I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 8
Apenas o Início da Noite


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, devo desculpas pela demora em postar!
Segundo, preciso dedicar o capítulo a Biatunix - talvez ela não arranque minha cabeça!!!



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— Princesa, não pode deitar-se agora! — Menta avisou, ao ver Jujuba arrastar-se para a cama.

Ela grunhiu. Quatro horas. A Pré-seleção tinha durado exatas quatro horas. Tempo suficiente para transformá-la em um bolo disforme de emoções; tudo o que queria era voltar a dormir o mais rápido que pudesse, desejando que, quando abrisse os olhos novamente, não existisse concurso ou Caos algum.

Mas...

— Vossa Alteza, o baile começará daqui a cinquenta minutos. — O mordomo fez questão de bater palmas para as serviçais, que esperavam ao lado do guarda-roupa.

E Jujuba acabou saindo da cama, permitindo que três pares de mãos bem treinadas a tirassem de seu vestido. Os Candys oficiais seriam anunciados no Baile daquela noite, no qual seu pai daria início ao Concurso. Um gosto amargo invadia sua boca sempre que evocava essa palavra em seus pensamentos.

Concurso. Concurso. Concurso! Aquele Conselho me paga!

— Se me permite dizer, está linda Princesa — Menta a elogiou assim que as serviçais deixaram os aposentos.

Ao olhar-se no espelho de sua penteadeira, Jujuba concordou com o mordomo: estava magnífica. Usava um vestido cor de vinho, ele não era um de seus favoritos; era pesado e desconfortável, contudo, exalava um ar aristocrático forte demais para que Jujuba se recusasse a vesti-lo.

Alisou a frente do espartilho apertado, ao menos a peça fazia seus seios parecerem maiores. Seus olhos azuis passearam pelo coque bem bolado, de onde cachos estratégicos escapavam e, por fim, pousaram na coroa dourada, lembrando-se:

Papai, eu posso tira-la? Perguntou em um jantar, os tetos da sala pareciam infinitos para uma garotinha de dez anos.

Não seja tola! Um Rômulo de barba muito menor retrucou, pousou os talheres na mesa e fitou-a, A coroa não é uma simples joia, ela é um símbolo que precisa carregar consigo! Filha, tu és uma princesa.

Um barulho despertou-a de seus pensamentos, Menta tinha entreabrido a porta do quarto e cochichava para alguém, entretanto, ele parecia um pouco alterado, pois não conseguia manter a voz em um único tom. Jujuba acabou por captar meia pergunta:

—... Pensa que está fazendo?!

E a resposta recebida foi um empurrão que jogou o mordomo para o lado, nisso, a porta abriu-se por completo, assim como a boca da Princesa.

— O-o que pensa que está fazendo?!

Precipitou-se até Menta, ajudando-o a se levantar e logo em seguida empertigando-se toda.

— Não pode simplesmente adentrar em meus aposentos!

Mesmo que já tenha o feito noite passada! Foi o que ela quase soltou, mas, graças a um reflexo muito rápido conseguiu agarrar a frase. O monte de capas não pareceu se importar, o que irritou Jujuba. Muito.

— Deve desculpar-se imediatamente com a Princesa e se retirar o mais depressa possível, Majestade! — Menta disse em um só fôlego.

O encapuzado deu de ombros. Deu de ombros! Eu vou...

Jujuba arregalou os olhos junto de seu mordomo, e a raiva que sentiu pela indiferença de antes foi substituída por vergonha. Um braço tinha acabado de ser estendido por entre os tecidos.

— M-M-Majestade! — o mordomo cacarejou, apoplético — N-não p-pode...!

Contudo, ele não chegou a terminar sua bronca:

— Calma, Menta, ela, digo, ele só quis ser educado!

Apressou-se em direção a Marshall e segurou o braço, seu rosto vermelho como um pimentão.

— M-mas, Princesa! Isto é...

— Não se preocupe com bobagens, Vossa Majestade só irá me acompanhar até o salão de bailes.

