I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 12
Vivendo e Aprendendo


Notas iniciais do capítulo

Olá amores :D Venho trazendo um presentinho de Natal! Capítulo novinho em folha! Aproveitem o/



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O laboratório de Bonnibel Bubblegum era o mais avançado de toda a Terra de Ooo, mas, caso alguém a perguntasse sobre o mesmo, ela diria: ah, isso? Meu pai me deu de presente em minha festa de quinze anos!

A estrutura foi inteiramente construída no subsolo, existiam algumas passagens secretas no castelo doce que levavam ao local. Muito bem equipado, o laboratório contava com todo tipo de geringonça tecnológica que Jujuba inventava por diversão.

— Não é nenhum deles. — Marceline levantou-se da cadeira, um pequeno traço de irritação em seu rosto.

Jujuba ficou calada, só observando a vampira começar a andar em círculos. Como é que eu posso descobrir se ela estava em meu quarto?

— Tem certeza? — Marshall tinha uma expressão séria ao perguntar.

Marceline parou de dar voltas e encarou o irmão, apontando para o monitor do computador.

— Já assistiu alguma dessas entrevistas? Eles não tem inteligência o suficiente para arquitetar um assassinato!

— E isso... — Jujuba abriu a boca, quase perdendo as palavras quando os dois pares de olhos negros focaram nela. — E isso te deixa irritada?

A vampira suspirou (para variar) antes de retirar a fita cassete do computador.

— Marshall, precisamos conversar, não pense que eu me esqueci do que fez ontem. — Marceline jogou a fita sobre um dos vários balcões.

Ela me ignorou?

Marshall foi em direção à porta, um sorriso malicioso tomando forma em seu rosto.

— Desculpe-me irmã, mas era o certo a se fazer — ele disse — Aliás, acho que o mais importante no momento é vocês duas esclarecerem algumas coisinhas.

O vampiro piscou para uma Jujuba vermelhíssima e, sem esperar, se mandou do laboratório. Um silêncio constrangedor surgiu entre elas, nem parecia que a menos de quinze minutos estavam se beijando em uma sala escura do castelo.

***

“— Finalmente consegui te achar!

— Ah, oi.

Marshall Abadeer, Rei da Noitosfera, Rei dos Vampiros, 1050 anos de idade, canceriano.

— Bem, Marshall, sem dúvida alguma, você é a maior sensação do momento. Algumas fontes confiáveis indicam que a Princesa Doce te escolheu como favorito, o que tem a dizer sobre isso?

— Nada, eu acho.

— É sempre tão modesto?

— Eu não sou modesto, na verdade, tenho certeza de que irei ganhar.

— A mão da Princesa é um prêmio e tanto, não é?

— É, um dos.”

***

— Então, foi você que teve a ideia das entrevistas? — Marceline quebrou o silêncio.

— As entrevistas já estavam sendo feitas, eu só pedi uma cópia — Jujuba respondeu de sua cadeira giratória.

— Vejo que deu um jeito no vestido.

— Menta me ensinou uma poção para tirar manchas. — Jujuba alisou o tecido azul claro de um de seus vestidos preferidos.

A vampira ergueu uma sobrancelha.

— Ok, qual é o problema? Por que está agindo assim?

— Assim como?

Sinta minha frieza!

Marceline ocupou a cadeira ao lado da sua. Jujuba se controlou para não acompanhá-la com os olhos.

— Sabe, — Ela repousou o rosto pálido em uma mão — enquanto você estava dormindo ontem à noite, eu fiquei te vigiando.

Oh My Glob! Ela vai contar! O que eu faço se ela tiver visto?! Calma, respira fundo, mantenha a pose!

Jujuba não resistiu e acabou por voltar à atenção aos olhos negros. Marceline os mantinha semiabertos, os cílios enormes dando a impressão de puxarem suas pálpebras para baixo.

