I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 16
O Diário Põe a Prova (Parte 02)


Notas iniciais do capítulo

Prometido e cumprido!
Aqui está a segunda parte ;)



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Eu amo flores. Elas são as modelos da natureza. Delicadas, coloridas, enfim, perfeitas a meu ver. É por essa particular paixão que decidi trabalhar com estas beldades. Criar espécies é um hobby que mantenho há muito tempo e sempre achei estimulante a capacidade de dar vida a uma nova variação de flor. Contudo, acho que estou prestes a fazer uma das experiências mais excitantes: combinar DNA vampírico com o de uma simples e frágil planta. Betty ainda não sabe dessa minha ideia, não temos nos visto ultimamente, ela anda ocupada com Simon (e eu não a culpo por isso, o homem é um deus!).

Enfim, já planejei o processo para o experimento e, por incrível que pareça, Rômulo me ofereceu a estufa do castelo doce para realizar essa minha façanha. Acho... Acho que gosto dele... Dos seus olhos azuis brilhantes, do seu topete rosado, de seu jeito pomposo, da forma como parece preencher uma sala somente com a sua presença. Do sorriso tímido...

Voltando a minha pesquisa; planejo usar a anormalidade do sangue de Marshall para criar uma espécie de cura para os vampiros contra o sol. Marceline não disse uma palavra quando informei minhas pretensões, ela ainda está irritada comigo por eu ter me infiltrado na Noitosfera sozinha semana passada. Mas acho que ela iria adorar poder sair de casa sem se preocupar em virar cinzas ao menor sinal de claridade.

Diário de Pesquisas, pág. 35

***

Ah, Jujuba realmente queria matá-la. Sentir suas mãos apertarem aquele pescoço branco e fazê-la pedir desculpas por suas mentiras e suas manipulações! Mas... Por mais que imaginasse Mil e Uma Formas de Executar Marceline Abadeer, ela não conseguia impedir seus olhos de escorregarem pelas curvas que aquela calça revelava.

Esse contraste de vontades distraía Jujuba constantemente do assunto da reunião para qual Marshall a tinha levado. Ela não esperava ter de lidar com a vampira tão cedo, porém, Guy tinha adentrado na sala de retratos para informá-los sobre a convocação de Marceline. E agora ela estava ali, sendo obrigada a segurar sua língua até que um plano para a primeira prova fosse combinado.

— Marshall, graças a Bonnie, temos a vantagem de saber duas das três bestas que poderá escolher durante o Concurso — Gumball tinha começado, ansioso — Um Leão Branco Destemido do Alasca ou um Urso Desgarrado.

— Levando em consideração as suas habilidades, a melhor opção, a meu ver, seria o Leão Branco — Marceline apontou enquanto circulava a sala.

Jujuba podia jurar que a vampira estava nervosa, irrequieta. Talvez ela possuísse mesmo a capacidade de ler mentes e estivesse afundando-se nas suas fantasias perversas. Ou (com toda certeza) se desconcentrando com a intensidade com que seus olhos azuis a perseguiam.

Isso mesmo, é melhor ficar preocupada!

— Eu acho que posso lidar com o Urso.

— Mas Marshall...

O vampiro pôs uma mão no braço do namorado, indicando para que não o interrompesse.

— Se eu passar pela prova enfrentando a besta mais fraca não irei causar uma grande impressão.

— Você tem um ponto irmão. — Marceline parou ao lado de Jujuba — Contudo, eu espero que a preferência que Bonnie tem demonstrado por você em frente aos convidados já tenha alavancado sua imagem o suficiente.

— Além disso, e se... E se você não conseguir derrotar o Urso? — Gumball finalmente falou.

A coisa errada.

— Eu sou um vampiro. O Rei dos Vampiros! — Marshall exclamou.

Jujuba, que até aquele ponto estava imaginando se Marceline podia sentir sua fúria escapando de seu corpo, voltou à atenção para o vampiro, surpresa ao ver que ele estava com raiva. Uma raiva profunda. Nada de biquinho ou braços cruzados. Marshall parecia outra pessoa. Menos descontraído... Menos... Ele.

 — Nós sabemos disso. — A voz gelada de Marceline a provocou um arrepio.

Gumball agora estava agarrado a um braço de Marshall, conciliador.

— Acontece que se falhar na primeira prova, tudo estará acabado. O Leão Branco é o caminho mais seguro para o plano. E para você.