Com isso, dando as costas a Menta, Jujuba e o suposto Rei vampiro começaram a andar pelo corredor em direção as escadas centrais. Ela esperou se afastarem o bastante para começar:

— Precisava mesmo ir me buscar?! Quer dizer, sei que tem um mercenário infiltrado no castelo, mas Menta ia me levar ao salão, e eu cortaria meu braço direito por ele, conheço-o desde pequena.

Esperou alguma explicação por parte de Marceline. Silêncio.

— Sabe, ele já servia papai antes mesmo do meu nascimento — ela acrescentou.

Fitou o lugar onde o rosto de Marceline deveria estar por trás daquele enorme capuz, e, como se algo lhe ocorresse de supetão, largou o braço e afastou-se. Já estavam a somente alguns passos da escadaria e era possível ouvir a música e o barulho de conversas.

— Quem é você?! Eu vou logo avisando, sou muito boa de briga! — Tudo bem que esse espartilho está me sufocando, mas eu ainda posso... — Ouviu?!

Uma risada masculina escapou por baixo do capuz, Jujuba estremeceu. Sua mente se encheu de casas em chamas e nada, nada, a deixaria mais apavorada.

— Ah é? Vai me bater Bubblegum? Eu devo admitir, não ficaria surpreso se o fizesse.

E ele aproximou-se; um passo, dois.

— Fique longe de mim! Ou vou gritar!

— Já está gritando — o encapuzado apontou em tom brincalhão.

Três, quatro, e ficou de frente a ela. Jujuba não recuou, entretanto, também não cumpriu sua ameaça, paralisada de medo.

— Anda, um gancho de direita seria um ótimo meio de me deter. — ele sussurrou, não existia nada além de divertimento em sua voz.

 Jujuba cerrou os olhos, não iria ser uma presa fácil, não podia ser uma fracota. Engoliu em seco e, com o máximo de força que conseguiu reunir, socou-o.

O capuz escorregou para trás e um rosto tão branco quanto o da Rainha dos vampiros apareceu. Na verdade, o homem e Marceline podiam ser gêmeos, tamanha era a similaridade. Jujuba arfou. Dessa vez, a compreensão não foi como uma tijolada, ela sentiu que um muro inteiro caiu sobre sua cabeça.

— Por Glob!

O homem levou uma mão ao nariz, limpando um pouco de sangue. Jujuba adiantou-se, nervosa, não sabia o que fazer.

— Ah, me desculpe, eu... — Como raios eu saberia que era ele?! E isso a fez esquecer-se dos modos — Qual o seu problema?! Por acaso acha engraçado fingir ser um assassino?!

— Bem, de vez em quando — Marshall (o verdadeiro) soltou uma gargalhada — Não resisti à oportunidade de ver como reagiria.

— Já me viu o suficiente, não?! Está me seguindo desde cedo!

O vampiro ficou surpreso, encarou Jujuba com uma das sobrancelhas erguidas. Seu sorriso afiado (literalmente) escorregou um pouco mais para sua bochecha direita.

— Estou impressionado com sua astúcia, conseguiu perceber minha presença ou algo do tipo?

A irritação de Jujuba caiu alguns pontos, elogios eram seu ponto fraco.

— Não, só precisei pensar um pouco. — Jujuba brincou com as luvas que cobriam seus dedos — Hoje pela manhã, sua irmã contou-me que não posso mais andar sozinha pelo castelo, e, logo depois disso, permitiu-me retornar desacompanhada para o salão de entrada. Deduzi que ela não cometeria um erro como esse, o que só poderia significar uma coisa: eu não estava sozinha.

— Ah, e como não avistava companhia alguma ao seu lado...

— Concluí que esse alguém estava invisível, e que só poderia ser um vampiro, contudo, não esperava o Rei deles.

Ela o observou atentamente: dos cabelos negros curtos a seus olhos de mesma cor; assim como a irmã, ele era alguém que valia a pena olhar. Por fim, sua atenção prendeu-se em uma simples coroa vermelha que repousava na cabeça dele.

Ela acabou pensando: o Rei da Noitosfera não parece um Rei. Marshall estava mais para um príncipe travesso, louco para provar o mundo. Ele deu uma risadinha que fez Jujuba abrir um sorriso contra sua vontade. Tinha algo nele que tornava o ambiente leve, descontraído.

— E quanto à agora, como descobriu que eu não era Marceline?

