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Capítulo 4
Australian fern


Notas iniciais do capítulo

Alô! Este capítulo está um pouco atrasado, era pra ter saído ontem, mas eu me esqueci completamente dele, desculpem. Quero agradecer a Dreyfus e Mrs Dreams pelos reviews! E o resto de vocês, não tenho medo de fantasmas, mas que tal aparecerem pra fazer uma autora feliz, hein? Eu não mordo!
Sem mais delongas, boa leitura!



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Depois da viagem longa, Aurora queria apenas subir para seu dormitório na Torre da Corvinal e dormir. No entanto, ela teve de enfrentar ainda um trajeto de vários minutos nas carruagens puxadas por testrálios, criaturas mágicas invisíveis, esperar a seleção dos novos alunos e ouvir o discurso da diretora McGonagall antes de poder acompanhar sua turma até a Sala Comunal.

Freya e Ian, como eram monitores, ficaram encarregados de mostrar o caminho para os novos membros da Casa, enquanto Dorothy e Ava se deixavam ficar para trás de propósito afim de falar com a professora de Estudo dos Trouxas, Clarabella O'Connell, que estava animada em revê-las.

— Estou tão feliz que vocês finalmente chegaram na minha turma de N.O.M.! — disse ela, sorridente como sempre, enquanto dirigiam-se à saída do Salão Principal. Ava achou graça da empolgação da mulher; em alguns aspectos, Clarabella lhe lembrava de sua mãe. — Estava mesmo precisando de uma notícia boa, depois do que vem acontecendo — comentou ela, o sorriso diminuindo um pouco.

— Que é que vem acontecendo? — perguntou Dorothy, curiosa. A Professora O'Connell deu de ombros, pesarosa.

— Alguns boatos — respondeu. — Nada suficientemente importante para ser noticiado no Profeta, claro: disseram que um nascido trouxa que trabalha no Ministério desapareceu há alguns dias... não deve ser grave, mas, mesmo assim, é de fazer medo a qualquer um.

Ava compreendia a preocupação da professora; mesmo após quase vinte e um anos desde a queda de Voldemort, o bruxo das trevas mais famoso de todos os tempos, notícias sobre pessoas simplesmente desaparecendo no ar inspirava preocupação na comunidade mágica. A avó de Dorothy uma vez dissera que, se ele já havia reaparecido uma vez, não tinha garantia de que não repetisse a história. Além disso, parte de seus seguidores continuava espalhada pelo país, e ainda davam um bom trabalho ao Ministério da Magia; os boatos eram que os Sawyer, Abbey, Goyle e várias outras famílias de sangue inteiramente mágico ainda eram leais às Artes das Trevas. Aquilo nunca fora comprovado, mas Aurora não estranharia caso Ruby Sawyer, irmã mais velha de Seth que se formara no ano anterior, algum dia aparecesse no Profeta Diário sendo acusada de crimes contra trouxas: a garota sempre teve indisposição com eles, e por isso detestava Ava.

No entanto, a corvina decidiu não se preocupar com aquilo; desde que se entendia por bruxa, diversas pessoas já haviam desaparecido por causa de acidentes mágicos e sempre ressurgiam, algumas vezes com membros a menos ou sem memória, mas não era nada que os curandeiros do Hospital St. Mungus não resolvessem.

Ela seguiu para a Torre na companhia de Dory após se despedir pra professora, ajudando Freya e Ian a arrebanhar os aluninhos do primeiro ano. A menina já sabia o caminho, e portanto não se espantou ao ver a quantidade de escadas que deveriam subir; por vezes, Aurora ouviu cochichos desconfiados dos primeiranistas quando os monitores os guiaram por detrás de tapeçarias e trocou um olhar divertido com Dorothy.

Assim, finalmente haviam chegado à escada circular acobreada que levaria à porta de sua Sala Comunal. Freya orientou os calouros a subirem com cuidado e foi na frente com Boot, enquanto Dory e Ava se empenharam em apressar os retardatários. Logo, todos haviam chegado à porta lisa de madeira com uma aldraba em forma de águia que os separava da Torre, e Ian fez com que todos os calouros se calassem.

— Esta é a Sala Comunal da Corvinal — disse. — As outras Casas têm senhas para permitir a entrada, mas aqui, nós respondemos a uma pergunta.