Marshall fitou o namorado. Eles ficaram em silêncio. E tudo estava resolvido. Jujuba observou aquele desconhecido abandonar o corpo de Marshall, enquanto Gumball abraçava sua cintura. Ela pensou que se sentiria estranha ao presenciar uma troca de afeto entre os dois, porém, aquilo soou perfeitamente natural. Naturalmente Perfeito (?).

— Você está certo — o vampiro concordou, calmo — Eu ficaria péssimo se ferrasse tudo só por causa de meu orgulho.

— Ótimo — Marceline concluiu, indo em direção ao casal — Acho que estamos resolvidos.

— Bem... — Gumball fitou Jujuba.

Os irmãos fizeram o mesmo. Percebendo que eles estavam esperando alguma opinião de sua parte, a princesa soltou em um tom indiferente:

— Sim, nós estamos resolvidos.

Marceline a encarou, parecendo tentar desvendar o que se passava por sua cabeça.

Ah, não tenha pressa querida, você logo saberá...

— Então, mais alguma ordem? — Gumball indagou a vampira.

— Sim. — Ela sorriu — Quero que subam para seus quartos e descansem, amanhã será um longo dia.

— Podemos descansar em um só quarto? — Marshall mexeu as sobrancelhas, insinuante.

— Até na mesma cama — Marceline retorquiu, piscando para Chiclete.

— Ok, já chega, vamos sair daqui. — Ele puxou o namorado para a porta, o rosto mais vermelho do que nunca.

Click!

E as duas estavam sozinhas.

Que soem os gongos!

Marceline se virou, pondo os olhos sobre ela mais uma vez. E, se Jujuba não estivesse tão irritada, teria achado a forma como suas bochechas coraram encantadora. Mas ela estava com raiva, agora não só por causa do assunto envolvendo sua mãe, mas também porque, após ler o capítulo inteiro sobre Marceline no diário, ela descobriu que, de fato, existia um maldito charme vampírico.

Lembrara-se da conversa que tinha tido com Marshall sobre o tal feitiço, de como acreditara no vampiro e de como refutara sua palavra após Marceline tê-la dito para fazê-lo, sem nem ao menos saber sobre o que os dois tinham conversado. O resultado era: Marshall estava falando a verdade, logo, a vampira estava sim a seduzindo. Por causa do que ela tinha a oferecer. Por causa de sua Coroa.

Não estava apaixonada por Marceline. Nem mesmo curiosa. Estivera sobre a influência do seu charme todo esse tempo. Ou ao menos era no que acreditava. E, por Glob! Quero esbofeteá-la!

— Bonnie, está tudo bem?

— Ah, sim, está tudo ótimo. Maravilhoso — respondeu.

— Tem certeza? Desde que entrou me olha como se quisesse me contar algo.

Jujuba apenas deu um pequeno aceno para confirmar.

A vampira tinha percebido que alguma coisa estava incomodando-a, porém, acreditava que isso fosse produto da proximidade do Concurso. Assim, procurou assegurá-la de que tudo daria certo. Embora a própria Rainha não tivesse tanta certeza sobre isso.

— Não há nada para temer, eu e você temos um acordo, não é?

Bonnibel esforçou-se para manter sua ira contida quando Marceline caminhou até ela, ainda se decidindo por onde começaria com a vampira; evitando os olhos negros, a princesa preferiu focar nos lábios traiçoeiros que a tinham enganado nos últimos dias. Negou-se a prender a respiração quando as mãos de Marceline pousaram em sua cintura e tentou reprimir um arrepio quando Marceline a puxou para si, abraçando-a. Até parecia que sentia alguma coisa por ela de verdade, essa desgraçada!

— Eu vou te proteger — sussurrou em seu ouvido. — Não vou deixar ninguém te machucar. Eu...

Jujuba não pôde evitar fechar os olhos. Sentiu a vampira ofegar, e logo ela se viu fitando-a diretamente. Quase se esqueceu de tudo ao ver a comoção que tinha tomado Marceline.

— Eu sou capaz de fazer qualquer coisa por você — murmurou.

E isso trouxe Bonnibel de volta a si. Se recusando a acreditar nas palavras da vampira, mas disposta a se aproveitar das mesmas, ela se desenlaçou de Marceline, afastando-se, sua respiração se acelerando de antecipação.

— Qualquer coisa, hum? — Ergueu o queixo, se preparando para o confronto — Que tal me dizer o que aconteceu com minha mãe?

