Thinking Out Loud (Ed Sheeran)

Albus Potter

 Eu andava pela sala de espera do hospital St. Mungus, ignorando os pedidos de minha mãe para que eu me sentasse. Eu não conseguia ficar parado, não enquanto Lorcan estava dentro daquela sala, sem que eu soubesse o que estava acontecendo.

 Eu parei repentinamente, passando as mãos nos cabelos, tentando controlar minha respiração enquanto encarava as pessoas que lotavam a sala de espera.

 Meus pais estavam sentados à minha frente, com Jay ao lado deles. Rose, que falava com os pais no celular, e Scorpius estavam ao lado de James. Luna e Rolf estavam em pé junto com Lysander e minha irmã, que havia acabado de se levantar para tentar acalmar Lysander, já que eu era claramente um caso perdido.

 Um medibruxo finalmente apareceu, fazendo com que todos nós o olhássemos, ansiosos por notícias de Lorcan. Por que Lorcan tinha que sofrer um acidente justamente hoje? Justamente quando eu ia lhe pedir a coisa mais importante de nossas vidas.

— Então, Doutor, como está o meu filho? – Luna perguntou, com a voz rouca.

— Lorcan já está fora de perigo, senhora. Não existe nenhum risco de vida para ele. – Ele respondeu, me fazendo soltar a respiração que eu nem percebi que estava prendendo. – Nós conseguimos conter rapidamente a hemorragia e os machucados não são muito graves. Ele pode receber visitas, mas apenas duas pessoas por vez, desde que não demore muito. – O doutor continuou. Luna e Rolf seguiram ele até o quarto onde Lorcan estava, enquanto Lysander vinha até mim.

— Ele está bem. Ele está bem. – Ele murmurou. – Você entra comigo, certo? – Ele questionou.

— Claro que sim. Eu preciso ver o Lorcan. Mais do que tudo. – Respondi prontamente, Lysander assentiu, apertando meu braço.

 O alívio que me tomou foi enorme. Lorcan estava fora de perigo, finalmente, mas a única maneira de me acalmar definitivamente seria quando eu o visse, bem, respirando e sorrindo.

— Não sei o porquê de Lorcan ter puxado ao nossos pais, se metendo nessas jornadas malucas para fazer as matérias do Profeta Diário, que tipo de pessoa se candidata para uma matéria sobre dragões, principalmente um Dragão-Leão? Ele não podia fazer matérias normais como as suas? – Lysander falou, apontando para mim. Eu sabia que sempre que ele ficava nervoso, tinha o hábito de falar sem parar. Lily apertou a sua mão, pedindo que ele ficasse quieto com o máximo de delicadeza que podia e, conhecendo a minha irmã como eu conheço, eu sabia que delicadeza não era seu forte.

 Talvez ela gostasse de Lysander mais do que ela mesma estava pronta para admitir. Mas eu não conseguia reunir interesse o suficiente sobre o estado amoroso de Lily porque minha mente sempre voltava para Lorcan e o desespero que senti quando eu soube o que tinha acontecido. Eu estava na redação do jornal, pronto para almoçar com Rose e Scorp quando recebi o telefonema de Luna e Rolf. Foi como se o chão tivesse sido tirado de baixo dos meus pés e eu entreguei o celular para Rose sem conseguir dizer mais nada.

— Vai ficar tudo bem, meu filho. – Meu pai disse, passando um braço ao redor dos meus ombros, e minha mãe segurava a minha mão, como eles sempre faziam quando eu tinha medo. Acho que nunca precisei tanto disso como preciso agora. Até mesmo a simples presença de James e Lily ali me deixava mais tranquilo.

 Cerca de vinte minutos se passaram até Luna e Rolf voltarem. Eles falaram com Lysander e, em seguida, comigo.

— Ele quer falar com você e o irmão. O médico já autorizou. – Rolf disse, ele e Luna se apoiavam um no outro. – Vá lá, filho. Ele precisa de vocês. – Acrescentou, enquanto Luna me deu abraço rápido. Eu nunca seria capaz de agradecer o suficiente o apoio que eles e os meus pais sempre deram a Lorcan e eu. E olhando para eles agora, acho que eles sempre souberam disso.