— Marshall ficou no Baile com Chiclete — A vampira prosseguiu, o tom da voz diminuindo a cada palavra — Hoje pela manhã, Rômulo me convidou a permanecer no castelo, disse que um dos Jurados tinha lhe dado uma ótima ideia. Consegue ver o ponto, Bonnie?

A pergunta foi feita em um sussurro. Jujuba arregalou os olhos, porque, primeiro, ela me chamou de Bonnie? E, segundo, ela tinha se inclinado na direção da vampira conforme a voz da mesma baixava, como que hipnotizada. Enfeitiçada; deveria estar irritada com Marceline, não caindo aos seus pés!

Seu rosto esquentou, derretendo todo o gelo ao mirar a boca da vampira, que estava um pouco inchada graças ao beijo. Os lábios curvaram-se em um sorriso, as pontas brancas das presas aparecendo. O coração de Jujuba devia estar tentando entrar em forma, por qual outro motivo ele correria tanto?

Dedos tocaram seu queixo, e eles deviam estar infectados com alguma bactéria muito perigosa, pois a causavam febre quando entravam em contato com sua pele rosada.

— O ponto é: meu irmão deu um jeito de ocupar o lugar de Candy.

Jujuba podia ter bebido essas palavras, tão próxima sua boca estava da dela. Mas Marceline fez questão de...

— Chiclete fez um favorzinho ao namorado egoísta dele. — ... Quebrar o clima.

— Namorado?! — Jujuba voltou a recostar-se na cadeira. — Do que está falando?!

— Vejo que nem meu irmão nem seu primo tiveram coragem de te contar — Marceline riu com gosto.

— Contar o quê? — Ela impacientou-se, mesmo já tendo uma ideia do que Marceline iria falar.

— Chiclete e Marshall tem uma relação que vai além da amizade. Aliás, seu primo é o motivo de eu ter que tomar conta das responsabilidades do meu irmão.

Jujuba estava chocada. Ela se lembrou do dia, há dois anos atrás, em que Gumball disse que se mudaria do castelo e iria morar sozinho. Pelo visto nem tão sozinho.

— É por isso que ele nunca me deixou ir visitá-lo! — Jujuba disse para si mesma.

— Enquanto eu tenho que cuidar de todo um Reino, os dois pombinhos ficam namorando por aí — Marceline começou com um ar divertido, mas logo ficou séria — E ainda assim, Marshall se atreve a me desobedecer!

Jujuba prestou atenção nas mãos em punhos da vampira. Não sabia ainda o que era ser uma Rainha, porém, ao ver Marceline naquele momento, pela primeira vez, duvidou de que seria algo bom.

A imagem de Rômulo, seu pai, pipocou em sua cabeça. Eu sou obrigada a fazer o que ele me ordena, e ele... Ele tem que decidir o futuro de milhares de pessoas. Ele é escravo de seu povo...

Arrependimento. Jujuba detestava sentir arrependimento. Mas não podia evitar. Nos últimos tempos, estivera tão concentrada em seus próprios problemas que não viu como o seu pai poderia estar sobrecarregado.

— Droga! Eu sou uma menininha mimada! — resmungou.

Notou as mãos de Marceline relaxarem.

— Bonnie, seja lá o que Marshall tenha te dito, pense bem antes de acreditar. Ele estava aborrecido comigo por não deixá-lo ser o Candy.

— E só por isso ele deu um jeito de manipular meu pai? De comprometer todo o plano?

— Você não é a única mimada.

Jujuba sorriu, esquecendo da estória sobre o encanto vampiro. Fosse lá o que sentisse por Marceline, sabia que isso não podia ser só uma ilusão.

— Parece que esses dois anos não passaram para meu irmão, ele continua o mesmo, sempre se colocando acima de tudo.

Jujuba passou um tempo contemplando aquele momento estranho com a vampira. Daí, ela se tocou: ela não falou se estava...

— Marcy, — hesitação — ontem à noite, você ficou dentro ou fora de meu quarto enquanto me vigiava?

