A Batalha dos Escolhidos escrita por Thah


Capítulo 6
O desfile de Primavera de Gabriel Agreste


Notas iniciais do capítulo

Mals pela demora, tive uma semana bem complicada dessa vez rsrs



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A praça nunca esteve tão bem decorada. Adrien estava acostumado com as salas grandes de paredes brancas e decoração minimalista, mas o parque se encontrava o completo oposto. Haviam luzes de diferentes cores fincadas no chão iluminando as árvores, balões decorativos bem no alto, enfileirados em fios que percorriam todo o espaço. As cadeiras dos convidados especiais dividiam-se em três fileiras de cinco lugares do lado esquerdo e a mesma coisa no direito. Adrien viu muitos flashs saindo das câmeras dos fotógrafos e a impressa começava a montar seu equipamento de transmissão. Porém, algo ainda lhe chamava mais a atenção.

Flores.

Centenas de pétalas de flores espalhadas pelo chão trazendo não só um aroma natural, mas um toque de glamour por meio do simples.

Gorila escoltou Adrien até uma tenda que servia de camarim improvisado; montado do lado direito do parque. Encontrou Nathalie com seu rádio em mãos guiando algumas de suas colegas para a maquiagem. A agente acenou para o garoto e em seguida indicou o lugar onde ele deveria ocupar. Adrien sentou-se na cadeira e olhou-se no espelho.

“Fred terá que fazer um bom trabalho para cobrir essas olheiras”

— Oi.

Adrien tomou um leve susto quando viu o reflexo de Lila no espelho, seus reflexos felino estavam bem falhos. Lembrou-se da missão de mais cedo. Malditos cães.

— Oi Lila – disse virando-se para ela – tudo certo?

Ela assentiu com a cabeça.

— Obrigada por me deixar participar.

Adrien ficou sem graça, coçou a cabeça com uma das mãos.

— Que isso, não precisa agradecer.

Gabriel Agreste avistou o filho ao longe, andou até o mesmo carregando uma caixa preta de veludo em mãos, estava sério como sempre, mas cumprimentou os dois jovens.

— Adrien, quero que você use isto hoje. – Estendeu a caixa.

Adrien pegou a caixa cuidadosamente e colocou-a no colo. Abriu o feixe e vislumbrou um broque azul circular com borda dourada. Não parecia com nenhum item da coleção de seu pai.

— Era da sua mãe. – Sr.Agreste falou com a voz falha.

Adrien arregalou os olhos, olhou para o pai e depois novamente para o broche. Não parecia ser uma jóia muito cara, requintada, mas sabendo agora a quem pertencia o garoto percebeu que dinheiro algum pagaria o que ele sentia no momento. Era como se tivesse uma parte de sua mãe consigo, junto a ele novamente, uma parte da sua solidão foi preenchida. Após anos e anos ganhando a mesma caneta velha do pai, não esperava receber algo tão grande e íntimo.

— Obrigado pai – Adrien abraçou o adulto pegando-o de surpresa. Gabriel apoiou as mãos nas costas do filho retribuindo, não na mesma intensidade, mas ainda sim retribuiu.

O Sr.Agreste se despediu dos jovens e voltou a coordenar o desfile. Adrien continuou a olhar o broche que recebeu. Seria seu amuleto dali por diante.

— Tenho que ir – anunciou Lila – preciso colocar o meu traje.

Adrien esquecera que a colega ainda estava ali, acenou despedindo-se.

— Nos vemos daqui a pouco – respondeu.

Marinette chegara com os pais no grande evento. A família estava ansiosa em assistir o desfile tão de perto, Adrien havia conseguindo assentos logo na primeira fila. Os habitantes parisienses aglomeravam-se atrás da faixa de restrição. Sorriu de canto, era a primeira vez que não ficaria atrás daquela linha amarela e preta, estava como convidada especial e nada a deixaria abalada depois disso. Avistou Alya mais a frente com seu celular, filmando tudo que acontecia na região do palco.

— Alya! – chamou Marinette.

Alya olhou para os lados e assim que enxergou a amiga sorriu contente.

— Marinette esse desfile é bafônico! O Sr.Agreste é muito bom mesmo.

Alya apontou para as pessoas aglomeradas, a imprensa realizando a transmissão ao vivo e a fabulosa decoração do evento.

— Perdi alguma coisa? – perguntou Marinette.

— Não, ainda nem começou. Vi nossos amigos indo se trocar, o Nino está filmando os bastidores, vamos fazer uma edição super maneira depois.

— Quero ver assim que ficar pronto!