— Que é que acontece se respondermos errado? — indagou uma menininhas de cabelos loiros e voz tímida que parecia ter um terço da altura do rapaz.

— Você espera que outra pessoa responda — explicou Freya. — É assim que se aprende.

Boot esticou a mão e bateu uma vez. Para o susto dos primeiranistas, a água falou com uma voz suave:

— Qual ser anda com quatro pernas de manhã, duas de tarde e três à noite?

Ava ergueu as sobrancelhas, franzindo os lábios. Aquela era uma das coisas irritantes sobre pertencer à Corvinal: quando não se sabia a resposta correta, era obrigado a esperar por outro aluno ou simplesmente desistir de entrar; não era difícil subir para a Sala Comunal e encontrar, por vezes, uns dez estudantes tentando decifrar o enigma da águia. Aquilo tornava fácil fazer amigos, principalmente quando alguém chegava e tirava os outros do aperto, mas não era algo bom de se encontrar quando se estava com pressa.

— Que é que vocês acham? — indagou Freya para os alunos que a encaravam com grandes pontos de interrogação nos rostos.

— É um hipogrifo? — perguntou um garotinho, parecendo hesitante.

— Não é um hipogrifo — disse outro menino. — Por que é que um hipogrifo andaria com duas patas?

Ava quase riu ao ver as expressões concentradas dos primeiranistas, tentando decifrar a pergunta. No entanto, depois de dez minutos e três respostas incorretas, uma menina de cabelos escuros e rosto redondo arquejou, animada.

— É o homem! — exclamou. — De manhã, ele é um bebê, e engatinha; de tarde, ele é um adulto, então anda nas duas pernas; e de noite, ele é velho, portanto usa uma bengala.

— Precisamente — disse a águia, abrindo a porta. A garotinha que dera a resposta certa parecia não caber dentro de si, tão feliz que estava, e Dory deu uma risadinha.

A Sala Comunal da Corvinal era provavelmente a mais bonita de escola. Era circular e tinha estrelas pintadas no chão e no teto arqueado, dando a impressão de que se caminhava pelo meio da Via Láctea. As janelas enormes faziam com que a claridade se espalhasse pelo chão azulado em dias bons e davam para os terrenos da escola, podendo ser vistos de lá as estufas, a Floresta Proibida, a cabana do professor de Trato das Criaturas Mágicas, o campo de quadribol e o lago. Espalhados pelo cômodo onde alguns estudantes ainda não haviam subido para dormir, haviam mesas e cadeiras feitas de madeira em tom de bronze, além de lareiras de pedra branca, e, na parede oposta, um busto da fundadora, Rowena Ravenclaw, que separava os dormitórios masculinos e femininos.

À esquerda do grupo que entrava, uma figura transparente observava a noite escura através de uma das vidraças: a Dama Cinzenta.

— Alô — cumprimentou Freya, cordialmente. A mulher de cabelos negros e face pálida virou-se para ela, acenando com a cabeça e olhando para os primeiranistas com curiosidade.

— Olá — disse a eles, a voz suave. — Sejam bem-vindos.

Alguns responderam, enquanto outros preferiram apenas olhá-la, assombrados. Logo, a mulher havia desaparecido dentro de uma estante, e Ian explicou para os novatos:

— A Dama Cinzenta é o fantasma de nossa Casa — informou. — Pode parecer que é antipática à primeira vista, mas é gente boa; podem procurá-la caso tenham extraviado algum de seus pertences, ela ajudará.

Assim, acompanhadas por mais uma porção de meninas baixinhas, Dorothy, Ava e Freya subiram para seu dormitório. Era um cômodo circular com janelas de vidro e cinco camas de dossel. Os malões já estavam lá, e Amora piou carinhosamente ao ver a dona entrando, assim como Harpia, que pulou da cama e se enroscou nos pés de Dory. Ally e Lisa já haviam chegado, e a primeira garota agora ressonava enquanto a outra lia um livro-texto com auxílio da varinha.

— Deixa disso, Lisa, vai acabar com sua vista — ralhou Freya.

Ava deu uma risadinha baixa e começou a trocar de roupa, pronta para pular em seu pijama e dormir a noite inteira. Ela logo estava embrulhada nas cobertas, após fechar o dossel ao redor de sua cama. A garota teve tempo de deitar-se e encarar a parede, pensando em sua mãe por alguns segundos, antes de adormecer completamente.

