Bonnie POV.

Folheei as ultimas paginas amareladas do terceiro grimório prestando atenção em todas as linhas ainda sentindo o olhar agitado de Stefan sobre mim, daqui a pouco ele faria um buraco no chão de tanto andar. Não que Damon fosse tão importante ao ponto de eu salva-lo, mas era de importância a Elena e Stefan e por isso eu estava fazendo meu possível mesmo não achando nada.

Suspirei pesadamente ao ler a ultima pagina enquanto Stefan para de andar e se aproximar.

— Sinto muito, Stefan. Não tem nada. – Respondi fechando o grimório e encarando um Stefan abalado. – Sei que Damon é muito importante para você, mas eu nunca ouvi falar sobre uma cura para mordida de lobisomem.

— Eu não posso desistir, mesmo sendo o Damon, ele é a única família que eu tenho. – Respondeu se sentando no sofá pensando em várias coisas ao mesmo tempo.

Eu ficava com pena de Stefan, as vezes, ele sempre se sacrificava por todos, principalmente por Elena e Damon, mas olha que estava falando a garota que perdeu a avó e está morando sozinha e quase acabando um relacionamento que nem deveria ter começado.Com tudo que estava acontecendo, mais uma vez eu estava me sacrificando, ajudando os outros, ao invés de estar me preocupando comigo mesma. Eu estava precisando muito descobrir qual era minha ligação com os Originais e se eu poderia confiar nele.

Confiar nele? Eu deveria estar ficando louca, ele mal chegou na cidade e já matou várias pessoas, minha natureza era contra a dele. Mas porque sempre que ele estava por perto com toda aquela aura obscura e forte, eu não ficava com medo? E me sentia como se nada me afetaria ali do lado dele? Ficamos alguns minutos em silencio cada um nos seus pensamentos, até que percebi que Stefan olhava para suas mãos e para mim aleatoriamente e disfarçando.

Sabia que quando ele fazia isso é porque estava indeciso sobre algo. Antes que eu pudesse dizer algo o celular dele tocou, fazendo com que o mesmo atendesse em questões de segundos e conversasse com alguém do outro lado da linha, dando um pequeno sorriso mesmo preocupado.

— Era a Elena, ela está com o Damon. – Falou quando me viu o encarando e fazendo uma pequena careta ao pensar nos dois juntos.

Mais uma vez o silencio reinou e eu estava esperando que Stefan simplesmente sumisse para tentar achar uma solução para salvar seu irmão, mas ele continuou ali o que só me fez pensar que eu estava certa sobre ele estar indeciso sobre algo e era relacionado a mim.

— Pode falar Stefan. – Suspirei tentando esconder meu cansaço.

— Não é nada só uma ideia... – Hesitou já me fazendo pensar que a coisa seria séria.

— Só uma ideia que pode salvar seu irmão. – Contradiz me levantando, colocando meus grimórios na mesinha de centro e cruzando os braços esperando que ele continuasse.

— Bonnie você não precisa ficar se sacrificando sempre que um de nós está em perigo. – Respondeu segurando meus ombros e olhos nos meus olhos.

— Eu só quero saber qual foi sua ideia. – Me defendi.

— Não vamos encontrar nada nos grimórios da sua família, eles tem mais ou menos um século. – Respondeu me fazendo o encarar confusa, onde ele queria chegar? – Temos que pedir informações a uma pessoa mais antiga. Bem antiga.

— Klaus. – Afirmei. – E onde eu entro nisso?

— Você não entra Bonnie, ele com certeza vai querer alguma coisa em troca. – Respondeu se afastando de mim. – Damon é meu irmão, então eu tenho que pagar o preço.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele já havia sumido deixando apenas o frio entrar com a porta aberta.

— Droga. – Sim, eu poderia deixa-lo fazer tudo sozinha, afinal Damon não faria faltar para mim, mas se alguma coisa acontecesse a Stefan eu me sentiria culpada.

Corri até meu quarto pegando minha jaqueta de couro e a vestindo rapidamente, colocando o celular no bolso enquanto pulava de dois em dois degraus para chegar mais rápido a minha porta. Tranquei minha casa rapidamente, muito irritada por ainda não ter um carro.

Olhei para em volta, vendo que o céu parecia mais escuro do que antes e sem perder tempo, comecei a correr pelas ruas tentando chegar o mais rápido possível na casa do Alaric onde Klaus estava.

Mystic Falls podia ser uma cidade pequena, mas não para quem tivesse que ir correndo. Depois de meia hora correndo e quase morrendo de falta de ar, cheguei em frente ao prédio bege, aproveitei que alguém, talvez Stefan, deixou o portão aberto e subi correndo para o terceiro andar.

Cheguei em frente a porta do apartamento e tentei emburrar a porta sem bater, mas ela parecia trancada. Recitei o primeiro feitiço que veio em minha mente e quebrei a fechadura.

Deparei-me com uma cena que poderia ser chamada de grotesca. Elijah estava semimorto com seu corpo cinza e veias expostas com a adaga de prata cravada em seu coração. Já Stefan estava apoiado no balcão parecendo totalmente destroçado com sua boca completamente suja de sangue e várias bolsas de sangue a sua volta. Do outro lado da sala Klaus sorria feito um sádico achando graça de tudo aquilo, mas assim que eu entrei sua atenção se voltou a mim.