Marinette gostava de ver seus amigos animados e depois de tantos akumas, todos precisavam de um pouco de diversão. Ela mesma escolheu não prestigiar na forma de Ladybug, porque sabia que o foco seria desviado. Repórteres a encheriam de perguntas e além de não conseguir assistir ao desfile, seus amigos não estariam recebendo a atenção devida. Não, hoje ela só seria Marinette Dupain, estudante do colégio e convidada especial.

Alya avisou que teria ainda que cobrir toda a ala esquerda do lugar, deu um abraço na amiga e saiu em disparada em direção a multidão. Marinette tomou seu lugar ao lado dos pais e aguardou o desfile começar.

As luzes se apagaram, os parisienses começaram a gritar.

O desfile havia começado. Um holofote focou no palco.

Nathalie passou pela cortina vermelha, trajada em um lindo vestido amarelo, com o cabelo preso em um coque alto, foi recebida com uma salva de palmas e assobios.

— Boa noite Paris e bem-vindos ao Desfile de Primavera de Gabriel Agreste!

A multidão foi à loucura, os assobios ficaram mais altos. Marinette amava aquela energia. Imaginou o dia em que seria anunciada daquela forma, o dia em que finalmente se tornaria em uma estilista de sucesso. Nathalia anunciou os patrocinadores, depois agradeceu a prefeitura por ter cedido o espaço para a realização do evento. Por fim, agradeceu a presença de todos ali e saiu do palco dando início a entrada dos modelos. Rose foi a primeira, num vestido rosa com estampas de tulipas brancas.

Marinette sentiu o celular vibrar, retirou-o do bolso e olhou a tela. Uma mensagem de um número desconhecido.

 

“Marinette é a Lila! Venha aqui pra trás, por favor!

Preciso da sua ajuda!”

 

A morena olhou a mensagem intrigada. Seja lá o que fosse que Lila precisasse devia ser muito sério ou não teria enviado uma mensagem.

— Mãe, pai, já volto! – disse se levantando e passando pelas pessoas de cabeça baixa tentando atrapalhar o menos possível. Não podia cair ali, não com várias transmissões ao vivo rolando.

Marinette correu até a tenda dos modelos e começou a procurar por Lila. Avistou sua cabeleira castanha sentada em uma cadeira, chorando.

— Lila o que aconteceu? – perguntou preocupada.

Lila soluçava em prantos segurando um vestido laranja em mãos.

— M-meu vestido...snif...ele veio sem o corte certo...snif...e o Sr.Agreste disse que eu não posso desfilar se o corte não estiver correto – terminou a frase desolada e afundou o rosto na penteadeira.

Marinette deu tapinhas de leve do ombro de Lila tentando consola-la, não sabia o que fazer. O maquiador estava de parabéns porque apesar do choro da colega, a maquiagem continuava impecável.

— E-esse é o d-desenho de como ele deveria fi-ficar, me ajude por favor!

— Quê?! Você quer que eu corte o vestido do Gabriel Agreste?! – Marinette achou a ideia insana. Não poderia desmanchar a obra do seu maior ídolo da moda.

— Por favor Marinette! Só você é capaz disso! Minha família toda está lá fora esperando a minha entrada no palco!

Marinette mordeu o lábio. O que faria? Estava entre a cruz e a espada. Não podia interferir no trabalho de outra pessoa, ainda mais do Sr.Agreste, mas ao mesmo tempo seu coração estava angustiado em ver Lila tão arrasada, ela mais do que ninguém sabia o que era ser privada de um sonho. Fechou os punhos com firmeza, precisava ajudar Lila, toda a indústria da moda cobria o evento lá fora e seria um escândalo se algo saísse do eixo.

— Tá. Me passa o desenho.

A mestiça colocou a bolsa em cima da penteadeira e procurou alguma tesoura próxima, intercalava o olhar entre o desenho e o vestido laranja, tomando cuidado para não fazer um corte no lugar errado. Alcançou a agulha, linha e começou a costurar. Suas mãos estavam suadas. “Por favor que dê certo! Por favor que dê certo” repetia para si. Deu o último ponto e pronto!

— Toma. Vista logo e corre para a fila!

— Obrigada Marinette! Vou ficar te devendo essa – Lila a abraçou e saiu correndo.

Marinette ficou contente com o seu feito. Havia ajudado alguém na sua forma real, não era um feito de Ladybug, mas da simples Marinette Dupain. Voltou ao seu lugar, conseguindo pegar o a saída de Sabrina do palco. Relaxou o corpo. Adrien ainda não havia entrado.

“Graças a Deus...Não perdoaria se tivesse perdido isso”

O desfile estava quase no fim e os bastidores continuavam fervendo. Nathalie corria de um lado para outro da tenda ajeitando os últimos modelos a entrar, Kim, Lila e Adrien.

