I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 6
A Pré-Seleção (Parte 01)


Notas iniciais do capítulo

O cap. ficou gigantesco, por isso dividi em duas partes, mas não se preocupem, será postado tudo hoje !!!!



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— “Admirável Rei... “— a voz vacilou, desafinando miseravelmente — “Seus feitos são... ahn... Admiráveis!”

O sujeito terminou a canção dedilhando um pouco o banjo e fazendo, logo em seguida, um floreio desajeitado com uma mão. A sala do trono ficou silenciosa depois disso. Rômulo, acomodado em seu majestoso trono, tinha um olhar duro no rosto, ele fitava o pato desengonçado (e insuportavelmente desafinado). Sentada em um trono menor, ao lado do pai, estava Jujuba, com a mesma expressão impenetrável do Rei.

Morrer. Quero morrer. Não, não, reformulou seu pensamento, quero matar esse pato!

Mas mesmo com toda a humilhação que era aquela pré-seleção, vendo um bando de idiotas declararem que estavam ali para ser seu marido, Jujuba começou a sentir um prazer sádico ao notar o quanto a maxilar de seu pai se contraía quando mais um daqueles palhaços aparecia.

A pré-seleção já acontecia há uma hora e nenhum homem digno havia surgido. Sentiu-se ainda mais satisfeita ao ver o quanto os velhos doces (mofados até) do Conselho começavam a ficar inquietos na longa mesa disposta em um dos lados da sala.

— Retire-se. — Rômulo ordenou ao pato em tom grave.

A ave assentiu nervosamente e recuou, tropeçando nos próprios pés até passar pelas pesadas portas duplas do portal e desaparecer atrás das mesmas quando Menta as fechou.

O Rei soltou um longo suspiro acompanhado de um forte murro em um dos braços do trono. Todos os olhos se voltaram para ele, menos os de Jujuba, achou que não ia conseguir segurar a língua ao ver a frustração de seu pai. Uma sábia decisão, a dela. Pois, mesmo fitando o belo papel de parede da sala, ela ensaiava frases que, com toda certeza, deixariam Rômulo muito irritado.

“Quem imaginaria que algo do tipo pudesse acontecer?” essa seria dita em tom de inocência.

“Ótima ideia, essa dos seus Conselheiros.” essa com inconfundível ironia.

“Isso é uma espécie de piada, por acaso estão fazendo alguma pegadinha, já que meu aniversário está próximo?” animada curiosidade.

E, a que Jujuba imaginava ser a mais perigosa de todas, dita em um resmungo:

“Deveria ter me dado ouvidos.”

— O que disse? — a voz de seu pai atraiu sua atenção do papel de parede.

Ele a olhava com faiscantes olhos azuis e indisfarçável irritação. A pergunta foi feita em um tom baixo, mas Jujuba tinha conhecimento de que a sala toda havia escutado.

Ela inclinou um pouco a cabeça, intrigada. Será que tinha realmente resmungado aquilo? Se sim, devia se preparar para alguma resposta nada delicada de Rômulo. Inspirou fundo.

— Desculpe-me? — disse.

— Acabou de dizer, — o Rei apertou os olhos — com todas as letras, que eu devia tê-la dado ouvidos?

Ah, meu Glob, eu realmente falei isso em voz alta?

Rodou a cabeça, vendo que, de fato, Menta e os Conselheiros prestavam atenção no que estava acontecendo, embora tentassem disfarçar, fingindo que fitavam o chão ou o lustre enorme da sala.

Jujuba soltou o ar devagarinho, nem reparara que estava prendendo a respiração. Decidiu-se, não ia retirar suas palavras, voltou o olhar para seu pai. Quase desistiu de prosseguir, ao reparar em como ele parecia prestes a explodir. Mas não calou-se, ensaiou uma voz calma ao dizer:

— Sim. — uma pequena pausa — Como pode ver essa pré-seleção está sendo um fracasso, e o senhor e eu, não precisaríamos estar passando por esse momento embaraçoso se tivesse ouvido a mim, ao invés de seus Conselheiros.

