Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 16
Chapter 14: Transformação


Notas iniciais do capítulo

Mama!
Didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on
As if nothing really matters


— Queen (Bohemian Rhapsody)



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Alec parou o Jaguar no começo da rua da casa cor de areia. Não havia ninguém circulando por ali, a manhã já se transformava em tarde, a leve garoa que caia do lado de fora escorrendo pelo vidro das janelas do carro. O interior do veículo estava quieto, um silêncio tenso, significativo. No banco do carona ao lado, Jasper Cullen fitava as próprias mãos parecendo desconfortável por estar ali e por sentir todo o peso dos sentimentos conflitantes da garota presente.
Encolhida nos bancos traseiros, Brooke encarava o caminho além das janelas do carro, a respiração se alterando a cada segundo. Ela sentia todos os músculos do corpo travados, as palmas das mãos pegajosas de suor, e o coração dentro do peito, despedaçado. Não sabia ao certo o momento em que entrara no carro, apenas que durante todo o trajeto, não parecia ser ela sentada ali pacificamente. Não parecia ser ela, a garota traumatizada e sobrevivente de um acidente à quatros meses atrás. Não parecia ser ela, que mergulhara de cabeça em um mundo completamente obscuro, que fora sequestrada e até então estava sob cárcere privado, por criaturas da noite. Por vampiros. Não era aquela garota calma e silenciosa naquele banco de trás, que tinha consciência que brevemente diria adeus a mãe, para sempre.

Não era Brooke.

A morena apenas não sabia como se sentir. Na verdade, sabia. Estava oca. Guardara todos os sentimentos que sabia que a fariam vacilar dentro de um baú, e guardou no lugar mais escuro de seu coração, preferindo lidar com eles depois. A barreira que se destruíra uma hora antes dentro de si, ela tratou de reconstruir, a transformando em um muro de proteção que a impedia de desmoronar, e a única coisa que Brooke deixou se sobrepor aquele muro, foi a coragem e o foco para fazer aquilo que era preciso. Ainda que não soubesse como.

 

 

— Isso é para hoje, Evern — A voz chegou aos ouvidos dela, em tom impaciente e autoritário.

 

 

Brooke saiu dos devaneios, trilhando um olhar até o banco em sua frente, encontrando com os olhos carmesins a observando pelo espelho retrovisor do carro. O Volturi estava sério, as mãos pousadas no volante. Ela engoliu em seco, as mãos começando a tremer, e se obrigou a continuar do jeito que estava. Calma, aparentemente. No entanto, o par de olhos faiscantes que a observava parecia saber o verdadeiro estado que ela se encontrava, um caos.
Brooke apertou o maxilar, tentando ser forte.

 

 

— Você realmente promete manter minha mãe em segurança, de vocês e de seja lá do que for, se eu fizer isso? — Perguntou ela, agarrando o encosto do banco onde Alec estava, grata pela voz ter saído firme.

 

 

O Volturi instantaneamente se virou para encara-la, uma expressão aborrecida aparecendo no rosto:

 

 

— Creio que já falamos sobre isso. Mas se ainda restam receios, você tem a minha palavra — As palavras dele saíram quase em um rosnado, ao qual ele conseguiu controlar. Os olhos vermelhos se apertaram nos cantos. — Agora desça, Evern.

 

 

Uma porção de insultos vieram a boca de Brooke, mas ela não os disse. Era esperta o suficiente para saber que enfrentar o vampiro Volturi quando ele parecia tão aborrecido por alguma razão, não era sensato. E pensando assim, ela abaixou a cabeça e abriu a porta ao lado, passando uma perna para o lado de fora no mesmo momento que sentiu um toque gelado como mármore em seu antebraço direito, o apertando. Brooke se assustou, e voltou a virar a cabeça, alcançando novamente os olhos frios, que a encaravam de maneira ameaçadora, agora.

 

 

— Tente qualquer gracinha e a mulher que você chama de mãe, paga as consequências — Alec disse, beirando a crueldade. Brooke arfou, assentindo com o coração apertado em pensar na mãe. Ele a soltou, a fazendo respirar fundo e apontou para a rua do lado de fora. — Estamos de olho em você.

 

 

Aquilo foi o suficiente para fazer com que todos os planos de fuga ou as esperanças que teve em escapar daquele pesadelo, evaporassem. Ela sabia que o vampiro falava sério, sabia que se não seguisse as ordens, quem sofreria as consequências seria Marcy. Foi com ela que o interrogatório terminara, e depois, foi com ela que o Volturi ameaçou Brooke. Por tanto, a única coisa que a garota poderia fazer era acatar.
Ela ainda lançou um último olhar temeroso para Jasper, que observava tudo silencioso, mas que assentiu para ela de maneira confiante. E então ela empurrou totalmente a porta do carro, pulando para fora dele em seguida.
A garoa a recebeu, tocando em seu rosto como um presente de boas vindas para o mundo ali fora depois de alguns dias trancafiada em um covil de vampiros, em um mundo de sombras. Brooke aspirou o ar puro, apreciou a luz da manhã depois de tantos dias no escuro e puxou o capuz do casaco para a cabeça, enfiando as mãos nos bolsos e se obrigando a caminhar em direção da própria casa.
Seus olhos atentos não encontraram ninguém pela rua, e a única coisa que ela queria além de sair correndo, era que o chão abaixo de seus pés se abrisse e a impedisse do que iria fazer. Infelizmente, isso não aconteceu.

Brooke continuou avançando, cada vez mais distante do carro, o coração acelerado em nervosismo. Então, quando menos esperou, já estava de frente a familiar casa cor de areia, sua casa nos últimos meses. Ela ousou lançar um olhar por cima do ombro, verificando se o Jaguar ainda estava lá, e estava. Ela podia sentir a intensidade do olhar de Alec Volturi, mesmo a distância.
Seu estômago revirou, e respirando fundo, Brooke passou pela cerca de estacas brancas, pisando no gramado do quintal. Passou pelo jardim de rosas vermelhas, molhadas pela garoa, e parou de frente a porta, começando a tremer por dentro e por fora. O muro que aprisionava os seus sentimentos estremeceu, e a morena se obrigou a seguir em frente. Tinha decorado o plano que a deram, só precisava coloca-lo em prática e então Marcy estaria segura e teria a chance de uma vida feliz e longa, ainda que o mesmo não fosse oferecido para ela.
Brooke cerrou os dentes, se obrigando a levantar a mão trêmula e a colocar sobre a maçaneta, a rodando no final. A porta estava aberta, o que indicava que Marcy estava em casa. Então, tomando o máximo de controle possível sobre si mesma, Brooke entrou na casa. O assoalho do hall rangeu abaixo de seus pés, e ela fechou a porta vagarosamente, captando uma voz que cantarolava uma legre canção. A voz era de Marcy, e vinha da cozinha. O coração da morena dentro do peito se encolheu, e por breves segundos, ela se viu dando um passo na direção da cozinha, desejando adentrar o cômodo e se jogar nos braços protetores de sua mãe. Porém, Brooke recuou assim que percebeu o que fazia. Se fosse até lá naquele momento, estragaria tudo. Não se conteria. E de qualquer forma, ainda não era hora, precisava pegar algumas coisas antes.