— Prepare-se para entrar Adrien. – avisou ela.

Adrien concordou com a cabeça, levantou da cadeira, passou a mão em sua roupa e olhou para a caixa que ganhará mais cedo.

“O toque final”

Abriu a tampa da caixa e sentiu o corpo fraquejar. Vazia. O broche havia sumido.

— Um minuto Adrien! – informou Nathalie enquanto acompanhava Kim a plataforma.

— Já vou! – gritou ele de volta.

“Onde tá?! Onde tá?!”

Adrien procurou em tudo que ao seu redor. Nada. Nathalie veio lhe buscar apressando-o para entrar no palco.

— Não posso, preciso do meu broche! – tentava se soltar.

— Esqueça esse broche! É a sua vez! – disse empurrando-o para fora das cortinas.

Adrien sentiu a imensa quantidade de flashs em seu rosto. Abriu um sorriso. A plateia foi à loucura, especialmente o público feminino. O garoto desfilava em seu smoking branco com o detalhe de uma flor de cor turquesa no bolso. Flashes e mais flashes incidiam sobre ele. Continuou sorrindo e desejando sair dali o mais rápido possível para procurar seu presente, mas parecia que a plataforma não tinha fim.

“Quantos metros têm isso aqui?!”

Assim que completou a sua volta de 180º virou-se de costas e saiu do palco.

— Foi muito bem Adr-

Nathalie nem conseguiu terminar o elogio, pois o garoto passou como uma bala por ela. Deu os ombros e voltou ao palco para divulgar o fim do desfile.

Marinette aplaudia eufórica na plateia. Após o pronunciamento de Nathalie todos deram uma salva de palmas e os holofotes se apagaram confirmando o fim do evento. A menina abraçou aos pais emocionada. As pessoas começaram a dispersar.

— Vai embora conosco filha? – perguntou Sabine.

— Não, vou falar com a galera ainda mãe, quero parabenizar a todos pelo sucesso.

— Sem problemas querido, mas nos ligue assim que estiver saindo daqui.- falou Tom.

— Pode deixar que eu – Marinette colocou a mão ao lado da coxa e não sentiu nada – MINHA BOLSA! ESQUECI A MINHA BOLSA NA TENDA!

Marinette saiu correndo, deixando o casal sem muito entender vendo sua filha sair toda atrapalhada esbarrando nas pessoas em direção a tenda.

Marinette chegou na tenda e s deparou com uma cena estranha. Não havia a correria de uma hora atrás. Todos formavam um círculo com expressões de preocupação na região do camarim de Lila. Gabriel Agreste estava bem no meio com o filho ao lado. Assim que todos notaram a presença dela um silêncio parou no ar.

— Ela. Foi ela! – Lila apontou para Marinette.

— Aproxime-se garota – ordenou o Sr.Agreste.

Marinette congelou por um minuto, andou enrijecida até a multidão, procurando conforto nos olhares de seus amigos, mas todos estavam fitando o chão. Algo muito errado estava acontecendo e ela havia chegado no pior momento.

— Foi você que fez esse corte? – Gabriel Agreste apontou para o traje de Lila.

Marinette concordou.

— Certo. Então você é a culpada por estragar um item da minha coleção?

— Quê?! – Exclamou surpresa – Não! Claro que não! Só fiz o que a Lila tinha me pedido. Disse que não poderia desfilar porque o vestido tinha vindo no corte errado, eu só o deixei igual ao desenho.

— Não existe desenho algum garota. – disse frio.

Marinette olhou para Lila procurando por ajuda, mas ela também olhava para o chão.

— Existe sim! Ela, ela me mostrou! – Marinette explicava desesperada.

Gabriel Agreste redirecionou o olhar para Lila.

— Isso é verdade?

Lila retirou o olhar do solo e virou-se para encarar Marinette.

Esperou.

— Não.

Todos à volta reagiram surpresos, iniciando burburinhos. Lila continuou...

— Eu fui no banheiro verificar se minha maquiagem tinha borrado. Quando voltei a encontrei com uma tesoura em mãos recortando o meu traje – seus olhos se encheram de lágrimas – supliquei para que parasse, mas ela não quis me ouvir! Gritei por ajuda, só que a Marinette saiu correndo antes que os seguranças pudessem chegar.

— MENTIRA! – gritou Marinette raivosa – nunca fiz isso! Eu juro Sr.Agreste!

Gabriel olhava para Marinette com o olhar mais duro que ela já havia visto na vida.

— E mais – disse Lila – ela também é autora do roubo do broche do Adrien.

Todos encararam o loiro.

