Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 8
Chapter 7: Dia de confraternização


Notas iniciais do capítulo

Devil's on your shoulder
Strangers in your head
As if you don't remember
As if you can forget
It's only been a moment
It's only been a lifetime
But tonight you're a stranger
Some silhouette


- Silhouette (Aquilo)



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           Alec Volturi

 

O dia já vem amanhecendo

Oh, pequenino

A alegria já se vai esmaecendo...

O sol vem se levantando por trás da colina

Levando embora as pistas...

Uma para a minha menina, duas para o meu menino...

Os corvos levantam voo.

Não deixe que eles saibam... Não deixe que eles saibam...

Uma para a minha menina, duas para o meu menino...

 

A mente dele se afogava naquela canção incansavelmente enquanto a luz alaranjada irradiava para dentro de suas pálpebras fechadas. Era a canção que sua mãe cantava para Jane e para ele quando crianças - sabia que era - e quando seus dons começaram a se manifestar. Depois de quase um milênio, e condenado a sede de sangue, aquela era a única lembrança que tinha de sua antiga vida. Aquela e a de momentos antes de sua transformação, onde o fogo queimava sua pele e os gritos horripilantes de sua irmã machucavam seus ouvidos, as tochas e os vivas de alegria dos aldeões comprimiam seu peito...

Alec abriu os olhos, trincando o maxilar. Das poucas coisas que se lembrava da sua vida humana, nenhuma valia a pena ser lembrada. Era assim, quando parava e se permitia liberar a mente do bloqueio que insistia em colocar em seus pensamentos e lembranças, aquelas sempre acabavam voltando. E ele sempre acabava as trancando no lugar mais sombrio e esquecido de sua mente, o fazendo esquecer de sentir. De ser algo que deixara de ser há muito. Humano.
Alec exalou lentamente, tomado por um gosto amargo em sua boca, que não era o veneno de suas presas. Seus olhos fitaram o nascer do sol à frente, que fazia sua pele brilhar fracamente, e seus ouvidos circularam para dentro do apartamento. O barulho de gritos na sala, indicava que Félix estava muito entretido vendo TV; e o silêncio confortável dos outros cômodos, indicava que Jane e Demetri haviam saído. Novamente. E ele estava ali, sentado no terraço do prédio, contemplando a vista limitada do horizonte que se fundia à estrada, sozinho com seus pensamentos. Subira ali quando o crepúsculo do dia anterior chegara, e então não saiu mais. Em sua mão esquerda, o celular pendia, ao qual ainda podia relembrar a ligação de Aro, duas horas atrás:

 

— Mestre - Saudou assim que aceitou a chamada.

 

— Meu caro Alec, que prazer em ouvir sua familiar voz! - Havia falsidade misturada com a empolgação na voz de Aro, e isso ele sabia. - Como andam as coisas por aí?

 

— Estão indo bem, mestre.

 

— Tem certeza disso, meu querido? Porque sua ausência junto com a dos outros três, me indica que as coisas não andam nenhum pouquinho bem... Diga - me, quanto tempo leva para quatro membros do mais alto escalão, cumprir uma simples missão?

 

Alec teve que escolher bem as palavras, tomando cuidado para não destilar a reposta que o satisfaria, optando pela mais sábia:

 

— Eu sei, mestre. E sinto muito.

 

— Já faz um mês, meu caro. Um mês - Aro apontou, com a mesma calmaria de sempre camuflando suas verdadeiras intenções. - Não que eu esteja bravo, Alec, mas você sabe o que significa para mim o afastamento dos meus melhores homens - Agora ele era pura doçura murmurada. - Necessito do meu general para comandar meus homens, e você sabe disso.

 

— Certamente que sei, mas já lhe informei sobre os imprevistos...

 

— Sim, sim. Você me contou.

 

— E não se sente preocupado em relação a essa possível espécie nova de vampiros, mestre? - Alec perguntou, o sarcasmo bem notável na voz.

 

Como ele esperava, Aro não se incomodou com aquilo. Ele nunca se importava quando se tratava de Alec.

 

— Vampiros com sangue correndo pelos veias? Isso é impossível, com exceções dos híbridos - Ponderou do outro lado da linha. - Pessoalmente me parece uma piada, mas não negarei dizendo que a novidade não me causa certa... Curiosidade. Por isso deixe comigo, Alec, eu cuidarei disso. Enquanto isso, se ocupe em terminar sua missão, o quanto antes e de qualquer forma.