Se o momento não fosse tão sério, Bonnibel estaria achando graça da transição de emoções da vampira. Primeiro ela estava confusa com a clara rejeição a sua declaração, depois, intrigada com a pose desafiante de Jujuba, e, no fim, ao ouvir a pergunta, seu rosto tornou-se um quadro em branco de indiferença.

— Ah, eu deveria ter previsto essa pergunta, afinal, aquele é o diário de Aurora.

— Sim, é. — Jujuba começou a bater o pé no chão, exasperada — Engraçado como você se esqueceu de mencionar que era uma grande amiga de minha mãe.

Esse apontamento provocou uma reação interessante em Marceline. Em um minuto ela era a própria imagem da apatia, e no outro:

— S-sim, Aurora e eu costumávamos ser inseparáveis — gaguejou — Não que isso fosse anormal, uma vez que ela estudava minha raça. Claro que Marshall também a ajudava, mas eu era sua favorita... E com isso eu quero dizer que ela possuía um grande interesse por mim... Não esse tipo de interesse! Erámos só amigas, eu garanto.

Jujuba fez uma careta diante da tagarelice nada característica da vampira.

— Sem mencionar que ela era apaixonada por seu pai, e...

Decidida a cortar o papo furado, Jujuba tornou ao objetivo principal da conversa:

— O que aconteceu com minha mãe?

Marceline se calou. Por alguns momentos sua visão saiu de foco, um suspiro escapando de seus lábios.

— Marcy! — Elevou a voz — Responda a maldita pergunta!

— Bonnie, se Rômulo não lhe contou não acho que seja certo eu fazê-lo — justificou, a atenção de volta a Jujuba.

E, como se a negativa não fosse suficiente para enlouquecer Bonnibel, ela deu um passo adiante, segurando uma de suas mãos, pena cobrindo cada traço de seus atos. Prevendo que um “me desculpe” estava prestes a sair da boca da vampira, Jujuba se livrou do enlace dos dedos de Marceline.

Ela sabia. Isso era o pior de tudo. Ela sabia o que tinha provocado à morte de sua mãe e não ia contá-la. Tal como seu pai.

— Não acha que seja certo? — Sua voz vibrou de fúria.

— Veja bem, esse é um assunto muito delicado envolvendo seus pais, eu... — Marceline tentou se aproximar novamente, a fim de tranquilizar Jujuba.

Mas foi obrigada a parar.

Você! — Bonnibel apontou um dedo trêmulo, inspirando fundo — Você me diz que não pode me contar por ser um assunto delicado envolvendo meus pais, contudo, você sabe.

— Bonn...

— EU SOU A FILHA DELA!— prosseguiu, transbordando de revolta. — EU MEREÇO SABER!

— Bonnie, eu realmente queria te... — Marceline procurou continuar, entretanto:

— Não! Nem mesmo tente.

Jujuba baixou a cabeça, recuperando o fôlego para mais uma explosão. Via-se incapaz de conter-se uma vez que já tinha começado.

— Seu capítulo... — murmurou, encarando Marceline com um ódio borbulhante — Eu li seu capítulo!

— Leu meu capítulo... — A vampira desviou os olhos.

Bonnibel jurava que podia sentir cada grama de tensão que tomou a vampira. E essa sensação era maravilhosa. Saber que podia fazer uma Rainha estremecer sob suas palavras, saber que tinha a capacidade de afetá-la.

— É, eu li! — reafirmou, com exaltação — E sabe o que mais me chamou a atenção?! O charme vampírico! Uma habilidade bastante eficiente quando se trata de controlar as pessoas!

— Eu sabia que você ia ter a ideia errada, por isso tentei impedir que pegasse o diário. — Marceline ergueu as mãos em um pedido silencioso para a princesa se acalmar — Isso é um mal...

— Não me venha dizer que é um mal entendido, tudo está claro como cristal! Você tem me seduzido para conseguir minha ajuda! — Neste ponto Jujuba se sacudia de cólera — E pensar que minha mãe era amiga de alguém capaz de tal coisa!

Marceline oscilou, as mãos agora fechadas em punhos; a última parte realmente a encrespou.

— Eu quase me entreguei a você! — acusou, a voz tornando-se embargada — Glob! Você teria feito! Teria me arruinado se Menta não tivesse entrado em meu quarto! Que infernos! Quem você pensa que é?! Fazendo-me de idiota todo esse tempo! Por acaso pensou que eu era solitária demais para me importar em ser manipulada dessa forma?!