— O quê?! – disse Marinette.

— Seu broche foi roubado?! – Gabriel Agreste encarou o filho desacreditado.

Adrien encolheu o corpo e olhou para o pai envergonhado.

— Desculpa pai, eu ia te contar, mas tudo foi tão rápido. Antes de entrar no palco procurei por ele e não achei. Perguntei pra todos aqui, ninguém viu.

Lila foi até a sua penteadeira e pegou a bolsa de Marinette. Começou a abrir o fecho.

“Tikki”

Desesperada Marinette arrancou a bolsa da mão de Lila.

— Viu só! Está na bolsa! – acusava ela.

— Está louca?! Se eu tivesse roubado algo, o mais lógico seria ter levado comigo a bolsa e não deixa-la aqui!

— Você ficou assustada porque eu chamei os seguranças e saiu correndo! Mas agora está de volta para pegar o seu prêmio – afirmou Lila.

— A minha amiga não roubou nada! – Alya vinha do fundo junto com Nino.

— Então porque ela não nos deixa revistar a bolsa? – Lila insistia.

— Isso é invasão de privacidade! – defendeu-se Marinette.

A tenda estava uma confusão, todos falavam ao mesmo tempo, Alya berrava no fundo “Calúnia”, enquanto Adrien segurava Marinette impedindo-a de avançar em Lila. Os alunos do colégio incentivavam a briga e eram barrados pelos seguranças. Gabriel bateu palmas duas vezes e gritou pedindo silêncio. Todos se calaram.

— Muito bem. Não vou invadir a sua privacidade Srta.Dupain-Cheng, mas não posso ficar com a dúvida de você estar portando o broche do meu filho. Portanto, trago uma solução justa a todos, você mesma irá abrir a sua bolsa e chacoalhará com a boca virada para baixo. Estamos entendidos?

Marinette concordou. Não tinha nada a esconder.

“Por favor aguente firme Tikki”

A garota abriu a bolsa e fez como o mandado. Tikki não cairia. Entretanto um broche azul com bordas douradas foi ao chão. Marinette arregalou os olhos, suas mãos tremiam.

— Como eu disse, uma ladra – afirmou Lila.

Marinette olhou para as pessoas ao seu redor, todas a olhavam com uma expressão estranha, um olhar que ela nunca pensou que veria em relação a ela. Desprezo. Alya ainda tentava alcançar a amiga em vão. Adrien a soltou lentamente e deu alguns passos para trás.

— Adrien – sua voz falhou – eu juro...juro que não roubei nada.

— Marinette...estava na sua bolsa – o garoto falou com a voz embargada – o que você quer que eu faça?

Lágrimas escorriam pelo seu rosto de Marinette como uma cachoeira. Havia uma mistura de olhares direcionados a ela, desprezo, pena, raiva. Engoliu seco e falou soluçando.

— Por-por favor, acre-dita em mim.

Marinette insinuou segurar as mãos de Adrien, mas ele se desvencilhou delas.

— Desculpa Marinette. – disse virando o rosto.

Pela primeira vez nem se quer a Cholé se manifestou. A filha do prefeito olhava a situação com atenção, mas preferiu permanecer calada. Marinette já havia sido humilhada o suficiente para um dia.

“Isso não pode ser verdade. É só um sonho, não, um pesadelo”

Marinette sentiu seus sentidos sendo afetados lentamente, perdeu a força nas pernas, um zumbido chato instalou em seu ouvido e a visão começava a escurecer. Alya a alcançou no momento em que a amiga quase foi abaixo.

— Em consideração ao meu filho eu não prestarei queixa Srta.Cheng – disse Gabriel Agreste – mas não quero mais que se aproxime dele. Está claro?

A menina não conseguiu responder. Estava em choque. Sua sorte foi a presença de Alya do seu lado.

— Está certo – Alya respondeu por ela.

Alya passou por Adrien com um olhar fuzilante. Nino ajudou-a a abrir espaço entre a multidão e juntos saíram do parque, parando na esquina ao lado onde não havia ninguém.

— Quer que eu vá junto? – Perguntou o menino.

— Não precisa, mas agradeço pela ajuda Nino.

Nino despediu-se das amigas e voltou correndo para o parque. Alya segurou firmemente Marinette e incentivou que a mesma desse alguns passos.

— Isso Mari, devagar, vou te levar para casa. Vai ficar tudo bem amiga, não vou te deixar cair.

Apesar do apoio de Alya, Marinette sabia que cair no chão não seria um problema. Nenhum dano físico seria capaz de ser tão forte quanto a gigantesca dor que ela sentia em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Não vou nem me pronunciar em compaixão pela Mari.