Derrota. escrita por Warden Dresden


Capítulo 2
Lyanna Stark. - A Loba


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui, dessa vez com Rhaegar narrando a Torre da Alegria e a morte de Lyanna - não gosto muito dela - Stark!

Comentem pelo amor de Jesus, é muito importante para mim!



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Lyanna Stark. Lyanna. Lya. Lia. Elia. Elia Martell. Elia Nymeros Martell.

Lyanna, tantas promessas. Juras que fizemos dentre encontros céleres e sorrisos fugazes. Oh Lyanna, jurei – no maldito torneio e depois – que seria livre junto comigo. Eu menti? O destino não permitiu? Ou eu fui estúpido? Talvez eu tenha sido estúpido, sabia que não teríamos liberdade ou final feliz, mas insisti, insisti que, ao meu lado, viveria tudo que não poderia viver com Robert. Mil vezes maldito, foi o que disse quando montei em meu cavalo para ir lutar, pura verdade, não?

Oh Lyanna, seria capaz de me perdoar? Se houvesse tempo, eu poderia consertar tudo?

Prometi a você que a liberdade – lobos não podem ser acorrentados, afinal – seria nossa consorte. Todavia, a única coisa que pude entregar foi uma torre. Uma torre no meio do deserto – você não era deserto, Lyanna. Você era neve, lobo, lua e floresta, você era Norte – que ousei chamar de Torre da Alegria. Você foi alegre dentro daquelas paredes? Algumas de minhas palavras foram verdadeiras para você ou tudo que fizemos, que eu fiz, foi uma completa mentira?

Erros, Rhaegar. Foram erros. Erros e mortes que não podem ser apagados.

Então, chegamos ao nosso filho. Visenya era o que eu queria, uma menina parecida comigo – ou com você, mas eu precisava de uma Visenya. Ela seria a terceira cabeça do dragão, um complemento para meu filho – legítimo – Aegon. Resumindo tudo, Lyanna, eu te prendi, causei uma guerra, destruí minha família e a sua também, tudo por causa de uma profecia. Tudo porque Elia – me pergunto se a odeia ou sente pena – não poderia me dar um terceiro filho. Oh, eu te usei, Lyanna. Vi em você alguém perfeito para terminar o que minha esposa – nunca casei com você, afinal – não poderia.

Lyanna, diga que me odeia por te usar. Diga que me odeia por usar nosso filho.

Matei seu irmão, Brandon, e seu pai, Rickard. Fiz seu outro irmão, Eddard – você o chama de Ned, eu acho – crescer rápido demais para lutar uma guerra. Uma guerra que nasceu de decisões erradas. Eu não deveria ter te envolvido, Lyanna. Se não houvesse feito isso, você estaria bem, casada com Robert, mas bem. Mas não, agora, metade de minha Guarda Real espera a chegada de alguém, alguém que possuí todos os direitos de tirar você dessa Torre – a torre do nosso desespero parece mais adequado, não?

Eu seria usada por Robert. Eu te odeio por usar meu filho. Meu filho, Rhaegar.

Quero gritar para que Arthur, Gerold e Oswell deixem quer que seja entrar, entretanto, não posso. Mesmo que seja sua família, tenho de assistir uma luta porque os ordenei que te protegessem a qualquer custo. Isso dói, Lyanna. Dói mais do que você poderia imaginar. Ainda assim, não machuca mais do que seus gritos – nosso filho, Lyanna, nosso filho – que ultrapassam as paredes de pedra. Os cavaleiros também sabem o que acontece, contudo, eles também sabem que o tempo de vida deles escorre como as areias voando pelo vento.

Eu destruí tudo, Lyanna. Sua família, o reino, minha família. Tudo.

Sete homens avançam pelas areias e eu só consigo implorar para os deuses – os meus, porque os seus não poderiam me ouvir – para que você fique bem. Para que te levem daí e apaguem cada um dos meus erros com você. Oh, mas os deuses, eles não costumam escutar e, enquanto você gritava – nosso filho, Lyanna –, uma pequena guerra se desenrolava no lado de fora. Lado de fora que você poucas vezes viu, culpa minha, como tudo o que vem acontecendo também é.

Oh Rhaegar, a culpa é toda sua. Inteiramente sua.

Eu me pergunto, Lyanna, você teria sido mais feliz em Ponta Tempestade possuindo toda liberdade de ir e vir que quisesse. Indo visitar Lorde Brandon em Winterfell – ele ainda estaria vivo – e seus dois outros irmãos onde que eles estivessem? Ou será que presa, mas longe do Baratheon, acabaste por ser mais alegre? Se eu houvesse escolhido ficar ao invés de lutar e morrer, algo teria sido diferente? Você haveria de me consolar quando descobríssemos sobre a morte de Elia, Rhaenys e Aegon? Perguntas – sempre gostei de fazê-las, mas gostava ainda mais das respostas – que jamais seriam respondidas. Jamais.

O que sente por Elia, Lyanna? Pena? Indiferença? Compreensão?

O som das espadas me incomoda e, ainda desesperado por causa dos barulhos, eles são preferíveis do que seus gritos. Eu sempre odiei te ver quebrar, quando fui embora, você não viu as lágrimas em meus olhos. Você estava com tanta raiva, tão magoada... acabou por me rachar também, porque, no fim, eu continuo uma criança que precisa de carinho e bonitas palavras mesmo que já as tenha recebido de toda alma que respire e tenha me visto. Oh, nosso filho está nascendo e o pai já tivera seu corpo queimado como manda a tradição.

Elia, como eu, fora enganada. Mas ela deve ter sido mais forte. Muito mais forte.

Howland Reed – o pequeno cronogramo que você ajudou no torneio – empala Sor Arthur Dayne e Eddard – finalmente, alguém tão desesperado com seus gritos quando eu – sobe os degraus com velocidade, sangue e medo o cobrindo. Ele, o seu irmão, treme a cada vez que sua voz ecoa. Eu também tremo e, de modo estranho, tanto eu quanto ele prendemos a respiração quando te encontramos deitada em uma cama de sangue, seu sangue e nem o choro de uma criança – nosso filho, nosso filho, Lyanna – consegue arrancar isso de nós.

De qualquer modo, vocês duas foram mais fortes que eu. Muito mais fortes.

Você está morrendo, eu sei disso, mas nada impede minhas lágrimas – nem as de seu irmão –, porém, tudo por uma boa causa, não? Nosso filho – um menino, o antigo, vivo, Rhaegar teria se decepcionado, não agora – chora, você chora, Eddard chora. Choramos porque o mundo fora privado da glória de Lyanna Stark, choro porque o destino de nosso filho – sobrinho de Eddard – não terá o destino que merece. E, ainda assim, sorrisos aparecem – eu sempre soube que você não colocaria um nome Targaryen nele. Jon é um bom nome.

Você é um fraco, Rhaegar.

O que é honra comparado ao amor de uma mulher? E o que é culpa perto do sentimento de um recém-nascido em seus braços? Ou o sorriso de um irmão?

A Guerra dos Tronos, Meistre Aemon, Jon VIII, página 466.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado dessas divagações aleatórias sobre a Lyanna e o Rhaegar. A última frase é do Meistre Aemon e é, inteiramente, feita para a Torre da Alegria.

Comentem, isso ajuda demais.

Abraços,

Bastarda de Ned Stark.