Repetindo aquilo para si mesma, ela engoliu em seco e se virou para a direita, onde encontrou a escada que levava até o segundo andar. Brooke subiu todos o mais silenciosamente que pôde, e quando chegou lá em cima, se dirigiu ao lado esquerdo da bifurcação que dividia os cômodos, rumando para o último cômodo, seu quarto. Abriu a porta do mesmo, vacilante, e assim que seus olhos passaram por toda a extensão do quarto, um sentimento pulou por cima do muro em seu peito: O sentimento de nostalgia.
A lembrança da primeira vez que entrara ali, esgotada da viagem de Denver até Forks, e fizera cara feia para o tanto de poeira acumulada, a atingiu. E Brooke sentiu um ardor na garganta. Ironicamente, estava feliz e emocionada em voltar até ali, coisa que não imaginaria acontecer a quatro meses atrás, quando se jogou na cama pela primeira vez.

Seja forte, comandou a si mesma, quando as lágrimas ameaçaram cair. A morena inspirou e balançou a cabeça, se livrando dos pensamentos que a traziam melancolia, e se focou no que veio fazer ali. Brooke abaixou o capuz da cabeça, e atravessou o quarto sentindo as pernas travadas, decidida a não olhar mais para nada naquele lugar que a fizesse desmoronar. Suas orbes castanhas fitaram a porta do banheiro ao fundo, e contornando a cama feita, caminhou apressadamente até lá. Assim que adentrou o cômodo de azulejos, percebeu que ainda era da mesma forma que se lembrava: O mais frio da casa. Brooke chacoalhou a cabeça, e se virou na direção do armário em cima da pia, evitando o espelho, onde guardava seus produtos de higiene e seus remédios.
Ela abriu as duas portas de madeira, e encarou o compartimento de cima do móvel, onde a fileira de frascos e cartelas estavam. A morena percorreu com os olhos cada rótulo, sentindo o coração afundar dentro do peito, um gosto amargo na boca. Há muito tempo ela não chegava perto daqueles frascos e cartelas de comprimidos, há muito tempo achava que não precisava. Mas o "há muito tempo" tinha acabado. Estava vivendo o presente, e nele, precisava voltar a tomar a medicação prescrita pelos médicos que a tratavam. Precisava mais do que nunca se manter lúcida, consciente de seus atos e atada a realidade.

Brooke sentiu uma súbita raiva a percorrer, a fazendo grunhir, ao mesmo tempo que uma vertigem a atingiu, a desequilibrando. Ela apoiou as mãos na pia de mármore à frente, esbarrando na saboneteira de vidro e a derrubando. O som do vidro se partindo ecoou pela porta do banheiro aberta, e Brooke ouviu a voz de Marcy no andar de baixo, cessar.

 

— Merda!

 

A morena apertou os olhos, sentindo o estômago se contrair em protesto pela falta de alimentos, mas Brooke mandou o estômago ir catar coquinhos. Com muito esforço ela recobrou o equilíbrio e se desencostou da pia, voltando a atenção para os remédios no armário e escutando com atenção o som de passos subindo a escada. O pânico a tomou, não estava preparada para dizer o que tinha que dizer para a mãe.
Se xingando mentalmente, Brooke mordeu os lábios e agarrou nos dois primeiros frascos da fileira e em uma cartela de comprimidos brancos, que eram seus calmantes para dormir, suas pílulas contra ataque de pânico e os antidepressivos que nunca a deixavam. Ela enfiou tudo nos bolsos do casaco, exatamente no instante em que ouviu os passos adentarem o quarto.

 

— Brooke, é você?

 

A garota se virou, se armando com toda a coragem que tinha, mas assim que o rosto cauteloso de sua mãe apareceu pela porta aberta do banheiro, ela se viu desarmada. Os olhos verdes que não herdara se arregalaram em conhecimento, e no segundo seguinte, Brooke já se via se jogando na direção da mãe, a enlaçando em um abraço cheio de saudade, acolhedor. Seu coração se encolheu e expandiu várias vezes, enquanto ela mandava a consciência que a alertava sobre se manter firme, para o inferno.
Os braços acolhedores de Marcy a apertavam, e o cheiro dela era exatamente como a garota se lembrava: sabonete de frutas vermelhas e um perfume caro que usava. Brooke se esforçou ao máximo para não cair no choro, sentindo a mão da mãe acariciando seu cabelo.
Se conteve. As palavras de Alec voltaram a sua mente, e ela se afastou a muito custo, correndo para colocar uma expressão tranquila no rosto.
Marcy a encarou, deslizando as mãos até a cintura.

 

 

— Por deus, Brooke! Por que não avisou que tinha chegado? Eu pensei que fosse um ladrão! — Foi a primeira coisa que Marcy disparou, fazendo uma careta de irritação.

 

 

A morena forçou uma risadinha.

 

 

— Oi, mãe — Enfiou as mãos nos bolsos do casaco, segurando fortemente os frascos de remédio. — Eu quis fazer uma surpresa.

 

— Oh, então eu creio que a estraguei! — Marcy abriu um sorriso amarelo. — Mas não importa, filha. É bom vê-la novamente... Pensei que o trabalho com sua colega fosse demorar, foi o que entendi pelas mensagens — Ela balançou a cabeça. — Andou se alimentando direito? Está com uma cara péssima. Está com fome? Fiz alguns biscoitos agora a pouco.

 

— Eu não estou...

 

 

Mas já era tarde para a garota dizer que não estava com fome, sua mãe já a puxava para fora do banheiro, cruzando o quarto a atualizando sobre o que fez nos últimos dias e avançando pelo corredor. Brooke se calou enquanto se deixava ser puxada, e a cada passo dado, sentia a angústia atrás do muro em seu peito, aumentar. As duas desceram as escadas, chegando na sala, e Marcy continuou seu monólogo:

 

 

—... Então os Laurier's estão pensando em abrir uma academia aqui na cidade, e me perguntaram se eu não estava afim de entrar no ramo e me tornar sócia deles. Seria um bom investimento, mas hum, eu não sei se conseguiria fazer parte de algo que não envolva minhas miçangas e meus vasos de argila...

 

 

Marcy riu, alegre e genuinamente. Brooke se surpreendeu, pois já fazia muito tempo que não via a mãe tão feliz e descontraída daquele jeito. Ela engoliu a saliva espessa, e adentrou a cozinha.

 

 

— ... Mas um investimento como esse tem que ser bem pensado, não é mesmo — A loira a olhou sorridentemente e largou a mão da filha, caminhando até a bancada construído no meio do cômodo. — Os biscoitos ainda devem estar quente, vamos deixar esfriar mais um pouco. Mas, me conte querida, como é a casa do Dr. Cullen?

 

Brooke arregalou os olhos, parando a meio caminho da bancada.

 

— Digo, ouvi dizer que ele e a família são muito ricos — Murmurou Marcy, procurando pela bancada as luvas térmicas. — E você disse em sua última mensagem que estava se divertindo muito lá.

 

O alívio inundou a morena. Tinha achado que a mãe sabia ou suspeitava de algo. Ela molhou os lábios, se aproximando da bancada, e parou do outro lado, de frente para Marcy, espalmando as mãos na superfície de mármore. Seu cérebro trabalhou em uma resposta satisfatória.

 

— Ah, sim. É uma bela casa.

 

— E os familiares de sua amiga foram legais com você?

 

— Humhum.

 

— O Dr. Cullen tem muitos filhos?

 

— Sim. Seis.

 

— Ele é casado?

 

— É... — Respondeu Brooke, momentaneamente estupefata com a pergunta da mãe e com o súbito interesse em Carlisle.

 

 

Marcy a lançou um breve olhar, encontrando as luvas, e encolheu os ombros.

 

— Bem, não custava perguntar.

 

 

A garota se pegou sorrindo fracamente com o bom humor característico de sua progenitora. No entanto, ao observa-la caminhar até o forno e voltar com uma travessa de biscoitos nas mãos, a garra de um monstro pareceu puxar suas entranhas, quando percebeu que logo mais destruiria aquele bom humor.