 

— Então tenho permissão para utilizar nossas táticas, mestre? - Perguntou o vampiro louro acastanhado, elevando as sobrancelhas em interesse.

 

Do outro lado da linha, ele ouviu a sinistra risada de Aro.

 

— Você tem. E mais do que isso, você tem autorização de fazer o que for preciso para voltar logo, Alec. Mate se precisar matar, destrua se precisar destruir, comece uma guerra se precisar começar. Mas no final, a única coisa que você tem que fazer, é vencer e resolver a situação para mim. Estamos entendidos?

 

— Estamos entendidos, mestre.

 

— Ótimo... E ah, esqueci uma coisa. Limpe toda a bagunça depois....

 

 

Aquela ligação o tinha tirado o sossego. Alec sabia que não poderia adiar mais aquela conversa, e então não pode. Aro o colocara mais pressão do que todos os outros colocavam, e agora podia ver claramente que o motivo não era importância de fato, e sim raiva e desconforto. Sabia que Aro não gostava da ideia de colocar seus melhores servos no território de outro clã, principalmente o território dos Cullen. Aceitara a ideia por pura obrigação e aparências, mas não era o que ele realmente queria. Por tanto, os desejos de seu mestre só se acrescentavam na lista de coisas que tinha que fazer vista grossa. Não podia fazer nada quanto a isso, assim como não podia fazer nada quanto aquele maldito dia e feriado.

Se saísse do terraço e descesse para o saguão do hotel, encontraria os corredores disfarçados com enfeites ridículos e uma média árvore decorada. Se virasse a cabeça para o lado, contemplaria a paisagem do térreo, de onde observaria o raiar do dia escondido por nuvens pesadas e flocos de neve caindo rapidamente. Uma verdadeira nevasca.
Se fosse assistir com Félix no sofá do apartamento, se irritaria com os comerciais entre os intervalos do filme, onde só sabiam falar sobre o feriado. Natal aqui e ali. Presentes debaixo da árvore. Liquidações de 50% de desconto. Criancinhas tolas a espera do velho Papai Noel. Adultos as incentivando. As tradições estúpidas se realizando...

Eram tantas mentiras sobre a data que Alec preferia não sair dali para não fazer nenhuma daquelas coisas, e continuar observando o horizonte nebuloso. A pura verdade é que não gostava do natal, não que tivesse tentado gostar alguma vez. Talvez gostasse quando pequeno e mortal... Não sabia dizer... Mas no castelo, onde todos estavam sempre a espera e a comando dos mestres, ninguém tinha tempo ou cabeça para pensar em uma estupidez dessas. Os Volturi simplesmente não celebravam o feriado, e só. E aquele ano, não seria diferente. Pois estar longe de casa, no território do clã inimigo, não queria dizer que as coisas mudariam de curso. Não mesmo.

Mas se não, por qual razão Jane e Demetri haviam saído tão animados do apartamento, quando o relógio bateu às seis em ponto? Por qual outra razão seria a não ser comemorar a estúpida data? Caçar eles não iriam, com certeza não. A nevasca fechando o tempo em Forks fazia os humanos se manterem dentro de casa, isso ele tinha certeza. Então a certeza era óbvia.

E aquilo fez Alec suspirar pesadamente. Jane, sempre tão Jane. Conhecia bem demais a irmã para saber o quanto suas opiniões e decisões poderiam mudar no calor do momento, ainda mais no do sentimento. Porque era assim que Jane era quando estava na companhia de Demetri: Uma vampira má incorporada em uma adolescente sensível. Isso quando ele não a dava atenção, e ela resolvia faze - ló pagar nas piores maneiras possíveis.
Aquela era Jane Volturi afinal, e aquele era Demetri Volturi, afinal também. Não sabia como ambos ainda continuavam com aquela relação que não era algo que achasse que fazia bem para nenhum dos dois. Mas nisso, Alec não podia se meter e tomar o controle para si.