 Quando chegamos até o quarto, o medibruxo disse que devíamos entrar um de cada vez e por apenas dez minutos. Lysander foi o primeiro e eu aguardei do lado de fora, quase abrindo um buraco no chão enquanto andava de um lado para o outro. Lysander finalmente saiu de lá após dez minutos.

— Eu vou sair daqui antes que chore feito uma criança. – Lysander brincou, mas eu percebi na maneira que ele sorria como ele estava aliviado por ter visto o irmão. – É melhor você entrar logo, posso jurar que ele ficou decepcionado quando viu que era eu e não você. – Lysander acrescentou, eu assenti, sentindo um pequeno sorriso se formar enquanto o observava ir para junto dos pais. Um médico veio em minha direção, com algo na mão e me chamou.

— Você deve ser amigo do Lorcan, certo? Aqui estão os pertences dele. – Ele disse, entregando a bolsa dele e um anel. Eu mal tive tempo de corrigir o doutor, quando ele continuou: – É uma aliança, parece que ele tinha um compromisso e tanto hoje, não? – O medibruxo se afastou em seguida, enquanto eu fiquei parado, encarando a aliança com o nome de Lorcan gravado, sem conseguir mover um músculo.

 Ele ia me pedir em casamento... No mesmo dia em que eu lhe pediria o mesmo. Eu alcancei a caixinha em meu bolso, onde a aliança com o meu nome gravado estava e guardei a de Lorcan junto. Em seguida, entrei no quarto de Lorcan, ainda em êxtase com que eu tinha acabado de descobrir.

 Logo avistei Lorcan deitado na cama, que estava levemente inclinada, permitindo que ele enxergasse quem entrava no quarto, o cabelo loiro quase desaparecia em meio ao branco dos travesseiros e de todo aquele quarto.

— Eu não aguento mais todo esse branco. – Ele disse ao mesmo tempo que eu falei: – Você deve estar odiando todo esse branco. – Nós começamos a rir e, antes que eu percebesse, já estava sentado ao lado dele e os lábios de Lorcan estavam sobre os meus.

— Eu fiquei com tanto medo, seu idiota. – Eu sussurrei.

— Me desculpe, eu não fazia idéia que as coisas poderiam sair do controle desse jeito. – Ele respondeu, sorrindo de lado.

— Eu sei. Além disso, eu não vou te deixar sair de Londres pelos próximos cinquenta anos, então, é melhor se acostumar com a cidade. – Eu falei, segurando a mão de Lorcan, enquanto alcançava a caixinha dentro do meu bolso.

 – E como você vai garantir isso? – Lorca perguntou, sorrindo.  Eu sorri de volta enquanto sentia meu coração acelerar.

— Do mesmo jeito que você ia fazer hoje. – Respondi, enquanto observava Lorcan arquear as sobrancelhas, parecendo confuso e surpreso.

 When your legs don't work like they used to before

And I can't sweep you off of your feet

Will your mouth still remember the taste of my love

Will your eyes still smile from your cheeks

Darlin' I will be lovin' you

Till we're seventy

Baby my heart could still fall as hard

At twenty three

— Eu tive um bom tempo para pensar nas últimas horas. Mais do que isso, eu tive um enorme tempo para pensar nos últimos anos que nós tivemos e eu cheguei à conclusão que eu quero passar todos os anos que eu tenho com você. – Eu falei, sem saber muito bem de onde tudo aquilo estava vindo. – Quando as suas pernas não funcionarem como antes e eu não puder te levantar do chão, sua boca ainda vai se lembrar do gosto do meu amor? Do nosso amor? Os seus olhos ainda sorrirão junto das suas bochechas? Eu tenho me perguntado tudo isso por um tempo. E agora, nesse exato momento, eu percebo que a resposta sempre foi óbvia. Sim. Para tudo isso. Porque eu amo você, Lorcan. Aqui, agora. E eu vou amar até que tenhamos setenta anos. E eu sei que meu coração vai se apaixonar tão facilmente quanto quando tínhamos vinte e três.

