Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 17
Chapter 15: O esconderijo dos cadáveres


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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Alec Volturi

 

 

O que aconteceu?

 

Foi uma das perguntas chocadas que Alec recebeu assim que adentrou a mansão dos Cullen, com o garoto humano se contorcendo em seu colo e a Evern fungando em seu encalço. Todos ainda estavam ali na sala de estar, do mesmo jeito quando ele saíra com a Evern e com Jasper — esse que contorceu o rosto abalado pela onda de emoções que chegou.
Todos começaram a perguntar, nervosos, confusos, curiosos. Mas Alec apenas ignorou todos, indo em direção ao único que podia ser útil naquele momento: Carlisle, que se levantou prontamente.

 

— O que aconteceu, Alec? — Perguntou, abaixando os olhos para Gaz, que não parava de berrar palavras incoerentes e se debater. — Quem é o garoto?

 

O Volturi suspirou aborrecido antes de responder:

 

— Fomos atacados na loja da mãe dela — Acenou com a cabeça na direção da Brooke, que havia parado na entrada da sala. — dois recém-criados que não deveriam lutar do jeito que lutaram. Mas isso, é claro, foi depois desse humano tolo apare...

 

— Esse humano tem nome. É Gaz, Gaz Julions — A voz de Brooke o interrompeu, bruscamente, e subiu uma oitava, enquanto ela se aproximava perto o suficiente até parar ao seu lado e o encarava com os olhos avermelhados afundados em lágrimas retidas, que ela fez questão de enxugar com a manga do casaco, violentamente. — E ele estaria bem se você o tivesse protegido!

 

Alec percebeu que o maxilar dela tremia levemente, raiva reprimida, talvez. E com ele não foi diferente. Seus olhos queimaram nos de Brooke, o fazendo levantar a cabeça e a olhar por cima, se enfurecendo.

 

— Pouco me importa o nome desse humano! — Rosnou ele, e como se fosse para enfatizar, Alec abriu os braços, deixando o corpo de Gaz ir ao chão em um baque sonoro que ecoou por toda sala silenciosa. Ele viu a incredulidade e o ódio se mesclarem na expressão da morena. — Ele não deveria ter entrado em meu caminho e atrapalhado minha missão!

 

— Você é um monstro! — Urrou Brooke, cerrando os punhos e se atirando na direção de Alec, mas Edward a segurou e a empurrou para trás, ficando no meio dos dois.

 

— Vocês dois, já chega! — Decretou Carlisle, atraindo atenção enquanto se abaixava ao lado do corpo convulsivo de Gaz e o erguia com cuidado. — Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas não quero essa hostilidade toda dentro da minha casa — Os olhos dele transitaram entre Alec e Brooke, parando nela por um tempo. — Creio que ele seja o seu amigo, e acho que você já decidiu o melhor para ele — Ela assentiu lentamente. — Edward, Rosalie, venham comigo. O processo da transformação já começou.

 

Lançando um último olhar firme, Carlisle virou as costas, levando Gaz consigo. Rosalie se deslocou do lado de Emmett, seguindo atrás de Carlisle, e logo Edward os acompanhou, assim que percebeu que o perigo da Evern e do Volturi de se engalfinharem havia passado.
Um silêncio tenso caiu sobre o ambiente, fazendo todos se entreolharem, mas Brooke foi a primeira a quebra-lo:

 

— Eu vou ficar com ele — Ela deu alguns passos na direção por onde os quatro seguiram segundos atrás, mas foi contida pela mão de Esme.

 

Alec revirou os olhos.

 

— Não é uma boa ideia, querida. Seu amigo está em boas mãos, é melhor deixar Carlisle assumir a partir de agora — A matriarca do clã Cullen sorriu, afagando o braço da morena que depois de alguns segundos, concordou com a cabeça.

 

Uma risadinha debochada ecoou de algum lugar.

 

— Como se tivesse muito o que fazer pelo humano — A zombaria veio de Jane, que estava sentada no sofá com os braços cruzados no meio de Demetri e Felix e parecia estar se divertindo muito com a situação.

 

Alec acompanhou a irmã na risadinha venenosa, fazendo questão de olhar para a Evern e ver o brilho choroso em seus olhos.

 

— Venha comigo, Brooke — Chamou Isabella, se colocando ao lado da garota e lançando um olhar repulsivo para os irmãos gêmeos. — Vou te levar até Renesmee.

 

Alec apenas observou a morena assentir, e abaixar os olhos antes de virar as costas e acompanhar Isabella até as escadas, onde subiram e desapareceram posteriormente.
Ele conseguiu pensar mais claramente quando a garota se foi, junto com seu cheiro e sua língua atrevida. E, assim, ele percebeu o comportamento inaceitável que teve momentos antes, onde a deixou o tirar do sério na frente dos demais.
Mas era assim, funcionava daquele jeito desde que Brooke havia aparecido em seu caminho. Era automático e impossível ele não se descontrolar. Assim como ela também perdia o controle, e então tudo virava um campo minado de guerra. Para ambos.

E Alec Volturi amaldiçoava isso.

Ele recuperou a postura, mandando embora todos os pensamentos impertinentes, e passou a mão pelo tecido do sobretudo, que ficou amassado com o esperneio do humano tolo. Gaz, era o nome. Como se o importasse.
Ele jogou os fios de cabelo que escorregavam para a testa para trás, e se encaminhou até a estante com um bar embutido, declinando a parte da boa educação. Alec se serviu de uma dose generosa de Whisky, sorvendo a bebida em seguida. O líquido desceu como água por sua garganta, e ele voltou a encher o copo, consciente de todos os olhares cravados em suas costas.

 

— Então você vai nos contar toda a história do que aconteceu, ou o quê? — Perguntou Alice, assim que ele se virou, colocando as mãos na cintura. Ela foi apoiada pelos seis vampiros que permaneceram na sala.

 

Alec se limitou a sacudir os ombros e se encostar na estante. Então começou a contar toda a história. Contou tudo, tudo que aconteceu. Desde de quando chegaram na casa da Evern até o momento em que foram atacados. Ele descreveu os detalhes, observando atentamente as expressões surpresas dos outros. E quando chegou ao fim, não se admirou com os olhares arregalados que recebeu.

 

— Então é verdade? A lenda de Vlad? — Demetri foi o primeiro a se pronunciar, de queixo caído.

 

Alec balançou a cabeça.

 

— É o que parece.

 

— Mas espere, o que ele quis dizer com "um homem designado por esta profecia? — Quis saber Emmett, que coçava o queixo enquanto parecia pensar.

 

Novamente, Alec balançou a cabeça.

 

— Não faço a mínima ideia.

 

Fez-se um longo silêncio onde todos pareciam imersos em seus pensamentos, como se cada um estivesse tentando encontrar uma resposta.

 

— Poderia ser Brooke — Alice quebrou a quietação, batendo os cílios e tamborilando o dedo indicador nos lábios. — A quem a profecia se refere.

 

— Você é surda por acaso? Não ouviu o que meu irmão disse? Um homem designado. Homem, sexo masculino. Você tem um ao seu lado neste instante, caso queira saber — Disse Jane, apontando para Jasper com uma careta indiferente no rosto.

 

Alec viu Alice rolar os olhos.

 

— E daí? Isso não significa que Vlad ou quem quer que tenha escrito não possa ter se enganado. Brooke poderia ser essa tal pessoa, se levarmos em consideração que algum tipo de envolvimento com toda essa história ela tem, porque se não tivesse, não estaria sendo mantida presa aqui — Retrucou ela, empinando o nariz.

 

— A baixinha tem um ponto — Apontou Emmett.

 

Alec largou o copo já vazio em cima da superfície plana da estante, tomando muito cuidado para controlar os pensamentos. Sim, Alice tinha um ponto. Mas ele também tinha. E seu ponto não envolvia Brooke, ainda que pudesse, mas ele preferia acreditar que não. O que claramente, poderia ser um erro ao qual ele não estava querendo enxergar. No entanto, ele já havia vivido tempo demais para saber que as aparências enganavam, e se fosse reunir todas as probabilidades da Evern ser a pessoa ao qual Vlad se referia em sua profecia gravada no livro dos sonhos, este que estava escondido no carro, não teria nem dez por cento de chance de Alice estar certa. Brooke Evern não tinha o perfil de alguém predestinado para tal profecia. Simples assim.
E justamente por isso, o Volturi deixou Jane e Alice discutindo sobre o assunto, trocando farpas e insultos. Ele não se meteu. Apenas continuou controlando o fluxo de pensamentos em sua mente que não queria que fosse descoberto. Entre eles, um que ele não parava de pensar desde que saíra da loja da mãe da Evern: Enquanto lutava mais cedo, Alec viu algo que o chamou atenção. Gravadas no braço esquerdo dos dois vampiros recém-criados, três siglas tortas se destacavam nas peles pálidas.

S.D.S.
Três siglas que ele já havia visto antes, em uma vampira que também pertencia a mesma espécie que aqueles dois recém-criados, mas que não dera nenhuma importância. Três siglas que tinham algum significado, e fosse o que fosse, parecia importante demais para Alec deixar para lá, dessa vez. Ele não falou sobre isso com os Cullen. Nem com nenhum Volturi. Não sabia por que estava escondendo a informação, mas sabia que por hora, guardaria aquilo somente para ele. Além do mais, tinha outra coisa mais urgente para descobrir, uma coisa que surgiu em sua mente naquele instante:

 

— Descreva a visão que você teve com a Evern, Alice.

