Derrota. escrita por Warden Dresden


Capítulo 4
Jon Snow. - Pela Patrulha.


Notas iniciais do capítulo

Estou muito orgulhosa de mim mesma por atualizar uma fanfic - O Universo Psicodélico de James Martim - e terminar Derrota no mesmo dia.

recomendo muito esse vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=11TZzy-T_GY

Certo, nem dá para fazer um suspense por causa do título, mas, tenho apenas uma coisa a dizer: se você viveu em um buraco e não sabe o que aconteceu no último capítulo do Jon Snow e no fim da quinta temporada, é melhor que suma e que volte depois de ter se informado devidamente sobre a treta louca que aconteceu.

Lembrem-se, eu não posto para o vento e é bem decepcionante não receber comentários em algo que você se esforçou tanto para fazer bem.

Espero mesmo que gostem disso e prepara.



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Desde quando assassinar é honrar?

Neve, a única coisa que havia até onde a vista se estendia era Neve.

Eu havia perdido tanto por causa de minha estupidez que era instintivo observar com afinco os resquícios que haviam restado. Um desses restos moribundos de minhas torpes ações tinha nome de nortenho mesmo sendo parte do sangue do dragão e nascido em Dorne: Jon Snow. Meu filho – sete infernos! Meu filho, meu filho -. É óbvio que o filho de Lyanna Stark seria um lobo, um lobo autêntico mesmo com o maldito sobrenome de bastardo. Que os deuses me perdoem, mas Catelyn Tully nunca, nunca vais ser perdoada por mim. Ela tornou a vida do meu filho um inferno.

Como eu pude deixar tudo sair do controle dessa forma?

Não importa agora. Não mais. Porque meus gritos agoniados soam mais uma vez. Jon está morrendo. Depois de tudo o que fez, de todas as batalhas que lutou... seus próprios patrulheiros resolveram que não fora suficiente. Eu estava queimando de raiva e ódio. Como podiam ter cometido tamanha traição contra seu próprio Lorde Comandante? Como podiam ter assassinado a facadas um garoto, um irmão que vestira o detestável negro e que fizera o juramento? Me pergunto, por que esperei tanto de um bando de estupradores e ladrões.

Meu último filho está morto. Tudo por uma profecia que não se completou.

Pela Patrulha! Eles ainda têm a audácia de dizer que um assassinato, uma traição, foi pela honra inexistente da Patrulha da Noite?! De qualquer forma, meus lábios se separam e deixam que os gritos doloridos escapem indiscriminadamente para o ar, para o nada e para o completo e inteiro vazio que me abate. Ninguém vai ouvir minha angústia de perder o último filho que restava. Ninguém, exceto Lyanna, que também berra – seria ódio, raiva, dor, desespero? Tudo, tudo, tudo, tudo – ao longe. Distante, porém, presente naquela cena dramática e mórbida.

Como pude ser tão egoísta? Como pude ser tão arrogante? Como pude destruir tudo?

O corpo de um menino tomba no chão coberto de neve, o sangue escarlate escorre como um novo rio de suas feridas. A neve, o negro de suas vestes e qualquer coisa que estiver próxima está se manchando com o tom doentio de vermelho e murchando ao cheiro desprezível de sangue. O corpo de meu filho. O sangue de meu filho. Meu último filho. Minha esperança tola, infundada e imortal em uma profecia que jamais se realizará. Uma profecia que apenas me causou sofrimento e que me fez causar sofrimento a todos do reino. Seria tarde para pedir perdão?

Deuses, me perdoem, mas não posso confortar Lyanna. Não posso. Não posso. Não.

Minha incredulidade só pode estar se confundindo com fúria enquanto grito para que apenas o vazio me ouça. O frio, o gelo, o vento, nada me afeta. Talvez... talvez pudesse ter afetado antes. Mas agora? Agora existe apenas a dor dilacerante circulando implacavelmente por minhas veias e escapando de minha garganta já exaurida de tanto berrar. Entretanto, por que grito? Não vai adiantar, nenhum dos Selvagens ou dos malditos irmãos negros virá para ajudar o pequeno – meu filho, ainda é meu filho, uma simples criança, merda – Lorde Comandante caído, ainda lutando com o resquício de vida que repousa em seu corpo.

Morto. Jovem. Morto e Jovem. Morto jovem. Irreal. Pesadelo. Tem de ser um pesadelo.