 

✧ ✧ ✧

 

Na manhã seguinte, Aurora se atrasou e coube a Dorothy acordá-la; a menina calçou as meia-calças e as meias sete-oitavos enquanto tentava escovar os dentes, saltando para lá e para cá no dormitório. Como de costume, checou três vezes se estava levando tudo o que precisava antes de deixar a Torre da Corvinal e entrou sozinha no Salão Principal ainda amarrando a gravata. Naquele dia, o teto encantado exibia um céu azul com poucas nuvens, o que parecia refletir no humor dos estudantes, que estavam animados em sua maioria.

— Bom dia, Bela Adormecida — disse Freya quando Aurora se aproximou da mesa, recebendo um olhar confuso de Dorothy, que não conhecia contos de fada trouxas.

— Bom dia — respondeu Ava, sentando-se à frente da ruiva.

Logo, a garota se serviu de snowflakes, que eram como cereais, mas encantados para parecerem flocos de neve, e começou a devorá-los separando uma xícara de chá de hortelã para beber depois enquanto escrevia uma carta para sua mãe. O professor Flitwick passou distribuindo os horários e Dorothy ergueu as sobrancelhas, confusa.

— Eu queria saber por que temos tantas aulas com a Grifinória — disse, dando uma mordida em sua torrada.

— Ah, não sei — disse Freya, num tom alegre e suspeito. — Eles não são de todo ruins; quer dizer, olhe só para o Charlie.

O trio espiou por cima do ombro de Dory no exato momento que Seth Sawyer acertou Charlie Cattermole no olho com uma uva; ele o esfregou furiosamente e Ava bebeu um gole de seu chá, as sobrancelhas franzidas. Ele as notou olhando, o que fez seu rosto ficar vermelho escarlate, e acenou para Aurora, que retribuiu, mas de longe sem o mesmo entusiasmo.

— Ah, o pobre coitado — suspirou, voltando para sua carta. Dorothy balançou a cabeça e Freya olhou para ela, o queixo apoiado na mão.

— Eu acho que vocês seriam um bom casal — disse, sorrindo.

Ava tornou a fazer uma careta.

— E eu acho que você devia parar de cheirar pó-de-fada, minha amiga — respondeu, referindo-se à substância ilegal e alucinógena extraída dos ninhos de fada mordente e causando risos nas duas.

— Olhe só isso — disse Dorothy, ainda lendo o horário. — Temos duas aulas do Longbottom com a Grifinória, duas do Binns e dois tempos de Feitiços.

— Podia ser pior — comentou Freya, dando de ombros distraidamente.

— Ah, mas fica pior — garantiu a ruiva. — História da Magia é em conjunto com a Sonserina.

— Mas olhe só amanhã — disse a garota negra, empolgada. — Temos dois tempos de Poções com a Grifinória.

Antes que Aurora pudesse perguntar por que a amiga estava tão animada por ter aulas com aquela Casa em particular, no entanto, houve um ruído de batidas de asas diversas corujas entraram no Salão. Ava puxou depressa sua tigela para o colo antes que uma grande rasga-mortalha pousasse à sua frente com um exemplar do Profeta Diário no bico; a garota pagou-lhe dois nuques e desenrolou o papel enquanto as outras discutiam sobre os horários.

Ava estava apenas virando as páginas em busca da sessão de esportes, mas achou uma matéria que prendeu sua atenção. A menina leu apenas duas linhas antes de arquear as sobrancelhas, chocada.

— Dorothy — chamou. — Aquele cara que desapareceu saiu no jornal.

— Que cara? — perguntou Freya.

Dorothy pareceu não querer falar sobre aquilo em voz alta, fazendo sinal para que se aproximassem e as duas se debruçaram um pouco sobre a mesa.

— Clarabella nos falou ontem — cochichou Lacroix. — Que um nascido trouxa que trabalha no Ministério desapareceu esses dias.

Freya assentiu em entendimento.

— E que foi que aconteceu com ele, então? — perguntou a Ava, que ainda lia a matéria; o texto vinha acompanhado da foto de um bruxo de cabelos escuros e olhos grandes.