— Meu Deus Stefan. – Tentei me aproximar dele, mas Klaus já havia aparecido na minha frente impedindo minha passagem enquanto Stefan se afastava um pouco balançando a cabeça negativamente, pedindo em silencio que eu não me aproximasse.

— Olha o que temos aqui. – Klaus sorriu para mim.

— Porque está fazendo isso com ele? Stefan não tem controle sobre sangue humano. – Falei rudemente antes que ele pudesse continuar com sua frase.

— É exatamente o ponto. – Klaus se afastou abrindo os braços. – Tenho certeza que um dos seus amigos, se não Stefan, lhe contaram sobre como ele era um estripador dos anos vinte.

— Você não pode fazer isso. – Rebati irritada. – Por favor, solte ele.

— Acho que por agora, Stefan não quer ser solto. Não é meu amigo? – Perguntou retoricamente Klaus para Stefan que apenas abaixou a cabeça não respondendo.

— Klaus, por favor, seja lá como me conhece, leve isso em consideração. – Ele pareceu hesitar, mas logo voltou a sua pose sarcástica.

— Acho que você não tem direito a nada, já que não se lembra. – Respondeu com um pequeno sorrisinho afetado. – Mas voltando aos negócios Stefan, o estripador pela cura da mordida.

— Stefan não aceite, podemos achar outra solução...

— Desculpe informar Love, mas se querem a cura só conseguiram comigo. – Klaus falou fazendo-me desviar o olhar ao escutar o apelido tão estranho, mas tão familiar.

Stefan estava disposto aceitar e eu não poderia deixar isso acontecer pelo simples fato de que pelo que Elena me contou, ninguém gostaria de conhecer o Stefan estripador. E porque eu temia que se Elena soubesse tentaria se envolver e acabaria se machucando.

— Deixe-me ficar no lugar do Stefan. – Pedi antes que eu perdesse a pouca coragem que me restava.

— Não. – Stefan falou avançando no Klaus antes que ele pudesse responder.

 Aproveitei o momento de distração para correr até o corpo de Elijah, mas antes que pudesse ao menos tocar na adaga para acorda-lo, Klaus já havia jogado Stefan em uma parede e a agora me prensava na porta.

— Não vamos tentar isso novamente. Não queremos ninguém morto hoje. – Klaus ameaçou me soltando, mas continuei parada ali. – Agora me fale, Bonnie. Porque está disposta a ficar no lugar de Stefan?

— Todos aqui na cidade precisam de Stefan, mas se me levar ninguém sentira minha falta. – Respondi convicta sei hesitar, porque uma parte de mim sabia que entre mim e Stefan a resposta era rápida.

— Tenho uma proposta muito melhor. – Sorriu já bolando um plano. -  Vocês dois pela cura. É tudo ou nada.

Olhei para Stefan procurando uma resposta, mas ele estava embriagado demais com o sangue para conseguir se manter em pé. Voltei a encarar Klaus que ainda sorria aguardando minha resposta. Passei a mão por entre meus cabelos estressada, parecia a primeira vez quando um garoto pediu para ficar comigo.

Respirei fundo, desistindo de negar, afinal como ele disse. Era tudo ou nada.

— Onde está a cura? – Perguntei abaixando meus braços de forma cansada.

— Está bem aqui. – Ele ergueu os braços mostrando a si mesmo.  Ergui as sobrancelhas sem entender. – Katerina.

Katherine apareceu do lado de Klaus em meio segundo fazendo eu dar um pequeno passo para trás quando seus olhos focaram em mim dando um sorriso sarcástico.

Antes que ela pudesse perguntar Klaus pegou sua mão com força a mordendo rapidamente. Katherine entrou em desespero olhando a mordida, afinal Klaus é meio lobisomem. O loiro revirou os olhos mordendo seu próprio pulso e forçando Katherine a beber seu sangue. Quando voltei a encarar a ferida, ela havia desaparecido.

— Seu sangue. – Sussurrei sem acreditar.

— É a cura. – Ele continuou. – Agora me fale temos um trato? – Perguntou pegando um pequeno copo e derramando um pouco do seu sangue.

— Apenas eu, Klaus. – Stefan respondeu fazendo Klaus o encarar furioso e ameaçando a virar o sangue no chão.

— Não! – Gritei dando um passo em sua direção e segurando seu braço. – Temos um trato.

— Ótimo. Katherine por favor...

— Ela não vai fazer entregar. – O cortei, sabendo que não podíamos confiar nela.

— Sim, ela vai. – Respondeu colocando o copo em sua mão. – Por favor, Katerina leve isso a Damon e depois...

Antes que ele pudesse terminar a frase Katherine sumiu das nossas vistas deixando uma porta escancara para trás. Klaus deu uma risada indo até o balcão e se servindo de whisky.

Peguei rapidamente meu celular e procurei pelo contado da Elena. “Não se preocupe, Stefan não vai ficar sozinho”. Mandei isso sem explicar nada.

— Você não pode mais usar isso, Love. – Klaus sussurrou no meu ouvido parado atrás de mim fazendo com que meu pescoço se arrepiasse. Sem dizer qualquer palavra, apenas lhe entreguei meu celular e fui em direção ao sofá.