Menta resfolegou, os Conselheiros se agitaram em suas cadeiras e Rômulo... Ele sorriu para Jujuba, mas era um tipo de sorriso que não causa agrado. O Rei a desdenhava.

— Este é só o início da pré-seleção. — falou, imitando o tom suave da filha, enquanto virava o rosto para frente, encarando as grandes portas duplas — Guarde suas palavras até o final dela, seja para engoli-las, seja para despeja-las em mim.

E Jujuba acabou rindo. Riu com vontade.

— Papai, o senhor também estava aqui quando aquele pato improvisou uma música para impressiona-lo, certo? — perguntou recuperando o fôlego.

Rômulo não a respondeu, mas a princesa viu que ele contraiu os lábios. Talvez segurando alguma resposta. Ele fazia isso de vez em quando. Jujuba suspeitava que seu pai se controlava para não discutir com ela em muitas ocasiões.

— Menta, anuncie o próximo nome da lista.

O mordomo, um pouco atordoado pelo fim brusco da conversa entre pai e filha, se atrapalhou ao desenrolar um longo pergaminho.

Hem, hem. — pigarreou — Vossa Alteza, Príncipe Braco Waffle, filho mais novo do Rei Reinaldo Waffle, do Reino Café-da-Manhã.

A sala do trono foi mergulhada em um novo silêncio. Aquele era o primeiro príncipe. Jujuba se perguntou por que raios os príncipes não foram anunciados logo de início?, e se pegou respondendo a si mesma: os nomes estão sendo lidos por ordem de inscrição.

As pesadas portas se abriram e um rapaz entrou na sala do trono. Suas roupas eram feitas de tecidos finos e bem cortados. Sua presença arrancou um pequeno suspiro aliviado de todos os Conselheiros.

Jujuba franziu o nariz. Braco era... Bem, ele era lindo. Tinha cabelos castanhos curtos e encaracolados, que davam contraste na coroa clara de cristal que trazia na cabeça. Os olhos eram de um mel agradável e sua pele amarelada fazia jus ao seu povo. Ele tinha o tamanho certo, seu rosto possuía os ângulos certos e até mesmo sua forma de andar era a certa.

Braco, Jujuba teve a desagradável sensação, parecia ser o seu par perfeito.

Ele parou a certa distância dos três tronos — um deles desocupado — e fez uma reverência. Ao levantar a cabeça, mirou a princesa e sorriu. Jujuba engoliu em seco ao ver as fileiras de dentes brancos.

E também tinha algo mais. Jujuba estremeceu ao se dar conta. Braco a olhava como um homem apaixonado.

[...] Olhos ternos, que passavam um calor aconchegante e muito bem-vindo. Os mesmos que podiam se tornar um mar revoltoso quando algo a ameaçava. Aqueles eram olhos de um homem apaixonado. A princesa Costeletas suspirou. [...]

Princesa Costeletas e o Barão de Pimenta

Ela se lembrava dessa descrição de seu livro favorito. Waffle se encaixava nela. Ao menos, no momento, Jujuba tinha certeza que ele se encaixava na primeira linha. Era desconcertante, nem ao menos o conhecia e ele a fazia se sentir daquela forma. Quente, como... Como Marceline ao toca-la, na noite anterior.

— Vossa Majestade, — Braco pôs a atenção no Rei — para prova-lo de que sou digno de sua formosa filha, compus um poema.

Jujuba abriu um pouco mais os olhos, ninguém nunca a tinha chamado de formosa. Não com toda aquela sinceridade. Se pegou chateada pelo fato de Braco ter de impressionar seu pai. Queria que o poema fosse direcionado a ela.