 

Não que tivesse vontade. Tinha tanta coisa para resolver, tantos problemas para solucionar que haviam momentos como aquele, em que ficava sozinho, que achava que não iria aguentar a situação e iria destruir, arremessar, matar tudo o que viesse em sua frente. E tudo o que ele não podia fazer agora era perder o controle, não quando a primeira faísca já fora acessa. O ataque a mansão dos Cullen servira para alguma coisa além de trazer destruição e quase mata- lós; servira para trazer a primeira peça do quebra-cabeça, e essa peça ele não perderia por nada.

 

Brooke Evern, era a palavra chave.

 

A mesma Brooke de Renesmee, e a mesma que irritava Alec ultimamente. Ele não a conhecia, mas se sentia aborrecido só em pensar no nome. Brooke... Recordava que quando ouviu pela primeira vez Renesmee falar dela, teve a sensação esquisita de familiaridade, mas deixara o assunto para lá. Mas agora? Agora que tinham uma pista que pertencia a garota? Isso ele não deixaria para lá.
Entretanto, havia um problema, um entre os outros um milhão que tinha. Como a garota se encaixava naquela carnificina toda? Os Cullen tinham a certeza de que ela era uma humana inofensiva. Mas a reação que teve ao ver o colar no pescoço de Renesmee, segundo Edward, confundia e afirmava tudo, não?
Alec não sabia. E por não saber, não parava de tentar vasculhar a mente em alguma lembrança sobre Brooke Evern.

Seu nome era familiar para ele? Sim.
Ele se lembrava de conhece - lá? Não.
E isso o aborrecia.

A vontade que tinha era de sair a procura da garota, descobrir seu endereço (que não seria difícil) e aborda - lá em casa. Ou na escola, não fazia diferença. A impotência de não poder contar com a própria mente, depois de séculos, o desagradava. Era algo que não conseguia explicar. Entretanto, ninguém valia seu tempo ao ponto daquilo. Alec tinha coisas mais importantes para se concentrar do que uma humana inconveniente povoando seus pensamentos, e ainda que ela pudesse ser uma pista, ele preferia deixar essa tarefa para os Cullen. Não se misturava com a ralé, quanto mais humana.
Sendo assim, disse para si mesmo que daria aquele assunto como encerrado, e que se ocuparia com coisas mais urgentes no momento.

Como por exemplo, a ação de graças na casa dos vampiros de olhos dourados, ao qual tinha recebido uma ordem direta para comparecer. Ainda não acreditava que Aro o dera tal ordem, até porque chegava a ser um absurdo, mas no final, ele iria. Suspeitava que a intenção de seu mestre, ao informa - ló disso no fim da ligação, era puramente saber o que o clã andava aprontando. E o que seria melhor do que um jantar "familiar" para ficar por dentro da intimidade?
Alec não gostava de bancar o espião, mas não tinha o que fazer contra isso. A ordem havia sido clara. O que tinha que fazer agora era cumpri - lá.

Ciente daquilo, o vampiro soltou um pesado suspiro, desgrudando os olhos da vista em frente e se preparando para levar aquilo adiante. Guardou o celular no bolso da calça, e empurrou os fios de cabelos para trás com graciosidade, instantes antes de dar um giro veloz, saltando da beirada do terraço para a área de dentro, onde correu como uma sombra para dentro do apartamento. Ficar com o último andar tinha lá suas vantagens. Em instantes depois, Alec estava cruzando a sala, onde encontrou Félix deitado no sofá, gritando encorajamentos para um lutador e urrando ofensas para outro, na luta livre que assistia na televisão. Ao seu redor, no chão, uma meia dúzia de bolsas de sangue vazias se acumulavam, e uma sétima terminava de ser tomada por ele. Alec franziu o cenho, enjoado com a visão, e se debruçou no encosto do sofá, dando tapinhas no ombro do outro vampiro, que o olhou irritado:

 

— É melhor se preparar, amigo. Hoje a noite trocaremos o sangue por coxas de peru - Disse Alec, virando as costas e deixando um Félix confuso e engasgado para trás.

Ele voltou para o quarto, pensando em enviar uma mensagem para Jane mais tarde, já que a confraternização só aconteceria de noite. Até lá, Alec iria se preparando psicologicamente.

