I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 11
Keep Up With The Candys


Notas iniciais do capítulo

Óia eu aqui de novo!!! Esse capítulo foi terminado no celular, por isso, qualquer erro vcs já sabem! Aproveitem :)



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“ — Então, como foi chegar aqui e ser escolhido?

Braco Waffle, Príncipe Café da Manhã, 21 anos de idade, pisciano.

— Eu fiquei realmente encantado de ter a chance de ser o futuro marido de uma Princesa como Bonnibel... Ela é linda.

— Você parece sentir uma grande admiração por ela, desde quando é apaixonado pela Princesa Doce?

— Ah, eu... Bem...

— Deixe-me reformular a pergunta: o que você mais admira na Jujuba?

— Ela é... Doce.

— Disso todo mundo sabe!

— Ela é meiga, gentil e tem o sorriso mais bonito que eu já vi!”

***

— Droga...

Jujuba abriu os olhos, o quarto estava escuro e os ponteiros de seu gato despertador indicavam que era três e meia da madrugada. Sua cabeça doía horrivelmente e seu corpo todo parecia ter sido atropelado por um caminhão. Voltar a dormir seria ótimo, mas ela estava com uma terrível sensação que dizia: você fez uma idiotice.

E, não demorou muito para alguns lampejos interessantes de memória bombardearem sua cabeça dolorida. A vergonha que a tomou poderia a ter matado bem ali, na sua cama. Mas Jujuba sabia que este era um sentimento que preferia torturar a vitima a dá-la o alívio do esquecimento eterno.

— Eu... Eu a beijei...

Seus dedos rumaram em direção a sua boca. Por mais bêbada que estivesse na hora, se lembrava de forma nítida dos lábios de Marceline contra os seus. As bochechas, que já estavam um pouco coradas, inflamaram-se de vez. Aquilo era, para se usar de um eufemismo:

— Inacreditável!

Ela cobriu o rosto com as mãos e rolou na cama. Não entendia por que tinha feito tal coisa (o álcool?), não compreendia a si mesma quando estava próxima da vampira. Uma mulher. Estava sentindo-se atraída por uma mulher!

Calma, Jujuba enfiou a cabeça debaixo do travesseiro, eu só estou curiosa, sim, é isso! Marceline ainda é um mistério pra mim, é por isso que sinto essa necessidade de me aproximar!

Era por isso que seu corpo inteiro se aquecia ao pensar nela, em suas curvas, em seus olhos negros, em sua boca macia e vermelha... Jujuba se livrou do travesseiro, estava ficando difícil de respirar. Ela se remexeu, achando impossível ficar parada com toda aquela excitação a tomando.

Excitação?!

— O que você fez comigo Marcy? — Sua voz não passava de um sussurro.

Jujuba fechou os olhos, esquecendo-se de sua dor de cabeça ao sentir seus dedos passearem por sua pele em chamas, fantasiando que eram as mãos dela serpenteando por seu abdômen, brincando com seus seios sob o sutiã. Ela gemeu. Deslizou a mão direita até a calcinha e...

***

“— Você já conhece a Princesa, não é?

— Sim, desde pequeno, somos amigos de infância.

Finn Mertens, Cavalheiro da Ordem de Alcaçuz, 16 anos de idade, taurino.

— Então, você guarda sentimentos por Jujuba desde muito cedo?

— O que?! Não, quer dizer, sim, somos amigos, mas eu não...

— A mais ou menos quanto tempo ama a Princesa?

— Jake, para! Eu já disse...

— Você quer beijar ela?

— Desliga essa câmera Bmo!”

***

— Menta, o que está acontecendo aqui?! — Jujuba perguntou baixinho.

O mordomo olhou de um lado para o outro antes de fitar a Princesa e respondê-la, com um sorrisinho sem jeito:

— Seu pai e os conselheiros acharam que seria melhor se os Candys e alguns nobres ficassem hospedados no castelo.