 

 

— Filha, está me ouvindo? Pegue um prato — A voz de Marcy chegou até os ouvidos de Brooke, que respirou fundo.

 

Estava enrolando, ela sabia. E não podia continuar fazendo isso. Foi por isso que, mordendo fortemente o lábio inferior até sentir o gosto metálico de sangue, Brooke juntou o resto de coragem que tinha e respirou fundo, pronta para sentir as garras do monstro puxando seu coração também.

 

— Mãe? — Chamou, atraindo o olhar da mulher.

 

— Sim, querida?

 

Diga logo!

 

— Eu... eu queria lhe dar isso — Falou Brooke, vacilante, puxando do bolso de trás da calça jeans um pedaço de papel retangular, o colocando em cima da bancada e o deslizando até o alcance da outra. Ela mordeu a língua, mas se obrigou a continuar: — É um presente, na verdade.

 

 

Pronto, estava feito. Brooke tinha dado início ao adeus, e sentiu o nó na garganta se formar com o pensamento.

 

 

— É uma passagem de cruzeiro para o Havaí — Murmurou Marcy, depois de apanhar o papel e o ler. Ela fitou a filha, confusa. — Durante três meses.

 

— Sim, é.

 

A compreensão chegou aos olhos verdes instantaneamente.

 

— O que? Onde você tirou dinheiro para comprar isso, Brooke? — Perguntou Marcy, de olhos arregalados, intercalando olhares entre a filha e a passagem.

 

— Eu usei minha poupança... e comprei pela internet.

 

Era uma mentira. Ela não tinha mexido na poupança que pretendia usar para pagar a faculdade, tão pouco comprara nada pela internet. Nem acesso a rede tinha, já que os vampiros não deixavam. A verdade era que fora os Volturi quem a deram a passagem do cruzeiro, mas precisamente, Alec. Segundo ele, despachar Marcy Evern para bem longe em um navio cinco estrelas era a única coisa que podiam oferecer além da opção de morte para a mulher que respirando por perto, virava um obstáculo em seu caminho. Por tanto, Brooke tinha que convencer a mãe a aceitar a viagem, de uma maneira ou de outra.
Mas, lá estava o olhar incrédulo que ela conhecia bem.

 

— Eu não acredito que você fez isso! — Exclamou Marcy, largando a passagem em cima da bancada e apertando os cantos dos olhos. — Por que você fez isso? Por que desperdiçou seu dinheiro nesse cruzeiro, Brooke?

 

— Porque eu queria lhe dar um presente — Respondeu. — Porque eu queria que pela primeira vez em muito tempo, você tivesse um momento só para você. Que relaxasse. Você merece isso, mãe. Por isso aceite.

 

— E passar três meses no Havaí, longe de você?

 

A Evern mais nova assentiu vigorosamente.

 

— De jeito nenhum! — Chiou Marcy. — Eu não posso abandona-la aqui sozinha, muito menos aceitar seu dinheiro desta forma. E também tem a loja, e a bandidagem que anda por esta cidade..

 

— Eu arranjo um trabalho e junto todo o dinheiro novamente — Retrucou Brooke, a primeira coisa que veio em sua cabeça, sabendo que era uma mentira. — E também posso cuidar da loja. Posso me cuidar. E existe polícia para quê, não é mesmo?

 

A expressão no rosto de sua mãe suavizou, e por um segundo, ela pareceu considerar. Mas então balançou a cabeça, parecendo reprimir a ideia, e voltou a atenção para a travessa de biscoitos ao seu lado.

 

— Esqueça, Brooke. Cancele a passagem e peça seu dinheiro de volta, eu não vou nesse cruzeiro.

 

 

O pânico ameaçou tomar conta da morena, mas ela o empurrou para trás do muro. Sua mandíbula se trincou enquanto olhava quase que com desespero para Marcy, que estava ocupada demais em desgrudar os biscoitos do fundo da travessa para notar. Precisava pensar em algo que a convencesse a aceitar a viagem, e rápido. Não sabia o quão paciente o Volturi dentro do carro a alguns metros de distância da casa poderia ser, e nem queria descobrir. Brooke fechou os olhos por um momento, e então o argumento que sabia que convenceria a mãe, apareceu em sua cabeça. Um argumento que sabia ser muito baixo, mas que era preciso.

 

 

— Faça isso por mim. Faça isso por Penny — Disse ela ao reabrir os olhos, subitamente. Seus pés se moveram até parar ao lado de Marcy, que parou de mexer nos biscoitos e a encarou bruscamente. — Seu sonho sempre foi fazer um cruzeiro, mãe, mas você nunca conseguiu. E então eu enlouqueci, e depois o acidente aconteceu e por fim viemos para esta cidade para recomeçar. Mas a verdade é que não recomeçamos, mãe. Ainda estamos paradas no tempo, agarradas as lembranças e a dor da perda de Penny — Brooke pausou, retendo as lágrimas que ardiam nos olhos. Suas mãos pequenas pousaram nos ombros da mulher em sua frente. — Eu acho que nunca fui tão franca com você em toda minha vida como estou sendo agora, mas sim, eu quero que você aceite essa passagem e vá para esse cruzeiro de três meses. E sabe por que eu quero isso? Porque eu não aguento mais viver em negação. Não aguento mais assistir de camarote seus dias bipolares, esperando do meu lugar que na maioria deles, você esteja bem. Porque nos maus dias, eu não sei como agir. Não sei como consolar uma mãe que perdeu um filho, que perdeu minha irmã, e nem tento porque acabo ficando pior do que você. Então, faça esse favor para mim, mãe. Saia de férias e tome um tempo para si, tente curar ou amenizar essa dor, e quando voltar, volte reerguida e ajude-me a me reerguer. Desde do começo foi eu e você, e sempre será assim.

 

Brooke arfou, sentindo o peito subir e descer. Falara. Falara a verdade. O que sempre quis ter falado para a mãe. E estranhamente, sentia que um peso enorme havia sido tirado de suas costas. Desde do minuto que Alec a dera a notícia que iria até ali, ela achou que contaria um monte de mentiras. De fato, contara, mas as palavras que acabaram de saltar de sua boca, eram as mais sinceras.
Ela piscou, travando uma luta contra o canal lacrimal em seus olhos que ameaçava se romper, e observou com atenção a reação de sua mãe.
Marcy estava estática agarrada a a beirada da bancada, os olhos cheios de lágrimas e a boca aberta. A morena temeu que tivesse a magoado com sua sinceridade, mas então os braços de Marcy a envolveram, e Brooke escorregou as mãos dos ombros dela para suas costas, retribuindo o abraço. E logo, as duas estavam chorando e soluçando no meio da cozinha.

 

 

— Eu amo você, mãe. Não importa o que aconteça — Sussurrou a garota, que naquele abraço, dizia adeus para a mãe.

 

 

[...]

 

 

Ela saiu pela porta, a deixando aberta, e correu em direção a rua, o mais rápido que pôde sabendo que Marcy iria atrás de dela depois de ter saído correndo da cozinha. Brooke só sentiu a chuva que engrossara, quando ultrapassou o jardim da casa. Sua visão estava embaçada, mas ela não sabia se era por causa da chuva ou pelas lágrimas que escorriam livremente por seu rosto, agora.
No entanto, sua visão se focou em algo que vinha em sua direção, que diferente dela, andava normalmente, sem se importar com a água que caia do céu.

Era Jasper.