— Não diz aqui — respondeu a garota. — Ouça: “Na terça-feira, 26 de agosto, o funcionário do Ministério da Magia Stan MacLair foi visto pela última vez em Hogsmeade.” Aqui do lado! — exclamou, para continuar logo em seguida: — “O sr. MacLair, 32, trabalha no Departamento de Cooperação Internacional em Magia; a família pede ajuda para encontrá-lo.”

Ela ergueu os olhos e deu uma espiada em volta para ver se mais alguém parecia interessado na notícia, mas o único jornal que conseguiu ver aberto na página que lia era o de Tony Finnigan, na mesa da Grifinória.

— MacLair — comentou Freya, pensativa. — Seria parente da Emilia?

Emilia MacLair era uma garota do quinto ano pertencente à Lufa-Lufa. Após dar uma olhada na direção da mesa, perceberam que ela parecia muito abalada, o rosto em forma de coração mais pálido do que de costume enquanto era consolada por suas amigas.

Entretanto, não tiveram tempo de discutir o assunto porque o professor Longbottom estava se levantando de sua cadeira à mesa principal e saiu do Salão. Aquilo dava pelo menos dez minutos para que elas terminassem de comer e Ava finalizasse sua carta para a mãe, decidindo que a enviaria na hora do almoço. Ela bebeu o chá em praticamente um só gole, atacando a tigela de snowflakes ferozmente e levando uma tortinha de abóbora para o caminho enquanto se punha de pé, seguindo Dorothy e Freya.

As três deixaram o refeitório no exato momento que uma turma barulhenta da Grifinória fazia o mesmo, ficando à frente deles por alguns metros. Nem Dory nem Ava estavam muito interessadas no que eles diziam, mas umas duas vezes a garota pensou ter visto Freya dar espiadas por cima do ombro.

Logo, elas haviam entrado na construção de paredes transparentes, onde o Professor Longbottom esperava a turma entre várias mesas com vasos de uma espécie desconhcida de planta.

— Alguém mudou a decoração — observou Dorothy. De fato, nos anos anteriores, havia na estufa apenas uma mesa ao longo da qual os alunos se dispunham.

— Sejam bem-vindos — disse o professor quando todos estavam reunidos a sua frente.— Como vocês sabem, este é o ano que os alunos do quinto ano prestarão seus exames de Níveis Ordinários de Magia. Os N.O.M.s serão extremamente importantes para seu futuro, portanto aconselho que comecem a pensar seriamente na carreira que gostariam de seguir, caso ainda não o tenham feito. Preciso adiantar que trabalharemos com mais afinco a partir de agora, e estarei feliz em aceitar quem tiver tirado um Aceitável na minha turma de N.I.E.M. — Ele fez uma pequena pausa, e sorriu. — No entanto, estamos começando agora, por isso decidi trazer uma tarefa interessante para vocês. As plantas que estudaremos agora são as samambaias australianas; sua tarefa será simples: dividam-se em duplas e colham as flores delas.

Enquanto o resto da turma escolhia seus pares, as três meninas se entreolharam.

— Tudo bem, fiquem juntas — disse Ava. — Eu arrumo outra dupla.

— Tem certeza? — indagou Dorothy. Antes que ela pudesse confirmar, ouviu passos atrás de si.

— Ei, Ava — disse Charlie Cattermole, aproximando-se. — Quer fazer comigo? — o garoto parou por alguns instantes, percebendo o duplo sentido de suas palavras e corou. — O trabalho? — acrescentou depressa. Ela se esforçou para não rir, decepcionada ao ver que suas amigas não fizeram o mesmo.

— Pode ser — confirmou, ignorando os olhares que Freya lhe lançava e a risada surda de Dorothy ao seguir para uma das mesas.

Os dois se colocaram em volta da planta que estudariam. Parecia uma samambaia normal, mas entre os diversos galhos cobertos com folhas verdes, haviam três flores coloridas: uma azul, uma amarelo berrante e outra rosa claro. Eram bonitas, o que significava que deviam ser perigosas.

Ava tirou seu livro da bolsa, procurando distraidamente pelo capítulo que falava das samambaias australianas, mas antes que tivesse achado, todos ouviram a voz de Longbottom:

— Ah, pessoal, por favor — disse ele, dirigindo-se à mesa onde James Potter e Fred Weasley estavam. Ava percebeu que a maioria das garotas da Grifinória havia escolhido ficar perto daquele ponto, ou de onde Finnigan lia seu livro enquanto Sawyer olhava a planta com um grande ponto de interrogação estampado na cara. — Vocês sempre ficam juntos e nunca fazem nada.