Jujuba teria rido de suas palavras, pensando que o doce estivesse contando uma piada, mas ela estava sentada a mesa do café da manhã com ninguém menos que Braco Waffle. Ele estava a duas cadeiras de distância e parecia se contentar com uma simples xícara de chá.

Os dois tinham se cumprimentado quando ela adentrara na sala e Jujuba teve novamente aquela desagradável sensação de que ele era o cara certo. Podia até imaginar degustar todas as suas futuras refeições com ele como companhia.

— Está se sentindo bem, Princesa? — Menta indagou em um tom quase inaudível.

Ela imediatamente compreendeu ao que o mordomo se referia: a sua ressaca. Jujuba sorriu pela preocupação do doce.

— Estou, tomei uma poção ao sair do quarto.

— O que vai ser hoje? — Sua voz elevada demonstrando seu alívio.

— Ovos e bacon.

Jujuba riu da expressão horrorizada do mordomo.

— Pretendo comê-los dessa vez. — ela o tranquilizou.

Menta fez seu prato e retirou-se. Jujuba segurou o garfo, estava faminta. Pegou um pouco de ovos mexidos e levou a boca, deliciando-se com o sabor antes mesmo de prová-lo...

— Está uma linda manhã — Braco comentou.

Jujuba pausou sua ação, mirou o rapaz a sua esquerda, ele estava com as bochechas vermelhas, um sorrisinho tímido e os olhos cor de mel com aquele brilho apaixonado. Ela decidiu que não fazia mal algum conversar um pouco.

— Verdade — Ela baixou o garfo — Faz muito tempo que acordou?

— Não, fiquei até tarde no Baile.

— Ao contrário de certas pessoas. — Alguém tinha entrado pela porta lateral.

Jujuba torceu a boca ao ouvir a indireta.

— Bom dia para você também Flame. — Ela pegou o garfo e atacou seu café da manhã.

Ele sentou ao lado dela sem nem ao menos pedir licença.

— Fico feliz que estejamos nos tratando tão informalmente, Bonnibel. — Ele pegou um pedaço de bacon de seu prato — Isto quer dizer que já somos íntimos.

Jujuba pensou em uns bons palavrões que comprovaria a intimidade deles, mas preferiu se segurar, afinal, Braco também estava presente, e ela devia se comportar diante de um cavalheiro.

— Está sendo mal educado, Príncipe Flame.

Tanto Flame quanto Jujuba encararam Braco. Ela quase não reconheceu sua voz, que tinha passado de suave a brusca. Aquele brilho apaixonado de seus olhos estava em uma intensidade assustadora.

— Ah, é? — Flame comeu o bacon e se levantou — O que você vai fazer?

— Eu vou...! — Braco ergue-se da cadeira e foi em direção ao Príncipe.

Por mais que Jujuba fosse adorar ver Flame levando uns bons cascudos de Braco, pensou que devia impedi-los de brigar. Só pensou. Estava surpresa demais com o desenrolar da situação para fazer alguma coisa.

— Ei, ei, ei!

Uma cabeleira loira se pôs entre os dois Príncipes.

— Afaste-se Cavalheiro! — Braco elevou a voz — Eu vou ensinar a este mal educado como tratar uma Princesa!

— Você não cansa de ficar se intrometendo?! — Flame empurrou Finn.

Mas ele mal se mexeu, olhou para um, depois para o outro e, por fim, prendeu sua atenção em uma Jujuba atônita.

— Eu não sei o que aconteceu aqui, mas não permitirei que desrespeitem a Princesa com uma demonstração animalesca. Se quiserem brigar, façam da forma correta.

— Pois bem! — Braco recuou — Eu te desafio a um Duelo!

Flame gargalhou e Jujuba sabia o porquê, vira-o duelar com Finn na Pré-seleção, mesmo que ela detestasse admitir, ele era impressionante com uma espada; no mesmo instante abriu a boca para dizer algo, mas não foi rápida o suficiente:

— Muito bem, eu aceito o desafio, amanhã, três horas, na sala de esgrima. — Flame lançou um olhar divertido a Jujuba e saiu.

