem pensaria em fazer o contrário. Como eu disse, não somos marido e mulher. – a garota acendeu um candeeiro, que iluminou o espaço aconchegante, refletindo na pele morena e tornando-a avermelhada. – ah, vamos logo! Entre! Garanto que não mordo!

Aaron suspirou e trincou o maxilar, sentindo borboletas se agitando em seu estômago: tinha certeza de que estava cometendo um erro... Ainda assim, anuiu e entrou na kampína, seu coração aos pulos quando Esmeralda fechou a porta atrás de ambos.

— Desculpe, o espaço é pequeno – ela tinha um sorriso tímido – não é como o campanário, mas é um lar.

Aaron observava o interior do carroção, conservado e bem cuidado pelas mãos de Esmeralda, com utensílios de cobre e madeira pendurados nas paredes, o colchão de palha ocupando uma pequena parte do espaço, a luz garantida pela luminária bruxuleante. Tudo ali tinha cheiro de ervas perfumadas que pendiam dos cantos; ele pegou um maço nas mãos, e ouviu a explicação dela:

— são ervas. Afastam os ratos e insetos. – ela se aproximou e pôs a mão sobre a de seu amado – essa que segura é arruda. E esta é a alfazema. – ela pegou uma flor arroxeada e, brincando, a colocou nos cabelos do organista – uso para perfumar, também.

Ele se virou e sorriu para ela. Acariciou o rosto bonito com as costas dos dedos, e beijou os lábios róseos da moça; ela retribuiu, e passou os braços em redor do pescoço de seu amado.

— Fico feliz que não tenham querido te matar. – brincou a jovem.

— Eu também; senão, não estaria aqui, agora. – ela ficou vermelha e, sem saber ao certo como agir, perguntou:

— Tem fome?

— Um pouco – respondeu Aaron. De fato, não comera nada naquele dia, mas a fome que sentia não era exatamente o que a jovem podia supor. Ele se recriminava, odiava a si mesmo por ter tais desejos vis, mas não conseguia e impedir... Estar sozinho com a jovem, tendo-a tão perto... Despertou de seus pensamentos quando ela lhe estendeu um prato de cerâmica, com pão de cereais e queijo de cabra.

— Não é muito, mas vai matar sua fome. – eles trocaram um sorriso, e se sentaram em duas banquetas baixas, dividindo a refeição. Para beber havia apenas água, mas uma refeição jamais fora tão deliciosa para Aaron, por mais simples que fosse.

Terminaram de comer, trocando ainda algumas palavras simples, ambos levemente envergonhados com a situação íntima em que se encontravam. Finalmente, completamente sem jeito, a moça sugeriu:

— Se achar que é melhor, eu posso dormir na casa de Alba e Diogo – ela se levantou timidamente, pronta para sair, mas a mão de Aaron se fechou sobre seu braço:

— Espere. – pediu, e ia dizer algo mais, mas as palavras morreram ao fitar o olhar verde.

Sol e mar se prenderam longamente, num olhar silencioso por longos segundos, plenamente cientes da presença um do outro, da energia, de seus corações acelerados. Seus olhos estavam presos por um magnetismo tão forte quanto o que os movera na dança junto à fogueira. Palavras se faziam desnecessárias, e sabiam partilhar do mesmo desejo, aceso por apenas uma breve faísca, que logo se alastrara em chama.

Lentamente, seus lábios se aproximaram até se tocar, iniciando um beijo diferente de tudo o que já haviam experimentado antes: era lento, cálido e profundamente sensual; exploravam-se mutuamente, saboreavam o gosto da outra boca, sentiam os movimentos dos lábios, das línguas... Era um bailado intenso e delicado, que aprofundava a conexão entre o casal. Afastaram-se por um breve instante, e seus olhares diziam tudo: sim, os dois queriam aquilo, mais do que já haviam querido qualquer coisa em suas vidas.