— Eu não me infiltraria em sua privacidade a não ser que estivesse em perigo — Marceline assegurou.

Jujuba suspirou aliviada. Não, SUPER aliviada. Mas então...

— E, considerando toda essa situação do Caos, você está em perigo constante, Bonnie — Marceline disse com um sorriso sacana.

Ai. Meu. Glob.

— V-você... Vo-você viu...?!

A vampira ergueu-se de sua cadeira e apoiou as mãos nos braços da de Jujuba, inclinou-se até que seu rosto estivesse bem próximo do da Princesa.

— Ah, eu quase podia sentir, Bonnie.

Jujuba se arrepiou ao ouvir seu nome sair como um murmúrio.

— Não fique vermelha, essa cor me enlouquece.

E ela a beijou. De novo. Pela segunda vez. No mesmo dia. Claro que Jujuba não reclamou, afinal, precisava praticar. Muito, pois, mesmo já estando familiarizada com as técnicas, seu corpo se surpreendeu com os lábios da vampira, com o gosto de sua boca, que ainda estavam frescos em sua memória. E Jujuba ainda não sabia de tudo. Suas mãos estavam ocupadas amarrotando o tecido de seu vestido, até que Marceline a ensinou o que devia fazer com elas:

— Me toque.

E Jujuba obedeceu, não tinha problema em acatar certas ordens. Suas mãos deslizaram pelos braços alvos da vampira até alcançarem o pescoço, depois as orelhas pontudas. E foi aí que Marceline se afastou.

Jujuba prostestou com um resmungo, mas a vampira não atendeu seu pedido. Com o rosto enrusbecido e os lábios ainda mais inchados, Marceline falou, cheia de dificuldade para encontrar as palavras:

— Está na hora do almoço, precisamos subir.

A vampira foi em direção a saída. Jujuba jogou a cabeça para trás, mal conseguindo respirar. Queria aprender mais. Contudo...

— Se apresse, todo mundo precisa participar das refeições, seria falta de educação e muito suspeito se nós duas não aparecermos.

— Como pode me dizer isso depois de... — Jujuba a encarou — Por que começou se não ia terminar?!

A vampira deu de ombros.

Argh!

— Isso não se faz!

— Entendo que esteja frustrada, mas precisamos...

— Calada!  — E, para sua surpresa, Marceline calou-se — Você nunca mais vai fazer isso! Entendeu?!

— Claro — Marceline disse, mais uma vez o sorriso travesso no rosto — Eu prometo que da próxima vez vou te ensinar tudo o que quiser saber.

***

Gumball estava observando o céu por uma das janelas de seu quarto. Seus ouvidos ainda doíam pela bronca que recebera de Marceline mais cedo. Mas ele estava feliz, ao menos não foi uma tapa, ou algo pior.

Saiu da janela, precisava se arrumar para o almoço, Rômulo pediu para que todos os Jurados comparecessem, ele iria anunciar a data do primeiro desafio que os Candys enfrentariam. Marceline já sabia do que se tratava a prova, porém, graças ao seu momento de fraqueza no Baile, não seria ela a se arriscar no Concurso, mas sim Marshall.

Estava preocupado com ele, embora fosse um vampiro, Marshall não podia fazer mal a uma mosca. A não ser, é claro, quando se tratava do próprio Gumball. O vampiro parecia sentir prazer em colocá-lo em situações difíceis.

— Meditando sobre que roupa usar?

Marshall surgiu atrás de Gumball, os braços rodeando a cintura do namorado doce.

— Não, estou pensando na grande burrice que fizemos ontem. — Chiclete se livrou do abraço do vampiro.

— Não foi burrice, era a coisa certa a fazer, Marceline se passar por mim era algo muito arriscado, alguém poderia descobrir facilmente — Marshall argumentou em sua defesa, voltando a colar seu corpo ao do namorado.

— Por que você sempre tem que soar tão convincente? — Gumball perguntou, já amolecendo.