Ele a encontrou no meio do caminho, e Brooke parou de correr, o encarando um pouco ofegante. O Cullen a ofereceu um mínimo sorriso, ao qual ela ignorou com sucesso.

 

 

— Não a machuque — Ela pediu, a voz não passando de um sussurro fraco.

 

— Eu não vou — Ele respondeu, cordialmente. — Apenas irei controlar as emoções dela para que aceite o cruzeiro.

 

 

A morena assentiu, e Jasper passou por ela, caminhando em direção à casa cor de areia. Brooke ficou ali parada o observando entrar pela porta, e quando a silhueta dele sumiu, ela sentiu o coração se partir. Era oficial agora, dissera adeus para a mãe.
As lágrimas caíram com mais intensidade, assim como a chuva, que já havia ensopado as roupas que ela usava, há muito tempo. Mas Brooke não ligou para aquilo. Não ligou para nada. Apenas na dor que sentia; na dor de ser separada de mais uma pessoa que amava.
Não havia nenhuma pessoa na rua, as janelas das casas vizinhas estavam todas fechadas, e Brooke era a única alma viva parada ali. Sabia que se existisse uma boa hora para fugir do cárcere que era mantida, a hora era aquela. Era certo que o Volturi dentro do carro há alguns metros de distância poderia a capturar facilmente, talvez, mas havia a possibilidade de um escândalo. No entanto, Brooke não fugiu. Ela não viu sentido nisso, achou que não tinha condições para fazer tal coisa no momento. E por isso, caminhou vagarosamente até o carro estacionado em começo da rua, se sentindo em êxtase, debaixo da chuva. Os pés dela pararam assim que chegou em frente ao carro, e sem cerimônias, Brooke abriu a porta traseira do Jaguar, deslizando para os bancos de trás silenciosamente.

A força do olhar do vampiro no banco do motorista não a incomodou, mas ela levantou a cabeça para encara-lo.

 

— Está feito.

 

 

Alec não expressou nada, como sempre. Ele apenas a examinou da cabeça até a cintura, os olhos vermelhos carmesins duros e frios.

 

 

— Tente não molhar muito o acolchoado do banco, por favor — Ele disse, de maneira indiferente, voltando a se virar para a frente e ligando o carro, sem esperar Jasper e dizendo por aquele gesto, que dali em diante, seriam só ele e ela.

 


Indiferente. Ele era indiferente. Com tudo, mas com ela principalmente. E enquanto Alec ligava o aquecedor e pisava no acelerador, Brooke saiu do êxtase, percebendo que o muro em volta de seu peito voltara a cair. E então ela sentiu tudo, de uma vez só, mas principalmente raiva. Raiva de ter dito adeus para a mãe. Raiva de estar ali encolhida no banco, chorando silenciosamente como uma garotinha. E acima de tudo, raiva do Volturi.
E foi ali que ela percebeu o que Alec Volturi era: ele era cruel, calculista e impenetrável.

E ela o odiou.

 

 

***

 

 

 

 

Alec estacionou o carro pela segunda vez do dia, depois de dirigir até Portland, em uma propriedade da Evern. Ele moveu a mão pálida até o aquecedor, cujo desligou sem se importar nem um pouco se a garota no banco de trás totalmente encharcada iria sentir frio. Na verdade, ele achava que frio era a última coisa que ela sentiria.
Conseguia sentir a raiva dela irradiando por todo o interior do carro, mas sabia que a garota não a demonstraria. Era muito medrosa para isso. E havia outra coisa que ele também conseguia sentir: O cheiro dela. Em cada canto daquele carro, o provocando a cada instante. Também conseguia ouvir cada batida irregular de seu coração, ou a cada vez que ela engolia a saliva, ou até mesmo quando as lágrimas escorriam por seu rosto e ela se limitava a seca-las com a manga do casaco. Alec conseguia ver cada movimento que a Evern fazia, o que só aumentava o ardor em sua garganta. Mas ela parecia distraída demais para perceber, como se estivesse em outro lugar, e se ele quisesse ataca-la, naquele momento não seria difícil.
O Volturi balançou a cabeça minimamente, se livrando de tais pensamentos. E com muita força de vontade, empurrou a porta ao lado, saindo para o lado de fora onde a chuva continuava a cair torrencialmente. Ele não se importou com as gotas molhando seu sobretudo, apenas esperou a garota descer do carro, o que ela não fez. Alec grunhiu, e se deslocou até a lateral do Jaguar, abrindo a porta e a segurando para a humana, como o prefeito cavalheiro que ele gostava de ser, mas um cavalheiro sem paciência quando se tratava de Brooke Evern:

 

— O que você está esperando para descer?

 

 

Os olhos castanhos da garota fitaram os dele sem foco por um minuto, mas então ela piscou, e o mais rápido que as articulações mundanas dela conseguiam, Brooke saiu do carro, parando em frente à Alec, que bateu a porta e trancou o automóvel. Ele a olhou durante um breve segundo, os dois debaixo da chuva, e quando ela não expressou nem disse nada, ele se pronunciou novamente, abaixando os olhos para os bolsos do moletom dela.

 


— O que tem nos bolsos?

 

Brooke o lançou um olhar vazio.

 

— Remédios — Ela enfiou a mão lá, tirando um dos frascos. — Preciso deles.

 

Alec se limitou a revirar os olhos.

 

— Vá na frente — Ordenou, gesticulando para a fachada da loja em frente.

 

Brooke não o respondeu, mas tratou de mover as pernas em direção a loja de sua mãe. Alec foi atrás, atento a cada movimento da morena, atento a rua que, para um centro de comercialização, estava deserta. Ele seguiu a silhueta da humana até a porta da loja, onde se abrigaram da chuva embaixo da marquise. Os dois trocaram mais um olhar, o que já estava ficando frequente.

 

 

— Você tem a chave? — Ele perguntou, ligeiramente desinteressado, pois não seria um problema abrir a porta sem uma.

 

A arte de arrombar portas e a força sobre-humana serviam para isso.

 

— Tem uma chave reserva em algum lugar aqui — Brooke respondeu secamente, parecendo captar o raciocínio dele, o que claramente, ela não aprovava.

 

 

Alec esperou, parado no mesmo lugar, enquanto a Evern se abaixava e tateava por algo debaixo do tapete. Segundos depois, ela voltou a se erguer com uma chave prateada na mão, a encaixando na fechadura. O vampiro quase revirou os olhos para o esconderijo da chave reserva, mas se conteve e observou quando a porta se abriu e um barulho estridente soou. Havia um sino pendurado em cima da porta. Ele nem precisou mandar a garota entrar, ela fez isso sozinha. E então ele entrou depois dela, fechando a porta atrás de si.
Seus olhos perfuraram a escuridão plena, mas seus sentidos apurados conseguiram localizar a Evern, que caminhava alguns metros à frente.

 

 

— Onde fica o interruptor das lâmpadas? — A voz dele ecoou pela escuridão, enquanto ele se mantinha parado no mesmo lugar.

 

Um ruído retumbou, e uma sequência de palavrões proferidos por Brooke, também, que pareceu ter tropeçando em algo.

 

— Em algum lugar atrás da porta... — Ela murmurou, e Alec nem precisava das luzes ligadas para saber que ela estava em sua frente agora. A respiração quente dela batia contra seu rosto, e o cheiro de lavanda o golpeou. — Veja se consegue alcançar.