O organista baixou o olhar para o decote da moça, e seus dedos começaram a desatar os cordões cruzados na frente das vestes femininas. Ela fechou os olhos e suspirou deliciada ao sentir o vestido afrouxar e cair ao chão, deixando-a de corpete e combinação. O ar frio era uma carícia delicada em sua pele morena, incapaz de arrefecer o fogo aceso no íntimo da mulher. Com um sorriso, ela abriu o colete de Aaron, insinuando então as mãozinhas por sob a camisa de lã, retirando-a pela cabeça do moço.

Com a boca, a cigana traçou uma trilha pelo peito forte, beijos cálidos depositados a cada poucos centímetros; sentiu-o puxar levemente seus cabelos, de modo a fazê-la erguer o rosto, e logo em seguida trocavam outro beijo, este muito mais intenso e passional que o anterior.

Esmeralda puxou seu amado até o leito simples, no qual se ajoelharam. O moço começou a abrir o corpete da moça, fascinado a cada centímetro de pele revelada: como uma criatura podia ser tão perfeita?! Ele beijava o colo delicado e corria as mãos pela cintura esguia enquanto sua amante dedicava-se ela mesma a conhecer melhor o corpo de seu amor.

Quando a combinação finalmente foi removida, o gadjon sentiu como se todo o ar fugisse de seus pulmões: artista ou escultor algum jamais havia representado algo tão divino quanto sua Esmeralda! Nua, ela brilhava dourada à luz das chamas, os cabelos negros e cacheados espalhados como o manto da noite pelos ombros esguios, caindo até abaixo da cintura esguia, que encimava quadris redondos e fartos. Os seios fartos estava duros de excitação, os mamilos escuros implorando para serem beijados...

A jovem arfou ao sentir os lábios de Aaron se fecharem sobre seu seio, sugando-o delicadamente. Era uma sensação nova e completamente maravilhosa! Seu corpo se arrepiava de desejo, e um calor desconhecido queimava entre suas pernas, pelas quais ela sentia se espalhar uma estranha umidade... Reagindo aos toques de seu amado, deslizou as unhas pelos braços fortes, o que arrancou dele um grunhido de prazer. Atrevida, a jovem desceu as mãos pelas costas largas, musculosas e cobertas de cicatrizes, sentindo a aspereza da pele malformada e as saliências dos músculos enrijecidos pelos anos de trabalho com os sinos... Desceu mais os dedos e o tocou timidamente por sobre a calça, sentindo o volume rijo e grande sob o tecido.

Ele ofegou e a fitou, surpreso, fechando os olhos em deleite quando a mulher abriu suas calças e as desceu por seus quadris, deixando-o tão nu quanto ela, tocando devagar o membro ereto, espantada com seu tamanho. Afastou-se brevemente para contemplar aquele a quem amava, e a visão a inebriou: alto, com ombros extremamente volumosos, músculos peitorais avantajados, braços largos... A barriga firme e delineada coberta de finos fios castanhos que se afunilavam em direção à virilha... A pele alva que se mesclava as manchas vermelhas de nascença... Mas nada era tão profundo e marcante quanto os olhos dourados que brilhavam de paixão. Apenas uma coisa a incomodava naquilo tudo:

— Tire a máscara, meu amor, por favor. – sussurrou a moça, junto ao ouvido de Aaron, mordendo em seguida o lóbulo sensível da orelha, causando-lhe arrepios.

A princípio ele pensou em declinar, mas afinal... Por quê? Esmeralda já o vira sem máscara, já vira tudo o que ele tinha de pior, e ainda assim estava ali, amando-o e deixando-se amar, disposta a entregar-se a ele... Devagar ele tirou a peça negra de sobre o rosto, e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha ao ver no semblante dela não nojo, ou horror, mas o mais puro amor.