— Esse é um dos meus talentos — o vampiro sussurrou no ouvido do outro.

— Mas, agora que você vai ser o Candy, terá de enfrentar as provas. Eu estou preocupado.

— Eu estou fazendo isso por nós — o vampiro deu um leve beijinho em seu ombro — Deixe-me fazê-lo se esquecer de suas preocupações.

Gumball gemeu, uma das mãos do vampiro apertou sua excitação sobre o tecido da calça.

— Veja só como está tenso. Eu vou dar um jeito nisso.

***

— Estou feliz em sentar ao seu lado.

Jujuba olhou para Braco Waffle e sorriu. Ela também estava feliz por sentar perto das pessoas menos estressantes da mesa: Braco e Finn.

— Acho que seu pai tem preferência por nós— Finn falou do outro lado — Não estou surpreso, somos os melhores partidos.

Jujuba riu do amigo.

— Concordo contigo, Finn —  ela disse, divertida.

— Finn Mertens, — Braco chamou a atenção do Cavalheiro — eu agradeço por ter interferido nessa manhã, eu estava fora de mim.

— Não se preocupe, não te culpo por sentir vontade de arrancar a cabeça de Flame, ele consegue ser irritante quando quer — Finn o tranquilizou.

Logo os dois começaram a conversar como se fossem melhores amigos. O que um ódio em comum não faz? Jujuba contribuía com uma palavra ou outra. Estava ocupada com seus pensamentos.

Marshall e Gumball não tinham chegado ainda, o que estava atrasando o almoço e garantia a Jujuba que, para a tristeza de Finn e Braco, Marshall era o preferido de seu pai, ou então eles já estariam comendo.

Mas isso só ocupou sua cabeça por alguns minutos. Depois, começou a imaginar a relação dos dois. E desejou saber como... Funcionava. Aliás, como funcionava entre duas mulheres? Como ela e Marceline...?

No que eu estou pensando?

—  Você está bem, Bonnibel?

Jujuba olhou para Finn, o Cavalheiro tinha uma expressão preocupada.

— Estou — ela respondeu — Por que?

— Parece que está com febre.

Ela deu uma risadinha nervosa. Como dizer a Finn que ele estava mais do que certo, só que sua febre não passava com nenhuma poção?

— Ah, parece que enfim começaremos o almoço! — A voz estrondosa do Rei Doce chamou a atenção de todos.

Jujuba fitou o pai sem conseguir se impedir de sentir-se culpada. Precisava se desculpar com ele por ter sido tão infantil. Ele estava certo em não confiar a Coroa Doce somente a ela.

Depois, viu que Marshall e Gumball sentavam-se ao lado de Marceline, que estava bem a sua frente. Os dois vestidos dignamente, o vampiro tinha se livrado das capas. Marceline não parecia nada contente ao estar rodeada pelos aliados.

— Eu tenho algo de grande importância para dizê-los — Rômulo anunciou — A primeira prova ocorrerá daqui a duas noites! Agora, sei que devem estar tão famintos quanto eu, por isso, vamos aproveitar esta bela refeição.

Os criados começaram a destampar as várias bandejas, cada uma revelando um prato mais delicioso que o outro. Todos começaram a se servir e a degustarem as maravilhas da culinária doce. Depois do almoço, foram para um salão de conversa, onde se dedicaram a tecer elogios a respeito da comida, dos aposentos do castelo, da genialidade do Concurso, da bela filha que Rômulo tinha. Enfim, sobre tudo que pudesse agradar o Rei. Depois, puseram-se a conversar sobre outros assuntos, todos triviais para não atrapalhar na digestão.

Jujuba encontrava-se ainda na companhia de Finn e Braco, era muito fácil ficar perto deles. Agiam com leveza e bom-humor, com eles, Jujuba não corria o risco de ficar irritada. Mas, ela sabia que logo outros convidados iriam prestar atenção nos três. E, quando Finn estava falando sobre uma velha idosa que tinha o pedido em casamento em uma de suas missões, um casal se aproximou.