Um silêncio caiu sobre os três que ficaram.

— Eu vou para o meu quarto, se me dão licença. — Braco fez uma reverência curta, o corpo rígido por causa da raiva.

— O que houve? — Finn questionou Jujuba assim que Braco passou pela porta.

Ela deu de ombros e voltou a atenção ao seu prato. A comida parecia sem gosto, primeiro por causa da ousadia de Flame (aquele cabeça de fósforo filho da mãe!) e, segundo, graças a presença de Finn.

E eu achando que a manhã estava bonita, bem que mamãe dizia que quando o céu está muito azul é presságio de uma chuva repentina.

— Jujuba, ouça. — Finn começou, sentando-se na cadeira antes ocupada por Flame e observando a porta.

Jujuba continuou mastigando seu café da manhã, decidida a ignorá-lo.

 — Em minha última missão, eu fiquei sabendo de algo. O Reino de Fogo foi atacado recentemente por um sujeito chamado Caos.

Ela quase cuspiu os ovos mexidos. Finn não prestou atenção em sua reação e prosseguiu:

— Flame me contou que esse cara pretende ser o imperador de Ooo. — Ele hesitou um pouco — Parece que o Reino Doce é seu próximo alvo e - não se assuste - você é quem ele quer atingir, para enfraquecer seu pai.

Jujuba já sabia de tudo isso.

— E qual é a parte em que você precisa se candidatar?

— Não é óbvio? Quero proteger você.

— Finn, eu tenho toda a proteção necessária, esse Caos...

— Não, Jujuba, eu sei que, no momento, o Reino Doce é forte, sei que ninguém de fora poderia machucá-la. Eu quero te proteger das pessoas que estão tentando entrar em seu coração.

— Do que você está falando? — Ela perguntou, confusa.

— A maioria dos Candys não está aqui para casar com você, está aqui para casar com o Reino Doce para se proteger desse Caos.

Jujuba também sabia disso, mas não pôde evitar uma fisgada de mágoa atravessar seu peito.

— E você pensa em me ajudar se casando comigo? — Ela se irritou.

— Não, eu não irei me casar com você, caso ganhe, irei usar desse momento de glória para convencer seu pai a lutar contra esse inimigo.

— Você...

— Sei que é difícil para você ouvir isso, mas seu pai se recusa a ver o perigo, está acomodado a ideia de que nada pode ferir o seu reino. Contudo, esse Caos não é alguém para se ignorar, por enquanto, ele é só um maníaco com alguns seguidores, mas também é esperto e bom em convencer as pessoas, mais tarde, ele pode reunir forças capazes de derrubar os muros doces que nos protegem.

Jujuba encarou os olhos verdes de seu amigo de infância. Ele estava sério. Ela se pegou amolecendo, deixando que toda a raiva que sentia por ele desaparecer. Analisou seu rosto, notando todas as mudanças que não percebera antes: ele estava com as feições mais angulosas, uma sombra de barba começava a aparecer e seu cabelo estava mais curto. Finn estava crescendo, já passava de sua altura mesmo sendo dois anos mais novo e seu corpo já se alargava para dar forma a um peitoral forte. Ele não era mais criança.

— Eu entendo por que fez o que fez. —Ela pegou uma das mãos dele e sorriu.

— Atrapalho algo?

Jujuba soltou a mão de Finn no mesmo instante.

— Não, papai.

Rômulo parecia de bom humor quando fitou Finn e sentou na outra ponta da mesa.

— Eu gostaria de falar a sós com minha filha.

— Ah, claro. — Finn ergueu-se, fez uma reverência e retirou-se.

Assim que o Cavalheiro saiu, todo o suposto bom humor de Rômulo se dissolveu. Ele pôs seu olhar frio sobre Jujuba e ela estremeceu.

— Quem te deu permissão para abandonar o Baile noite passada? — Sua voz saiu baixa.

— Eu... — Ela desviou o olhar — Não estava me sentindo bem, então...