A pergunta causou certo alvoroço na mente de Jujuba, pois a resposta a ela era tão ridícula quanto àquele pato trovador: simplesmente sabia que não era a vampira que estava por trás do capuz. De alguma maneira, o silêncio de Marshall fora diferente do dela.

Jujuba só sabia. Ponto.

— Ah, eu, bem, achei muito suspeito que... — gaguejou — Que ela viesse me escoltar sendo que já tinha alguém me protegendo.

Ao terminar de falar, percebeu que essa era a forma mais lógica de ter desmascarado o Rei, mas só chegara a pensar nisso há alguns segundos atrás.

— Claro, — ele colocou o capuz sobre o rosto — isso faz muito sentido.

De fato, fazia. Marshall estendeu o braço mais uma vez e acrescentou:

— Já que está tudo explicado, acho melhor nos apressarmos para o Baile.

— Ainda não.

Jujuba ficara tão distraída com o aparecimento repentino do vampiro que quase se esquecera de perguntar o motivo dele precisar estar por debaixo das capas.

— Acredito, Vossa Majestade, que...

— Pode me chamar de...

— Marshall — ela o completou, Parece que estou tendo um Déjà Vu — Acredito que falta me esclarecer o porquê de estar no lugar de sua irmã.

— Não deixa nada escapar, não é?

— Passou o dia me seguindo e ainda não tinha percebido essa minha característica? — Foi a vez dela de erguer uma sobrancelha.

Ele pegou uma das mãos de Jujuba e pousou-a em seu braço.

— Acontece, Bubblegum...

— Bonnibel.

Marshall a lançou um olhar divertido.

— Acontece, Bonnibel, que minha querida irmãzinha foi convidada ao Baile por seu digníssimo pai e, levando em conta o interesse da Noitosfera, ela achou que recusar o convite não seria favorável.

— Ela sempre sabe o que fazer, não é?

— Quase sempre, no final das contas, ela cometeu um erro que te permitiu me descobrir.

Os dois recomeçaram a andar em direção à escadaria. O barulho da festa que ocorria lá embaixo indicava que Jujuba teria uma longa noite pela frente.

— Você é um dos aliados dos quais Marceline falou?

— Sim, minha irmã mentiu para você dizendo que eu só estaria aqui a partir do Baile, mas foi algo necessário. Aliás, creio que ela não ficara muito feliz quando souber que eu fui descoberto como seu protetor invisível.

A informação fez Jujuba apertar com um pouco mais de força o braço de Marshall.

— Quer dizer que ela planejava manda-lo me seguir por aí sem o meu conhecimento?

— Não a leve a mal, é que Marcy queria te dar uma falsa impressão de privacidade.

Jujuba compreendia a situação em que estava; seu reino inteiro dependia de Marceline. Contudo, ela esperava que a vampira fosse 100% honesta com ela. Tinham feito um acordo e não havia como conseguirem se ajudar se não confiassem uma na outra.

— Suponho que, para Marcy, o melhor é ficar escondendo as coisas de mim!

Já desciam os degraus e o som da orquestra começava a encobrir suas palavras, mas Marshall a escutou perfeitamente.

— Acho que está enganada, tudo o que minha irmã quer é mantê-la segura e o mais confortável possível na atual situação.

— Acontece que, no momento, estou correndo o perigo de ser assassinada, para que me sinta confortável preciso ter certeza de que estou sendo bem protegida. Não faz sentido algum ela não querer me contar que estou sendo olhada por um vampiro.

Bem, é verdade que quando soube da chegada dos aliados e de que não poderia mais andar desacompanhada pelo castelo, Jujuba ficara receosa quanto a sua privacidade, mas... Por Glob! Fora atacada em seu próprio quarto! Depois de pensar um pouco, ela tinha chegado à conclusão que a decisão de Marceline era a melhor. Tudo para descobrir que a Rainha planejava deixa-la desinformada sobre sua própria segurança.

— Olhando pelo seu ponto de vista, acho que minha irmã pode ter cometido mais de um erro. — Marshall admitiu — Contudo, isso não importa realmente, porque, no final das contas você foi inteligente o suficiente para perceber que estava sendo seguida.