Ele – Jon – tenta. Contudo, é inútil. Castelo Negro está um pandemônio caótico e parece esforço demais recordar-se do garoto vestido de preto morrendo largado na neve em frente à uma cruz. TRAIDOR. Como ousam chama-lo de traidor? Será que nenhum desses ladrões, estupradores e escórias percebe que o ato de assassinar um Lorde – lorde. Um “bastardo” é lorde de algo. Surpreendente, para os padrões sulistas – Comandante no meio do pátio é um ato de traição incomparável? Comparado, quase, ao próprio regicídio de um rei? Talvez eu esteja com raiva. Talvez eu esteja desejoso de oferecer conforto à uma mãe mesmo sabendo que não posso. Talvez eu esteja em luto.

Não, ele não pode morrer. Não agora, não sem uma vida digna. Não sem saber.

Um murmúrio célere, gélido e morto escapa de seus lábios rachados pelo angustiante frio. Meu filho clama por Fantasma e, ao longe, um uivo de lobo gigante pode ser escutado. O suficiente para despertar medo nos corações dos assassinos. Era um lobo gigante de um suposto “warg” morto por seus próprios comandados. Um lobo branco, de olhos vermelhos e silencioso como a neve que cai sem parar agora. Não que me importe. Meu filho está morrendo aos poucos. Segundo a segundo sua vida se esvai, deixando para trás um cadáver vestido com grossas peles e tecidos negros como o céu que se ergue implacável.

Jon, meu filho, morrerá sem saber quem são os pais. Morrerá como um bastardo Snow.

Quem sabe, antes de tudo ocorrer, eu não ficasse feliz em saber de sua morte. O que queria uma Visenya Targaryen – três cabeças do dragão, um complemento para o Príncipe que foi Prometido, Aegon VI. Morto, como todas as outras cabeças –. Sangue de Winterfell ou sangue de Pedra do Dragão, era indiferente. Tudo o que eu precisava era de uma menina. Então, quem era aquele garoto de cabelos negros, olhos cinzas e cara de Stark para contrariar meus desejos? Ele era o pouco que me restava e, agora, ele é, inteiramente, uma sombra. Aqui estou, gritando, chorando e esperneando como um garotinho enquanto o último deles parte.

Jon Snow? Jon Stark? Jon Targaryen? Jon. Simplesmente, Jon.

Os olhos cinzentos permaneceriam com a imagem do céu estrelado como a última vista. Bonito, no entanto, injusto. Meu filho ainda era um garoto, um menino tentando manter-se com a responsabilidade do comandando pesando muito em seus ombros, ainda, infantis! Continuava sendo a criança que amava os Stark mesmo não sendo um deles, o garoto perdido que pensara que na Muralha descobriria um lugar para si, o menino inconsequente que amara uma Selvagem e que desistira disso por causa do dever. E se não houvesse desistido? E se?

Meu filho. Meu pequeno filho. Morto? Impossível! Pare de mentir.

Não era mais meu filho. Era só um corpo jogado para congelar. Ou para ser queimado depois se os patrulheiros se arrependessem ou não quisessem mais um morto caminhando e causando problemas. Meu último filho estava, agora, morto. E meus gritos deveriam ser silenciados – para que continuar se seria apenas um ato vazio e desprovido de significado real? Continuaria gritando para lamentar um garoto que vestira o negro? Talvez não houvesse lágrimas, apenas a dor eterna.

Você é uma negação, Rhaegar.

— Fantasma – sussurrou. A dor tomou conta dele. Espete no adversário a ponta aguçada. Quando a terceira adaga o atingiu entre as omoplatas, ele deu um grunhido e caiu com o rosto na neve. Nunca sentiu a quarta facada. Apenas o frio...

A Dança dos Dragões, Jon Snow, capítulo XIII, página 739.


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Notas finais do capítulo

Muitas emoções com esse final e muitas emoções com o final de A Dança dos Dragões, agora a gente sabe que tudo está bem, mas, ainda assim, chorei horrores relendo essa parte.

Agradeço mesmo a todos que comentaram e que acompanharam nossa incrível jornadas ao longo de algumas mortes.

Para quem não compreendeu, Rhaegar estava falando consigo mesmo no capítulo. Eu achei que iria ficar estranho se ele falasse com Jon, vendo que eles não se conhecem e que nosso Snow ainda pensa que é o bastardo de Ned Stark e tal. Segundo, na primeira linha, tem um trocadilho com Neve e Snow.

Abraços, muitos e muitos abraços,

Bastarda de Ned Stark.