 

 

O Volturi esticou o braço, tateando a parede ao lado, e encontrou o interruptor, apertando os botões em seguida. Num instante o ambiente foi iluminado, e ele deu de cara com as orbes castanhas o encarando a menos de vinte centímetros, o fazendo a lançar um olhar capaz de congelar o inferno inteiro.
Assim que percebeu a aproximação indesejada, Brooke deu um pulo para trás, engolindo em seco, e tratou de cruzar os braços, virando de costas e se afastando para outro canto da loja.

 

 

— Não suma das minhas vistas — Comandou Alec, virando as próprias costas e caminhando para o outro lado.

 

 

A loja da mãe da Evern era uma verdadeira estranheza. Composta por alguns corredores e fileiras de prateleiras, cortinas de bolinhas coloridas e estrelas desenhadas no teto. Sem contar as cores das paredes e as bugigangas que se chamavam artesanatos. Era a personificação de ridículo para o Volturi, que enquanto andava entre as prateleiras, analisando tudo, torcia o nariz.
Ele passava por alguns porta-trecos de joaninhas, quando ouviu a voz baixa a algumas prateleiras adiante no lado esquerdo da loja, o perguntar:

 

 

— O que estamos procurando mesmo, Volturi? — Havia uma nota de desdém na pergunta, principalmente em seu nome, mas ele ignorou por estar muito concentrado em sua procura por algo suspeito. No corredor das joaninhas.

 

— Qualquer coisa que ligue os vampiros recém-criados ao colar — Respondeu. — Afinal foi você quem disse que o colar saiu daqui.

 

— Você não suspeita da minha mãe, suspeita?

 

 

Brooke apareceu no final do corredor, se posicionando entre duas prateleiras, incredulidade expressa em seu rosto. O vampiro a dirigiu um olhar nada afetado, cruzando os braços atrás das costas.

 

 

 

— Se eu suspeitasse, ela não estaria fazendo as malas para um cruzeiro no Havaí. Acredite.

 

 

A Evern fechou a boca instantaneamente. Depois pestanejou e virou as costas, voltando a desaparecer das vistas de Alec, que não se incomodou com isso. Ele continuou observando as coisas ao seu redor, terminando com aquela prateleira e passando para a próxima. Não havia nada demais ali também, apenas mais artesanatos, agora com argila. Nada significativo. O vampiro voltou a se deslocar, irritado, e terminou de verificar todos os objetos naquele corredor, então passou para outro. Ele viu o vislumbre dos fios castanhos da Evern, que caminhava de um lado para o outro na direção oposta que ele estava, parecendo absorta em pensamentos, dedilhando os dedos sobre algo na parte de cima de uma prateleira, algo que ele achou irrelevante.
 Alec desviou os olhos dela, os colocando no caminho em frente, mas viu algo pelo canto do olho que o chamou a atenção, quando passou reto. Ele parou de andar, recuou alguns passos e se virou para mais uma prateleira, só que dessa vez parcialmente vazia, a não ser por algumas revistas velhas, alguns livros didáticos e um outro livro, que ele tirou do suporte e observou atentamente. O livro era pesado, de páginas amareladas pelo tempo, e de aspecto antigo por causa da capa de couro legítimo. Mas não foi isso que fez Alec arregalar os olhos, pela primeira vez em muito tempo, surpreso. Não. O que o fez arregalar os olhos foi o título do livro, cujo ele e mais outros milhares de vampiros jamais pensaram em ler um dia em toda suas eternidades.

Ele saiu do estado de choque, e usou a velocidade vampírica, parando atrás de Brooke um segundo depois. O livro firme em suas mãos pálidas, que o apertavam como se tivessem medo que o livro fosse sumir.

 

 

— O que esse livro faz aqui? — Alec vociferou a pergunta, fazendo a morena pular, e se virar para o encarar espantada.

 

— O-o quê?

 

— Este livro — Ele apontou para o objeto em sua mão direita. — O que ele faz aqui, com você, nesta loja?

 

Um brilho de compreensão passou pelos olhos de Brooke quando se focaram no título na capa, mas ela franziu o cenho, parecendo confusa.

 

— Há algo de errado?

 

Alec trincou os dentes.

 

— Responda minha pergunta!

 

— E-eu não sei, tá legal! — Gaguejou ela, a frequência cardíaca aumentando. — Esse livro não estava aqui, eu não o coloquei! Mas sim, ele estava comigo. Eu o encontrei em uma biblioteca aqui perto... Na verdade, um garoto esqueceu ele e eu o encontrei.

 

Os olhos do Volturi se arregalaram mais, se possível.

 

— Rapaz? Que rapaz?

 

— Eu não sei. Não o conheço — Balbuciou Brooke, levando Alec a rosnar baixinho. Ela teve vontade de recuar, de deixar o assunto para lá, mas algo em seu interior a instigou a prosseguir, a curiosidade ameaçando a matar se o vampiro não o fizesse: — Por que o interesse no livro?

 

 

Alec a encarou com a espécie de uma fúria reprimida, e pensou que aquilo bastaria para fazê-la calar e esquecer o assunto. Mas não. A Evern sustentou seu olhar, firme em sua curiosidade, e por um instante, ele considerou a ideia de cravar os dentes no pescoço da garota. Porém, algo o impediu. O lado racional de sua mente, que o dizia que não poderia fazer aquilo. E, por algum motivo, seu instinto, que o dizia com convicção que ele deveria mostrar o livro para ela.
Por fim, por mais contrariado que estivesse, Alec preferiu seguir o instinto, que nunca se enganava, e em um piscar de olhos, se colocou ao lado da morena, que se sobressaltou e se preparou para recuar alguns passos, mas ele a deteve pelo pulso.
Os olhares dos dois se encontraram, hesitação refletindo desafio.

 

 

— O livro pertence a uma das várias lendas de Conde Vlad I, o primeiro vampiro da história — Explicou Alec, assumindo uma postura sombria. — Segundo a lenda, Vlad havia feito descobertas inimagináveis sobre a nossa espécie, através de sonhos que ele tinha que naturalmente vinha a ser seu dom, e escrevera tudo neste livro. No entanto, conforme a civilização foi crescendo e o tempo passando, Vlad escondeu o livro ao qual intitulou "The book of somnium", do latim, "O livro dos sonhos. Mas ninguém nunca o encontrou para certificar se a lenda era real, e como somente vampiros sabem sobre a lenda, não existem outros livros como este. É único, e capaz de mudar todas as convicções de nossa espécie, e quando as convicções de um povo são mudadas ou abaladas, confrontos se formam, guerras explodem e o caos se alastra. E saiba, por experiência própria, que nenhuma dessas coisas são agradáveis de se viver, Evern.

 

 

Brooke o encarava atentamente e atônita, hipnotizada por cada palavra ouvida. O toque frio da mão do Volturi fechada não a incomodava mais. Ela intercalava olhares entre ele e o livro, que ficou em sua posse por semanas, mas que agora parecia um objeto estranho. Depois de tudo que tinha ouvido e visto, não sabia porque ainda se surpreendia com uma simples lenda entre vampiros que poderia se provar verdade.

 

 

— Então... Então a lenda é verdadeira? — Perguntou ela, erguendo os olhos para Alec, que retribuiu o olhar.

 

— É o que vamos ver.

 

 

Ele a soltou, e sem perder tempo, abriu o livro dos sonhos, folheando as páginas amareladas. De repente Brooke lembrou que não tinha nada escrito, e abriu a boca para avisar o Volturi sobre isso. No entanto, ela nunca chegou a dizer as palavras.

 

 

— Aqui — Murmurou Alec, tocando com o indicador a primeira página, onde para a surpresa da morena, palavras rabiscadas que antes não estavam ali, ocupavam as linhas. Ela se inclinou contra o ombro do Volturi, tentando entender a caligrafia fina, quando ele começou a ler em voz alta. — "1431 a.c, Vlad I, o primogênito de sua espécie...

