Playlist of a Potter and a Scamander escrita por Cherry Pitch, Lily Lupin


Capítulo 9
Enchanted


Notas iniciais do capítulo

Oie, aqui é a Cherry! ♥

Espero que gostem do capítulo! Juro solenemente não fazer nada de bom.

QUEM AÍ VIU/VAI VER ANIMAIS FANTÁSTICOS?!!



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Enchanted (Taylor Swift)

 

Albus Potter 

There I was again tonight 

Forcing laughter, faking smiles

Same old tired, lonely place

Walls of insincerity 

Shifting eyes and vacancy

Vanished when I saw your face 

Eu me lembro de estar incrivelmente entediado naquela festa de família. Meus pais e amigos dele conversando sobre os "velhos tempos", contando histórias que eu já sabia de cor e salteado, imagine eles. 

Eu batucava o pé no chão, ao som de alguma música desconhecida que ouvi no rádio do carro do meu pai. 

Eu dirigia a todos um olhar vazio, respondendo insinceramente a todas as perguntas que me faziam - se eu tinha alguma ideia para qual casa de Hogwarts eu iria, se estava ansioso para isso... Para eles, eu com certeza iria para a Grifinória e não podia estar mais ansioso para pôr o Chapéu Seletor em minha cabeça, mas para mim, eu não tinha a menor ideia para qual casa iriam me mandar, e esperava que fosse a Grifinória para que eu não fosse a ovelha negra da família, e eu estava morrendo de medo do momento que o chapéu tocasse minha cabeça. 

Obviamente eu não dizia isso a ninguém, eu apenas formava paredes de insinceridade e direcionava a quem estava perguntando sorrisos falsos, depois ouvindo todos murmurarem para os meus pais que eu era um bom garoto. 

Eu quase reviro os olhos ao ouvi-los falarem que eu sou um bom garoto, já que quase tudo que sabem de mim é mentira. 

E é quando, num momento de tédio, ouço o barulho da campainha. Para mim era mais alguém para me dizer que cresci bastante desde a última vez, e perguntar para qual casa eu iria. 

O que eu não esperava ao ver o lado de fora quando minha mãe abriu a porta era um garoto encantador. 

Um garoto encantador que eu já tinha visto antes. Que era incrivelmente familiar. 

Foi quando eu me lembrei. Olhei para cima e vi os cabelos loiros com flores coloridas de Luna Scamander e o cabelo loiro-cinzento do marido dela, Rolf Scamander. 

E o garoto deveria ser Lorcan. Lorcan Scamander.

O garoto cuja foto eu encontrei no livro de família e fiquei desesperado para conhecer. O dono dos olhos profundos que a primeira coisa que me ocorreu foi desenhar. 

Eu tinha que me controlar. Por que isso tinha que soar como uma perseguição, como se eu estivesse seguindo Lorcan Scamander e coletando dados sobre toda a vida e rotina diária dele?! Eu apenas tinha encontrado a foto dele em um álbum de fotos de família e resolvi desenhar! Isso era para soar como algo normal, que pudesse acontecer com qualquer um, mas para mim, naquele momento, soava como se eu fosse um assassino em série esperando o momento para atacar. 

E não era essa a impressão que eu queria deixar naquele garoto loiro encantador possuidor de olhos profundos que me deixaram dependente de desenhá-los na primeira vez que os vi em fotografias e completamente viciado em observá-los na primeira vez que os vi ao vivo. 

Eu não aguentei. Corri até minha mãe e perguntei a ela rapidamente, quase travando a língua, se eu poderia brincar com o garoto lá em cima. 

Ela sorri e diz que sim, logo depois de afagar a cabeça de Lorcan Scamander, mas eu apenas segurei a mão dele e corri em direção a escada. Eu estava cansado daquelas conversas de adultos, e não queria passar mais nem um segundo ouvindo minha mãe conversando com Luna e Rolf Scamander sobre a última viagem de pesquisa deles, por mais que tia Luna fosse a minha tia mais legal, junto com a tia Mione. 

Agora tudo o que eu precisava era Lorcan Scamander; saber como a voz dele soava, encarar de novo aqueles olhos profundos, conversar com ele sobre o que ele achasse interessante, porque eu apenas precisava da presença dele, sugá-la. Eu não sabia de onde tinha nascido essa necessidade, só sabia que ela estava lá. 