 

 

 


Brooke Evern

 

 

Seguiu Bella em silêncio, entorpecida demais com os sentimentos que explodiam dentro de si para prestar atenção no caminho que faziam. Mas a outra não pareceu se incomodar, até parecia gostar que fosse assim. Ela não notou realmente em que momento a vampira parou de andar, mas quando isso aconteceu, ela percebeu que estavam paradas de frente a uma porta rosa. Claramente era o quarto de Renesmee. Brooke piscou, e moveu os olhos para Bella, em busca de alguma instrução, afinal, ela era a mãe da ruiva.

 

— Pode entrar — Bella assentiu, forçando um último sorriso antes de apontar para a porta e virar as costas.

 

Brooke colocou a mão na maçaneta, e então hesitou. Não tinha visto nem falado com Renesmee depois que a esfaqueara acidentalmente. Não tivera coragem. Mas agora estava ali, pronta para pedir alento justamente para a híbrida, cujo intimamente sabia que era a única a quem podia recorrer. Ela mordeu o lábio inferior, sentindo as lágrimas pinicarem por trás dos olhos e o aperto sufocante em seu peito, piorar. E então respirou fundo, percebendo que precisava fazer aquilo. Sendo assim, engolindo o nó na garganta rapidamente, Brooke rodou a maçaneta e abriu a porta dando um passo para dentro em seguida.
Seus olhos colidiram com um mundo cor de rosa, e passando pelo closet, estantes, bonecas, prateleiras de livros e pôsteres, a morena encontrou a massa de cabelos ruivos esparramados na cama. Renesmee já a encarava, séria como nunca antes, e ao seu lado, para surpresa de Brooke, Jacob Black se encontrava sentado na beirada da cama, também a encarando. No primeiro momento ela ficou parada na soleira da porta, intensificando o aperto na maçaneta, esquecendo brevemente o que tinha ido fazer ali.

Então engoliu em seco.

 

— Eu... posso entrar? — Perguntou, apertando os lábios um no outro em constrangimento.

 


Jacob e Renesmee trocaram um rápido olhar.

 

— Você já entrou — Respondeu a híbrida, encolhendo os ombros. — Mas chega aí.

 

Brooke assentiu, soltou a maçaneta e cautelosamente deu mais alguns passos, parando à alguns metros longe da cama. Ela cruzou os braços em cima do peito, tentando ficar tranquila. Sem sucesso. Então descruzou os braços e passou as mãos pelo cabelo que não via um pente há muito tempo, e ali, diante de Renesmee, que ainda que tivesse sido perfurada por uma faca um dia atrás, estava em sua melhor forma, Brooke se sentiu inferior.
Suas entranhas reviraram, e juntando toda a coragem que ainda tinha, ela voltou a erguer o rosto e olhar para o moreno e a ruiva que esperavam por uma reação.

 

— Hum... Eu não deveria ficar surpresa por ver você aqui, deveria? — Murmurou, erguendo as sobrancelhas para Jacob que devolveu o gesto, fazendo uma carranca depois.

 

— Jacob é um lobo — Comentou Renesmee, recebendo um olhar severo do moreno. — O que? Ela ia descobrir uma hora ou outra, Jake. E agora está conosco, por isso relaxa.

 

Brooke teve a sensação que seus olhos estavam quase saltando para fora, mas ignorou isso e se manteve parada no mesmo lugar, tentando não parecer alterada pela última informação. Lobo, pensou ela, nada demais para alguém que estava convivendo com vampiros.

 

— Aí está Jake! Ela está processando o fato de uma maneira muito boa — A voz da híbrida voltou a ecoar, perdendo toda a serenidade e beirando o divertimento. — Eu disse que ela era das nossas.

 

Brooke piscou, voltando a prestar atenção no que acontecia ao seu redor. O que significava "das nossas", ela não entendia, mas também não fez muito esforço para chegar a uma resposta.
Viu Jacob dar de ombros, cruzando os braços.

 

— O que faz aqui?

 

— Jake!

 

— Jake nada, Nessie. Ela te esfaqueou, caso você não se lembre. Não deveria estar aqui!

 

A vermelhidão se espalhou pelas bochechas da morena, a fazendo limpar a garganta e lançar um olhar tímido e envergonhado para a híbrida e o lobo. Ela podia ver os cantos da boca de Jacob repuxados para baixo, as íris negras como carvão a fuzilando profundamente. Brooke conteve o impulso de se encolher, e direcionou uma olhadela para o moreno, tentando demonstrar por meio dela, que estava ali em missão de paz.

 

— Eu estou aqui justamente para me desculpar por isso — Ela pausou, passando a encarar a ruiva. — E conversar com você, Renesmee... Se você quiser, é claro.

 

Renesmee não se moveu. Não piscou. Não falou. Não fez nada além de observar Brooke em silêncio, percorrendo com os olhos claros toda a extensão do rosto da garota e parecendo ponderar um pouco. Ou então estar vasculhando a mente dela em busca de algum pensamento assassino.
Por fim, a híbrida estalou a língua.

 

— Nos deixe a sós por favor, Jake.

 

Brooke e ele olharam surpresos para a Cullen sincronicamente.

 

— Como é? — Ele perguntou — Eu não vou deixar você com ela. Sem chance!

 

— Eu sei me cuidar, Jake. E ela não vai tentar me matar ou algo do tipo — Insistiu Renesmee. — Não de novo

 

Brooke olhou para o teto.

 

— Mas... Mas... Ah, tudo bem! — O Black grunhiu, suspirando pesadamente. — Mas vou esperar no corredor. E o primeiro ruído que eu ouvir...

 

— Já sabemos, você arromba a porta — Completou a híbrida. — Agora com licença.

 

Um murmúrio rabugento retiniu pelo quarto, e Brooke arriscou um olhar para a cama, onde viu o corpo grande e forte de Jacob se erguer do colchão, não sem antes plantar um carinhoso beijo na testa de Renesmee e se virar em sua direção. Ele caminhou com passos duros, e quando chegou perto o suficiente, a olhou de uma maneira que deixava explícito toda a sua antipatia a respeito dela, e com isso esclarecido, saiu do quarto resmungando e deixando a porta entreaberta.

 

— Ele nunca foi com minha cara — Observou Brooke, momentaneamente distraída.

 

Renesmee pigarreou, em busca de atenção.

 

— E então? Sobre o que você queria conversar? — Perguntou ela, arqueando a sobrancelha perfeita assim que a Evern a encarou.

 

A morena respirou fundo.

 

— Eu queria pedir desculpas. Perdão. Eu não deveria... Não podia... Nunca foi minha intenção machuca-la, mas eu só não sei o que acontec...

 

— Pode parando por aí! — A ruiva a interrompeu, gesticulando com a mão. — Eu não vou aceitar suas desculpas.

 

— Não vai? — Brooke boquiabriu-se.

 

— Não.

 

— Por que não?

 

— Porque você não me esfaqueou por querer, Brooke. Eu vi o estado que você estava, e tenho uma parcela de culpa por ele. Então não, você não tem porque se desculpar — Renesmee sorriu meigamente. — E além do mais, eu estou muito bem. Veja — Ela jogou as cobertas para longe e levantou a barra da blusa do pijama que vestia, expondo a pele alva e lisa da barriga. — Sem nenhuma cicatriz. Não se pode afetar uma meia-vampira com tão pouco, querida.

 

A expressão que a morena fez, talvez fosse cômica, talvez fosse trágica, ela não sabia ao certo. Apenas sabia que após ouvir aquelas palavras da ruiva, seu coração transbordou gratidão. Alivio. Afeição. Brooke apenas soube que naquele momento, não precisava mais ser forte, não precisava mais guardar todos os sentimentos sufocantes para si mesma, não precisava continuar se afogando neles. Não com Renesmee Cullen, que talvez pudesse ser uma ótima aliada dentro daquela casa. E impulsionada por aquele pensamento, ela soltou um riso choroso do fundo da garganta e se jogou na direção da cama, caindo ao lado da híbrida, e a puxando para um abraço apertado. Brooke precisava daquilo, mais do que em qualquer outro momento em sua vida.
Renesmee se surpreendeu no primeiro momento, mas depois de alguns segundos, retribuiu o abraço com a mesma intensidade, sentindo um genuíno sorriso se abrir em seus lábios. Nunca antes tivera uma amiga que não fosse sua mãe ou suas tias. E agora tinha Brooke, que mesmo que não soubesse, já tinha um espaço garantido em sua vida.

 

— Desculpa, Renesmee — Murmurou, quando as duas desfizeram o abraço e ficaram a se encarar. Brooke podia imaginar seus olhos lacrimejantes e sua voz embargada, ameaçando se quebrar junto com todos seus pedaços.

 

— Você tem que parar de se desculpar, garota — A ruiva cerrou os olhos, cruzando as pernas. — E me chame de Nessie.

 

Nessie? Como o monstro do Lago Ness?

 

— É. Jacob que inventou o apelido. Ele não é muito bom com isso, mas todo mundo me chama assim, então, tudo bem.

 

Foi impossível Brooke não rir da careta que Nessie fez, e então logo as duas estavam rindo juntas. Mas foi breve, e em seguida o silêncio caiu sobre elas. O clima leve se foi, dando lugar a uma desconfortável quietude, e com ela, a realidade e os fatos. Marcy. Gaz. A transformação. Brooke fungou.

 

— Vou ser uma vampira — Murmurou baixinho, cortando o silêncio tenso.

 

— Fiquei sabendo. Sinto muito — Disse Nessie, suspirando pesadamente. — Mas não pense pelo lado negativo, você ainda poderá fazer várias coisas e tenho certeza que será uma fantástica...