— Professor Longbottom, isso é um insulto — disse Fred, colocando a mão no peito e fingindo-se de ofendido. — Nós fazemos sim, lembra daquela vez com a hera?

— A hera que destruiu minha estufa? — retrucou o professor. — Pode apostar que me lembro. Troque com o Cattermole, Weasley.

Charlie pareceu completamente abatido com essas palavras, mas pegou seu material e seguiu pesadamente para fazer dupla com James após lançar um sorriso triste para Ava. Metade das garotas perto de Potter olhou-a com a cara fechada, e ela rapidamente voltou-se para seu livro.

— E aí — disse Fred, largando suas coisas pesadamente à frente dela. Ava assentiu em resposta. — Que é que temos que fazer mesmo?

Ela se controlou para não rolar os olhos e apontou para as flores coloridas.

— Temos que colhê-las — explicou.

— Certo — disse o garoto, calçando as luvas. — E por que você está com o livro aberto? Não vai servir pra nada; quer dizer, é só pegar umas flores, não deve ser tão dif... ARRE!

Ava olhou para ver Fred se abaixando com a mão apertada do lado direito do rosto enquanto a planta movia-se para voltar à posição original. A turma toda agora os olhava, alguns rindo, outros vaiando; a expressão no rosto de várias garotas era de pânico. Ela sacou a varinha e caminhou para perto de Weasley, segurando seu ombro.

— Pra isso servem os livros — disse, tentando olhar o estrago. — Se tivesse lido, saberia que essa planta tem um mecanismo de defesa muito particular.

— Ela bate em quem tenta pegar nela? — perguntou o rapaz indignado, ainda de cabeça baixa.

— É — confirmou Ava. — Vamos lá, deixe-me olhar isso aí, camarada.

Fred ergueu o rosto, tirando as mãos para exibir o corte em sua bochecha direita e Aurora não pode deixar de fazer uma careta. Ela apontou a varinha para o rosto dele e murmurou “episkey”, fazendo com que o ferimento se fechasse, e depois aspirou o sangue que escorrera para suas vestes com “targeo”.

— Obrigado — disse ele, voltando a seu lugar enquanto Ava fez o mesmo. — Esse seu sotaque é estranho — comentou enquanto a garota encarava a planta, estudando-a. — De onde é?

— Alabama — respondeu Aurora.

— Certo, Alabama — disse Fred, também encarando a planta. — Então como é que vamos fazer isso?

A garota folheou o livro novamente, logo achando a página que continha as instruções de como colher flores daquela espécie.

— Temos que fazer cócegas nela — falou.

— Você primeiro — disse Fred com firmeza.

Ava estendeu a mão hesitante para a ponta de um dos galhos cheios de folhinhas e passou os dedos por ele. A samambaia pareceu estremecer, mas quando a menina parou e tentou se aproximar das flores, um dos galhos se enrolou em seu pulso, puxando-o como se quisesse arrancá-lo.

— AI! — gritou ela, puxando o braço de volta desesperadamente, mas aquilo só fez com que a planta se enrolasse com mais firmeza. Quando a garota achou que realmente perderia sua mão, Fred atacou o galho com uma tesoura de poda, levando um golpe no processo.

Eles dois se afastaram da mesa enquanto a samambaia voltava a sua posição original. Ao dar uma olhada ao redor, a menina percebeu que todas as outras equipes estavam tendo problemas: Freya atacava um galho que havia se enrolado nos cabelos de Dorothy, puxando-o para o outro lado; Charlie brigava com um ramo que parecia disposto a estrangulá-lo enquanto outra haste segurava James pelo ombro com firmeza; e Tony e Seth pareciam ser os únicos que tiveram a mesma ideia de fazer cócegas na planta, mas não estavam se saindo muito bem.

— Isso é ridículo! — esbravejou Ava, irritada.

— Eu acho que alguém tem que ficar fazendo cócegas nela — opinou Fred, esfregando um vergão vermelho em seu pescoço onde o galho o chicoteara.

— Você faz, então, e eu pego as flores — disse Ava.

