I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 3
Ele é um Candy!


Notas iniciais do capítulo

Este cap. é dedicado a Biatunix e AlexaLF, bjs pro'cês :*



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Quando chegara ao castelo sendo carregada por um misterioso encapuzado, as centenas de empregados que procuravam por ela, dentro e fora do Reino, suspiraram aliviados.

Seu pai, entretanto, não a recebeu feliz, tão pouco triste ou irritado. O que Jujuba estranhou, mas não mais do que o encapuzado a ter acompanhado até o escritório do Rei quando ela saiu da ala hospitalar do castelo com o tornozelo novinho em folha graças a uma poção.

— Onde está sua coroa? — foi a primeira coisa que Rômulo disse a princesa assim que ela entrou na sala cuja as paredes eram tomadas por três estantes recheadas de livros.

A pergunta não foi feita aos gritos e muito menos com raiva contida, o tom do Rei demonstrava somente uma leve curiosidade. Jujuba, que não conseguia acreditar que o pai notara somente o sumiço da coroa em sua cabeça, respondeu na defensiva:

— Na minha penteadeira, eu não seria louca de ir para a floresta à noite usando a... — interrompeu-se ao perceber o que fizera, entregara-se de bandeja.

Engoliu em seco e baixou os olhos, esperando que enfim Rômulo gritasse, mas, novamente, ele não o fez. Jujuba voltou a encarar o pai, analisando seu rosto coberto pela barba e pelo cabelo, os olhos azuis gelados idênticos aos seus, o corpo alto ereto parado ao lado de uma estante e as mãos cruzadas nas costas. Parecia calmo e dava a impressão de estar lendo as lombadas dos livros.

— Imaginei que tivesse fugido para lá. — ele comentou alisando a barba e direcionando sua atenção, não a Jujuba, mas ao encapuzado ao lado da filha — Devo confessar que estou surpreso por sua prontidão.

Ela viu os vários panos balançarem quando o estranho que lhe salvara a vida inclinou-se em uma reverência rápida e ainda assim impecável. Jujuba franziu as sobrancelhas, um pouco intrigada, seu pai mandara chamar o estranho encapuzado ou algo do tipo? Se sim, terem se encontrado na floresta fora uma tremenda coincidência.

— Bebe alguma coisa além de...? Bem, eu tenho um ótimo uísque aqui. — Rômulo se dirigiu a uma mesinha ao lado de sua enorme escrivaninha de chocolate defronte a porta e posicionada embaixo da única janela do lugar, que estava aberta e permitia a vista de um pedaço azul escuro do céu.

Ele pegou uma garrafa de cristal que estava sobre a mesa e a mostrou. Jujuba contraiu o maxilar, seu pai estava evitando olha-la ou era impressão sua?

O encapuzado pareceu ter aceitado a bebida, pois o Rei agora enchia dois copos de cristal com o líquido âmbar da garrafa. Era estranho vê-lo fazer aquilo quando ela crescera observando outras pessoas servi-lo. Sem nenhuma palavra, o estranho cheio de panos recolheu o copo oferecido por Rômulo e sentou-se em uma das poltronas de frente a escrivaninha.

A princesa pigarreou, certa de que por algum motivo inacreditável, seu pai tinha esquecido que ela fugira do castelo para um lugar perigoso, e por uma loucura querendo que ele se lembrasse disso e brigasse com ela.

Contudo, o Rei fingiu não ouvi-la e descansou em sua poltrona atrás da escrivaninha, bebeu um gole do uísque sendo acompanhado pelo silencioso encapuzado, que nem para tomar a bebida tirava o capuz.

Jujuba entendeu o que seu pai fazia e decidiu que preferia mil vezes ser gritada àquilo. Assim, mesmo envergonhada, ela empinou o queixo com toda a sua arrogância e falou de uma vez, como fazia sempre que enfrentava seu pai:

— Está tentando me fazer sentir culpa, ignorando-me, imagino. Mas não perca seu tempo, não estou nem um pouco arrependida por ter saído do Reino esta noite, na verdade, eu não podia estar mais satisfeita.

Os olhos gelados de seu pai se colocaram sobre a filha, reprovadores ao notarem os cabelos bagunçados, as roupas nada apropriadas para uma princesa rasgadas em certos pontos e a sujeira que a acompanhava por completo. Um calafrio atravessou a espinha de Jujuba e ela já se arrependia de ter desafiado Rômulo, entretanto, prosseguiu mantendo a pose.