Tornaram a se beijar, as carícias se tornando mais ousadas enquanto se deitavam no colchão de palha, sentindo-se mais e mais livres e à vontade com o corpo um do outro. A cigana sentiu o peso de Aaron sobre seu corpo, os quadris pressionando os seus, o peito comprimindo seus seios, e o puxou para outro beijo, antes de deslizar os lábios por toda a linha do maxilar firme, dando ora beijos, ora suaves mordidas, as mãos entrelaçadas aos cabelos longos que se haviam soltado da tira que os havia prendido. Mordia e beijava o pescoço dele, sentindo-o devolver cada ato dela! Uma das mãos grandes que passeava por seu corpo tornou-se mais ousada, e ele a tocou naquele ponto que tanto latejava no corpo da menina, ansiando por ser tocado.

Esmeralda lançou a cabeça para trás e arqueou o corpo ao senti-lo acariciar a sensível área entre as coxas, gemido de prazer escapando por entre os lábios comprimidos de quem tentava não gritar de prazer. Aaron a viu daquele modo, tão entregue e linda, e traçou uma trilha de beijos por entre os seios morenos, subindo pelo colo até chegar ao pescoço; sem parar de tocá-la daquele modo, perguntou num sussurro sedutor:

— Gosta disso?

— Ah, sim! – ela tentou retribuir a carícia que ele lhe dirigia, mas o organista segurou suas mãos entrelaçadas acima da cabeça e a prendeu com o próprio corpo, o rosto enterrado na curva do pescoço dela – Aaron... Por favor...

Ele não podia dizer que sabia exatamente o que fazia: não, não tinha a menor ideia, essa era a verdade. Deixava-se conduzir pelo instinto, por aquilo que seu corpo falava e, principalmente, pelas reações da jovem, que parecia gostar muito do que fazia com ela. Decidiu assim que poderia ser mais ousado, e deslizou um dedo para dentro dela, bem devagar, buscando qualquer indício de dor ou desagrado na expressão da moça que, contudo, espelhava apenas um prazer intenso. Ela mordeu os lábios e ofegou ao senti-lo fazer aquilo, e moveu levemente os quadris para sentir melhor, deliciada. Desfrutou daquela carícia, que era ao mesmo tempo prazer e tortura, pois estava longe de saciar as necessidades que despertavam em seu corpo, antes de implorar:

— Aaron, preciso de você!

Ele beijou os lábios rubros da morena, e perguntou com um tom de inocência que apenas o tornava mais sedutor:

— O que quer que eu faça, Esmeralda?

— Quero ser sua – respondeu a moça, tão ofegante de desejo quanto ele, cruzando as pernas ao redor da cintura de seu amante. Ele sorriu e a beijou outra vez, acomodando-se melhor entre as coxas torneadas; ela estremecia de antecipação, ardendo em desejo, puxando-o para si com as mãos e as pernas.

Inexperiente, ele entrou de uma só vez no corpo da moça, incapaz de resistir ao calor e maciez do interior dela; ao ouvir o grito abafado e senti-la se encolher inteira, contudo, percebeu que a machucara, e a culpa o fez querer parar. Esmeralda, porém, abraçou-o e pediu, mesmo que com lágrimas nos olhos:

— Continue, meu amor. – por um instante sentira como se uma faca a rasgasse, mas o prazer acompanhava a sensação, e queria ir até o fim. Já estava preparada para sentir dor em sua primeira vez, e agora não abriria mão do prazer de ambos.

— Você está sentindo dor! – ele não entendia...

— A dor vai passar. – ela moveu os quadris devagar, aprofundando o contato de ambos, e gemeu baixinho – continue, por favor...

Com medo de machuca-la ainda mais, o moço começou a se mover devagar sobre sua pequena amante: via claramente que ela estava com dor, mas havia também prazer na expressão do rosto tão belo. Sem querer que sua força a machucasse ainda mais, lembrou-se de um de seus tantos sonhos, e virou ambos na cama, de modo que ela ficasse sobre si. A dama sorriu para ele com uma doce surpresa, e o músico sussurrou, acariciando o rosto dela:

— No seu ritmo.