Jujuba sentiu as bochechas corarem, o vampiro acertou mais uma vez seu ponto fraco. Menos de dez minutos e já foram dois elogios. Eles pararam em frente à porta dupla do salão de baile. Agora o som da orquestra encobria qualquer palavra dita.

— Ela me deve explicações.

— O que disse?

—- Nada.

Marshall abriu a porta e uma claridade dourada os banhou. Várias pessoas viraram-se para olhá-los. Jujuba tencionou retirar sua mão do braço do vampiro, mas ele foi mais rápido em segurá-la.

— Não se esqueça, precisa mostrar preferência por mim — falou com o canto da boca.

A Princesa sabia que estava com o rosto vermelhíssimo, porém, adentrou no salão ao lado de Marshall, não foi difícil avistar seu pai no meio da multidão. Rômulo, alto e robusto como era, sobressaía-se sem dificuldade alguma. Ele trazia na cabeça a coroa e no corpo roupas que lhe eram dignas.

— Papai — chamou sua atenção assim que o alcançaram.

O Rei Doce pediu licença para uma mulher de cabelos prateados com quem conversava animadamente e pousou os olhos na filha, depois, em Marshall, fizeram os devidos cumprimentos para que Rômulo agradecesse:

— Simone estava me enlouquecendo, não sabem como fico grato por terem me livrado de passar o resto da noite discutindo sobre a decoração do salão.

Jujuba abriu a boca, pretendendo dizer algo, mas tornou a fechá-la antes de palavra alguma sair. Qual fora a última vez que seu pai conversara tão casualmente com ela? Era difícil lembrar.

— Veja filha, essas pessoas de sangue nobre vieram de todas as partes de Ooo para celebrarem os sete rapazes que terão a honra de competir por sua mão.

Ah, então é por isso que ele está tão animado.

Jujuba fez um simples gesto de cabeça; aquele dia estava testando seu humor desde a madrugada, não se sentia capaz de fingir-se de agradável para seu pai em um salão lotado. Era melhor ficar calada.

— É um grande evento — Marshall comentou.

Tanto Rômulo quanto Jujuba arregalaram os olhos. O Rei Doce gargalhou logo após a surpresa inicial passar.

— Vejo que esta noite está disposto, Abadeer.

— Como não estar? Daqui a alguns minutos saberei se terei a sorte de lutar por esta belíssima Princesa.

Dessa vez, o golpe não foi certeiro. Jujuba não se sentiu aquecida pelo elogio, pois era claro que Marshall só estava sendo galante. Bem, não realmente claro, mas, quando Braco me chamou de formosa, foi diferente...

Entretanto, ainda assim, ela sentiu-se obrigada a sorrir e dar uma desculpa esfarrapada para afastar-se o máximo possível do vampiro, tipo: se me dão licença, estou com a garganta um pouco seca, vou pegar algo para beber; e se embrenhar na multidão até não poder mais ver o capuz de Marshall.

Muitas pessoas a cumprimentavam e ela despendia um imenso esforço para respondê-las educadamente. Quando, enfim, achou um dos garçons e pegou uma taça da bandeja que o mesmo trazia, esvaziou-a em questão de segundos. Depois outra. Precisaria de muita ajuda para sobreviver aquele Baile.

Vamos ver, só até o momento, umas cinco pessoas já a tinham dado os parabéns como se ela fosse se casar no dia seguinte. Frases como: gostaria que meu pai fizesse isso por mim, você tem sorte de Rômulo preocupar-se tanto com seu futuro e derivados foram ditas por todos.

— Planejando se embebedar?

Não foi preciso virar-se para saber quem fizera a pergunta. Jujuba teve um pequeno debate em sua cabeça sobre como agir: fria ou furiosa? Considerando o local, fria com certeza é a melhor opção.

— Isso não é de sua conta, Finn.

Ela ficou de frente a ele, o azul de seus olhos transformando-se no mais puro gelo.

— Ah, espera, tendo em mente que eu possa vir a ser sua esposa, acho que isso seja sim assunto seu. — Levantou a taça de vinho ao dar ênfase a palavra.

— Jujuba, eu gostaria de me explicar sobre a minha candidatura. — Ele trazia um olhar sério no rosto.