Jujuba teve de fazer uma pausa, um nó tinha se formado em sua garganta. As lágrimas que escorregavam por suas bochechas não faziam muito para aliviar a pressão em seu peito, nem apagar a vermelhidão de seu rosto.

— Eu posso dizer com toda sinceridade que não usei meu charme para enfeitiçá-la — Marceline disse, com calma estoica, aproveitando-se do breve silêncio de Bonnibel.

— Não espere que eu acredite em você!

— E eu posso entender o porquê; não seria nada surpreendente se eu precisasse seduzi-la.

— O que quer...?! — Jujuba começou e...

— Quero dizer que é uma grande egoísta, que só aceitou me ajudar ao descobrir que eu estava disposta a sabotar o Concurso — Marceline terminou.

E isso doeu. Doeu, pois, em certo grau, era verdade. Não que Jujuba fosse se negar a tamanha causa, contudo, tinha feito questão de obter algum ganho pessoal antes de aceitar participar do plano de Marceline.

— Eu prefiro ser uma egoísta a uma manipuladora chupadora de sangue! — vociferou — Uma parasita que usa dos truques mais baixos para conseguir o que quer!

Jujuba sabia que tinha exagerado. Até porque queria exagerar. Mas se arrependeu pelo insulto assim que Marceline cortou a distância entre elas e segurou seu pulso.

— Retire o que disse! Agora! — exigiu em tom ameaçador.

— Não! — gritou, mesmo que a vampira estivesse a machucando.

E assim que a negativa saiu de sua boca, ela desejou ter dito um “sim”, pois, para seu horror, Marceline chiou para ela, mostrando as presas afiadas. Um brilho vermelho perpassando pelos olhos negros.

— Acha que eu precisaria de meu charme para conseguir qualquer coisa de você?!

— Marceline, me solta — disse entredentes, quando sua mão começou a ficar dormente por conta do aperto.

Mas Marceline não a soltou. Pelo contrário, colocou ainda mais pressão ao redor do pulso fino de Jujuba. Ela mordeu o lábio para não gritar.

— Como tem a coragem de me insultar?! Estou arriscando minha cabeça por você!

Jujuba vacilou. O medo se infiltrando em seu sangue. Mais lágrimas se amontoaram em seus olhos, mas ela se recusou a derramá-las.

— ME COLOQUEI NA LINHA DE FOGO PARA TE PROTEGER! — rugiu.

Bonnibel se encolheu, desejando que aquele vermelho horrível abandonasse as íris da vampira.

— Me solta... — implorou, a voz trêmula — Por favor...

Daí, para sua sorte, algo em sua expressão aterrorizada pareceu trazer a razão de volta a Marceline. Ela largou seu pulso, recuando.  Bonnibel engoliu em seco, incapaz de afastar a atenção da vampira. Era como observar toda a metamorfose de uma lagarta. Ao contrário. Ver a selvagem borboleta recuar para dentro do casulo foi um tremendo alívio.

— Eu perdi o controle! Há quinze anos que isso não acontece! — Marceline exclamou, falando mais consigo mesma — Depois de tantas sessões de relaxamento e malditos testes!

Jujuba assistiu a esse monólogo sem dizer palavra. Estava espantada demais. E... Curiosa. Afinal, ela era quem devia estar surtando após o ataque, e com razão. Mas Marceline...

Felizmente, não foi preciso esforço algum para suas dúvidas serem sanadas:

— Eu te machuquei?!

“Fui eu?! Eu te machuquei?!”

A lembrança pipocou na cabeça de Jujuba ao ouvir a pergunta.

Sim, você quase quebrou meu pulso!

Entretanto, ela achou impossível dar essa resposta a Marceline ao ver os olhos negros cobertos de confusão. E medo.

— Não, você só me assustou — mentiu.

As emoções da vampira suavizaram um pouco.

Por que eu estou mentindo? Ela estava me usando, e ainda por cima me nega a verdade sobre minha mãe!

Porque, no final de tudo, não estava mais tão certa sobre o charme vampírico. Não acreditava que Marceline tivesse feito toda essa cena por nada. Ela realmente ficou ultrajada com sua acusação. Além do mais, se a vampira podia controlá-la, como aquela discussão acabou acontecendo?