— Matei um Javali Bufante. — soltou em tom orgulhoso e deu uma olhada de esguelha aos panos que se sacudiram por um momento, o encapuzado devia ter se sobressaltado — Sozinha.

Ela temeu que ele a entregasse, que balançasse os braços em sinal de recusa ou revelasse sua voz e exclamasse um grande “MENTIROSA!”.  Mas tudo que o encapuzado fez foi tomar mais um gole do uísque. Com isso, ela prendeu os olhos de seu pai nos seus, passando a honestidade necessária para que ele acreditasse em suas palavras. Alguns segundos e Rômulo se soltou, pondo o copo sobre a escrivaninha abarrotada de pergaminhos e se dirigiu mais uma vez ao estranho:

— A pré-seleção ocorrerá amanhã, às quatro da tarde. Sei que ia passar essa noite na pousada que reservei para os candidatos, mas como trouxe minha filha de volta, quero que durma aqui. Mordomo Menta deve estar te esperando do outro lado dessa porta, ele te levara ao seu quarto.

Daí, a compreensão atingiu Jujuba como uma tijolada. Seu estômago deu um solavanco e seu pescoço e rosto esquentaram de raiva. Ela fechou as mãos em punhos e rosnou entredentes:

— Não acredito que vai continuar com isso!

— Ah, claro, presumo que ainda não saiba o nome desse rapaz, ele dificilmente fala. — o Rei disse indicando o encapuzado com uma das mãos e fingindo que Jujuba não estava prestes a explodir — Este é Marshall Lee Abadeer, o Rei da Noitosfera.

A informação teria afetado muito mais a princesa se ela não estivesse arfando de tanta indignação. Tudo o que levou em conta foi que o nome do maldito era Marshall e no mesmo instante passou a xinga-lo mentalmente, e até faria de outra forma, mais sua boca se ocupou com seu pai:

— Seu velho prepotente! Não se envergonha de colocar sua filha como prêmio de um concurso nojento?! Sou perfeitamente capaz de...!

—... Deixar seu povo inconsolável, procurando-a por horas a fio por causa de seu egoísmo! Não conhece o peso da responsabilidade e age por impulso, sem consultar a opinião de mais ninguém. Bonnibel Bubblegum, eu seria louco se entregasse o Reino que zelei por tanto tempo inteiramente a você.

As palavras duras e frias de seu pai perfuraram seu coração como se fossem facas afiadas. Por alguns instantes ela pensou que não conseguiria voltar a respirar devido ao tempo que passou prendendo o ar nos pulmões, mas não demorou que começasse a arquejar. Sua vista ficou turva pelas lágrimas que agora queimavam seus olhos, mas não as soltou, segurou-as firmemente e esforçando-se por causa do nó que tomou sua garganta, disse, magoada demais para refletir:

— Se sou desse jeito, se não sirvo para governar, se sou uma vergonha para você, a culpa é inteiramente sua! Talvez eu fosse diferente se mamãe estivesse viva...

E Jujuba jurou ter visto uma centelha de sentimento perpassar os olhos de seu pai, mas não durou muito, logo Rômulo sorriu (na verdade, foi mais para um esgar) e voltou-se a Marshall, e Jujuba se sentiu muito pior ao notar que o encapuzado estava ali e presenciara aquela humilhação.

— Sinto muito por ter visto a falta de decoro de minha filha, posso garantir que teve a melhor educação que o dinheiro pode pagar, contudo, quando a madeira é difícil nem mesmo o melhor dos artesãos consegue esculpi-la.

Com isso, Jujuba engoliu um soluço e deu meia volta. Bateu a porta ao sair e quase esbarrou no mordomo Menta, que esperava ali o tal Marshall, um dos candidatos a seu marido.

— Princesa, o que houve?! — ele perguntou alarmado ao ver seu estado de aflição.

Mas Jujuba não tinha forças para responder, ignorou o doce e pôs-se a correr em direção ao seu quarto. Jogou-se sobre a cama depois de expulsar as serviçais que a esperavam para despi-la e a preparar para dormir. Quando sua cabeça encostou no travesseiro macio, deixou que as lágrimas escapassem e os soluços a sacudissem.


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Notas finais do capítulo

See You Later o/ s2



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