 

— Não, não vou — Cortou Brooke, lançando um olhar infeliz à híbrida. — Eu não vou ser como você, Renesmee. Não vou ser metade humana, como você é. Vou ser inteiramente e totalmente imortal, fria. E sinceramente eu não quero isso, nem um pouco. Mas prefiro me transformar em alguém que não quero ser e conviver com isso, à morrer e deixar minha mãe para trás, sozinha — Ela respirou fundo, enxugando os olhos marejados com a manga do casaco, e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu não quero ser assim. Não alguém que rouba a vida de outras pessoas... Não deveria ser assim. Minha vida não deveria tomar esse rumo. Ainda que pareça difícil de acreditar, eu deveria terminar o colegial. Entrar para uma boa faculdade. Ser alguém na vida. Talvez me casar, e ter filhos. Construir uma família e tentar ser melhor, e então morrer de velhice. Ou no processo — Brooke riu amargamente. — É isso que eu quero para mim, mas parece que não vai acontecer. E por mais que eu tente, com todas minhas forças, não consigo aceitar isso. Não consigo acreditar que não poderei ter mais do que isso. Eu não quero...

 

Sua voz falhou, e a morena se calou, engolindo todas as outras palavras que queria despejar para o lado de fora. A dor em seu coração quebrado que esteve por todo aquele tempo tentando ludibriar, finalmente se fez presente. Se fez sentir. E Brooke sentiu, intensamente, toda a dor da amargura e da injustiça. O peso de suas escolhas e até mesmo do que não tinha escolhido. Queria desabar. Queria se entregar a ela. Queria sumir. Mas Renesmee estava ali, e quando os olhares das duas se encontraram, ela pegou as mãos de Brooke entre as dela, visivelmente triste pela garota.

 

— Eu sinto muito que tudo tenha que ser assim — Disse, com os olhos brilhantes e a voz embargada. — Mas eu sei que você vai conseguir superar tudo isso. Sei que você é forte, Brooke. Eu sei. Mas se você achar que não, tudo bem. Eu vou estar aqui, para te dizer o contrário, e sabe por que? Porque acredito em você. Desde do começo acreditei, e sempre vou acreditar — A híbrida secou as próprias lágrimas e em seguida as da Evern, murmurando algo sobre rostos inchados. — Agora erga essa cabeça para mudarmos de assunto antes que eu comece a chorar e Jake entenda errado e apareça.

 

Brooke apenas foi capaz de balançar a cabeça e dizer um simples "obrigada" sincero e significativo. A ruiva o aceitou com um grande sorriso que não durou por muito tempo quando a mudança de assunto foi realizada, assim que as lembranças daquela tarde atingiram a morena, que em seu momento com a guarda abaixada, esqueceu de tudo brevemente.

 

— Hoje eu me despedi da minha mãe — Sussurrou Brooke, fitando as próprias mãos.

 

— E como foi? — Quis saber Renesmee, sendo cuidadosa ao perguntar.

 

— Doloroso, mas ela não desconfiou de nada.

 

— Lamento.

 

— Depois fui com Alec até a loja dela, da minha mãe.

 

— O que vocês foram fazer lá?

 

— Ele achou que seria um bom lugar para encontrar pistas.

 

— E vocês encontraram?

 

— Mais do que devia — Brooke suspirou. — Encontramos um livro estranho que eu já tinha visto antes, mas... Gaz apareceu por lá.

 

— Gaz Julions? O garoto loiro e fofo que andava sempre com você?

 

— É, ele mesmo.

 

— E o que aconteceu?

 

— Antes ou depois de dois vampiros nos atacarem? — Ironizou Brooke, fungando em seguida. — Foi tudo muito rápido e aterrorizante, Alec me disse para correr e eu levei Gaz comigo... Estávamos alcançando a saída de emergência, mas aí um dos vampiros apareceu e me pegou... Eu não consegui fugir, mas Gaz sim, e no entanto, ele me salvou e foi mordido... Ele se sacrificou por mim, Nessie.

 

Brooke ergueu os olhos, observando a ruiva arregalar os olhos e tapar a boca com as mãos. Ela suspirou mais uma vez, sentindo a cabeça latejar com os últimos acontecimentos.
Renesmee ficou a encarando com a mesma expressão de incredulidade, mas depois de um tempo, destapou a boca e a olhou com pena e compaixão.
Brooke não queria nenhum dos dois.

 

— O que o Alec fez?

 

— Como assim o que ele fez? — Retrucou a morena, enrugando a testa. — O que ele poderia ter feito? Ele me disse que não poderia fazer nada para salvar Gaz.

 

Ao ouvir aquilo, uma fugaz sombra de decepção passou pelo rosto da ruiva, que expirou lentamente. Brooke percebeu.

 

— Deixe para lá — Falou Renesmee, dispensando o assunto.

 

— Não — Negou Brooke. — Eu quero saber. O que Alec poderia ter feito? Me diga, Nessie.

 

A híbrida a olhou nervosa, antes de suspirar derrotada.

 

— Não estou querendo causar nenhum problema ou briga, mas... havia algo que ele poderia ter feito para salvar Gaz, Brooke. Uma vez, no começo do relacionamento dos meus pais, minha mãe foi mordida por um vampiro. Assim como você, o sangue dela cantava para papai, mas quando ele percebeu que não poderia deixá-la morrer ou se transformar tão cedo, aceitou se arriscar e sugar todo o veneno na corrente sanguínea dela... O que quero dizer, é que, se Alec realmente quisesse impedir que a transformação de Gaz acontecesse e ele sobrevivesse permanecendo como humano, ele só precisaria ter sugado o veneno.

 

Mas ele não fez isso, Brooke completou em pensamento. Renesmee anuiu. E enquanto a híbrida esperava uma reação, a morena afundou os dentes nos lábios, começando a sentir a fúria crescer dentro de si, se sobressaindo a dor de anteriormente. Ela sentiu-se enganada, traída, estúpida. Ela sentiu-se furiosa, furiosa com o Volturi. Brooke sabia que ele não tinha dever para com ela ou Gaz, nenhuma obrigação. Mas não conseguiu levar em consideração quando o sentimento culminou dentro de si, o sentimento mais forte do que todos os outros, capaz de quebrar alguns de seus parâmetros.

 

— Eu o odeio. Eu odeio ele, Renesmee! Eu o odeio! — Gritou ela, a voz tremendo quando lágrimas violentas de raiva começaram a manchar sua visão. — Eu odeio Alec Volturi com todas as minhas forças, como nunca odiei alguém em minha vida!

 

Assustada, a ruiva a abraçou, temendo uma reação pior que fosse desgraçar ainda mais aquele dia para a Evern que ali chorava. E a partir daquele momento, as duas criaram um laço. Um laço de cumplicidade, que resultaria em uma grande amizade improvável entre duas figuras tão distintas.

No andar de baixo, na sala de estar, Alec escutava tudo inexpressivo. Mas em seu interior, algo gritava contra todas as palavras de sua la tua cantante. Algo que não gostou nem um pouco do que ouviu.

 

 

 

***

 

 

As coisas começaram a mudar nos dois dias que se seguiram. Para todos. A mansão estava imersa em uma tensão como nunca antes, e a rotina antes estabelecida começou a se desfazer. Os Cullen entravam e saiam a todo momento da casa, fazendo rondas, garantido a segurança dos limites da mansão. Os quatro Volturi também se juntaram, e a partir de um determinado ponto, montaram moradia fixa na sala de estar. Ao que parecia, os dois clãs tinham avançado um novo nível em sua improvável parceria. Ainda trocavam farpas e insultos a todo momento, isso era inevitável, mas tudo em uma frequência menor. No entanto, quando sentavam para as reuniões que tinham, todas essas coisas eram esquecidas e apenas o foco era estabelecido. Nada de rivalidade. Não existia tempo ou espaço para isso com o que estavam lidando. Eles não progrediram no caso dos assassinatos, mas tão pouco deixaram que isso os impedissem de continuar tentando resolver o mistério que dia após dia, espreitava-os.

Mas além do clima estável entre os vampiros da mansão, outra coisa havia mudado. Ou melhor, alguém.
Brooke sabia diferenciar agora seus amigos de seus inimigos, e esses últimos, ela guardava um profundo e incalculável ódio. Ela tinha aceitado de uma vez a situação na qual se encontrava, e sabia que agora tinha que lidar com ela. Ser inteligente. Cautelosa. Estratégica. Ser alguém que ela sabia que podia ser, um lado seu que estava adormecido durante muito tempo. E com isso, ela se firmou durante aqueles dois dias onde passou ao lado do leito de Gaz, velando sua transformação dolorosa e agonizante. Cada grito, cada gemido, era uma tortura para Brooke, mas ela se manteve firme ao lado dele. Às vezes murmurava pedidos de desculpas que sabia que o amigo não podia ouvir, nas outras, chorava por vê-lo se contorcer e saber que era culpa sua.
 Carlisle estava ali quase sempre, dando previsões para ela. Renesmee também ia na maior parte do tempo, fazer companhia. Esme levava lanches, que eram dispensados pela garota. Os demais Cullen apareciam raramente, não querendo incomodar. Nenhum Volturi deu as caras, e Brooke achou melhor assim.
No entanto, todos diziam a mesma coisa para a morena: Vá descansar. Ela não queria descansar. E ainda que todos insistissem, ela permaneceu ao lado de Gaz, dia e noite. É certo que não foi uma coisa muito confortável; Brooke quase conseguia sentir os ossos da coluna se atrofiando, os olhos ardendo de sono e o cansaço em seus ombros. Mas não vacilou.

