Secret Love Song (Little Mix)

Lorcan Scamander

 A aula dupla de poções parecia se arrastar ainda mais do que o normal enquanto eu escutava o professor Horácio divagar sobre algum ex-aluno famoso.

 Quase contra a minha vontade, meu olhar se desviou para a mesa que estava mais a minha frente, onde Albus estava sentado, fazendo dupla com Scorpius Malfoy, já que a aula dupla era da Corvinal com a Sonserina. Eu estava sentado com meu irmão, Lysander. Al e Scorp pareciam estar tão entediados quanto eu com a aula de Horácio. Scorpius parecia dormir de olhos abertos enquanto Albus se distraia rabiscando seu livro de Poções.

 O cabelo negro de Al estava, como sempre, desarrumado, não de uma maneira meticulosamente planejada como o de seu irmão, Jay, mas de um jeito que era só dele. O tipo de pessoa que vestia a primeira coisa que via e não conferia se tinha penteado o cabelo ou não.

— Perdeu alguma coisa no Albus, maninho? – Lysander questionou, me cutucando e fazendo graça. Encarei o rosto de meu irmão, tão parecido com o meu, até mesmo no tom de seus olhos azuis, sentindo o coração apertar com o sentimento de culpa, que havia se tornado familiar para mim, enquanto eu forçava um sorriso despreocupado.

— Eu nem percebi para onde estava olhando, o professor Slughorn está me deixando tão entediado que eu estou dormindo de olhos abertos. – Respondi, enquanto meu irmão disfarçava a risada com a minha resposta. Em momentos como esse, eu me sentia tentado a contar para ele a verdade sobre Albus e eu. Mas Albus não queria que ninguém soubesse sobre nós por enquanto e sabe-se lá por quanto tempo mais. Eu suspirei levemente, me obrigando a prestar atenção na aula, até que ela finalmente acabou, nos liberando para o almoço.

 Lysander se despediu rapidamente de mim enquanto corria para almoçar, mas eu mal prestei atenção, porque percebi o olhar de Al sobre mim enquanto ele se despedia de Scorpius. Ele caminhou até mim e quando estava perto o suficiente, disse:

— Me encontre na Sala Precisa. – Em seguida, seguiu seu caminho sem olhar para trás, me deixando curioso sobre aquele pedido. Depois de alguns instantes, eu segui para a Sala Precisa, depois de dar as voltas necessárias, mentalizando Albus, eu entrei, encontrando um ambiente parecido com um restaurante trouxa com uma mesa com um almoço completo em cima.

 Albus sorriu enquanto eu encarava tudo aquilo surpreso, parecendo satisfeito consigo mesmo.

— Como você conseguiu fazer isso? A Sala Precisa não fornece comida... – Perguntei, sentindo meu lado corvino falar mais alto.

— Não. Essa parte foi dos elfos, eles ficaram surpreendentemente felizes em ajudar. – Albus respondeu, se aproximando ainda sorrindo. Os olhos verdes pareciam brilhar enquanto ele me encarava. – Então, você gostou?

— É claro que eu gostei, Al. É incrível. – Albus abriu ainda mais o seu sorriso, se isso fosse possível. Isso fez o meu coração acelerar. Eu ainda não podia acreditar que, depois de tudo, ele era meu. Meu namorado. Ainda que ninguém além de nós dois soubesse disso, mesmo que eu quisesse gritar isso para o mundo.

— Que bom. – Albus disse, encarando os meus lábios dessa vez. – Não acha que estamos esquecendo algo? – Questionou.

— As velas? Mas está de dia. – Brinquei, sentindo Albus rir.

— Não. Isso. – Ele respondeu, arrebatando meus lábios com os dele enquanto desarrumava meu cabelo, que eu havia levado meia hora para arrumar. Mas isso parecia totalmente irrelevante enquanto eu sentia Albus tão perto.

 Quando nos separamos, nos sentamos para almoçar, conversando sobre o nosso dia e a aula particularmente tediosa de Poções.

— Eu só conseguia pensar em escapar de lá para ficar com você. – Albus comentou, fazendo eu me sentir um tanto incomodado com aquilo. Era sempre assim com nós dois. Nós sempre ficávamos atrás de portas fechadas, escondidos, como se o que nós sentíssemos fosse algum tipo de crime. Eu odiava me sentir daquela maneira.

We keep behind closed doors

Every time I see you I die a little more

Stolen moments that we steal as

The curtain falls

It'll never be enough

 Era como se, cada vez que eu visse Albus, eu morresse um pouco mais, tanto pelo tamanho do meu sentimento quanto pelo fato de ter que escondê-lo até que ele se sentisse pronto para isso. Eu não sabia como agir sobre isso, eu não sabia quanto tempo levaria para Al estar pronto, mas eu não podia pressioná-lo. Esse é o primeiro namoro sério de ambas as partes e nós ainda somos inexperientes, tropeçando em nossos sentimentos e no amor como um todo.

— Nem me fale. Eu estava quase babando. – Respondi, rindo, tentando afastar os pensamentos anteriores de minha mente, sem muito sucesso. Albus colocou sua mão sobre a minha enquanto falava sobre o jogo de Quadribol que aconteceria no final de semana seguinte.  Ele nunca faria isso em público, já que nosso namoro era um segredo. Momentos roubados são tudo o que nós temos, mas, quando as cortinas caem, eles nunca são o suficiente.

— Está tudo bem, Lorcan? Você pareceu distante de repente. – Al perguntou, arqueando as sobrancelhas.

— Claro que sim. Só estava pensando em como eu adorei esse lugar. Parece um restaurante trouxa de verdade. – Elogiei, desconversando, Albus sorriu. Maldição. Por que ele tinha que me deixar com o coração acelerado cada vez que sorria? Eu não conseguia nem me lembrar do meu próprio nome quando encarava os olhos verdes dele. Al parecia se sentir da mesma maneira, porque se esqueceu de seu almoço e levantou de seu lugar, vindo para o meu lado e me beijando.

 Eu me levantei de maneira automática enquanto retribuía o beijo de Albus, sentindo-me arrepiar com a proximidade.

 It's obvious you're meant for me

Every piece of you it just fits perfectly

Every second, every thought

I'm in so deep

But I'll never show it on my face

But we know this, we got a love that is

Hopeless

 Era tão óbvio e claro que Albus tinha sido feito para mim, cada pedaço dele se encaixa em mim perfeitamente. Eu gastava cada instante do meu tempo e cada pensamento com ele. Eu estava claramente entregue e o que mais me doía era nunca poder mostrar isso. Nós dois sabíamos que aquilo era amor. Mas eu odiava pensar que justamente o nosso amor parecia sem esperança.

 Eu continuava pensando, enquanto encarava os olhos verdes de Al e regulava minha respiração. Por que você não pode me abraçar na rua? Por que não posso te beijar na pista de dança? Eu queria dizer. Por que não podíamos ser assim, como todos os outros, se eu já sou dele e ele é meu? Mas eu também sabia que não podia dizer tudo isso, despejar todas as minhas dúvidas em cima de Al e arruinar o momento, justamente porque eu havia prometido que teria paciência com ele.

 Ninguém no mundo sabia o quanto eu amava aquele garoto, mesmo que eu não quisesse nos esconder, mesmo que eu quisesse contar ao mundo sobre o nosso amor. Mas eu sei que esse dia vai chegar. Eu vivo por esse dia.

 – Eu te amo. – Ele sussurrou, me beijando de novo, sem me deixar responder. Mas não era necessário. Ele sabia qual seria a minha resposta.