Derrota. escrita por Warden Dresden


Capítulo 3
Rhaegar Targaryen - Príncipe de Praça.


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei meio insatisfeita com o capítulo do Rhaegar, então, aqui estamos com uma nova versão. E, de brinde, eu já tenho o quarto - e último - pronto.

Espero mesmo que vocês gostem disso aqui e, apenas lembrando, que eu não posto para o vento, se você leu, pelo amor de Deus, comente!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709114/chapter/3

Que o povo me esqueça.

Oh, desde quando eu sou tão culpado?

Quando caí – tombei sem conseguir respirar e angustiado pelo dor absurda de pedaços de ferro cravados em minha carne –, soube que a guerra estava terminada. Eu, o sempre estúpido Rhaegar Targaryen, havia levado tudo o que restava do exército para aquela batalha, apostando todas as minhas fichas em uma vitória simples. Errei e paguei o preço por meu erro – a morte. O martelo de guerra do Baratheon viera com fúria e não possuí força ou velocidade suficientes para pará-lo. Oh, mas meu tempo estagnou com tamanha agonia que eu senti naquele instante.

Mãe, eu prometi voltar para acabar com todo o pesadelo. Eu prometi! E falhei...

Eu tinha o céu e o inferno ao meu comando. E isso, como tudo para mim, não bastou. Em minha imensa arrogância, terminei por não ver que o destino jamais sorriria novamente; o estandarte Targaryen não possuía um terço da antiga força e glória, entretanto, o príncipe decidiu que ainda teria e levou incontáveis homens para a morte junto consigo. Contudo, este mesmo príncipe está, agora, morto – ou quase – e as chances de vitória são inexistentes, nulas. Todos os meus delírios e sonhos estavam – ou logo estariam – tão mortos quanto eu.

Todos quebramos promessas, meu querido menino. Todos quebramos promessas.

Naquele momento, entre a vida e a morte, entre a vitória e a derrota, eu pensei em minha família – todos que fiz serem minha família, e que serão ou já são cadáveres como eu –, pensei em tudo que quis e não poderei realizar. Aegon não ascenderá ao trono, Rhaenys não conhecerá Dorne que tanto lhe pertencia, Elia não voltará para casa, a sua verdadeira casa, minha mãe, Rhaella, jamais se verá liberta de meu pai, eu nunca ensinarei Viserys a justar e duelar, Lyanna nunca mais verá o Norte e meu último descendente jamais conhecerá o pai. Era uma tragédia, algo a qual nunca me acostumei. Eu tinha o mundo a meu comando, sempre tive.

Essa era uma promessa, mãe, que eu não poderia quebrar ou esquecer. Eu a fiz a ti.

Tudo me soava tão confuso; meu próprio corpo tombava para dentro das furiosas águas que arrastavam consigo tanto o sangue que descia como um novo braço do Tridente de meu peito quanto os rubis que se desprendiam de minha esplendorosa armadura aos montes. Ouvia minha própria voz fraquejar e a respiração falhar. No entanto, os gritos de vitória, derrota, desespero e satisfação soavam distantes como uma tristonha melodia, a minha tristonha melodia. Eu quis ser Rei, eu quis ser tudo. Terminei sendo mais um corpo caído e destroçado.

Não se importe tanto comigo, meu amor. Ficarei bem. Tudo ficará bem.

Nunca acreditei realmente que aquela rebelião pudesse ser vencida pelos rebeldes que surgiram. O reinado Targaryen durava quase trezentos anos, e não seria com uma mera revolução que terminaria. Não poderia. Então eu, príncipe Rhaegar Targaryen, cometi o pior erro da minha vida. O erro que me custaria a família, o reino – como eu sei que acontecerá – e, por fim, a vida. Convenci Lyanna Stark que seria bom me acompanhar, disse que seríamos livres para realizarmos nossas próprias escolhas. Menti, menti e causei incomparável destruição e dor.

Mentes. Nada ficará bem! Tudo o que vai se seguir será sangue, dor e morte!