Ela também ouviu coisas. Ao seu respeito, a respeito de sua mãe (que chegou em segurança até o Havaí) e a respeito de Gaz, embora tivesse se focado mais no último assunto. Perguntas eram feitas a todo momento, indagações de como procederiam quando o loiro despertasse. Pelo que pôde escutar, Brooke compreendeu que existia algo na transformação do amigo que não deveria estar acontecendo para os padrões dos Cullen e Volturi — O sangue não parava de circular em suas veias. E, uma vez que ouviu Carlisle dizer que o veneno do recém-criado que mordeu Gaz era diferente, ela entendeu então que o loiro seria um vampiro diferente. Outra espécie, como eles intitulavam. E ela não sabia o quão negativo aquilo poderia ser. 

Não conversou com ninguém além de Renesmee, e aproveitou as vezes em que a dita cuja estava ausente, assim como Edward, para refletir sobre alguns assuntos que estavam afligindo sua mente e seu coração. Um dos assuntos, em especial, era o vampiro que mordera Gaz e o modo que ele olhara para Brooke. Não, não foi só o jeito que ele a olhara, foi o jeito que ele se comunicara. Ela jurava que ouvira ele falando em sua mente, não esquecia do tom mecânico ecoando em sua cabeça e das palavras sem sentido. Minha senhora. 

Por que ele a chamara assim?

Brooke não sabia, e preferiu se aflingir com aquela pergunta, a dividir o assunto com alguém daquela casa e tentar obter alguma resposta. Mas lá no fundo, sabia que só decidiu aquilo por medo de descobrir algo que não gostaria de ouvir.

A morena exalou, observando o corpo irrequieto do amigo que choramingava palavras desconexas. Ela apoiou a cabeça no braço, e percorreu com os olhos todo o escritório de Carlisle que mais parecia um pequeno consultório. Deixou os olhos pararem na entrada do escritório, onde fitaram a figura de Renesmee na soleira da porta, com uma bandeja cheia de comida em mãos.

 

— Pega em flagrante — Brincou, exibindo um grande sorriso amarelo e adentrando o cômodo em seguida. Ela já estava melhor, como insistia em lembrar a todos. A ruiva desfilou até parar ao lado de Brooke, estendendo a bandeja em sua direção. — É hora do café da manhã. Vovó Esme caprichou bastante em suas panquecas. De nada.

 

Os olhos castanhos fitaram a bandeja por um segundo antes de se desviarem para o chão. Havia muita coisa ali, desde panquecas até pão francês, iogurte de morango e frutas frescas. Era um belo café da manhã, e tinha uma cara ótima, mas Brooke sabia exatamente o que significava. Sabia quantas calorias cada alimento naquela bandeja tinha. Panquecas (30), pão francês (135), iogurte de morango (92), e cada fruta variava. Antigamente, quando a ofereciam algo para comer ou quando se sentava à mesa da cozinha, ela rejeitava os alimentos que mais continham calorias, com a esperança de que assim, emagreceria com mais facilidade. O fato é que Brooke controlava tanto a comida que ingeria, que aprender seus valores calóricos foi só algo imprescindível a se fazer para a doença avançar de estágio...

 

— Eu não quero, mas obrigada — Disse ela, saindo da nuvem negra de devaneios e voltando para a realidade onde Renesmee continuava com a bandeja estendida em sua direção.

 

— Já fazem dias que você não come nada — Apontou a híbrida, a olhando de um jeito preocupado e significativo. — Você tem que comer, Brooke.

 

— Eu não estou com fome.

 

Aquilo soou automático de mais, assim como mentiroso demais. Ela tinha fome, sim. Só não tinha vontade de comer. Eram coisas diferentes, e fazia sentido, pelo menos em sua cabeça. O suspiro pesado da híbrida reverberou pelo escritório, entendendo o problema. Ele estava bem claro ali, mas nenhuma das duas ousou dizê-lo em voz alta, elas nunca diziam. Ninguém nunca dizia.

 

— Tudo bem, se não está com fome, não coma — Respondeu. — Irei levar a bandeja de volta então, e enquanto isso, se arrume. Quando eu voltar, iremos dar uma volta.

 

Não houve tempo para perguntar o que ela quis dizer, Renesmee já tinha virado as costas e saído em velocidade vampírica do escritório. Brooke soltou o ar dos pulmões, pendendo a cabeça para o lado e voltando a atenção para Gaz semiconsciente. Ela não se arrumou.

Cerca de dez minutos depois, uma pequena batalha estava sendo travada entre duas adolescentes aparentemente normais. A caminho da garagem, nos fundos da mansão, a híbrida arrastava a Evern pelos braços, esta que se agarrava nas paredes e em tudo que encontrava pela frente na vã tentativa de permanecer dentro da casa.

 

— Solte o quadro, Brooke. Você vai acabar derrubando-o da parede! — Resfolegou Renesmee. — e é o preferido de vovó.

 

— Me solte você que eu solto ele — Retrucou, se agarrando com mais afinco nas bordas do quadro. — Eu já disse que não vou! Tenho que ficar com Gaz!

 

— Gaz ainda não acordou!

 

— Mas quando acordar eu quero estar com ele!

 

Com isso, a híbrida bufou, largando Brooke que perdeu o equilíbrio e caiu no chão, sentindo o impacto em suas nádegas. Palavrões foram proferidos.

 

— Olhe para mim e diga que você não quer sair desta casa — Demandou Renesmee, cruzando os braços e lançando um olhar penetrante para a morena no chão, que abriu a boca. — e não diga que não quer porque sei que quer! Você vai adorar La Push, Brooke.

 

— Ah, é? E o que tem lá de tão interessante para me fazer adorar fazer uma visita? — Perguntou, arqueando uma sobrancelha em desafio.

 

O sorriso que a ruiva abriu ultrapassou as definições de malicioso.

 

— Além de uma alcateia de lobos sem camisas? Uma maravilhosa vista para o mar.

 

Brooke ponderou aquilo. A oferta que estava lhe sendo dada e a porcentagem de estupidez se não aceitasse. Ou pelo menos considerasse. Ela realmente queria muito sair da mansão... Mas havia Gaz... Ela se sentia culpada... E a curiosidade, ainda que possivelmente suicida, em conhecer os lobos que Nessie falava tanto... Mas Gaz ainda não tinha acordado...

 

— Não vou ser impedida de sair? — Perguntou, cerrando os olhos.

 

— Os Volturi não estão, minha família foi caçar, apenas tio Emmett e tia Alice ficaram para assegurar nossa segurança — Respondeu Renesmee. — Mas considerando que eles não estão nem aí para o que façamos desde que continuemos vivas, então você tem passe livre hoje.

 

Brooke suspirou longamente, começando a se levantar.

 

— Sei que vou me arrepender depois, mas eu vou. Só temos que voltar antes que Gaz acorde...

 

— Sem problema.

 

— E também não vou ir de carro.

 

— Medo?

 

— Trauma.

 

A híbrida sacudiu a cabeça ligeiramente.

 

— Sem problema, querida — Ela abriu um meio sorriso e estendeu a mão. — Mas espero que não tenha trauma de motos também.

 

 

Instantes depois, assim que o portão automático da garagem foi aberto, uma coleção de carros foi exibida. Um carro para cada Cullen. Mas, se destacando entre todos aqueles automóveis de quatro rodas, uma reluzente moto preta estava estacionada; encostado nela com os braços cruzados, Jacob esperava as duas garotas com uma sobrancelha arqueada.

 

— Eu só tenho dois capacetes — Ele disse, olhando cinicamente para Brooke, que engoliu em seco.

 

— Tudo bem — Indagou Renesmee, dando tapinhas amigáveis nas costas da garota. — Ela não tem problemas com cabelo bagunçado.

 

 

 

***

 

 

Pelo que Brooke tinha lido no mapa da cidade quando se mudou para ela, o caminho percorrido de Forks até La Push, era de vinte e cinco quilômetros. No entanto, aquela distância provou ser possível reduzida para quinze minutos em uma moto à toda velocidade, dirigida por um lobo (dez minutos se você não tiver uma meia-vampira/meia-humana na garupa e uma garota totalmente humana e totalmente apavorada).
Brooke apenas sabia que estava com o coração desenfreado quando Jacob parou a moto nos terrenos da reserva, onde a praia começava. O caminho até ali fora percorrido na garupa da moto, agarrada fortemente à Renesmee que por sua vez, agarrava Jacob. Os três em uma única moto não fora uma ideia muito pertinente, visto que apenas o corpo do moreno ocupava um bom espaço, e toda vez que passavam por um quebra molas a sensação de estar sendo lançada pelos ares a fazia berrar como uma criancinha medrosa em uma montanha-russa. Ela já andara de moto muitas vezes, mas sem sombra de dúvidas, nenhuma delas havia sido tão aterrorizante quanto aquela com um lobo e uma híbrida como companheiros.
Mas bem, Brooke pensou enquanto se apressava a colocar os pés no chão, pelo menos a viagem até ali e a falta de capacete a deram uma linda vista para o Rio Quillayute, rodeado por densas florestas verdes na beira das estradas. Renesmee havia lhe contado que existia uma história sobre aquele rio, uma que ligava sua família e a tribo Quileute, onde Jacob pertence, em um tratado de terras. Pelo que a garota tinha entendido, nenhum Cullen poderia cruzar a fronteira do rio. Porém, Renesmee podia, desde pequena, e isso intrigou Brooke de uma maneira que a fez refletir sobre o assunto durante todo o caminho.

 

— Terra chamando Brooke! — Dois dedos foram estalados em frente ao rosto dela, que piscou e focalizou a ruiva em sua frente. Ela murmurou um "hum?" e ouviu a risada de Jacob um pouco adiante. Renesmee abriu um sorriso divertido. — Venha, vamos fazer um tour por La Push.