— Gostaria? Você não faz ideia do que eu gostaria de fazer nesse momento! Tem sorte de haver muitas testemunhas aqui.

Calma, fria, fria!

— Não seja tão dramática, você me conhece, sei que preciso me desculpar, mas antes quero que ouça meus motivos.

Dramática?!

— Acha que estou sendo exagerada?! Se você me conhecesse, não estaria pensando assim! — Que se danasse o gelo, Jujuba estava queimando de raiva — Passei minha vida toda sob as ordens de meu pai, e, todas as vezes que eu fiz algo por vontade própria, fui repreendida, pois sou uma princesa e preciso agir segundo as regras!

Algumas pessoas ao redor começaram a prestar atenção nos dois, Finn, ao perceber isso, tentou:

— Será que poderia falar um pouco mais baixo?

Contudo, ela não o deu ouvidos.

— Quando eu finalmente pensei que tinha aprendido, que poderia ser uma boa líder e governar o meu povo, ele resolve arranjar-me um marido para compartilhar daquilo que é meu por direito! Então não me venha dizer que estou sendo dramática.

Jujuba calou-se, arfando. Seus olhos ardiam por conta das lágrimas que seguravam. Finn a olhava, pasmo, mexendo a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas sem saber ao certo o quê.

 Uma pequena roda de pessoas bem vestidas tinha se formado ao redor, os cavalheiros fingindo observar a decoração e as damas cochichando entre si. A Princesa se sacudiu mentalmente, estava armando um escândalo.

— Parece que eu me animei um pouco, não é, Finn? Desculpe-me, sou uma ótima atriz — ela falou alto para que todos escutassem — Creio que nossa plateia vai concordar comigo.

Ela recebeu alguns olhares confusos, mas, depois de alguns segundos, uma onda de aplausos encobriu um pouco o som da orquestra. O barulho retirou Finn de seu estado de atordoamento, ele imitou Jujuba, curvando-se como quem agradece a atenção após uma apresentação.

— Jujuba, perdoe-me — ele disse assim que as pessoas pararam de encara-los — Deve estar sendo realmente difícil para você.

— Mais do que imagina, Finn.

— Eu tenho uma boa razão para ter me candidatado.

— Tem mesmo, — alguém se aproximou — ele é um intrometido de primeira, por isso se candidatou.

Jujuba o reconheceu de imediato.

— Príncipe Flame — ela o cumprimentou, seca, tudo o que menos queria era ter de lidar com outro candidato.

— Acho que não está em condições de me chamar assim, uma vez que acaba de intrometer-se em nossa conversa — Finn revidou.

— Tanto faz, cavalheiro — Flame abriu um sorriso convencido — Você não passará da pré-seleção, então não vejo motivos para que se explique a Princesa.

— Quem dera fosse tão fácil, ela gosta muito de guardar ressentimentos.

—Seria bom se parassem de falar como se eu não estivesse bem aqui — Jujuba se manifestou, porém, quando os dois começaram a tecer desculpas, ela mudou de ideia — Quer saber, esqueçam, podem prosseguir, vou procurar outro lugar para me embebedar.

Flame desatou a rir.

— Não sabia que tinha um senso de humor tão afiado, Princesa.

Já Finn, não podia estar mais sério.

— Jujuba, eu realmente preciso te contar sobre... — ele começou, mas Jujuba foi mais rápida...

— Com licença — disse dando as costas ao cavalheiro e ao Príncipe de Fogo.

Tinha se afastado somente alguns passos quando um homem alto de pele escura e olhos de um verde vivo a abordou:

— Princesa Bubblegum, foi um ótimo desempenho ali atrás.

— Ah, obrigada...

— Simon Petrikov, Rei do Reino Gelado — ele se apresentou com um grande sorriso enquanto tomava uma de suas mãos.

Jujuba engoliu em seco quando os lábios do Rei tocaram sua pele.

— É um grande prazer conhecê-la.

— I- igualmente — ela gaguejou, pois, Este é o homem mais bonito que já vi!