— Não me diga que rejeitou a pobre mulher? — o Rei Gelado perguntou, interrompendo a narrativa.

— Mas é claro que sim, meu bem, ou então ele não seria um Candy! — a Rainha Gelada respondeu pelo Cavalheiro.

Finn, um pouco sem jeito (intimidado) pelo casal, resolveu não prosseguir com a narrativa.

— Ainda não fomos apresentados Vossa Majestade. — O Cavalheiro fez duas reverências enquanto dizia seu nome e sua ordem.

— Saiba que estou torcendo por você, meu rapaz — Simon o informou, alegre.

— E eu por você! — Simone apontou um dedo longo e magro, indicando Braco.

— Nós fizemos uma aposta— o Rei comentou — Se nenhum dos dois vencer, doaremos metade de nossa fortuna aos pobres.

Os dois rapazes e Jujuba ficaram surpresos.

— Isso quase me convence a desistir de sua mão — Braco disse a Princesa Doce — Mas eu costumo fazer doações periódicas.

— Me sinto da mesma forma — Finn confessou enquanto analisava o casal — Essa é uma aposta realmente ousada.

— Não tanto, pois o dinheiro vai acabar retornando para nossas mãos de qualquer jeito, impostos, sabe? — Simone deu uma risada nada agradável.

O Rei Gelado a acompanhou, como se a esposa tivesse contado a piada mais engraçada do mundo. Jujuba desejou sair de perto do casal, e podia apostar seu cupcake de morango preferido que Braco e Finn sentiam o mesmo, eles aparentavam tanto incômodo quanto ela. Não acreditava que ainda na noite passada tinha ficado atraída pelo Rei Gelado. Bem, se ela focasse um pouco em sua pele escura, seu rosto simetricamente perfeito, seus músculos, sua barba, seus modos no geral... Mas não havia beleza alguma que consertasse personalidade ruim.

— Bonnibel! — Flame se aproximou, os braços abertos — Está ainda mais linda do que estava esta manhã!

Seu sorriso radiante e peito estufado deixou Jujuba levemente aborrecida. O que há com esse cara?! Sempre está tão a vontade!

— Flame — Jujuba disse a guisa de cumprimento.

Ela sentiu o clima pesar com a presença do Príncipe; Finn e Braco tinham enrigecido ao ouvirem a voz dele.

— E aí, caras? — Ele acenou para os outros dois Candys e logo fez uma reverência — Rei e Rainha do Reino Gelado.

Depois disso o silêncio tomou o grupo. Jujuba encontrou os olhos de Chiclete no meio do salão, ele estava com Rômulo e uns dois Conselheiros. Não muito longe de seu primo, Marshall e Marceline conversavam com Guy Wolf. Ela os observou por um tempo, até que os três se separaram e começaram a puxar conversa com os outros presentes.

Estão os interrogando...

— Diga-me Vossa Majestade, como andam as coisas em seu Reino? — ela perguntou a Simone, decidida a descobrir alguma coisa também.

— Não é da sua conta o que acontece em meu Reino, sua pirralha! — A Rainha resmungou para Jujuba, o rosto (nada bonito, vale ressaltar) contorcido de raiva. — Não pense que me esqueci do que me chamou no Baile da noite passada!

Mas Jujuba tinha esquecido, estava bêbada. A Princesa Doce resolveu, a partir daquele momento, que se fosse desejar o mal a alguém, pediria que essa pessoa passasse pelo mesmo constrangimento que ela sentiu ao fitar os olhos verdes furiosos de Simone.

Se consolou pelo fato de ninguém mais do grupo ter ouvido a resposta da Rainha Gelada.

— Ei, vamos concordar, ela está mais bonita esta tarde! — Flame falou alto, os olhos apontados para Jujuba.

Finn e Braco fizeram uma cara que dizia: eu concordo com ele, mas não sei se devo dizer isso em voz alta. Simon sorriu, mostrando os dentes perfeitos (por que um homem como este se casou com uma mulher como Simone?!).