Eu pergunto do que ele quer brincar, e ele responde que quer ler o livro do bisavô dele. Faço uma cara de interrogação, antes de perceber que era óbvio que o bisavô dele era Newt Scamander, por causa do sobrenome, e percebo que eu estava com algum tipo de retardo mental depois de ouvir a voz dele. Era algo incrível, eu não conseguia raciocinar, que aquela voz dele ressoava pelos meus ouvidos, e eu só precisava de mais, só precisava que ele falasse mais, sobre qualquer coisa, até o fim dos tempos, até que minhas orelhas caíssem.

— Meu bisavô foi Newt Scamander. 

— Sério?? Que legal! - sorri, e provavelmente estava sorrindo muito. E não era pelo fato do bisavô dele ser Newt Scamander - isso era bem legal, mas eu já sabia. Eu estava sorrindo que nem um idiota porque Lorcan Scamander não era exatamente como eu imaginava, mas também não fedia como Severus Snape! Ele era o tipo de pessoa que eu sempre imaginei como meu melhor amigo.

Usei o feitiço "accio", que, particularmente, era um dos meus preferidos, para que "Animais Fantásticos e Onde Habitam" voasse em direção ao pedaço de chão entre mim e Lorcan. 

— Hmm... Você já leu? - ele pergunta, e eu quase gargalho, mas consigo dar um sorriso discreto. Tia Mione não permitiria que eu chegasse a idade que eu estava sem ter lido "Animais Fantasticos e Onde Habitam"! 

— Sim. A tia Mione lê para eu dormir quando durmo na casa dela e do tio Ronald. Os que ela mais lê são esse, "Os Contos de Beedle, o Bardo" e "Hogwarts, Uma História". 

Não conto que ela narra para mim muitos contos trouxas. Eu tinha a impressão de que conviveria muito com Lorcan Scamander, tempo o suficiente para falar com ele tudo o que eu quisesse. 

— Ah... 

Lorcan abre o livro e quando vejo um papel cair dele. Mordo os lábios, enquanto ele pergunta o que é, se curvando para pegar o papel dobrado. Eu fiz o mesmo movimento, e minha mão alcançou o papel antes. 

Lorcan Scamander não poderia ver o que tinha dentro daquele papel. Pelo menos, não ainda. 

— Você não precisa ver.. 

Percebo que não deveria ter falado isso ao ver o olhar de curiosidade no rosto dele, e só naquele tempo em que nos conhecíamos, consegui perceber que ele não descansaria até ver o que tinha dentro do papel. 

— Por que não? 

Fecho os olhos e mordo ainda mais os lábios, antes de soltá-los para conseguir murmurar: 

— Porque não está bom. E eu tenho vergonha disso. Você vai rir de mim! 

Não era exatamente esse meu medo, na verdade. Eu sabia que ele não riria de mim, pelo menos do que eu já conhecia dele. Mas eu tinha medo que ele me achasse estranho. Que ele não quisesse mais conversar comigo por me considerar... anormal. 

— Prometo não rir de você. Você confia em mim? Somos amigos, temos que confiar um no outro! 

Antes eu encarava o chão, sem ter coragem de olhá-lo nos olhos, mas quando ele falou isso, não consegui me conter. Tive que encarar aqueles olhos brilhantes. Eu estava perplexo. Ele já nos considerava amigos? 

Eu não sabia como reagir, era como se meu cérebro fosse a gelatina que a minha mãe guardava na geladeira para a sobremesa. 

— Nós... Somos amigos? - Foi a única coisa que me ocorreu falar, mesmo que, depois das palavras saírem da minha boca, eu tenha me sentido um retardado. 

— Por que não seríamos? - ele responde, sem desviar o olhar de mim. 

— Eu... Eu não sei. - dessa vez estou sendo sincero. 

— Bom... Acho que você ainda não confia em mim... - Resolvi não concordar com isso, não dizer nada, porque eu ainda queria conservar pelo menos um pouco da minha imagem naquela conversa. - Eu te mostro algo de que tenho vergonha, então. Assim, estaremos na mesma situação. 

Isso chama a minha atenção. Eu queria descobrir mais dele. Começo a pensar se valia a pena, mostrar o desenho e ter mais alguma outra informação sobre aquele loiro encantador que estava fazendo meu cérebro se transformar em alguma substância gelatinosa.

— Do que você tem vergonha?... - falei, cauteloso. Eu não tinha certeza se queria pisar no terreno que estava pisando.

— Bem, eu escrevo um diário. Desenho lá, mas meus desenhos são ruins, então... Mas escrevo muito. Escrevo sobre os animais que vejo, sobre como estou me sentindo, listas esquisitas. - ele revela, mas não parece que ele está me revelando algo do qual tem vergonha, mas também não parece que é algo do que se orgulhe. Apenas parece... Normal. Como se fosse um assunto usual na roda de conversas dos Scamander. 