— E por que não estava bem? Pela bebida que tomou ou pela culpa de ter perdido uma importante peça da minha coleção de armas?

Jujuba arregalou os olhos e engoliu em seco. Já estava esperando uma bronca por sua bebedeira, mas tinha se esquecido completamente da besta que Marceline dera fim na floresta. Aliás, pensou que seu pai não ligava tanto para a arma, uma vez que não a tinha gritado na noite em que fugiu, mas, agora, se dera conta de que ele só não tinha notado o sumiço da besta.

— Acho que pelos três.

— Você quer dizer dois — ele a corrigiu impaciente.

— Não, — Jujuba confrontou o olhar do pai — três: pelo porre, pela arma e pelo pai que tenho.

Rômulo socou a mesa, fazendo uma bandeja cheia de frutas voar. Seu rosto estava tão vermelho que Jujuba se arrependeu imediatamente do que disse.

— Já chega! Chega de gracinhas! Eu não vou permitir que fale assim comigo!

Jujuba se levantou.

— Muito bem, vejo que nossa conversa acabou, tenha um bom dia. — Ela virou-se e deu dois passos em direção a porta, mas...

— Eu não permiti que se retirasse! — Ele saiu da cadeira.

E Jujuba cruzou o arrependimento e foi direto a ousadia. Já estava cansada de sempre obedecer.

— Eu não preciso da sua permissão! — Ela voltou-se para Rômulo — Eu sou dona de minhas próprias pernas!

— Eu sou seu pai, isso deve significar alguma coisa para você além de vestidos e sapatos caros de graça, não é?

Jujuba calou-se, arfando.

— Agora, você vai sentar e vai...

E os olhos de Rômulo saltaram, Jujuba viu a raiva de seu pai canalizar-se em sua grande palma e a mesma atingir seu rosto. Sua bochecha ardeu. Mas ela ainda estava surpresa demais para sentir dor alguma. A tapa de seu pai não foi o que a deixou sem reação, mas sim suas próprias palavras. Mesmo depois de todas aquelas discussões que tivera com Rômulo, ela nunca se imaginou o xingando. Entretanto, foi exatamente isso que fez.

Revisando: ele ia começar de novo a ditar suas ações, daí, ela se ouviu dizer um grande “VÁ SE FERRAR!” e PAFT!, estava com o rosto virado e uma das bochechas marcadas com a mão de seu pai. Sentindo o mesmo gostinho de humilhação que Guy Wolf.

— Conversaremos mais tarde. — Ele deixou a sala.

E Jujuba ficou parada no mesmo lugar. Não sabia o que fazer.

***

“— Você ter se candidatado é algo que surpreendeu muitas pessoas.

Flamel Flame, Príncipe de Fogo, 19 anos de idade, ariano.

— Não sei por que, o Reino Doce e o de Fogo mantém uma ótima relação.

— Não é bem isso o que dizem.

— Está me chamando de mentiroso?!

— Eu sou o repórter, eu faço as perguntas aqui.

— Por acaso você... !

— Caso ganhe, já imaginou como será desagradável morar com alguém do mesmo signo que você?

— Já viu o tamanho desse castelo?! Tem espaço suficiente para a gente se evitar!”

***

Jujuba mantinha uma mão na bochecha atingida e os olhos grudados no tecido azul escuro do vestido de Marceline. A vampira a guiava pelo caminho tortuoso que levava até a sala de reuniões, segurando firmemente sua mão livre. Há alguns minutos atrás Marceline tinha ido até ela e dito que tinha algo importante para informá-la.

— Marshall não pode mais segui-la.

A vampira anunciou assim que fechou a porta da sala de reuniões.

— Ele... Ele não estava me seguindo hoje? — Jujuba perguntou baixinho.

— Não.

A Princesa Doce suspirou, pelo menos ele não viu aquilo.

— Por que está vestida assim? Você não devia estar se passando por ele?

— Essa é a questão: eu não posso mais tomar seu lugar.