 

A pegando pela mão, a híbrida a conduziu pelo caminho à frente, Jacob logo atrás delas com passos pesados, resmungando algo sobre deixar sua moto ali. Os primeiros quilômetros da praia eram com certeza, de tirar o fôlego de qualquer um. A água era de um cinza-escuro, e haviam encostas de pedra, de um cinza pesado. As ilhas apareciam nas águas do porto rodeadas por recifes de corais, alcançando ápices desiguais, e coroadas com coqueiros que flutuavam com a brisa. A praia propriamente dita, só tinha uma faixa de areia perto da água, atrás das águas apareciam milhares de pedras grandes e com aparência suave que apareciam uniformemente cinza de longe, mas olhando de perto elas eram de todas as cores que uma pedra poderia ser: terracota, verde-mar, lavanda, azul-cinzento, dourado-areia. A pequena encosta estava lotada com grandes árvores, descoloridas numa cor branca de osso, por causa das ondas do mar, algumas muito próximas umas das outras contra os limites da floresta, outras sozinhas, fora do alcance das ondas.*
 A brisa fresca batia de encontro ao rosto de Brooke, a provocando uma sensação revigorante. Ela inalou o ar puro diversas vezes, aproveitando o momento com a lembrança de que logo mais ele acabaria quando tivesse que retornar para a mansão Cullen, onde sua prisão a aguardava. Mas ela tratou de empurrar aquele pensamento para um canto escuro de sua mente, por hora preferia desfrutar do passeio pela praia. Renesmee a mostrou cada ponto, recebendo alguma ajudinha de Jacob que se mostrou disposto a falar sobre o lugar onde nascera, e até a esquecer a antipatia que nutria pela Evern — talvez.
Em um certo momento da caminhada, Brooke retirou os sapatos para sentir a areia em contato com seus pés, uma sensação gostosa que ela também aproveitou. Enquanto andavam, seus olhos se ergueram para o céu coberto por densas nuvens cinzas que eram enfeitadas por algumas gaivotas que ali voavam para o horizonte, livres, como ela pegou desejando ser. A praia estava vazia exceto por eles, e mesmo que a água parecesse convidativa, a morena se manteve longe das ondas pela baixa temperatura. Eles caminharam mais um pouco, e quando a areia começou dar lugar ao chão de terra, pequenas casas começaram a aparecer, todas com o mesmo estilo humilde.

 

— É onde os lobos vivem? — Brooke cochichou para Renesmee ao seu lado, não querendo que Jacob escutasse.

 

Porém, ele ouviu.

 

— Você esperava o que? Uma toca de lobos? — Replicou ele, esticando o pescoço para olha-la.

 

— Jacob, não seja mau com ela!

 

— Eu não estou sendo mau, Nessie, só estou a desiludindo de sua patética imaginação a respeito dos lobisomens...

 

A híbrida e o lobo entraram em uma discussão que levou a risos, e enquanto isso, Brooke pôde sentir a vergonha se espalhar pelo rosto em rubor. Eles seguiram o resto do caminho rindo, e a morena os seguiu calada, observando os dois seguirem na direção da maior casa. Mal se aproximaram e o barulho de vozes falando alto e gargalhadas escandalosas os receberam, fazendo Brooke franzir o cenho. Jacob se adiantou a abrir a porta, e Nessie puxou a morena pela mão, não a dando tempo para hesitar na entrada.
Se a algazarra estava alta do lado de fora, no interior da casa estava insuportável. Assim que passaram pelo arco da porta, as vozes se misturaram, e o que Brooke encontrou a deixou sem palavras.
Parecia que Jacob havia escolhido entrar pela porta dos fundos, que levava à cozinha. Tudo ao redor indicava isso: O fogão, a geladeira, a pequena mesa de jantar com quatro cadeiras, a bancada no meio do cômodo. Mas não foram nenhuma dessas coisas que fez o queixo da Evern cair, não mesmo. Foram os homens sentados ao redor da bancada, responsáveis por toda a algazarra.

Sem camisas.

Eram oito; parecidos com Jacob. Morenos, traços indígenas e com músculos tão definidos que dava para contar cada gominho na barriga de cada um. Aqueles com certeza eram os lobos ao qual Renesmee se referira. Uau, foi o que Brooke pensou, ainda de queixo caído com a vista à frente. Ela certamente deveria ter ouvido o conselho da híbrida e ter se arrumado.

 

— Eu disse que você ia adorar — Sussurrou Nessie em seu ouvido, a tirando do transe e fazendo as vozes cessarem.

 

Todos os pescoços se viraram em direção à porta, e em um instante, todos estavam a encarando curiosamente. Naquele momento, Brooke caçou um buraco para enfiar a cabeça e não encontrou, o que a levou a permanecer travada no lugar e suportar todos os olhares e as sobrancelhas arqueadas.
Infelizmente, percebeu ela tardiamente, Jacob resolveu falar:

 

— Viu, ninguém aqui mora em uma toca ou tem garras à mostra — Disse ele, a lançando um olhar de escárnio. — Não quando não queremos.

 

Três segundos depois, a algazarra recomeçou. Gargalhadas irromperam pela cozinha, e sentindo-se vermelha da cabeça aos pés, Brooke ouviu uma voz feminina gritar por cima de todo o barulho, calando a todos.

 

— Parem de rir, seus bobos! Não veem que estão deixando a menina sem graça? — Repreendeu a voz, que era muito melódica. — E parem de devorar os bolinhos como selvagens!

 

A ordem foi acatada instantaneamente: As gargalhadas cessaram. Brooke ainda sentia o rosto corado quando viu, saindo de trás dos corpos altos e musculosos, uma mulher jovem e bonita, olhando em total desaprovação para os rapazes. Não era muito alta; possuía a pele acobreada e assim como todos ali, os traços indígenas, tinha olhos e cabelos negros que cobriam a maior parte de seu rosto, que assim que a mulher virou para olhar Brooke, revelou uma deformidade impressionante. O lado direito de seu rosto tinha cicatrizes de cabelo até o queixo por três linhas grossas e vermelhas, de cor vívida, embora curadas por muito tempo. Uma linha puxou o canto de seu olho direito escuro e em forma de amêndoa, outra torceu o lado direito de sua boca em uma careta permanente.* Mas isso, a Evern meditou, não a fazia menos bonita. Era uma beleza exótica.

 

— Como se esse bando de esfomeados conseguissem abandonar os maus hábitos, Emily — Disse Jacob rindo brevemente. Como consequência, ganhou uma torrente de resmungos, e voltando a rir, foi para junto dos outros, não sem antes fazer as apresentações à sua maneira: — Brooke, esta é Emily Uley; Emily, esta é Brooke Evern — Emily abriu um sorriso caloroso. — E esse bando de marmanjo, respectivamente são: Sam Uley (marido da Emily), Quil Ateara, Jared Cameron, Paul Lahote, Embry Call, Brady Fuller, Collin Littllesea, e Seth Clearwater. Pessoal, vocês já sabem quem ela é... Agora me passe alguns bolinhos, Jared!

 

Cada um deles acenou e disse "oi". Jared passou alguns bolinhos para Jacob. E todos continuaram a encarando fixamente. Brooke não sabia o que fazer, se cumprimentava ou dava no pé e voltava correndo para a mansão Cullen. Não sabia lidar com lobisomens, quanto mais com aqueles que pareciam improváveis de serem lobisomens. Na verdade ela também não sabia lidar com vampiros. Nem com híbridos. Nem com ela mesma.

 

— Alguém pode trazer uma cadeira? Eu acho que ela está começando a hiperventilar — A voz de Renesmee soou em um misto de preocupação e divertimento atrás de si, e, antes que pudesse protestar, Brooke observou Seth largar o bolinho que levava à boca e correr até a mesa, de onde pegou a cadeira mais próxima e a arrastou até ela.

 

Ela poderia ter agradecido o gesto, mas estava se sentindo tão ridícula por ele, que a única coisa que fez foi sentar e encarar o bonito e charmoso sorriso que Seth a dirigia. Então ele balançou a cabeça e voltou para seu lugar de antes, reclamando por terem devorado o restante dos bolinhos. Renesmee se colocou atrás da cadeira, rindo de algo que passou despercebido pela morena sentada na no meio da cozinha. Emily se aproximou aos poucos e engatou uma conversa, que a princípio, apenas a ruiva participou. Parecia improvável que todos ali estivessem agindo normalmente, porém, eles estavam. E Brooke não tinha certeza, mas se sentir de forma contrária talvez fosse errado. E ela se sentia de forma contrária.
 Nos primeiros quinze minutos ficou ali calada, apenas observando. A conversa de Emily e Renesmee eram a respeito das novidades da reserva, já a dos rapazes, eram nada mais do que provocações infantis e risadas estrondosas. Quem olhasse não diria que aqueles oito nativos gostosos pudessem se transformar em lobos. Ela os analisou, e entre todas as semelhanças físicas, notou as diferenças e as distintas personalidades. Brooke começou por Sam, que certamente deveria ser o mais velho, e que não a encarou muito. Sabia que ele era um dos líderes da alcateia — o outro era Jacob — Renesmee lhe contara um pouco a respeito sobre cada um dos Quileutes, com quem tinha uma boa amizade, e o olhando agora, ela pôde ver o quão certa a amiga estava sobre Sam: era calmo e controlado, e assim como Emily, chamava atenção dos mais novos. Seguindo sua análise, Brooke logo percebeu que Paul deveria ser o mais instável, já que nas vezes em que uma zombação era feita à sua pessoa, ele se irritava, diferente dos outros na bancada que apenas riam. Embry parecia ser o mais tímido e reservado, já que não abria a boca para falar muito. Quil também não falava muito, mas ria de tudo que era pronunciado e se baseando pela falta de camisa, era o mais musculoso de todos. Jared deveria ser o segundo mais velho, no entanto, parecia o mais novo, jogando os farelos dos bolinhos em seus companheiros. Collin e Brad, esses sim eram os mais novos, ainda que aparentassem serem mais velho do que a própria Brooke. E por último, Seth, que a lançou um sorriso malicioso assim que seus olhos pousaram nele, a fazendo perceber que a posição de humorístico e impertinente era por conta dele dentro do bando.
Brooke desviou o olhar o mais rápido que conseguiu, mas já era tarde. Fora pega em flagrante.