Agora no controle da situação, ela começou a se mover devagar sobre ele: movia os quadris para frente e para trás, ondulando-os como fazia em suas danças, e via o rosto do gadjon se torcer de prazer, fazia-o gemer enquanto deixava que seu próprio peso o conduzisse cada vez mais fundo dentro de seu corpo – ignorando a leve dor ainda presente – numa completa união. As mãos dele em seus seios, em sua cintura e cabelos pareciam um toque mágico, que a enchia de felicidade e amor... Como poderia imaginar algum dia viver um momento tão perfeito quanto aquele?! Sentia-o profundamente dentro de si enquanto o cavalgava, seus corpos tão próximos e unidos...

— Aaron... – ela suspirava o nome dele, percebendo aquela união como algo que ia muito além do carnal: era como se sua alma se conectasse à dele, enquanto as mãos grandes se entrelaçavam às da moça, puxando-a para outro beijo – eu te amo.

— Eu também a amo, minha Esmeralda – sussurrou ele, deixando que ela os virasse de modo a deixa-lo outra vez sobre si. O ar estava carregado de estática! O organista jamais sentira algo assim em todo a sua vida, e duvidava que fosse vivenciar qualquer coisa semelhante, se não fosse com Esmeralda. Estava plenamente consciente de todo o seu corpo, e de todo o corpo dela, e de algum modo tudo aquilo não parecia um pecado, como sempre lhe haviam ensinado, mas algo divino, sagrado...

Enquanto se movia sobre ela, aumentando aos poucos a intensidade do ato, Aaron gemia o nome de sua musa, cobria-lhe o corpo de beijos em apaixonada adoração, sentia-a reagir e retribuir às suas carícias, e a cada momento era como se estivessem mais e mais fundidos num único ser! Travavam, sem saber, uma dança mais antiga do que a humanidade, a dança da vida e da criação, revivendo naquele ato cheio de amor o momento inicial de toda a existência! Eram mais do que dois corpos entrelaçados: eram duas almas a se encontrar e fundir, era pura magia, sacralizada pelo amor que nutriam um pelo outro. E quando o êxtase veio brindá-los com o prazer máximo, deixaram-se levar juntos naquele vórtice intenso que os arrebatou completamente por alguns segundos, antes de se deixarem cair, exaustos, sobre o colchão.

Após quase um minuto de silêncio, no qual recuperava o fôlego, Aaron saiu de cima da cigana, abraçando-a ternamente pelas costas, envolvendo-a com seu corpo. Ela sorria e se aninhava contra o peito forte, encolhida de modo que suas peles se tocassem ao máximo; fora mais do que perfeito! Um beijo foi depositado em seu ombro, e a voz grave perguntou num sussurro:

— Machuquei você?

— Não – sorriu a moça – você foi perfeito. Espero que eu não o tenha desapontado...

— Jamais. – ele entrelaçou sua mão à dela e beijou os dedos morenos. Acariciou então o corpo delicado, e se levantou.

— Aonde vai? – perguntou ela, sentando-se com alguma dificuldade devido à ardência entre suas coxas. Ele, porém, apenas encheu uma das vasilhas de cerâmica com água e pegou um dos panos que a jovem usava para se banhar, pondo-se de joelhos ao lado dela. Com cuidado, deitou-a e limpou com delicadeza o sangue da castidade perdida, o que provocou nela um enorme rubor – não precisa fazer isso...

— Não. – ele terminou o que fazia e pegou os cobertores cuidadosamente dobrados sobre o baú, estendendo-os sobre a jovem e enfiando-se então sob as cobertas, abraçando-a – mas não me prive do prazer de cuidar de você, ao menos uma vez. – seus lábios se tocaram, e Aaron percebeu que o sono lhe pesava nos olhos, assim como nos de Esmeralda. Aninhou-a em seus braços, então, e sussurrou – durma, meu amor. Descanse. Quando acordar, eu estarei aqui.

Adormeceram nos braços um do outro, com uma única certeza: aquela fora a mais perfeita noite de suas vidas.


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Notas finais do capítulo

Eu não me atrevo a falar nada desse final, rsrsrsrs. Mereço reviews?



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