 

 

 

                     ***

 

 

 

A cena á frente era tão estranha quanto o cenário. Poderia ser cômica, se não fosse altamente frustrante e desconfortável. Sentados na grande e redonda mesa de mogno negro da sala de jantar, Cullen e Volturi compartilhavam a noite. O silêncio no cômodo só era quebrado pelo tintilar dos talheres batendo da híbrida que se servia, e das taças de sangue animal e sangue humano armazenado, que vez ou outra eram levantadas ou apoiadas na mesa.
Ocupando as cadeiras, os vampiros se entreolhavam, calados, desconfortáveis com a situação. Já fazia uma hora que chegara na casa, e Alec se perguntava por que não tinha dado meia volta para trás quando Carlisle abriu a porta, os recepcionando. A noite havia transcorrido lentamente, como se os ponteiros do grande e redondo relógio pregado na parede da sala estivesse quebrado. Quase não houve diálogos, em consequência da proibição sobre qualquer assunto diretamente e indiretamente ligado sobre os ataques, mortes e vampiros na cidade. Segundo os anfitriões da casa, aquela não era uma reunião para negócios, e sim, celebrações.


 Alec revirou os olhos por trás da borda da taça toda vez que se lembrava disso. Já estava ficando cansado daquela réplica fajuta de família feliz que os Cullen representavam, se soubessem como estavam ridículos sentados a mesa farta, mesmo sabendo que não podem degustar nada, enquanto sorriem um para o outro.

Patéticos.

Alec terminou de virar sua ainda primeira taça de sangue humano contrabandeado do hospital, e a devolveu a mesa. Aquele tipo não o descia bem.

 

 

— Aceita mais uma taça de sangue contrabandeado, Alec? - Ele sabia que o ácido comentário partira de Edward.

 

 

— Eu declino a oferta - Respondeu no mesmo tom, rolando os olhos pela mesa redonda e parando do outro lado, a direita. O leitor de mentes ergueu as sobrancelhas. Alec repuxou os cantos dos lábios. - Mas aceito a oferta de você se manter bem longe da minha mente, obrigada.

 

Os olhos do Cullen se estreitaram, e ele viu Edward trincar o maxilar. Os talheres pararam de bater, e os outros vampiros encararam os dois. Não se importou se aquilo fosse estragar a noite, já estava cheio de ter sua cabeça violada por alguém patético como Edward.

 

— Isso o perturba? - O Cullen replicou, prolongando ainda mais a tensão estabelecida. - Desculpe, nunca foi minha intenção.

 

 

Ao seu lado, Alec sentiu Jane se agitar, e ele a tocou na mão, pedindo silenciosamente por controle. Não podia ver sua expressão, mas se tivesse um espelho, veria o rosto lívido se transformando em uma máscara fria e vazia. Não cairia no joguinho infantil de Edward Cullen.

 

— Tenho certeza que não.

 

— Peço que os dois parem, por favor - Disse Carlisle, sendo o primeiro a se intrometer nas trocas de farpas.

 

— Ou continuem. A noite está pedindo por algo interessante...

 

—Emmett!

 

— Não seja hipócrita loira, tenho certeza que você está tão entediada quanto o resto de nós...

 

— Se eu fosse você, não me intrometeria na DR do casal, Félix...

 

— E seu eu fosse você, Alice, não diria o que fazer para um Volturi...

 

— Nem se dê ao trabalho de tentar usar o seu dom em alguém aqui, Jane, meu escudo está ativado...

 

— JÁ SÃO MEIA - NOITE. FELIZ NATAL!

 

 

Todos os olhares se deslocaram para a figura de cabelos esvoaçantes avermelhados saltando no lugar. A híbrida apontava para o relógio atrás de si, e um amplo sorriso se esticava de orelha à orelha em seu rosto. Alec fitou Edward, e Edward fitou Alec, fazendo os dois bufarem em sincronia. O Volturi voltou a encostar as costas no espaldar da cadeira, e observou o que aconteceu depois. Todos se entreolharam, e depois de Carlisle tossir falsamente, tudo voltou a ser como antes. Mudando, é claro, que agora havia vozes murmurando "feliz natal" pelo cômodo. Alec não se deu ao trabalho de responder nenhuma felicitação, apenas fechou a cara e esperou aquilo acabar.

Percebeu que não conseguiria fazer aquilo quando Esme saiu da sala de jantar e voltou, carregando mais bolsas de sangue, sorrindo para os seus. Ele aproveitou a distração que todos tinham com a conversa, e empurrou a cadeira para trás, murmurando um "com licença" inaudível para um humano. Não se importou com os olhares desconfiados que atraiu, apenas tinha que sair daquele ambiente repugnante antes que arrancasse a cabeça de alguém, com preferência, a do Edward.