Grito. Grito porque ninguém vai ouvir minha angústia, e ninguém virá ao meu consolo. Quem poderia me culpar – todo mundo. Todos, sem exceção, são melhores que eu – por me quebrar um pouco? Por me sentir alquebrado, impotente, inútil, idiota, louco e, inteiramente, perturbado? São verdades que ignorei por todos os anos que vivi, afinal, havia exclamações de alegria ao me ver, intermináveis ondas de aplausos e sorrisos largos que sempre depositavam confiança em mim. O que fiz com essa confiança? Afoguei-a no Tridente junto de meu corpo, junto das chances de vitória de meu, antes, tão confiante exército.

Deitaremos para dormir, meu menino. Logo não serei Rhaella e tu não serás Rhaegar.

Continuo gritando enquanto cavalos saltam habilmente meu corpo jogado ao relento. Continuo gritando porque sei que tudo está perdido e que a culpa é toda minha. É minha porque fui arrogante e desconsiderei o fato de que os rebeldes estavam amargurados e reforjados por longas e sangrentas batalhas e que grande parte de meus homens jamais haviam pego em uma espada, quanto mais lutado em um campo de batalha real. Ainda assim, todos foram. Seguiram meu estandarte negro e vermelho, mal sabiam que caminhavam para a morte. Eu também não sabia. Então, quem é mais tolo? Quem segue o palhaço que nada sabe ou o palhaço que nada sabe e é seguido?

Vai tudo acabar, mãe. Dormiremos pela longa e bela eternidade, nada nos atingirá.

Vejo armas serem lançadas ao chão, passos rápidos e, estranhamente, compreendo tais ações. Mesmo eu não poderia os obrigar a lutar uma guerra que já foi perdida. Uma guerra por um príncipe moribundo e morto, por um menino instável, por um rei louco, por uma rainha destruída, por duas crianças de colo e por uma princesa frágil e repleta de espinhos como rosas de inverno. Rosas de inverno. E pensar que todo este caos começou por uma simples e bela coroa de flores azuis como o céu que se estende opressor por nossas cabeças.

Oh querido, espere-me, logo estaremos juntos de novo. Juntos e felizes.

Então, uma nova dor surge dentre as outras. Eu pude ser tudo, e terminei sendo nada. Agora, não passo de sombras de risadas, uma música tocada por uma harpa se perdendo com o tempo, um dragão deitando-se em uma cama de espinhos e um príncipe cadavérico se agarrando ao último fiapo de vida que lhe resta. Respirar dói – pedaços de minha armadura estão enfiados em meu peito, e ele próprio se encontra destroçado pela martelada que recebi –, continuar desperto dói. E penso que enlouqueço, por vezes, me vejo observando tudo, por outras, a dor é tão real quanto os sons altos em meus ouvidos. Sons de vitória e derrota.

  Eu estarei lá, mamãe. Estarei lá como nunca estive antes, apenas te esperando.

É estranho descobrir que tudo acaba aqui. Tantos sonhos, objetivos, conquistas e tudo mais, acabados em dor e miséria. Talvez seja merecido, eu lancei a dor e a miséria para todos, nada mais justo que ter meu fim enterrado e afogado nos mesmos. Enfim, a justiça do Pai demora, entretanto, é certeira e fiel às suas palavras de condenação. Os deuses serão justos comigo? Logo comigo, um ser miserável, arrogante, presunçoso e confiante demais para ser sensato?

Você é apenas problemático, Rhaegar.

— Minha rainha – disse lentamente o forte homem –, tudo o que diz é verdade. Mas Rhaegar perdeu no Tridente. Perdeu a batalha, perdeu a guerra, perdeu o reino e perdeu a vida. Seu sangue escorreu rio abaixo com os rubis de sua placa de peito, e Robert, o Usurpador, cavalgou por cima de seu cadáver para roubar o Trono de Ferro. Rhaegar lutou valentemente, Rhaegar lutou com nobreza, Rhaegar lutou com honra. E Rhaegar morreu.

A Tormenta de Espadas, Jorah Mormont, Daenerys II, página 246.

Rubis escorreram como gotas de sangue do peito de um príncipe moribundo, e ele caiu de joelhos na água, e com o seu último suspiro murmurou um nome de mulher…

A Fúria dos Reis, Casa dos Imortais, Daenerys III, página 455.

Rhaella.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero mesmo que tenham gostado desse novo capítulo! Deu um certo trabalho para reescrever isso e, de fato, gostei do resultado.

Abraços,

Bastarda de Ned Stark.