Marceline continuava segurando sua mão. Ela parecia agitada. E, ao sentir o toque da vampira, foi que Jujuba se lembrou da pequena fantasia que tivera sozinha em sua cama. Seu rosto esquentou.

— O que aconteceu?

Jujuba passou um momento calada, achando engraçado o fato de Marceline ter feito exatamente a mesma pergunta que ela pretendia fazer. Ao menos até ela perceber o porquê da vampira ter perguntado.

— Não foi nada — respondeu depressa.

Mas Marceline simplesmente retirou a mão que cobria a bochecha dolorida. Jujuba viu os olhos negros faiscarem.

— Quem fez isso? — Ela fez a pergunta como se estivesse com despretensiosa curiosidade.

Contudo, Jujuba quase podia nadar naquelas ondas de fúria que escapavam do corpo de Marceline. Era um sentimento poderoso capaz de deixar qualquer um mudo. E, mesmo que Jujuba não fosse qualquer um, ela não disse uma palavra.

— Diga-me quem te machucou!

A Princesa Doce encolheu-se, pois, conseguiu perceber outra coisa no meio de toda aquela fúria: confusão. Seus instintos soavam como um alarme em sua cabeça, a mandando fugir o mais rápido que pudesse. Embora uma vozinha em seu íntimo a tranquilizava com a certeza de que Marceline não faria nada com ela.

— Fui eu?! Eu te machuquei?!

— Não! Não foi você! — Jujuba exclamou, perturbada em como a vampira parecia considerar tal possibilidade.

— Foi Marshall?! Algum dos Candys?!

— Não! — Ela suspirou, exausta — Foi papai. Eu... Eu mereci.

Jujuba ignorou o desconforto de ter Marceline encarando sua bochecha e indagou:

— Então, por que você não pode mais se passar por ele?

— Seu pai, — a voz de Marceline saiu mais rouca do que o normal — ele me convidou para ficar hospedada no castelo, por isso Marshall vai tomar seu lugar como Candy.

— E o que vamos fazer agora? — engoliu em seco ao notar os olhos negros desviarem de sua bochecha e focarem-se nos seus.

— É simples: agora eu irei te seguir.

Seu coração deu uma cambalhota.

— Isso é... Ótimo...

Os olhos negros saíram dos seus e pousaram em seus lábios. Não, eu não estou delirando! Ela realmente está...!

— Está doendo muito?— Marceline virou o rosto, limpando a garganta.

Jujuba teve medo de que vampiros também pudessem ler pensamentos, porque, ela ainda estava segurando as mãos de Marceline, e sua mente não parava de viajar para sua fantasia que tivera de madrugada.

— Nem tanto. — Uma mentira, estava doendo como um inferno, mas Marceline não precisava saber disso.

Então, sem aviso prévio, a vampira aproximou o rosto do seu, até que aqueles lábios, nos quais Jujuba desejara tanto sobre os seus, pousaram em sua bochecha dolorida.

— Ontem... — Jujuba fez uma pequena pausa, criando coragem para prosseguir — Ontem nós... Nos beijamos?

— Não — Marceline respondeu, a boca ainda tocando a pele doce.

Jujuba sentiu algo dentro dela murchar. Daí lembrou-se de ter sentido algo parecido na noite passada. Rejeição.

— É claro que não, eu não sei o que estou pensando, é que eu bebi muito e tudo o que recordo da noite passada é do plano que você me contou e, bem, disso, mas devo estar me confundindo.

Ela falou tudo de uma vez, nervosa. Tanto por seu suposto deslize como pelo fato de Marceline continuar com o rosto colado ao seu.

— Aquilo não foi um beijo, foi um selinho, no máximo — a vampira murmurou.

Jujuba segurou a respiração, então aconteceu mesmo!

***

“— O que você vai fazer quando colocar as mãos na fortuna da Princesa?

— Eu vou cuidar dela, administrá-la da forma correta e fazê-la duplicar!

William U. Manteiga, Rei de Ooo, 31 anos de idade, aquariano.