 Quando uma época distante chegar, e meus descendentes não temerem mais o sol, quando impérios forem formados, e outros destruídos, um grande marco será feito em nossa história. Aquele que coopera contra o sol, assim como a noite, se levantará, e de seus filhos um exército fomará. Das cinzas viemos, das cinzas retornaremos, o poder do sangue se provará e a lealdade em uma guerra de vampiros, será testada. Alguns cairão, outros recuaram, e mais alguns tentarão derrotar a grande ameaça, contudo, apenas um homem designado por esta profecia será capaz de combater fogo contra fogo. Apenas ele cravará a estaca da misericórdia..."

 

 

Alec se calou. As palavras que se seguiam estavam riscadas, impossíveis de serem lidas até para alguém como ele. Seus olhos continuaram fixados nas letras, e sua mente começou a trabalhar em busca de um significado para o que tinha acabado de ler.
Aquilo se parecia exatamente com o que ele esperava quando encontrou o livro, exatamente com o que o primeiro vampiro da história escreveria para registrar sua existência. No entanto, uma profecia? Aquilo não fazia sentido. Aquele que coopera contra o sol, assim como a noite, se levantará, e de seus filhos, um exército formará...

 

— Vire a página — O sussurro da Evern ao seu lado o tirou da linha de pensamentos, o fazendo olha-la.

 

Ela estava com os olhos cravados no livro, parecendo admirada, e sem dizer nada, Alec virou a página, encontrando mais um texto com a mesma caligrafia. Ele fez uma longa pausa em silêncio antes de voltar a ler, novamente em voz alta:

 

... Havia um longo corredor a sua frente, que a conduzia para um lugar desconhecido. Luzes de néon coloridas relampeavam pelas paredes, e havia aquela música eletrônica sendo deixada para trás, como a trilha sonora de fundo de um filme de suspense. Seus pés avançaram pelo corredor, cada vez mais rápidos, como se ela estivesse a procura de alguma coisa que estivesse fugindo de seu alcance; e uma porta ao longe surgiu. Os poros em seu corpo se fecharam, a provocando arrepios, e uma sensação de alerta a tomou por inteiro quando sua cabeça começou a rodar junto com as paredes e tudo em volta. Mas foi trocando os pés urgentemente, como se estivesse bêbada, que ela continuou seguindo em frente até alcançar a porta de madeira, e apoiar a mão na maçaneta, que rodou e se abriu sem o mínimo esforço. Se sentindo tonta, ela deslizou para dentro do que quer que fosse aquele cômodo, e no momento em que seus olhos se levantaram, turvos, porém, nítidos, ela abriu a boca e gritou em uma mistura de medo e pavor. À sua frente, um par de olhos vermelhos vividos a encarava, e abaixo deles, uma boca manchada de sangue se abria em sua direção, revelando grandes caninos afiados... O quê? — Alec se interrompeu bruscamente. — Agora isso não está fazendo sentindo. Não parece relatar nenhum sonho de Vlad, muito menos ser algo que ele escreveu.

 

 

Ao seu lado, o Volturi ouviu a garota se arquejar.

 

— Alec?

 

— Porém, é a mesma caligrafia. Fina e elegante como nobres costumavam ter — Ele a ignorou. — Mas estas palavras parecem ter saído de um conto de...

 

— ALEC! — Berrou Brooke, conseguindo a atenção dele. Ela estava pálida e com os olhos castanhos arregalados, toda admiração tinha sumido, dando lugar a assombração. — Este não é um relato de nenhum sonho de Vlad — Ofegou ela. — Este é um relato de um sonho meu.

 

 

O silêncio incrédulo caiu pela loja. Os dois se encararam, imóveis, e antes que alguma coisa pudesse ser dita ou alguma reação tomada, o sino da porta balançou, anunciando a chegada de alguém. Alguém desatrado e que exclamou meia dúzia de palavrões, chamando total atenção do Volturi e da Evern, que giraram as cabeças na direção da entrada da loja.

 

 

— Puta merda, Brooke! Aí está você! — Disse o desastrado visitante, que com seus cabelos loiros jogados pela testa e olhos azuis estreitos, localizou a morena, começando a caminhar até ela rapidamente, quase correndo.

 

 

Para seu horror e surpresa, assim que Brooke girou a cabeça para a entrada, observou Gaz vindo ao seu encontro. Ela arregalou mais os olhos, se possível, e a próxima coisa que fez foi sentir os braços do melhor amigo a enlaçando em um abraço apertado e desajeitado, assim como ele. Logo, o cheiro familiar de Gaz a invadiu, e por um momento, Brooke esqueceu de tudo. Por um momento, ela pareceu voltar uma semana no tempo, onde andava com o loiro pelos corredores da escola, o repreendendo enquanto ele ria alto no caminho para a classe.
Mas ela logo foi puxada de volta para o presente, onde ainda era uma prisioneira de vampiros, e onde tinha um exatamente naquele momento, e onde Gaz não deveria estar.

 


— Gaz, o que você... O que você está fazendo aqui? — Perguntou Brooke, lutando contra um grito de "corra e se salve", afastando o garoto de si.

 

— Te procurando! — Respondeu o loiro, como se fosse óbvio. — Eu liguei para o seu celular umas trezentas vezes, mas você não me atendeu — Ele a olhou magoado, e Brooke abriu a boca para inventar uma desculpa, mas ele continuou: — também deixei umas cem mensagens para você, mas você também não me retornou. E já faz uma semana que você não aparece na escola, então bem, fiquei preocupado e... Você ainda está brava comigo não está?

 

 

Brooke mordeu os lábios, percebendo a tristeza por trás dos olhos azuis de seu amigo. Não, ela não brava com ele. Na verdade, nunca esteve. E queria dizer aquilo a ele, sim, ela queria, mas não tinha tempo. Precisava fazer com que Gaz fosse embora o quanto antes da loja, antes que Alec, que observava tudo calado, resolvesse tomar algum a atitude. Drástica, como tudo que ele fazia.

 

 

— Eu não estou brava, Gaz...

 

— Tudo bem se você estiver, sério. Eu sei que mereço. Não deveria ter forçado a barra com você sobre seus problemas. Não deveria ter me metido em sua vida, e sinto muito por isso.

 

— Gaz...

 

— Sinto muito, Brooke. Desde que sai daquela enfermaria. E me arrependo por não ter ido ao baile de boas vindas e te encontrado, e por não ter pedido desculpas antes. Sei que sou um péssimo amigo, mas... — Ele segurou as mãos dela, a encarando no fundos dos olhos, um pequeno sorriso charmoso aparecendo no rosto. — você é uma ótima amiga, e eu não gostaria de perder essa amiza...

 

Um pigarro retumbou.

 

— Desculpe interromper, mas a loja está fechada — A grave voz de Alec ecoou, fria e educada, e Brooke apertou deliberadamente a mão do melhor amigo.

 

 

Alec colocou o livro na prateleira onde o achara, e com movimentos elegantes e confiantes, se colocou atrás de Brooke, que endureceu as expressões assim que sentiu sua presença. Alec encarou o garoto que segurava as mãos da Evern, notando o interesse brilhando em seus olhos, que se ergueram em surpresa para ele.