E foi aí que a ficha de Jujuba caiu. Ela estava de fato apaixonada pela vampira. Porém, para sua desgraça, foi obrigada a sofrer as consequências de sua tolice logo ao perceber a verdade.

— Isso já foi longe demais! — Marceline se encaminhou a porta — Não sei o que estava passando pela minha cabeça ao dar continuidade a essa loucura...

Espera, por acaso ela está se referindo a...?

Marceline voltou-se, encarando Jujuba.

Naquele momento, quando seus olhos encontraram-se, Bonnibel imaginou uma pequena mola sendo esticada. Cada vez mais e mais.

— Daqui em diante, garanto que não ficaremos sozinhas novamente — a vampira declarou.

Lei de Hooke. A mola sofre uma deformação após ter tanta força aplicada sobre ela. Nunca voltando a ser o que era antes. Assim era Jujuba após ter beijado Marceline.

Um aperto sufocou seu coração ao simples pensamento de não poder sentir aqueles lábios sobre os seus de novo. Era como se alguém tivesse posto uma camisa de força no insensato órgão. O que até fazia sentido, uma vez que o mesmo passou dos limites ao resolver se entregar a Marceline.

— Calma Marcy. — As palavras voaram de sua boca — Eu cometi um erro!

Ela não disse nada, somente continuou a fitar os olhos azuis, as sobrancelhas levemente franzidas.

— Fui uma tola impulsiva, me desculpe! — continuou, mais nervosa — É só que eu sempre achei que amor a primeira vista fosse uma coisa criada por escritores!

O rosto de Jujuba queimou ao sussurrar:

— Por isso é tão difícil acreditar no que eu sinto por você.

Silêncio.

— Não precisa se afastar de mim... — Bonnibel achou impossível sustentar o olhar da vampira por mais tempo — Eu prometo que não vou mais duvidar de suas intenções.

Daí:

— Isso é perigoso, Bonnie! Olhe só para você! — Marceline disse, descrença em cada traço de seu rosto — Há um minuto você estava aterrorizada e agora... Agora está barganhando por minha presença!

Jujuba arquejou ao dar uma espiada no ponto de vista da vampira. Desesperando-se, ela soltou, as palavras se atropelando:

— Eu não deveria ter te provocado! Sei que aquela não era você, sei que não me machucaria de proposito! Eu mereci...

— Machucar você?! Eu fiz isso?! — Marceline a interrompeu, horrorizada.

Merda!

— Como eu já disse, eu mere...

— Não, você não mereceu nada! — retorquiu, indignada com o quão longe Jujuba estava indo — Não tente justificar meu ataque! Não vê que é a isso que estou me referindo?!

A vampira fez um gesto indicando as duas, e Bonnibel soltou um longo suspiro, frustrada. A dor em seu coração doce se tornando aguda.

Com decisão, Marceline anunciou:

— Eu vou acompanhá-la aos seus aposentos, senhorita Bubblegum.

Jujuba mordeu o lábio inferior, recusando-se a chorar. Por fora, porque por dentro ela já tinha aberto o berreiro.

Não, eu não vou deixar que...

— Não faça isso, Marcy! Nem mesmo pense em terminar comigo! — esganiçou-se.

— Não tem como eu terminar algo que, tecnicamente, nem ao menos começou! — assegurou, aborrecendo-se com a insistência da princesa.

— “Tecnicamente”? — Jujuba cruzou os braços — Quer um exemplo mais claro de envolvimento amoroso do que sua língua na minha garganta?!

— Sim — Marceline arqueou as sobrancelhas, desdenhosa — Que tal eu te pedindo em namoro, coisa que não fiz em momento algum?

Bonnibel abriu a boca uma, duas vezes, mas não conseguiu bolar nada bom o suficiente para fazer Marceline mudar de ideia. Assim:

— Quer se afastar? Ótimo, faça como quiser, mas não espere que eu vá cooperar com você!

Marceline inclinou um pouco a cabeça, comprimindo os lábios enquanto observava Jujuba arfar. Inspira, expira. Ela se concentrou, revivendo na memória todas as ousadias protagonizadas por Bonnibel. Era provável que a princesa cometesse uma loucura. Entretanto, Marceline não imaginava nada mais prejudicial do que alimentar aquela relação que, desde o início, já estava fadada ao fracasso.

— Eu vou acompanhá-la aos seus aposentos, senhorita Bubblegum — repetiu, girando o trinco e abrindo a porta.


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Notas finais do capítulo

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