 

— Gosta de encarar as pessoas, garota dos vampiros? — Seth perguntou em voz alta, se segurando para não rir quando todos se calaram e se concentraram na pergunta.

 

Ela cerrou os olhos, limpando a garganta. O apelidinho não passara despercebido.

 

— Não muito. Mas não é todo dia que vejo lobisomens em minha frente — Retrucou, controlando o tom áspero. — E se não ouviu quando Jacob disse, meu nome é Brooke. E não sou garota de vampiro nenhum, se quer saber.

 

Seth balançou a cabeça, exibindo um sorriso torto.

 

— Eu te entendo, Brooke — Murmurou Paul. — Se eu fosse trancafiado em uma casa cheia de vampiros e obrigado a conviver com eles, também iria querer apreciar outras coisas. E nós somos uma boa opção, não é mes... AI! — Paul se interrompeu, levando a mão até a cabeça, lugar atingido pela mão de Jacob, ao seu lado. Ele bufou e grunhiu — Por que você me bateu?

 

— Porque você é um idiota. Está falando da família da Nessie, e ela está bem aqui — Jacob respondeu, lançando um olhar nada amigável para Paul, e depois um terno para a híbrida atrás de Brooke.

 

— Ah, foi mal, Nessie. Eu esqueci disso.

 

— Sem problemas, Paul.

 

O lobo resmungou alguma coisa inteligível, e antes que mais alguém pudesse fazer um comentário à respeito do assunto, Seth voltou a se pronunciar, olhando com presunção e charme para seu alvo:

 

— Bem, bem — Murmurou, e todos se calaram para ouvir o que o lobo tinha a dizer. — Deixemos essa conversa de lado e falemos sobre você, Brooke, a propósito eu estava brincando anteriormente, mas, quanto agora... Você está procurando um namorado? — Ele se inclinou para frente, arqueando a grossa sobrancelha por pensar ser atraente.

 

— O que te faz pensar que estou a procura de um namorado?

 

— Você não é solteira?

 


— Sim, eu sou, Seth — Respondeu Brooke, também se inclinando para frente e arqueando a sobrancelha. No entanto, seu gesto não tinha o mesmo significado do que o rapaz. Suas feições demonstraram todo o aborrecimento pela pergunta. — Mas isso não significa que esteja atrás de um cara, só porque estou sozinha. Isso se chama autossuficiência, e, levando em consideração a atual realidade em que vivo, um namorado é a última coisa que tenho em mente ou a última das minhas preocupações.

 

Toda a cozinha rompeu em gargalhadas, até mesmo Brooke. O sorriso sumiu do rosto de Seth, mas logo retornou, um pouco vacilante.

 

— Você é ácida. Mas pretendo mudar isso até o fim do dia.

 

— Você pode tentar, mas é melhor poupar seus esforços.

 

— Eu gosto de um desafio, garota dos vampiros — E dito isso, Seth piscou e se juntou aos risos.

 

Depois disso, tudo ficou mais fácil. A conversa fluiu, e passado um tempo, Brooke pôde até se sentir confortável naquela cozinha, rodeada pelos Quileutes, que antes de serem uma tribo de lobisomens, eram pessoas como ela. Com sangue quente correndo pelas veias. Pessoas diferentes dos Cullen e dos Volturi. E pelas três horas que se seguiram sentada ali, ela se sentiu em segurança, sem precisar estar atenta a tudo e sem o medo diário que tinha na presença dos vampiros. Os lobos eram boas pessoas, divertidas e amigáveis. A entretiveram durante toda a tarde, naquela bancada de cozinha. Emily preparara mais bolinhos e a oferecera, mas Brooke declinou a oferta educadamente e a presenteou para os rapazes. Seth se empenhou arduamente em suas cantadas que viraram motivo de risos. Renesmee esteve sempre ao seu lado, rindo e compartilhando histórias suas com eles para a visitante, e em nenhum momento as duas garotas se lembraram que tinham que voltar antes que os vampiros descobrissem que saíram de casa...

 

— Nossas crenças são antigas — Dizia Sam, contando um pouco sobre os Quileutes para a visitante, em um dos raros momentos de silêncio durante aquela tarde enquanto todos prestavam atenção em suas palavras — Nossos ancestrais acreditavam que foram transformados em lobos por um viajante. De acordo com a lenda, ao atingir a puberdade, os meninos da tribo saiam em busca de seus poderes supernaturais. A sociedade Quileute foi gerada de grupos de casas. Cada casa tinha um chefe, os nobres e os plebeus. Desta forma, o parentesco e o sangue determinavam a estrutura do comando da tribo, como por exemplo, Jacob, descendente direto do último chefe da tribo, seu bisavô — Sam acenou em direção ao Black, no outro lado da bancada, que encolheu os ombros. — Nossa tribo é marcada por muitas crenças e superstições. Não somos lobisomens no real sentido da palavra; não nos transformamos somente na lua cheia. Somos metamorfos, temos controle sobre nós mesmos e nossos espírito selvagem, mais conhecidos como lobos. Não machucamos ninguém, mas caçamos aquilo que nos caçam.

 

— Vampiros? — Perguntou Brooke.

 

— Sim. Inimigos naturais. Mas já demonstramos que isso pode ser contornado ao estabelercemos uma boa convivência e um tratado com os Cullen. Embora isso não sirva para os demais, ainda mais com o que vem acontecendo...

 

Sam se calou. Todos trocaram um olhar intenso, e ninguém falou mais nada. O cenho de Brooke se franziu, e ela esperou por uma continuação, mas não obteve nenhuma.

 

— Oque? Está se referindo aos recém-criados e os assassinatos, não está?

 

Sam balançou a cabeça.

 

— Deixe para lá.

 

— Não — Insistiu ela, a voz firme. — Eu quero saber. Me conte, por favor. A inimizade entre vocês e os Cullen não é válida por eles não serem ofensivos. Agora, com os outros vampiros é diferente... Por quê? O que eles podem fazer para vocês temerem tanto?

 

— Não ficou claro para você? — Questionou Paul, a encarando com uma sombra de hostilidade.

 

— Paul — Sam o advertiu, mas ele não deu ouvidos.

 

— Não tememos por nós. Tememos pelas pessoas, pelos humanos. Vampiros procuram sangue, e lobos repelem isso. Nossa tribo, nossos ancestrais, nós mesmos, fazemos de tudo para não deixar isso acontecer. Nós não somos como os vampiros, não tiramos vidas. Nós as salvamos, ou pelo menos protegemos. Temos um código a cumprir, e nele dizemos que não deixaremos nenhum humano ser ferido ou intimidado contra um frio, e pense o quão ruim é para nós ao saber que falhamos e várias vidas, vários humanos já foram feridos, mortos...

 

— Espere — Brooke o interrompeu, bruscamente. Ela empurrou a cadeira e se levantou, tentando digerir as últimas palavras. — Vocês têm um código? Onde protegem humanos de vampiros? Porque se vocês tiverem, eu não posso acreditar — Ela encarou os lobos com os cantos da boca repuxados para baixo, leves tremores internos a avisando do futuro ataque de raiva. — Eu sou humana. E fui sequestrada por vampiros. Estou mantida em cárcere privado por vampiros. Fui torturada por vampiros. E vocês sabiam e não fizeram nada. Sabem e deixaram-me passar a tarde toda aqui, sentada como uma idiota, ouvindo e rindo das bobagens que falaram!

 

— Você não entende — Falou Sam, parecendo tão frustrado quanto os outros.

 

— Eu entendo muito bem — Replicou Brooke, sentindo a pulsação acelerar. — Eu conheci vocês e achei que fossem bons. Achei que fossem melhores do que os Cullen e aqueles quatro Volturi. Mas não, vocês são iguais. Afirmam o contrário, mas agem do mesmo jeito: concordam com eles. Têm um código mas não o honram! Não podiam fazer nada quanto as mortes, tudo bem, mas sabiam muito bem sobre mim. E não fizeram nada. E o que mais? Vão deixar outra pessoa estar no meu lugar? Outra pessoa morrer? Ser mordido e transformado como meu amigo foi?!

 

— Brooke! — Gritou Renesmee, ao perceber aonde aquilo iria dar.

 

— Não me importo mais com o que me acontece — Prosseguiu ela. — Eu sei onde estou e sei pelo que já passei. Me importo com as outras pessoas dessa cidade. Elas correm perigo, qualquer um corre. Ainda não sei porque fui puxada para tudo isso, tão pouco entendo o que está acontecendo, mas não tenho poder para mudar nada disso. Vocês têm, e não o usam. Se querem realmente ajudar e fazer aquilo que foram ensinados a acreditar, então acordem para a realidade e percebam que em um campo de batalha há sempre mais do que dois lados de uma guerra, percebam e se posicionem em seus devidos lugares!

 

— Estamos de mãos atadas! Os Cullen fizeram um acordo com os Volturi, e se formos contra eles isso acabará em guerra de qualquer jeito — Grunhiu Jacob, a encarando com os olhos negros apertados.