— Me engana que eu gosto! Vai dizer que não se candidatou para ter a chance de roubar a Princesa?

— Escute aqui! Estou indignado com essas acusações! Eu sou um homem de bem, e se me candidatei, é por que preciso de uma esposa!

— Ah é? Pois isso é bom, já que o Reino Doce tá falido.

— O quê?! Como assim falido?! Eu não sabia disso! Eu... Quer dizer, isso não tem importância alguma...”

***

Um selinho.

Se só com um selinho eu me senti daquele jeito imagina se eu tivesse...

— Eu quero... Beijar você. — os Efeitos Marcy atacam novamente!

Mas que raios! Que droga eu estou dizendo?!

Marceline desgrudou o rosto do seu e, além das bochechas rosadas, estava com um imenso sorriso. Jujuba viu aquelas presas e, de súbito, foi atingida por outra lembrança. Ah, vergonha cretina!

— Você está curiosa, não é? Nunca beijou ninguém antes?

A pele de Jujuba se arrepiou com o timbre rouquíssimo da vampira e, enfim, sua falta de formalidades, nada de “senhorita”. Ela limitou-se a concordar com um gesto de cabeça.

— Ah, eu por outro lado, tenho um longo histórico de beijos.

Jujuba se incomodou com isso. Embora já devesse saber que, sendo uma vampira com quase mil anos, Marceline não teria passado sua vida como uma beata.

— Eu posso te ensinar.

Marceline soou tão travessa que Jujuba acabou pensando em Marshall. Claro, ela também pensou em várias outras coisas envolvendo a vampira e sua proposta mais que interessante. Tentadora.

— Me ensine.

E aquilo era tudo o que a vampira queria ouvir. Ela apertou as mãos de Jujuba e encostou a boca na da Princesa por alguns segundos.

— Isso é um selinho — falou didaticamente, então...

Levou novamente os lábios aos da Princesa e a beijou de verdade. Jujuba espantou-se com o impacto que aquilo lhe causou: seu coração disparou e seus olhos fecharam-se por conta própria. Sem que percebesse, estava correspondendo Marceline instintivamente.

E Jujuba nunca mais confundiria um beijo com um selinho. Pois este era simples, e o primeiro, ah, o primeiro podia se equiparar a teoria da relatividade de tão complexo. Envolvia beijinhos menores, mordiscadas e, por último e mais importante, línguas. Jujuba percebeu a diferença entre ela e Marceline assim que a língua da vampira invadiu sua boca. Ela perseguia a sua, saboreava. E não demorou muito para Jujuba aprender, até porque Marceline era uma ótima professora.

Quando o ar lhes faltava, Jujuba voltava aos beijinhos e aproveitava para dar atenção aquelas presas que sempre atraíam seu olhar. Em certo ponto, Marceline afastou-se, interrompendo o beijo. Sua respiração pesada fundia-se com a da Princesa Doce.

Jujuba estava presa naqueles olhos negros, tentando decifrar o que se passava na cabeça de sua mais nova professora. Queria saber como tinha se saído em sua primeira lição, mas assim que abriu a boca para perguntar a Marceline, a mesma soltou suas mãos e deu as costas. Jujuba começou a perder o brilho daquele momento mágico.

— Que maravilha! Parece que vocês estão se dando bem!

Jujuba se sobressaltou ao ver Marshall surgir sentado em uma das poltronas poeirentas, uma de suas pernas sobre um apoio de braço. Marceline o lançou um olhar mortífero.

— Há quanto tempo está aqui?

—  Calma, mana, cheguei na parte do "me ensine". — Ele sorriu e deu uma piscadinha para Jujuba.

Se alguém tivesse a jogado dentro de uma banheira naquele momento, Jujuba tinha certeza que cozinharia (um ensopado de Jujuba morta de vergonha, por favor).

— Nós só estávamos... — ela pensou em alguma mentira, porém, para seu horror:

— Eu estava mostrando a Princesa como se beija.