— Devo concordar com o que o jovem Príncipe diz, tem algo diferente na senhorita Bubblegum — Simon falou, levando-os a analisar o rosto da Princesa.

Ela ficou sem graça com o escrutíneo deles, e muito mais quando Simone deu uma risadinha de desdém e disse:

— Até que vocês homens não são tão desatentos quanto eu pensava, mas acontece que eu, como mulher, vejo muito além.

— Do que estão falando?! — Jujuba ficou nervosa — Eu estou exatamente igual, nada mudou!

— Querida, não tente encobrir, sua cara diz que não só está apaixonada, mas que também andou sendo correspondida — Simone esclareceu, sua expressão suave dando a entender que já tinha esquecido do ocorrido da noite passada.

Toda a raiva da Rainha tinha realmente desaparecido ao notar, depois de muito tempo, um sentimento tão próprio dos jovens.

— Eu só espero que seja um dos Candys — ela falou, erguendo as sobrancelhas para a Princesa.

Jujuba tentou retrucar, dizer que a Rainha estava errada, mas ela não conseguia compor algo coerente com suas palavras. Até que aquela Jujuba ousada e teimosa tomou conta, ela abriu a boca e soltou:

— Receio que esteja errada, não sei do que está falando com essa conversa de que consegue ver alguma coisa em meu rosto; a aconselho a procurar um oculista.

E, para a surpresa de Jujuba, Simone a lançou um olhar animado.

— Ah, parece que ainda está na fase de negação!

— Então, quem é? — Simon perguntou, curioso.

— É claro que sou eu! — Flame inflou o peito — Ela se apaixonou assim que me viu lutar!

— Até parece. — Finn revirou os olhos.

Braco manteve-se calado, esperando a resposta de Jujuba com ansiedade. Aliás, todos do grupo estavam.

— Ninguém! Já disse que não estou apaixonada e vocês não tem como provar o contrário! — ela se exaltou.

— Mas é claro que tem como provar.

Ai não...

Eles viraram-se e deram de cara com Marshall. Ele  tinha no sorriso um ar de garoto sapeca.

— Não, não tem! — Jujuba o olhou ameaçadoramente — Aliás, fiquei sabendo que você adora, ama, um bom doce.

Marshall desfez o sorriso, seu semblante se reconstruindo em surpresa.

— Agora estou confuso. — Simon deu voz a todos que viam o desenrolar da cena.

— Calma, eu posso explicar tudo.

Jujuba soltou um grunhido.

— Marceline, não! — ela disse entredentes.

A vampira se postou ao lado do irmão.

— São os olhos, não é? — Marceline se dirigiu a Simone.

— Sim, claro, a resposta do coração sempre se esconde nos olhos.

Jujuba quase teve uma parada cardíaca quando a vampira se aproximou. Não, ela não ousaria fazer nada do tipo!

Diante de todos, Marceline quase a beijou. Quase. Seu rosto estava tão próximo que Jujuba podia se ver refletida nas orbes negras.

— A Rainha está certa — A vampira recuou, um sorrisinho nos lábios — Está apaixonada.

— Viu? Eu disse que ela estava! — Simone falou para o marido e os outros rapazes.

— Agora só resta saber por quem... — Marceline acrescentou, inocentemente.

Ela deu uma leve cotovelada no irmão. Marshall mal segurava o riso.

— Será que posso me juntar ao grupo? — Gumball perguntou, com um sorriso indicando que já sabia do que estavam falando.

***

— Então, já temos nossos suspeitos — Chiclete falou, passando os olhos nas flores — O líder  do Conselho, Kitty Kat.

— Sabia! Eu sempre achei ele esquisito! — Jujuba não se surpreendeu pela barra de chocolate mofada ser um dos suspeitos.

— Bem, prosseguindo, o outro suspeito é o guarda banana número 05.