 

Brooke devolveu o olhar, e não sabia como, mas todas aquelas palavras lhe saltavam para fora de maneira automática. A raiva reprimida corria em suas veias. O sentimento de ter sido enganada também.

 

— Ótimo! Então continuem abaixando a cabeça e abanando os rabinhos! — Gritou ela, uma última vez antes de bufar alto e sair correndo em direção à porta.

 

Ela ouviu os rosnados de indignação dos lobos, mas não se intimidou, já lidava com rosnados há algum tempo. Também ouviu os pedidos de Renesmee para que esperasse, mas não os atendeu. Ela apenas alcançou a porta dos fundos e se lançou para o lado de fora, começando a correr para longe. O sol já se ia no horizonte, e o céu acima já começava a escurecer, mas isso não a deteve. Brooke correu na direção da encosta da praia, sentindo a brisa marítima lhe golpear o rosto. Ela não sabia para onde estava indo, nem qual direção tinha pegado, mas ela só precisava correr. Algo dentro de si gritava isso. Não tinha intenção de fugir, e talvez os outros pensassem isso, mas ela não se importava. A súbita raiva ainda corria em suas veias, sua visão estava estranhamente embaçada, os pensamentos bombardeavam sua mente como granadas, e havia uma sensação... uma que ela não sabia explicar, mas que quanto mais corria, mais se intensificava. Era como um pressentimento, um pressentimento ruim e que a incomodava, lhe tirando o oxigênio e fazendo um grande peso se estabelecer em seu peito.

Brooke cambaleou e arquejou, desmontando no chão em um grito mudo que ficou preso na garganta. Ela fechou os olhos e buscou por oxigênio enquanto ouvia o coração martelar alto nos ouvidos. Suas mãos haviam se fechado em alguma coisa que parecia ser terra, e conforme ela foi restabelecendo a respiração, o ataque de raiva foi passando. Respirou fundo duas vezes e, quando abriu os olhos, os arregalou de susto. A primeira coisa que viu foram as ondas do mar se chocando contra as rochas lá embaixo, e depois, se deu conta que estava inclinada na beira de um penhasco com mais de vinte metros de altura. Brooke resfolegou, sem saber como tinha chegado até ali sem perceber, e já estava prestes a recuar para uma distância segura, quando as ouviu.

As vozes.

Elas gritavam em uma frequência ensurdecedora. Todas juntas. Imploravam. Pediam ajuda. Socorro. "Alguém me ajude, alguém me ajude!".
As vozes lhe chamavam.
Brooke ficou imóvel, ainda escutando, e sentiu um calafrio subindo pela espinha ao abaixar o rosto e voltar a olhar lá para baixo. Seus olhos castanhos percorreram a água e as rochas, e ela soube, sem saber como, que as vozes vinham de lá. Estranhamente ela soube, com o mesmo pressentimento ruim lhe pesando o peito, e se inclinou um pouquinho mais para frente sob a beira do penhasco... As vozes gritavam por ajuda... E poderia ajudar... Se conseguisse se esticar somente mais um pouco para olhar melhor... Ela iria....

 

— O que pensa que está fazendo? Você é louca, garota? — Uma voz feminina berrou, e ela sentiu um forte puxão em seu braço, a afastando da beira.

 

Brooke piscou, saindo do transe. Seus olhos se levantaram para a figura da jovem ajoelhada à sua frente, que a olhava de maneira assustada e grosseira. A jovem tinha todos os traços de um quileute, e a única coisa que poderia distingui- lá dos demais além da silhueta feminina, era o corte de cabelo curto que usava. Era muito parecida com Seth. Mas não tinha o mesmo bom humor, e fuzilava Brooke com os olhos, uma ruga formada entre as sobrancelhas e os lábios crispados como se estivesse tentando não se aborrecer. Ela ainda aguardava uma resposta quando afrouxou o aperto no braço de Brooke, mas, vendo que não obteria nenhuma, insistiu:

 

— Você me ouviu? O que pretendia fazer na beira do penhasco? Não ia pular, ia?

 

A Evern balançou a cabeça lentamente, concentrada nos pedidos desesperados que ainda era capaz de escutar.

 

— Você não está ouvindo? — Perguntou, olhando de maneira agoniada para a jovem quileute, que franziu a testa.

 

— Não. O que eu deveria ouvir?

 

— As vozes. Elas estão gritando por socorro... lá embaixo.

 

A jovem a olhou como se ela realmente fosse louca.

 

— Você está delirando, ou realmente é maluca. Não tem nada lá embaixo além de água salgada e rochedos. Agora me diga quem é você e o que está fazendo aqui.

 

Mas Brooke não disse. Ela nem sequer ouviu o restante da frase depois de "água salgada e rochedos". A visão que teve com Alice veio em sua mente, e ela arfou. Ondas do mar... rochas... A caverna... O homem...

 

— Lá embaixo tem alguma caverna? Sobre os rochedos, há alguma caverna? — Perguntou, agarrando o ombro da jovem quileute e a sacudindo de maneira urgente.

 

— As ondas podem ter aberto alguma fenda nas pedras do penhasco com o tempo, talvez...

 

O coração de Brooke acelerou, e sua boca se encheu com as palavras que não sabia de onde vinham, mas que tinham algum significado. Seus olhos ficaram vidrados, opacos, e ela falou, em um tom amedrontado:

 

— Ele está lá embaixo! Ele está lá embaixo! Chame os outros, vá chama-los e diga que ele está aqui...

 

E então Brooke gritou. Um grito alto e prolongado que espantou todas as aves da região as fazendo levantar voo no céu escuro. Depois disso, ela perdeu os sentidos e tombou para o lado, desmaiando nos braços da jovem quileute que mais tarde descobriria ser Leah Cleawater.

 

 

(...)

 

 

— Eu já disse que estou bem, Renesmee. Não precisa se preocupar — Murmurou Brooke, pela quadragésima vez depois que acordou, para a inquieta ruiva ao seu lado.

 

Renesmee pareceu não concordar, e apenas abanou a cabeça e continuou do seu lado, olhando fixamente para onde Brooke também olhava. No limite das terras quileutes, uma dúzia de corpos sem vida se encontravam jazidas no chão, todos com o sangue drenado, e alguns já em decomposição. Brooke não acompanhara o momento em que foram encontrados, apenas soube que estava certa: havia uma caverna embaixo do penhasco, onde humanos haviam sido assassinados por um vampiro. Renesmee lhe contara que assim que ela desmaiou, Leah — Como agora sabia que a jovem se chamava e que era irmã de Seth —, correu para chamar os outros, que ficaram alarmados com suas palavras e resolveram investigar. No fim, encontraram os corpos e cuidaram dela. Agora todos estavam ali, exceto Leah que vigiava a entrada da caverna, esperando pelos Cullen, e silenciosos. Ninguém a fez nenhuma pergunta cuja ela não saberia responder. Os lobos pareciam desnorteados com a situação, e Brooke imaginava como eles estavam se sentindo ao descobrirem que o inimigo estava todo aquele tempo debaixo de seus narizes, matando pessoas inocentes.
Sam parecia o mais afetado, e Jacob estava sendo acalmado por Renesmee. Nenhum deles dirigiu uma palavra à ela depois que acordou, e ela também não procurou dirigir nem se desculpar pelo que havia dito mais cedo. Tinha coisas mais importantes para lidar naquele momento, uma delas, era não saber explicar o que tinha acontecido no penhasco, ou não se lembrar de nada que a diziam que havia dito.

 

— Eles estão vindo — Embry falou, fazendo todos despertarem dos devaneios e se agruparem atrás da linha que demarcava a divisão dos territórios.

 

Renesmee e Brooke ficaram juntas, um pouco mais atrás dos lobos, e espiando por cima do ombro de Collin, a morena apertou os olhos tentando visualizar as silhuetas que se aproximavam entre a escuridão da noite. Levou uns cinco minutos para isso, mas até aí, eles já haviam chegado. As onze silhuetas tomaram formas, e agradecida pela luz da lua, Brooke viu os Cullen (menos Esme) ao lado dos Volturi, parados do outro lado da linha. Foi visível a surpresa dos quileutes com a presença dos vampiros de olhos vermelhos.

 

— Boa noite à todos. Recebemos a sua mensagem, Sam — Carlisle foi o primeiro a se pronunciar, educado como sempre. Os olhos dele correram até a pilha de corpos. — Parece que a situação é séria.

 

 

— Não tínhamos nenhum conhecimento — Respondeu Sam, tomando a palavra. Os olhos dele trilharam caminho até as quatro sombras que eram os Volturi, que observavam a cena com totais expressões de repulsa. — Mas não queremos que se envolvam. Não os chamei aqui para isso, disso cuidamos, os chamei para entregar as duas em segurança — Ele apontou para Brooke e Renesmee.

 

— Segurança — Desdenhou Alec, em uma voz profunda e ríspida. — Elas deveriam ter pensado na segurança delas quando deixaram a casa — Os olhos vermelhos dele caíram em Brooke, que quase se encolheu. — Principalmente você, Evern. O que me faz lembrar que não a dei permissão para fazer passeios, quanto mais um tão longe e em um ambiente tão... desagradável.

 

Os quileutes rosnaram.

 

— Fui eu quem a trouxe — Renesmee se pronunciou em sua defesa. — Por isso a deixe em paz!

 

— Ora, ora. Parece que a aberração está expondo as presinhas. Há! — Zombou Jane.

 

Bella e Jacob rosnaram para a Volturi.

 

— Olhe o jeito que você fala com ela, sanguessuga infeliz! — Rugiu Jacob, escancarando a boca.

 

Em resposta, Jane mostrou as presas, e teria feito o Black urrar de dor se o escudo de Bella não estivesse protegendo à todos. Os dois inimigos se enfrentaram, e o lobo se esticou para cruzar a linha da fronteira, mas foi impedido por Sam, que o segurou com autoridade.