— Vocês mulheres são tão engraçadas, sempre ajudando uma a outra, eu queria que os homens também fossem assim. — Marshall suspirou com tristeza.

***

"— Você é um grande mistério, as pessoas nunca ouviram seu nome.

Guy Wolf, Cavalheiro da Ordem dos Morcegos, 20 anos de idade, sagitariano.

— Eu gosto muito da minha privacidade.

— O que te motivou a se candidatar?

— Acho que era o certo a se fazer, sabe? É o sonho de todo Cavalheiro lutar pela mão de uma Princesa, ainda mais pela de Bonnibel.

— Ouvi boatos que você vem de uma antiga alcatéia de lobisomens, como consegue lidar com a família real da Noitosfera? Não se sente mal por ter de servir vampiros?

— Eu não vou responder essa pergunta."

***

Jujuba estava reunindo forças para fazer a pergunta a Marshall. Ele caminhava ao seu lado, todo saltitante. O capuz da capa jogado para trás permitindo que ela analisasse seu rosto bonito. Marceline tinha pedido para ele acompanhá-la de volta a parte habitada do castelo, coisa que a vampira não podia fazer já que tinha que informar a Gumball e Guy da mudança de planos.

Seus passos ecoavam solitários no corredor sujo. Jujuba desejava que seu coração diminuisse o ritmo de batidas, mas ele estava desenfreado desde o momento em que Marceline a tinha surpreendido com aquela proposta. Além disso, seus lábios formigavam graças ao beijo e o gosto da boca da vampira a atormentava. Na verdade, ele lhe era familiar. Parecia com o caro uísque de seu pai (aquele que Jujuba costumava tomar escondida).

— Você está muito calada. — Marshall quebrou o silêncio — Por acaso minha irmã comeu sua língua?

Ela engasgou; o vampiro focou-se nos olhos azuis de Jujuba, com aquele ar brincalhão que tinha a capacidade de dissolver qualquer clima pesado. Jujuba encheu os pulmões, resolvida a fazer a pergunta.

— Como eu fui?

Ele abriu um sorrisinho, sabendo exatamente ao que ela se referia.

— Não sei se posso julgar de forma precisa, afinal, quem te beijou foi Marcy.

— Mas você viu! —  Ela fez uma pausa —  O que achou?

— Eu diria que você tem um talento natural —  ele a brindou com um risinho.

Ela o retribuiu com um sorriso aliviado. Mas este logo se desvaneceu.

— Eu... Eu... Não sei o que está acontecendo comigo.

Jujuba não planejava contar toda a confusão que estava em sua cabeça, mas o nó era tão grande que alguma parte dela pensou que Marshall seria capaz de desenbaraçar um pouco as coisas. Ele arqueou as sobrancelhas, demostrando o quanto estava curioso sobre os seus problemas.

— Quando eu estou perto de sua irmã, é como se eu não respondesse por mim.

— Isso é normal. — Ele balançou a cabeça, despreocupado — E eu aqui pensando que você estava com verdadeiros problemas.

— Desculpe-me? — Jujuba estava dividida entre irritada e confusa.

— Qualquer um se sente atraído por minha irmã, ela é uma vampira — Marshall esclareceu.

— E por que não sinto atração por você?

— Ai! — Ele alisou o peito como se aliviando uma dor —  Também não precisa me magoar! Acontece que você viu ela primeiro, funciona como uma espécie de encanto, sacou?

— Quer dizer que eu não sou a única que fica assim perto da Marcy?

Marshall confirmou com a cabeça. Jujuba deveria ficar aliviada em saber que aquela atração era produto de um charme vampiro, entretanto, não foi isso o que aconteceu:

— E por que ela me beijou?!

— Ela não estava te ensinando? — Ele levou uma mão a boca, fingindo surpresa, para em seguida explicar: — Ela faz isso com alguns enfeitiçados que tem algo a oferecer.

Algo a oferecer?! — Jujuba estancou, fechando as mãos em punhos.

Marshall parou e a fitou com olhos arregalados. Sua expressão era de puro assombro.