— Você não parece com vergonha. - A intenção não era que parecesse que eu estava na defensiva, que eu estava rebatendo a afirmação dele, mas... Eu sei que foi isso que pareceu. 

E ele responde mais rapidamente do que eu esperava. 

— Sinto que posso confiar em você. Não vou parecer envergonhado, porque... Sinto que posso falar sobre qualquer coisa com você, sem ter vergonha alguma. 

Olhei para ele, e de repente, senti vergonha. Senti vergonha de sentir vergonha, de um certo modo. Ele estava ali, me contando algo que o deixava envergonhado, se abrindo comigo, por confiar em mim, e eu na defensiva a cada coisa que ele falava. 

Fico encarando-o por alguns segundos, e depois meu olhar fica fixo no chão por um tempo. Estendo a mão que estava com o papel dentro para ele, ainda um pouco hesitante. 

Ele pega o papel, e vejo que ele também hesita. Ele provavelmente viu que aquele papel tinha alguma coisa importante, e ficou hesitante por isso. Acho normal alguém hesitar por estar prestes a ver algo de alguém, algo que essa pessoa acha tão importante a ponto de fazer o que eu fiz. 

Observo-o desdobrar a folha de papel, e também os seus olhos se arregalando, e sei o que ele está observando. 

O desenho. 

Imediatamente o meu espírito de artista fala mais alto, o que me faz esperar Lorcan falar alguma coisa, porque quero saber o que ele achou da minha obra, tanto quanto quero saber se ele se assustou, ou teve alguma vontade de ir embora da minha casa depois de ver. 

— Sou... - não deixei que ele completasse a frase. 

— Sim. - digo. - É você. 

— Mas como.. Você sabia quem eu era? 

Suspiro, sabendo que não tinha como eu me esquivar dessa pergunta. Usei o feitiço "accio" novamente para trazer o livro de família. 

Várias pilhas de livro apareceram na minha frente, mas eu sabia exatamente qual eu deveria pegar. Os livros sempre apareciam na mesma ordem e eu sempre queria olhar o livro da família. 

— F&F é "Family and Friends". - digo, porque sei que essa é uma pergunta frequente que todos que veem esse livro pela primeira vez fazem. 

Ele assente com a cabeça enquanto eu vou virando as páginas. A maioria estava marcada com post-its, inclusive a página que eu procurava e tinha acabado de encontrar. Essa tinha três - dois para tia Luna e tio Rolf e um para Lorcan. Por algum motivo, o outro gêmeo, Lysander, não tinha aparecido a foto, e essa pergunta não era exatamente a primeira da fila de todas as que eu tinha, e as que ele deveria ter. 

— Er... Albus... Seu desenho... É perfeito. 

Eu reviro os olhos, mesmo sabendo que não era essa imagem que eu queria passar. Eu estava parecendo alguém amargo, ácido. Lorcan me fazia agir por impulso. Eu parecia um garotinho imaturo e impulsivo, quando eu na verdade era alguém que controlava cada palavra que saía da minha boca. 

— Você está falando isso porque o desenho está representando você

— Errado. Falei isso porque seu desenho está perfeito. Você desenha muito bem, e... Bom, você é meu amigo. - Lorcan respondeu isso com uma rapidez que me deixou assustado. 

— E o que isso tem a ver? - eu acho que gaguejei, mas não consigo parar de fitá-lo. 

— Bem, é quase minha função como amigo te mostrar as coisas nas quais você é bom. 

Eu fico sem palavras, acho que pela primeira vez. Já me calei várias vezes, sim. Mas nessas vezes nas quais me calei, eu tinha uma resposta na minha mente, eu poderia ter respondido, se tivesse julgado a resposta ou a situação apropriados. Mas, naquela noite, Lorcan Scamander tinha me deixado sem palavra alguma. 

❤️ 

I'm wonderstruck, blushing all the way home

I'll spend forever wondering if you knew 

(...)

I was enchanted to meet you

Lorcan Scamander  

Minhas bochechas coraram durante todo o caminho de casa, depois que eu, meus pais e meu irmão voltamos da casa dos Potter. 

E eu esperava, realizava superstições trouxas como cruzar os dedos e torcia para que Albus Potter soubesse que eu estava encantado em conhecê-lo.  

 


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Notas finais do capítulo

Malfeito feito.



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