 

 

— Ah... Eu não sabia que estava atrapalhando algo — Disse Gaz, tentando camuflar o desapontamento na voz. Ele olhou para além do ombro de Brooke, fitando o Volturi que tinha uma sobrancelha levantada e que aspirava à medo. Gaz desviou o olhar, o devolvendo a garota que gostava, e percebeu a tensão presente em cada músculo de seu rosto que ele achava tão bonito. Algo dentro de si se agitou em desconfiança. — Está tudo bem, Broo?

 

Brooke intensificou ainda mais o aperto nas mãos do amigo, mas então sentiu a mão do Volturi cutucar suas costelas, um cutucão forte e que dizia muitas coisas.

 

— Eu... — Ela engoliu em seco. — Eu... está... eu...

 

 

Mas ela não conseguiu dizer o resto. Porque o que aconteceu em seguida, foi uma explosão da parte da frente da loja, e logo depois, uma chuva de estilhaços de vidro da vitrine.

 

 

— SE ABAIXEM! — Gritou Alec, empurrando Brooke para o chão, não sem antes ela puxar Gaz consigo.

 

 

Os três caíram em um baque surdo entre as estantes. Brooke ouviu os próprios gritos se misturarem com os de Gaz, que a abraçou quando os cacos de vidro voaram sobre eles. Ela nem teve tempo de sentir a dor da queda, pois entre todo o ruído da vitrine estilhaçada, rosnados soaram, e ela se obrigou a erguer a cabeça e espiar de onde vinham e quem os produzia. E então ela os encontrou.
Dois corpos grandes como duas montanhas que tapavam o que um dia fora a porta da loja, vestidos em trapos imundos, rostos deformados com grandes olhos vermelhos opacos e no lugar da boca, um rasgão com dentes afiados a mostra. Não levou muito tempo para Brooke perceber que eram vampiros, não como os Cullen, muito menos como os Volturi. Eram dois vampiros, que rosnavam como animais e tinham um olhar assassino fixo nos rostos medonhos. O da esquerda era careca, e o da direita, tinha o cabelo amarrado em um rabo de cavalo oleoso. Ambos percorriam a loja com os olhos, e assim que pararam entre as estantes que ela estava, rosnaram mais alto.

O coração de Brooke estremeceu, e ela ouviu um xingamento de Alec.

 

 

— Recém-criados — Disse ele, rosnando de volta para os dois vampiros que se aproximavam. Em um piscar de olhos, Alec se colocou de pé e trocou um olhar com ela. — Eu cuido disso. Enquanto isso, corra — Os olhos dele passaram para Gaz, que tinha o queixo caído e os olhos arregalados. — E leve o humano junto.

 

 

Foi a última coisa que o Volturi disse antes de virar as costas e se agachar em posição de ataque. E então ele entrou em combate. Brooke observou, entrando em pânico, quando os dois vampiros assustadores avançaram na direção de Alec, e ele pulou com muita habilidade, chutando os rostos dos dois. Ela ofegou, sentindo o coração na garganta, e ao lado, ouviu os berros atônitos de seu melhor amigo, que naquele instante, deveria estar tão perdido quanto ela ficou no começo:

 

 

— Que diabos! Você está vendo isso, Brooke? Está vendo o que estou vendo? — Gaz esfregou os olhos. — Ele pulou... Seu amigo... Rápido... E esses dois caras grandões? Eles explodiram a loja da sua mãe... Oh meu deus... ISSO NÃO É NORMAL! ELES NÃO SÃO NORMAIS!

 

Brooke agarrou as mãos do loiro, que não parava de balbuciar em choque.

 

— Gaz, me escute — Ela inspirou, procurando pelas palavras enquanto ainda havia tempo. — Eu sei exatamente como você está se sentindo. E eu sei que você também quer respostas. Prometo que darei todas que você quiser, mas agora precisamos sair daqui, e se você gosta de viver, vai fazer o que estou mandando.

 

— Mas e ele? — O dedo trêmulo do loiro se levantou e apontou para Alec, que incrivelmente ainda lutava contra os outros dois vampiros.

 

— Ele sabe se cuidar — Brooke praticamente grunhiu, começando a entrar em pânico, começando a perder o oxigênio em seus pulmões. Ela bateu os dentes, sabendo que precisava sair dal antes que tivesse uma crise e acabasse piorando a situação. Desesperadamente seus olhos correram pela loja, e nos fundos, perto da caixa registradora, ela fitou a porta de saída de emergência. No mesmo instante ela se colocou de joelhos e voltou a encarar Gaz. — Mas a gente não, por isso, levante. Vamos correr.

 

 

O pobre garoto apenas assentiu, aterrorizado demais para contestar a morena que parecia, de repente, tão destemida.
Já no outro lado da loja, Alec estava em desvantagem. Quando mandou a Evern correr e correu para contra-atacar, não pensou que seus adversários lutassem tão bem. Normalmente, recém-criados não lutavam como aqueles dois que o cercavam estavam lutando, e por isso, já tinha sido golpeado pelo menos três vezes. Alec rosnou enfurecido e desviou de outro golpe desferido pelo vampiro careca, girando habilmente e quase arrancando o braço dele, mas o maldito conseguiu se livrar.
O Volturi gingou para trás, e esperou por mais um golpe, no entanto, nenhum veio. Ele percebeu então, o motivo: os dois recém-criados tinham a atenção direcionada para o caminho entre as prateleiras, onde a Evern corria para a saída nos fundos junto com o garoto humano. Alec aproveitou a distração e liberou sua névoa paralisante, atingindo o vampiro careca que caiu em um estrondo no chão. Porém, a névoa não foi tão rápida, e o outro, o de rabo de cavalo, avançou na direção das prateleiras.

Brooke conseguia ouvir a adrenalina circulando por suas veias enquanto fitava a porta de saída mais a frente e corria o mais rápido que podia e que o peso do loiro lhe permitia, já que ele parecia incapaz de correr sem tropeçar e cair enquanto ela o arrastava pelas mãos. Por diversas vezes, estivera em situações como aquelas nas noitadas em Denver: onde precisou correr para se safar, mas sem a parte dos vampiros. Então, sabia o que fazer. Tinha que colocar as pernas para funcionar, correr como nunca, ignorar o possível ataque cardíaco chegando e a parte de sua consciência que lhe dizia que não era certo deixar o Volturi para trás — mesmo que fosse o Alec — mas essa parte ela mandou ir para o inferno.
E ela faria isso. Podia fazer isso. Estava perto da porta da saída de emergência, eram só mais dois metros e então poderia se jogar para o lado de fora, junto com Gaz. No entanto, o rosnado atrás de si mudou isso, assim como a voz gutural que ela pôde jurar ouvir dentro de sua cabeça:

 

 

Não vamos machucar você, minha senhora. Apenas venha conosco, venha conosco e ocupe seu lugar.

 

 

Brooke arquejou no mesmo momento em que sentiu um puxão em seu capuz, a arrastando para trás. Ela berrou surpresa, e soltou a mão de Gaz, que agarrou a prateleira ao lado ao perder o equilíbrio. Brooke só teve tempo de olhar apavorada para o amigo antes dele abrir a boca e cerrar os olhos. Então ele se lançou contra ela e o vampiro que a prendia pelo capuz, provocando um impacto tão forte contra os três corpos que eles giraram, e de algum jeito, Gaz a puxou para longe do vampiro, a fazendo cambalear e cair no chão.
O mundo rodou, mas assim que os gritos de dor do loiro chegaram até seus ouvidos, ela obrigou a tudo voltar para o lugar. Brooke levantou a cabeça se sentindo tonta no mesmo momento em que o vampiro de rabo de cavalo cravava os dentes no pescoço de Gaz, que urrou.

 

 

— NÃO! — Gritou ela, mas já era tarde demais.