 Alec saiu caminhando da sala de jantar, o sobretudo negro se destacando em sua pele pálida e olhos vermelhos. Cruzou o corredor do hall de entrada e abriu a porta da casa, parando na varanda. O vento forte do anoitecer o recebeu, e ele se sentiu instantaneamente melhor. Encarou as árvores da floresta que rodeavam a casa, e o pensamento de que aquela noite fora um fracasso, o atingiu. Aro estava errado, não tinha nada que valesse a pena para descobrir sobre os Cullen, e isso ele já sabia. Então, seu sacrifício de estar ali naquele momento tinha sido um desperdício. Ele se limitou a pensar sobre aquilo, sua cabeça ainda podia ser invadida.

Se encostou na parede da varanda, e cruzou os braços. Foi então que ouviu passos tímidos. Ele esperou para ver quem era, mas antes do rosto sardento aparecer em seu campo de visão, o cheiro de sangue quente correndo pelas veias o indicou que se tratava da híbrida. E era ela mesma.
Renesmee surgiu cautelosamente pelo hall, e parou ao lado de Alec, no batente da porta. Ela levantou os olhos para ele, curiosos como sempre, e ele deu - lhe atenção.

 

— Algum problema?

 

Ela balançou a cabeça que não.

 

— Então é melhor voltar para dentro antes que seu querido pai pense que eu estou a matando ou algo do tipo - Alec disse, desviando os olhos de Renesmee e voltando a fitar as árvores.

 

Mas ela não voltou.

 

— Meu pai sabe que eu estou aqui - Respondeu ela, rapidamente. - Eu disse para ele que você não me machucaria, e que se pensasse em fazer isso ele saberia, de qualquer forma - A ruiva soltou uma risadinha. - E eu não tenho medo de você.

 

— Pois deveria ter - Alec retrucou, incomodado com as declarações da garota. - E volte para dentro, se não veio fazer nada aqui fora.

 

— Mas eu vim.

 

— O que?

 

— Te agradecer.

 

Alec teve que encara - lá novamente.

 

— Me agradecer? - Perguntou, franzindo o cenho.

 

— Sim. - Renesmee assentiu, e depois abriu um sorriso tímido para Alec. - Vim te agradecer por ter me protegido aquele dia que os vidros explodiram e aqueles vampiros nos atacaram... Sendo sincera, eu não esperava isso de você. Então por quê?

 

 

Ele ficou a encara - lá, processando uma resposta que fosse afugenta - lá, mas ele não conseguiu. Não esperava que a híbrida o questionasse daquela forma, a achava covarde demais, mas Alec já vira tantas coisas por tantos anos para saber melhor do que ninguém que as aparências enganavam. E agora, estava em uma saia justa. Como iria explicar o motivo de ter protegido a Cullen, quando nem ele mesmo sabia?
Para sua felicidade, ele sabia improvisar muito bem:

 

— Impulso.

 

— Você não parece ser do tipo impulsivo.

 

— Instinto - Sentenciou ele, encolhendo os ombros indiferente.

 

 

A híbrida estreitou os olhos da mesma forma que o pai estreitava, e depois de alguns segundos, pareceu aceitar a resposta. Mas ainda assim, não se retirou.

 

— Algo mais que você queira saber? - Ele perguntou entre dentes.

 

— Sim. Quando vocês vão resolver essa situação toda? Quando as mortes, os sequestros e o medo nessa cidade irão cessar? - Renesmee indagou, e sua voz pela primeira vez, estava firme.

 

O vampiro ajeitou a postura, ergueu o queixo e olhou fixo para a híbrida ao seu lado.

 

— Quando conseguirmos mais pistas - Alec se limitou a responder. - Não se preocupe com isso, o resto do seu clã já faz isso por vocês.

 

— Eles não são o meu clã. Eles são a minha família— Ela corrigiu. - E eu me preocupo. Me preocupo porque a cada dia que se passa, mais pessoas morrem. Mais famílias sofrem. Mais inocentes são atacados... Uma garota que eu conhecia morreu próxima a escola, sabia?

 

— É, eu vi nos jornais.