— Quer dizer... Eu não devia ter... Argh!

Ele começou a bater na própria testa enquanto murmurava: burro, burro, burro!

— Eu já falei que sou de gêmeos! Qual a dificuldade em entender isso?!

Os dois olharam para o fim do corredor, na saída da ala sudoeste, onde um cachorro usando terno, um vídeo game e o que parecia ser uma nuvem de caroços púrpura estavam tendo uma discussão calorosa.

— Acontece que não é isso que está em minhas anotações! —  o cachorro retrucou.

Jujuba se aproximou.

— Jake! Bmo! O que fazem aqui?

— Seu pai nos contratou para fazer a cobertura do concurso, aliás, meus pêsames. — Bmo indicou a nuvem que Jujuba identificou como o Príncipe Caroço.

E ela se sentiu merecedora de pena.

— Bonnibel, é bom vê-la, imagino que deva estar encantada pela possibilidade de eu ser seu futuro marido! — Ele balançou as sobrancelhas e sorriu galante.

— Claro. — Jujuba usou toda a sua força de vontade para não bater no idiota.

—  Marshall! Chega mais cara! Estávamos procurando você! — Jake exclamou, animado — Eu e Bmo precisamos entrevistar todos os Candys, você é o único que resta.

— Espera.

Os quatro olharam Jujuba, ela estava imóvel, encarando o nada.

— Você e Bmo estão entrevistando a todos?

— Foi o que eu disse.

Ela mirou Marshall.

— Eles estão entrevistando os Candys! — Jujuba inclinou a cabeça, esperando que o vampiro acompanhasse seu raciocínio.

Mas ele não conseguiu pegar a mensagem. Daí, Jujuba olhou para Jake e pediu:

— Poderia me dar uma cópia de todas as entrevistas?

— Claro!

Bmo fez um esforço e logo uma fita cassete saltou de uma entrada do rôbo.

Jujuba pegou a fita e só então Marshall exclamou:

— Ah, entendi!

Jujuba agradeceu e ela e o vampiro (espera! A entrevista!) se retiraram para um escritório desocupado.

—  Isso é genial! Assim será mais fácil selecionar suspeitos, nem precisaremos interrogar os Candys! —  Marshall falou assim que fechou a porta.

—  Eu sei! Marcy vai... — Jujuba se interrompeu.

Ela estava me usando. Beijou-me por causa do que eu tenho a oferecer.

— Olha Bonnibel, —  Marshall chamou sua atenção — eu posso estar enganado quanto a minha irmã, ela demonstra um interesse por você além dessa aliança entre nossos Reinos.

Jujuba andou pelo escritório, passou os olhos pelas prateleiras com vasos e terminou sentando-se na cadeira atrás da escrivaninha. Começou a brincar com uma pena branca. Ela não estava a fim de acreditar em Marshall, mesmo que quisesse que ele estivesse certo. O que era estranho, uma vez que aquela atração pela vampira não passava de uma ilusão.

— Acredite em mim! — o vampiro reforçou — Ontem ela preferiu ficar te vigiando do que voltar ao Baile, ela passou a noite toda em seu quarto.

— O que?! — Ela quebrou a pena ao meio.

— Ela passou a noite te...

— Quando você diz "em seu quarto" você quer dizer do "lado de fora do seu quarto", certo?! — indagou com urgência.

— Bem, eu não sei. — Ele deu de ombros, sem entender o porquê daquilo importar.

Mas era algo crucial para Jujuba, afinal, se Marceline passou a noite invisível dentro de seu quarto, ela provavelmente a viu fazer aquilo (sua brincadeira nada infantil enquanto pensava na própria Marceline).

Jujuba deitou a cabeça sobre a superfície fria da escrivaninha, pensando que não tinha como o dia ficar pior, o que, sem dúvida alguma, era um erro, pois, como todo mundo sabe, sempre que alguém se faz essa pergunta o mais provável é que seus medos se concretizem.


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Notas finais do capítulo

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