 

 

Os olhos azuis de seu melhor amigo se arregalaram em surpresa e dor, e logo se fecharam. Brooke observou horrorizada o vampiro afastar o rosto do pescoço ensanguentado de Gaz e o levantar pela gola da camisa, antes de o sacudir e o soltar no chão em um estalo de ossos. A morena sentiu as lágrimas mancharem sua visão, mas conseguiu ver o momento exato em que o vampiro abriu um sorriso bizarro em seu rosto deformado, e avançou em sua direção, lentamente.
Brooke se encolheu, nunca tirando os olhos do corpo que se contorcia de seu melhor amigo, e começou a se arrastar para trás, sem forças para se levantar e correr. Não valia a pena correr, não depois do que tinha acontecido com Gaz. E justamente por isso ela parou de se arrastar, ergueu a cabeça e esperou que o vampiro se aproximasse o suficiente para fazer com ela o mesmo que havia feito com seu amigo. Ela esperou, porém, ao invés disso acontecer, Alec surgiu atrás do vampiro de rabo de cavalo e sem o dar tempo, arrancou sua cabeça em um movimento, espiralando sangue pelo ar.

 

— Qual a parte do "corra", você não entendeu? — Ralhou Alec, jogando a cabeça arrancada para longe.

 

Mas Brooke não o respondeu, nem ouviu suas palavras. Assim que percebeu que não havia mais ameaça alguma, ela trilhou um olhar para além do Volturi, onde Gaz ainda estava caído, se contorcendo e gritando. Automaticamente ela se ergueu em um pulo, e correu até ele, se agachou ao seu lado e encarou o estado agoniante em que o loiro estava. O coração da morena pareceu se quebrar dentro do peito, um desespero a tomou, e os soluços a escaparam.

 

— Oh, Gaz... Eu s-sinto muito... — Lamentou Brooke, sentindo as lágrimas arderem em seus olhos quando viu o tamanho da mordida ensanguentada no pescoço dele. Ela levantou uma mão trêmula e a aproximou do ferimento, mas Alec a impediu, segurando sua mão.

 

— Não toque nele, o veneno já está se espalhando — Disse o Volturi, lançando um olhar aborrecido para o loiro que berrava e se debatia.

 

Foi como receber uma sequência de chutes e socos na barriga. Brooke encarou Alec por um minuto inexpressiva, e então o horror caiu em sua face. Não podia ser aquilo. Gaz não merecia se tornar um deles. Um monstro. Não podia.

 

— Faça alguma coisa — Comandou ela, mecanicamente. Uma peculiar dormência começava a se infiltrar em seu sistema e em suas emoções, assim como o bolo em sua garganta.

 

 

Alec cruzou as mãos em frente ao corpo, erguendo uma sobrancelha de maneira indiferente.

 

 

— Não há nada que eu possa fazer.

 

— FAÇA ALGUMA COISA! — Brooke explodiu, soluçando em seguida. — Por favor — Acrescentou quando notou o olhar furioso do Volturi.

 

 

Ele a encarou por uma fração de segundos onde nada disse, mas após isso, abriu um pequeno sorriso malicioso.

 

 

— Você tem duas opções. Deixar que o veneno chegue até o coração de seu amigo e o transformar em um vampiro, ou deixar que eu termine o trabalho do cara ali — Alec apontou para a cabeça arrancada do vampiro de rabo de cavalo. — e terminar de mata-lo. A escolha é sua, Evern. O destino do garoto está em suas mãos.

 

 

Ela queria que ele não tivesse dito isso. Que não tivesse dado as opções. Que Gaz não tivesse sido atacado. Que não tivesse a salvado. Que eles não tivessem ido na loja de sua mãe. Brooke quis muitas coisas naquele momento onde o destino de seu melhor amigo estava em suas mãos. Mas como decidir? Escolher entre a morte ou a vida eterna onde não estaria propriamente vivo?
Quando teve que decidir seu próprio destino, foi fácil, Brooke sabia o que tinha que fazer. Mas para ela. Como decidiria por Gaz? Como o condenaria a uma eternidade amaldiçoada? Ou pior, como o deixaria ser morto?
Ela não podia fazer aquilo. Não podia perdê-lo... Não podia deixa-lo ir... Ela precisava dele... Era seu melhor amigo... Ela não podia...

 

 

— Carregue ele com cuidado — Cuspiu Brooke, lançando um olhar repleto de ódio para Alec, que revirou os olhos assim que percebeu que não conseguiria uma reação mais perturbada da parte dela.

 


Pronto. Ela havia escolhido. Tinha acabado de selar o destino de Gaz Julions, um destino que seria para todo o sempre, amaldiçoado. E a única coisa que Brooke esperava, era que ele não a odiasse.


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Notas finais do capítulo

OLÁÁ! Finalmente consegui escrever o final do capítulo!
Sei que demorei a postar, mas agradeço pela compreensão de vocês prestadas nos comentários. Da última vez que estive aqui, foi para postar o bônus que tenho a certeza que deixou muita gente de cabelo em pé hehehe e quase não escrevi nada nas notas finais.
Mas hoje eu estou com tempo *-*

Então vamos lá.
PRIMEIRAMENTE: Eu quero agradecer pela LINDA RECOMENDAÇÃO que Elisabeth Bella Black fez para a fantiction, e pelas lindas palavras. Muito obrigada amore, eu fiquei muito feliz quando entrei na conta e vi o aviso de sua recomendação, viu? Só me desculpe por demorar a agradecer, pois eu estava esperando postar este capítulo para dedica-lo à você. Obrigada, Elisabeth ♥

Agora, segundamente, sobre o capítulo: O QUE FOI QUE EU FIZ? Quem leu o título pensou que a transformação seria a da Brooke né? kkkkkkkk
Eu ainda estou com vontade de me bater por ter feito isso com o Gaz, meu crush fofinho. Mas calma lá, gente. Tudo aqui tem um propósito, e até descobrirmos qual é, não me odeiem! O que resta agora é esperar para ver se o pobre Gaz vai se adaptar a vida de vampiro e torcer para a relação dele com a Brooke não se destruir.
Também temos outros prontos no capítulo de hoje. Como por exemplo, o livro que a Broo guardou e acabou voltando para ela e a lenda de Cond Vlad, o primeiro vampiro. Antes de falar um pouco mais, quero deixar claro aqui que como foi avisado no disclaimer, o mundo que a Stephenie Meyer criou nos livros, vai sofrer algumas alterações aqui na fantiction.
Aqui, a espécie dos vampiros descritos nos livros dela descendem de Cond Vlad I, que historicamente falando, existiu. De acordo com algumas pesquisas minhas no google, Vlad, mas conhecido como O Empalador, foi um rei romeno que teria inspirado a lenda do Drácula. Mas isso aí vocês podem pesquisar depois se quiserem. O ponto aqui é que eu quebrei muito a cabeça para arquitetar isso, por isso caso estranhem a diferença com os livros, já estejam avisadas.

Mas, além disso, também temos outra coisa para falar: Alec e Brooke já estão se odiando. A sementinha da discórdia já foi plantada e agora só vai continuar crescendo. Vamos ver até quando, pelo menos... E antes de encerrar essa nota final, eu só queria dizer que quebrou meu coração escrever a despedida da Marcy Marcy e da Brooke. Sem mais, porque se não eu vou acabar dando spoiler do que vai acontecer.

Acho que é Isso, amores.

Espero que tenham gostado do capítulo, e deixem seus comentários para eu saber o que acharam. Até o próximo capítulo...

Bjs ♥





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