 

— Não estamos aqui para lutar.

 

— Nós também não — Disse Edward, lançando um olhar para os quatro Volturi.

 

— Eu adoraria discordar, mas vocês estão certos — Alec murmurou. — Irmã, deixe o lobo em paz. Eles nos entregarão a Evern e iremos embora.

 

A ideia de voltar a ser uma prisioneira, ainda mais quando havia escapado de sua cela e seu carcereiro a lançava olhares mortais, fizeram Brooke engolir em seco. No entanto, antes que pudesse se manifestar ou se mover para o outro lado da linha, uma voz interviu:

 

— E se não a entregarmos? E se ela quiser ficar e a gente também quiser que ela fique? — Era Seth, parecendo decidido em suas palavras.

 

— Acho que você não entendeu muito bem o que eu acabei de dizer.

 

— Não, eu entendi. Todos nós entendemos — Seth se virou para os seus. — Mas, pensem comigo, pessoal. Ela está certa. Essa garota, Brooke, está certa sobre nós. Tudo o que ela disse hoje de tarde a nosso respeito era verdade; não honramos mais nosso código. Não somos mais quem costumávamos ser. Fomos ensinados a controlar o que somos, a caçar o que nos caçam e a proteger inocentes. É isso que quileute quer dizer, não? No entanto, descumprimos com nossa palavra. Muitas pessoas morreram, outras continuam morrendo, e a única coisa que poderíamos fazer era proteger Brooke Evern quando ela mais precisou, mas não fizemos isso — Ele olhou brevemente para ela, mas logo voltou a atenção ao seu bando. — E agora esses vampiros vem aqui (não os Cullen, com eles tá tudo bem), no limite de nossas terras, exigir a prisioneira que não deveríamos ter deixado ser presa... Não posso aceitar uma injustiça dessas, e vocês também não deveriam.

 

O silêncio durou apenas meio minuto depois que as palavras de Seth ecoaram antes da desgraça começar.

 

— Vocês têm exatos cinco minutos para entregar a Evern antes que eu faça esse lobo fedorento engolir palavra por palavra — Bradou Alec, sendo apoiado pelos outros três Volturi.

 

Seth rosnou em resposta, se colocando na mesma posição que Jacob.

 

— Acalmem os nervos, pessoal. Ninguém aqui quer uma luta essa noite — Alice proferiu, prevendo assim como todos, o desastre que aquilo se transformaria.

 

Brooke observou perplexa, os outros lobos, exceto Sam, se juntarem à Jacob e Seth, enquanto Demetri, Felix e Jane se colocavam em posição de ataque.

 

— Controle seus lobos ou rasga-lhe-eis suas gargantas — Trovejou Alec, se dirigindo a Sam.

 

O alfa devolveu o olhar.

 

— Acho difícil fazer isso com a cabeça arrancada, Volturi.

 

— Sam, pense bem — Pediu Carlisle, parecendo nervoso. — Temos uma aliança com eles, e ela é necessária.

 

— Nós também tínhamos uma, Carlisle. Mas ela acabou de acabar — O quileute rugiu alto. — Essa tarde Brooke Evern nos fez enxergar algo que não conseguíamos ver, e por isso se não for da vontade dela ir com vocês, ela não irá — Sam a encarou. — Será muito bem vinda. Somos gratos à você e lutaremos por você. Estamos com você, Brooke.

 

— Estamos com você — Repetiu Seth.

 

— Estamos com você — e Embry.

 

— Estamos com você — e Jared.

 

— Estamos com você — e Quil

 

— Estamos com você — e Paul

 

— Estamos com você — e Collin

 

— Estamos com você — e Brad.

 

— Estamos com você — e, para sua surpresa, repetiu Jacob.

 

Os oito quileutes formaram uma barreira à sua frente, impossibilitando a visão dos rostos encolerizados dos Volturi e dos assustados dos Cullen. Brooke ficou sem palavras diante de tudo aquilo. Ela trocou um olhar com Renesmee, que tremia intercalando olhares entre a família e os lobos, e então se deu conta de algo que alegrou seu coração que por tanto tempo esteve melancólico: ela não estava sozinha como pensou estar. Poderia não ter mais sua mãe, nem Gaz, e poderia ter todos os motivos para desistir da vida e se entregar à sorte do destino nas mãos daqueles vampiros cruéis com título de realeza, mas ela não precisava faze-lo. Ela não iria.
 Foi olhando para as costas de seus mais recentes protetores, que Brooke decidiu parar de se lamentar por suas escolhas e destino, e resolveu começar a lutar pelas coisas que desejava e acreditava. Foi ali que percebeu que estava na hora de mostrar a verdadeira faceta de Brooke Evern.
Respirou fundo e, entre todos os rosnados e palavras rogadas ao vento, pigarreou o mais alto que pôde, querendo receber todas as atenções. E ela conseguiu. Todas as cabeças se viraram em sua direção, e erguendo a cabeça, deu um passo à frente, olhando diretamente para os quileutes.

 

— Agradeço de coração as boas intenções de vocês em quererem me proteger, mesmo que tardiamente, mas não tinha e nem tenho intenção de começar uma guerra entre vocês — Ela esticou o pescoço para olhar para os vampiros do outro lado da linha, e Quil se locomoveu para o lado, a dando vista para os vampiros que escutavam atentos. Brooke ergueu o queixo. — Há coisas mais importantes acontecendo, como o que houve hoje. Por isso, eu vou ter que recusar a oferta, Sam, e voltar para onde estive até agora, para tentar entender tudo isso. Mas sou grata a você e a todos vocês, rapazes — Ela sorriu minimamente para cada lobo, e depois voltou a encarar os vampiros, tão fria quanto um cubo de gelo. — Eu voltarei com vocês, mas não porque vocês querem. Eu voltarei porque meu amigo esta lá e ele precisa de mim, somente por isso. Mas, antes quero deixar claro uma coisa, e que todos aqui ouçam atentamente e sejam testemunhas. De hoje em diante eu não terei mais medo. Não serei submissa ou ficarei calada. Voltarei para minha prisão, mas não pensem que continuarei sendo uma prisioneira. Eu lutarei por minha liberdade, e farei o que for preciso para consegui-la, por isso, é melhor ficarem avisados.

 

E com isso ela deu alguns passos à frente até cruzar a divisa dos territórios, parando bem em frente à Alec, que rosnou baixinho, os olhos escarlates brilhando em fúria controlada. Os demais vampiros pareciam perplexos demais com a autoridade usada em suas palavras, e a não ser por Jane que rangia os dentes e murmurava maldições, ninguém objetou em nada. Renesmee se apressou a se despedir de Jacob e dos outros e seguiu calada para o lado dos pais, que a olharam em total desaprovação.
Com nada mais a ser dito, os Volturi viraram as costas e desapareceram pela escuridão da noite. Os Cullen os seguiram, e antes de ir embora, Brooke olhou para trás e viu os sorrisos que os lobos mantinham nos rostos.

Todos dirigidos a ela.

 

 


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Notas finais do capítulo

OLÁÁÁÁ! Como vão vocês?
Eu depois de escrever esse capítulo GIGANTESCO (desculpem pelo número de palavras, mas eu realmente não podia dividir em duas partes), estou é morta. Tanto pela exaustão que deu, quanto pela reviravolta. Sei que como sempre estou atrasadíssima com a postagem, mas antes de falar sobre o capítulo de hoje, preciso dar um recado super importante.
Eu irei começar a me dedicar mais à minha vida acadêmica, e isso pode resultar em atrasos de capítulos com mais tempo daqui por diante. Não irei de modo algum abandonar a fantiction, apenas irei coloca-la em segundo plano por necessidade. E espero que entendam isso. Grata.

Agora sim, vamos falar do capítulo de hoje: SOCORRO!
Eu avisei que as coisas começariam a pegar fogo. E resolvi começar o incêndio com a quebra da aliança entre os lobos e os vampiros, o que certamente vai dar o que falar futuramente. E ok, eu confesso que amei muito fazer isso, porque já estava na hora dos quileutes tomarem partido de alguma coisa né minha gente. Por isso, para quem questionou sobre o papel deles dentro da história: aí está. E a tendência é só melhorar.

Eu gosto de lobos ♥

Assim como a ruptura de alianças que houve nesse capítulo, há vários outros pontos que eu acho legal destacar. O primeiro é sem dúvidas o começo da amizade entre Renesmee Brooke, que já aviso de antemão que será uma das coisas mais legais nesta fantiction.
O segundo ponto, é a forma como as coisas acontecerão daqui para frente na vida de Brooke. Como pudemos ver, ela começa a descobrir algo dentro dela e a se encher de perguntas e dúvidas ao mesmo tempo. E a tendência é só piorar.
Mas, pulando para o terceiro e último ponto: ELA É AFRONTOSA, ELA! Eu ameeei escrever esse final, e não vou mentir, Brooke é mais poderosa do que isso, amores.
Espero que estejam gostando dos capítulos, e saibam que qualquer dúvida sobre eles, se não entenderem alguma coisa ou se quiserem apontar algum erro ou observação, é só me dizer pelos comentários. Mas por favor, façam comentários e críticas CONSTRUTIVAS!
Todo trecho do capítulo que tiver um * no final, significa que foi retirado do livro original ou de uma fonte da Internet (principalmente sobre os lobos da tribo quileute).

Como não tenho mais nada para falar, encerro por aqui essa nota. Se gostaram desse capítulo, comentem, favoritem, acompanhem e recomendem.

Até o próximo capítulo...

Bjs ❤