Bonito não era bem a palavra certa. Másculo era. Simon tinha os ombros largos e, mesmo vestido, seus músculos eram evidentes sob os tecidos, abaixo da coroa dourada, existiam cabelos curtos e crespos. Além disso, ele possuía um rosto anguloso, boca carnuda, nariz adunco e, o que mais chamou a atenção de Jujuba, uma barba bem feita.

— Então, qual era a peça? — ele perguntou erguendo as sobrancelhas.

— Ah, uma de Shakespatê — ela respondeu depressa.

— Sério? Não me lembro de nenhuma passagem como aquela nas obras dele.

— Isso, bem, é porque eu estava fazendo meio que uma readaptação do diálogo entre Romingau e Juliespaguete.

— Compreendo — Simon inclinou a cabeça um pouco para o lado.

Jujuba teve a leve impressão que ele sabia que o “showzinho” armado por ela e Finn não era ficcional. Perdeu-se um momento no verde de seus olhos... Tentando... Decifrá-lo.

— Deixe-me ajudá-la com isso. — Ele tomou a taça vazia de sua mão e depositou na bandeja de um garçom que ia passando.

— Eu... — Ela estava prestes a agradecê-lo, esquecendo-se de sua vontade de embriagar-se.

— Permita-me, senhorita. — Uma voz conhecida invadiu seu ouvido direito.

Jujuba desviou os olhos de Simon quando uma taça cheia foi posta em sua mão. E, ao virar o rosto, seu queixo caiu.

— Marceline, sempre prefere mal encaminhar os outros, hein? — Simon brincou, fazendo um pequeno gesto com a cabeça.

— E você, Simon, ainda persiste em acabar com o divertimento alheio.

A Princesa da Noitosfera. Jujuba não sabia se ainda estava respirando (provavelmente não). Marceline usava um vestido leve que possuía um corte acentuava suas curvas,ele era tão negro quanto seus cabelos; na cabeça,  enfeitando o coque bem feito, havia uma tiara vermelha. A coroa.

— Princesa Bubblegum, ignore a interrupção de Simon, tome quantas taças quiser, afinal, imagino que não está de acordo com esta ideia de seu pai.

Os olhos de Jujuba encontraram-se com os da vampira. Ah, certo, não nos conhecemos ainda.

— Por acaso devo adivinhar quem é a senhorita? — perguntou com um fingido ar arrogante.

— Marceline Abadeer, Rainha dos vampiros e Princesa da Noitosfera. — Ela inclinou um pouco a cabeça, como se seu título não tivesse o poder de dispensá-la deste ato.

Jujuba fez uma reverência completa, mantendo o contato visual com a vampira. Marceline abriu um sorrisinho e isso fez o coração da Princesa Doce pular.

— É uma garotinha educada, não? — Simon se dirigiu a vampira.

— Assim me parece — Marceline o respondeu sem tirar os olhos de Jujuba — Porém, Rômulo me advertiu a pouco que a senhorita tem uma língua perigosa.

— Será que todo mundo nesse salão resolveu falar sobre mim como se eu não estivesse presente?

— Não pode nos culpar, é o assunto mais quente da noite — Simon explicou com um tom divertido.

Jujuba engoliu em seco, pois, no momento que o Rei pronunciou a palavra “quente”, os olhos negros de Marceline deixaram os seus e percorreram seu corpo de cima a baixo.

Ok, estou delirando...

A partir daí, foi difícil se concentrar na conversa que se seguiu sobre a organização do concurso, porque, como seus lábios podem ser tão vermelhos?!

— É um resultado incrível para algo que foi feito de última hora — Simon comentou.

Ah, olha só essas presas, qual será o tipo de sangue que bebe? Humano? O único que conheço é o Finn, então... Argh! Não quero pensar nele!

— Fiquei um pouco surpresa quando meu irmão me informou que participaria.

Será que bebe sangue doce?

— Nada que se compare ao meu espanto ao ser convidado para preencher uma das cadeiras dos jurados.

Jujuba estava afogando-se em uma cena particularmente estimulante que envolvia uma noite de lua cheia, seu pescoço e a boca de Marceline quando as palavras do Rei Gelado a acordaram.

— Você é um dos jurados?!


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Notas finais do capítulo

XD Até a próxima (muito em breve, aliás)



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