 Lorcan me encarou,  parecendo surpreso com o que eu dizia, afinal, ele sempre foi muito mais sentimental do que jamais seria. Eu respirei fundo, tentando controlar o tremor das minhas mãos enquanto sentia o peso de tudo o que eu sentia pelo garoto à minha frente, que já não era mais um garoto há muito tempo, mas que ainda fazia com que eu me sentisse um adolescente.

I'm thinkin' bout how

People fall in love in mysterious ways

Maybe just the touch of a hand

Me, I fall in love with you every single day

I just wanna tell you I am

— Eu também tenho pensado sobre nós, mas acho que a essa altura, você já sabe, não? Você sempre sabe. – Lorcan disse, com a voz quebrando com a emoção. – Eu estive pensando em como as pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas, às vezes apenas com o toque de uma mão. Eu me apaixonei por você no dia em que eu te conheci, eu tenho amado você por toda a minha vida, desde antes de eu saber o que era amor. E eu continuo me apaixonando por você todos os dias. – Eu não pude impedir que os meus olhos se enchessem de lágrimas enquanto eu apertava a mão de Lorcan. Eu provavelmente já tinha ultrapassado o limite de dez minutos que o médico tinha imposto, mas eu não poderia me importar menos com aquilo, não enquanto Lorcan me olhava daquele jeito que era só dele, como se nada existisse além de nós dois.

When my hair's all but gone and my memory fades

And the crowds don't remember my name

When my hands don't play the strings the same way

I know you will still love me the same

Cause honey your soul

Could never grow old

It's evergreen

Baby your smile's forever in my mind and memory

— E quando todo o meu cabelo cair e a minha memória falhar, e ninguém mais lembrar do meu nome, quando minhas mãos não tocarem as cordas do violão do mesmo jeito... Eu sei que você vai me amar mesmo assim. E é por isso que eu ia te pedir para casar comigo, Albus Potter, porque a sua alma nunca vai envelhecer, ela é eterna. E o seu sorriso... Ele estará para sempre na minha mente e na minha memória. Talvez nós tenhamos encontrado o amor exatamente onde nós estamos. – Lorcan encerrou, chorando e sorrindo ao mesmo tempo.

— Você está certo... Sobre como as pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas. Talvez seja parte de um plano. Ou talvez seja apenas sorte. Eu não sei. Mas seja lá o motivo, eu sou eternamente grato por ter você. Eu provavelmente vou continuar cometendo os mesmos erros, esperando que você entenda. Eu não posso prometer que vai ser perfeito, mas eu posso te prometer que vai ser real e que vai ser pra sempre. Eu posso te prometer que eu vou tentar, em cada dia da minha vida, te fazer o mais feliz possível, se você aceitar se casar comigo. – Eu terminei, abrindo a caixinha onde as nossas alianças estavam. – Então, Lorcan Scamander, você aceita se casar comigo, Albus Potter? – Eu perguntei, alcançando a aliança destinada a Lorcan.

 – Sim. Eu aceito. – Ele respondeu, eu alcancei a mão de Lorcan e coloquei o anel em seu dedo. Ele pegou a aliança onde o seu nome estava gravado e segurou a minha mão. – E você, Albus Potter? Você aceita se casar comigo, Lorcan Scamander? – Perguntou, me vendo sorrir feito um idiota.

— Sim. É claro que sim. – Respondi, com uma certeza que nunca senti antes. Eu o beijei, com toda a força que podia, tentando mostrar o quanto eu o amava, sabendo que nada nesse mundo seria capaz de dizer isso melhor do que aquele beijo.

Maybe we found love right where we are

 Não pude deixar de pensar em como Lorcan estava certo. Depois de tudo, nós encontramos o amor exatamente onde nós estávamos, nós encontramos o amor um no outro.