 

— Ótimo, isso mostra que você está fazendo o seu trabalho direito - Alfinetou a híbrida, e ele travou os dentes. - Mas não estou falando disso, Alec Volturi. Estou falando do perigo que cada vez se aproxima mais... Não posso fazer nada. Mas você pode. Minha família pode. Então façam logo!

 

 

Passou - se um minuto até que ele abrisse a boca para falar alguma coisa, e quando isso aconteceu, a onda de raiva o perpassou:

 

 

— Vou dá - lhe um conselho, híbrida: fique de fora disso - O Volturi falou, inclinando o rosto na direção dela. - Você não entende de nada, e ainda não há lugar no mundo vampiro para uma espécie rara como a sua. E sabe o que acontece com espécies raras dentro de um cativeiro com outras comuns? Isso mesmo. Elas são pisoteadas como insetos nojentos. Então, sugiro que deixe de encher minha paciência, e volte para a sua família. Ou se quiser fazer algo útil, faça a sua amiguinha falar alguma coisa.

 

— Brooke não é a minha amiga - Murmurou Renesmee, com as bochechas vermelhas e palavras falhas. - Mas não se atreva a tocar nela.

 

Um sorriso de escárnio  se abriu nos lábios de Alec, e ele voltou a se encostar na parede, satisfeito com o efeito que causara na híbrida. Suspirou pesadamente.

 

— Eu não vou - disse e ficou imaginando por que nenhum Cullen apareceu para levar Renesmee. - Agora vá aproveitar o resto do seu natal.

 

 

O som que saiu da garganta dela foi parecido com um crocitar.

 

 

— Pensei que de todos os Volturi, você era o melhor – Sussurrou ela, amargamente, e ele revirou os olhos sem se conter.

 

— Eu não sou melhor do que eles, híbrida. Não sou bom, e nem quero ser.

 

— Talvez esse seja o problema, então.

 

 

Pelo canto do olho, Alec viu a ruiva girar nos calcanhares e passar pela porta, voltando para dentro da casa a passos duros. Ele respirou aliviado, por costume, e procurou ignorar as últimas palavras dela que o azucrinariam por um longo tempo, enquanto buscava o conforto no silêncio. O cabelo escorregou por sua testa, e ele o empurrou para trás, no exato momento em que flashes inundaram a sua mente.

Gritos. O alto de uma montanha. Uma ponte. Os mantos dos Volturi esvoaçando pelo chão. Um carro rodando pela estrada. Um nome berrado aos quatro ventos. O rosto aterrorizado. Suas mãos sujas de sangue.

Alec piscou, e a varanda dos Cullens voltou a entrar em foco. O ar gélido bateu em seu rosto, e a penumbra da madrugada o acolheu de braços abertos quando ele retornou para aquele tornado de vislumbres borrados. Seu olhar se pregou no vazio a frente, e então sua ficha caiu.

 

Ele se lembrava de Brooke Evern. Ou pelo menos, achava que lembrava.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Hei! Como vocês estão?
Como sempre, chegando com capítulo depois de quase um mês. É, eu sei que é chato esperar tanto gente, mas eu não posso escrever qualquer coisa e jogar aqui, não. E agora que as minhas aulas começaram em um novo horário, as coisas podem não melhorar. Mas isso até que é bom, pois assim eu tenho mais tempo para pensar melhor no desenrolar da fanfiction sem melecar tudo hehe!
Enfim, vamos direto ao assunto. Foi um pouco difícil escrever esse capítulo por conta do bloqueio criativo e da ordem que aconteceram as coisas. Cullen e Volturi socializando, e Alec tendo um momento de recordação. Aro também apareceu entre tudo isso, e a leitura pode ter ficado um pouco cansativa. Eu realmente não sei, por isso me desculpem.
Outro ponto também que quero destacar aqui, é que vocês comecem a prestar atenção nos próximos capítulos, pois as pistas irão começar a aparecer, e eu não pretendo deixa - lás visíveis no texto.

Para aqueles que estão esperando o encontro de Alec e Brooke acontecer, aguardem, pois muita coisa pode acontecer até lá. E fiquem sabendo que quando isso acontecer, o céu vai desabar hahaha!

Não tenho nada mais a dizer aqui. Então por enquanto, é só. Agradeço insanamente pelos comentários de vocês, e aguardo mais depois desse capítulo.

Até o próximo! ♡



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