Torradas e Bombons

Manteiga de Amendoim e Geleia

Furacão, Chuva e Tormenta

 Desesperança, Medo e Choro

Rosa e Vermelho

Amarelo e Caramelo

Coragem e Bravura

Alegria e Esperança

Sol, Brilhantes e Champanhas

Braco terminou de recitar o poema, fazendo nova reverência. Rômulo abriu a boca uma, duas vezes, mas nada conseguiu dizer. Jujuba teria adorado ver a expressão abobalhada de seu pai, mas estava ocupada demais olhando para o príncipe Waffle, assombrada.

Menta foi o primeiro a bater palmas. Contudo, não demorou muito para os Conselheiros o acompanharem. E, por fim, Rômulo ergueu uma das mãos, pedindo silêncio.

— Pode retirar-se. — disse para o príncipe.

Jujuba acompanhou as costas de Braco, até o mesmo desaparecer atrás das portas. Não conseguia fechar a boca.

— Isso foi... Foi... — ela testou as palavras, procurando as certas — Foi incrível! Inacreditável! Genial!

E finalmente pôde olhar para Rômulo. Ele a fitava, um sorrisinho arrogante no rosto. Sua admiração por Braco murchou no mesmo instante. Não, pensou, não posso me deixar levar por um rostinho bonito e um talento natural para criar poesias! Não vou me casar!

“— O que devo fazer? — Jujuba perguntou a vampira em seu quarto.

Marceline apanhava o abajur do chão. Ela passou o objeto de uma mão a outra, não olhava para Jujuba quando respondeu:

— Nada demais.

A princesa esperou que ela prosseguisse, mas percebeu que aquilo era tudo que a vampira pretendia dizer. Virou-se na cama, desviando o olhar da figura cheia de panos e mirando o alto teto.

— Poderia ser um pouco mais específica? — pediu, suspirando.

— Claro, — Marceline colocou o abajur no criado-mudo e andou em direção a sacada, onde as portas de vidro ainda estavam abertas — quero que aja normalmente, continue dando ao seu pai a impressão de que está disposta a encerrar o concurso. E, bem, precisa mostrar uma preferência por mim.

Jujuba sentiu o rosto esquentar na penumbra do quarto.

— Como posso ser contra o concurso e mostrar uma preferência por você, um dos candidatos?

— Você vai saber como. — respondeu imediatamente.

A princesa franziu as sobrancelhas, virando-se mais uma vez na cama e encarando a silhueta esfarrapada da vampira, por causa das capas diversas.

— Ah, outra coisa. — disse pondo os olhos sobre jujuba, a fazendo desviar o olhar, envergonhada — Preciso que me consiga informações sobre as provas, são todas secretas e se eu souber antes dos outros Candys o que vou precisar fazer será mais fácil de ganhar.

— C-certo. — ela concordou, observando o contorno do abajur, sem entender, por que estou tão nervosa?

— Não se preocupe com a pré-seleção, o Rei já anunciou o que é necessário para concorrer a sua mão.

— Já? — Jujuba perguntou, fazendo uma careta, mas claro que já o tinha feito.

— Sim. Somente os sete rapazes que conseguirem impressionar seu pai irão disputar oficialmente.

— Ah, ele pensou em tudo, não podia me deixar escolher meus próprios pretendentes, sabe que eu não me interessaria por nenhum. — falou amarga.

— Certamente.

Jujuba lançou um olhar aborrecido a vampira, não precisava que ela concordasse. Entretanto, sua irritação desapareceu. Marceline tinha um pequeno sorriso no rosto e seus olhos escuros brilhavam em divertimento, como se tivesse recordado de algo engraçado.

— Ficarei de guarda em sua porta até amanhecer. — informou, afastando-se das postas de vidro e se dirigindo a saída do quarto — Os guardas banana estão dormindo em pé aí fora.

Jujuba acompanhou o conjunto de capas, incapaz de desviar sua atenção.

— Quero que peça ao Rei para reforçar a segurança de seus aposentos e também dos dele, diga que é porque pegou os guardas tirando um cochilo.

E com isso, saiu.”


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Notas finais do capítulo

Gente, sei que o poema do Braco é ridículo, sei realmente, mas estamos falando do AT e as coisas são sempre esquisitas quando se trata de AT



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