— Quando foi que interrogaram a criadagem?

— Guy fez isso — Chiclete respondeu, daí, pigarreou — Rei Gelado é o último suspeito.

— Então vamos ficar de olho só nesses três? — Jujuba indagou.

— Sim.

Ela viu seu primo abaixar-se e recolher uma flor do imenso jardim. Gumball a tinha salvado dos ataques galantes dos Candys ao levá-la para dar uma volta e tomar ar fresco. Jujuba já vira tanto aquela parte do castelo que todas as flores e rosas a passavam despercebidas. Mas, quando ela se concentrava somente em relaxar podia se deixar levar pelo perfume maravilhoso do lugar. E lembrar de sua mãe.

Precisava falar com seu pai, pedir desculpas, mas ele passou a tarde a evitando. E, no presente momento, estava conversando com o Conselho e alguns nobres.

— Então, você e Marshall, hum.

O comentário fez Gumball se levantar de uma vez, o rosto vermelho e a mão esmagando a pequena flor.

— Marceline te contou?

Jujuba respondeu com um sorrisinho.

— Me fala logo, como que isso aconteceu?! — ela perguntou animada.

— Ah... — Chiclete coçou a cabeça, olhando ao redor para ver se tinha alguém por perto — Nós nos conhecemos em uma reunião de negócios.

— Fala sério?!

— Sim, eu fui representar o Reino Doce e lá estava ele, vestido como um adolescente rockeiro. — Um sorriso bobo se abriu em seu rosto ao lembrar — Ele me convidou para tomar uns drinks em uma taberna ali perto e, bem, eu fui; nos demos bem e resolvemos nos ver novamente, e assim terminamos namorando.

— Vocês estão morando juntos, não é? Por isso nunca me deixou ir visitá-lo!

Gumball baixou os olhos, envergonhado. Daí, Jujuba sentiu que era a hora de fazer perguntas mais interessantes.

— Me conta, como é que funciona? Como é que vocês... Você já...?

— E-e-eu não vou conversar com você sobre isso! — Ele a pegou pela mão e começou a guiá-la para dentro do castelo — Fim do passeio!

— Mas...!

— Nos vemos depois — ele se despediu depressa e desapareceu em um corredor.

Jujuba suspirou, decepcionada, esperava mais daquele passeio.

— Princesa, o que faz aqui sozinha? — Menta surgiu de dentro de uma sala, carregando uma bandeja com xícaras vazias.

Jujuba sentiu uma lâmpada acender em sua cabeça.

— Menta, se eu te perguntar algumas coisas muito, muito, sérias, você me responderia com sinceridade?

O mordomo, em toda a sua inocência, pensava que a Princesa faria perguntas como: eu estou gorda? Esse vestido fica bom em mim? E derivados. Por isso, não se preocupou.

— Claro, Alteza, faço uma promessa real — disse alegre.

***

— Então, como está indo a missão? — o demônio indagou, as mãos ocupadas em servir o uísque ao seu mais fiel seguidor.

— Ouve uma pequena mudança de planos — o ser respondeu das sombras — Marceline Abadeer estava sendo um empencilho, por isso tive uma ideia melhor para tomarmos o Reino Doce.

— Qual?

Caos entregou o copo a mão pálida.

— Aquele Concurso pode ser muito mais do que uma mera distração.

O demônio penteou os cabelos negros com as mãos e se olhou em um grande e velho espelho, que mal refletia alguma coisa por causa da baixa luz. Ele ajustou o casaco de pele no corpo.

— Fico bem nessa roupa? — Ele deu uma voltinha.

— Sim, só resta a coroa de Rômulo para completar o visual.

Caos fez um biquinho enquanto se avaliava mais uma vez no espelho.

— Você tem razão — Virou-se para seu seguidor — Confio em você, talvez possa ficar com a Princesa como prêmio agora que não pretende mais matá-la.


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Notas finais do capítulo

HO HO HO
Algum palpite sobre o mercenário?