O garoto assentiu, e eles se puseram a trabalhar. Fred repetiu o que Ava fizera antes, e a planta não o atacou, o que já foi uma vitória; enquanto isso, a garota moveu a mão rapidamente para as flores coloridas, arrancando as três de uma vez só.

— Boa, Alabama! — exclamou seu parceiro, esquecendo-se momentaneamente de fazer cócegas na planta, que reagiu golpeando-lhe no ombro com violência. Ava não pode deixar de rir, e ele a acompanhou, embora ainda indignado.

— Professor, terminamos — chamou a garota, erguendo a voz; ao dizer isso, notou diversas outras duplas fechando as expressões para eles.

O Professor Longbottom se aproximou, tirando as flores das mãos de Ava e assentindo positivamente, parecendo alegre.

— Muito bem! — exclamou. — Mais quinze pontos pra Grifinória. E, ah, Corvinal, suponho. Se quiserem ajudar outras duplas, fiquem à vontade.

Enquanto Fred se afastava para fazer um trio com Alisha White e Kate Martin, Aurora pegou suas coisas e rumou para a mesa de Freya e Dorothy, que estavam tendo problemas com os galhos de sua samambaia. Ao fim da aula, entretanto, todos os estudantes haviam colhido as flores e saíram da estufa de Longbottom com uma pilha de deveres de casa para a próxima semana. O trio seguiu pelas hortas até a aula de História da Magia, onde boa parte dos quintanistas da Sonserina já esperava.

Ao observar por alguns segundos, Ava avistou uma das poucas pessoas agradáveis naquela turma: Summer Belhiver, uma garota de cabelos escuros, olhos azuis e fala mansa que geralmente era vista sozinha. A maioria das pessoas de sua Casa a desprezava por ser nascida trouxa, e evitavam contato, muitas vezes azucrinando-a. Por esse motivo, sempre que a viam, as três a chamavam para perto, e daquela vez não foi diferente: Dorothy ergueu o braço acima da cabeça e acenou animada para a garota, que pareceu feliz em deixar a companhia de seus colegas.

— Alô — disse ela em seu tom suave. — Como estão?

— Bem — respondeu Freya. — E você?

— Ah, mais ou menos — respondeu Summer, tristonha. — Noite passada, alguém roubou meus sapatos e os escondeu.

Ela ergueu a capa para que vissem o par de coturnos trouxas que usava; eram até charmosos, mas o regulamento não permitia o uso de roupas que não a farda em dias de aula.

— Que horrível! — disse Ava, ao mesmo tempo que Dorothy emendava:

— Conte à Carrow! — referindo-se à diretora da Sonserina.

Mas Summer apenas deu um sorrisinho amarelo.

— Ela não vai resolver — disse. — Vocês sabem que ela não gosta de mim... ou de qualquer nascido trouxa.

Aquilo era verdade. Hestia Carrow, sua professora de Transfiguração, apoiava a Pureza de Sangue, e portanto não lhe agradava ter de ensinar pessoas como Aurora e Summer; no entanto, ela tinha de esconder seu preconceito para manter o cargo em Hogwarts.

— Experimente um feitiço convocatório — sugeriu Freya prestativa, logo antes de adentrarem na sala para uma monótona aula do professor fantasma, Binns.


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Notas finais do capítulo

E então? Novamente vou pedir para quem acompanha deixar um comentário, nem que seja pequenininho, quero saber o que vocês estão achando da história!

❄ Notinhas de rodapé:
— O sobrenome da Summer se pronuncia "bel-rriver". ;)
— As samambaias australianas não aparecem em lugar nenhum do universo de Harry Potter porque são criações minhas, assim como o pó-de-fada.
— Hestia Carrow realmente existiu na saga, ela era uma aluna da Sonserina que participou do Clube do Slugue no sexto filme e tem uma irmã gêmea chamada Flora.
— Goyle morre no último filme da saga, mas não no livro; aqui em Home, ele sobreviveu até a maioridade, e inclusive tem uma família.

Pergunta de hoje: Qual o seu personagem preferido da saga?
Minha resposta: A Luna, porque simplesmente amo o modo como ela lida com as situações cotidianas e com seus problemas; definitivamente, uma das melhores personagens que JK criou!

Nos vemos no próximo capítulo, e por favor não se esqueçam de comentar!
XOXO,
Lanna.



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