I Take My Crown escrita por Cat Lumpy


Capítulo 10
O Plano


Notas iniciais do capítulo

Chegueiiiii!!!
Capítulo fresquinho aqui! Aproveitem :D



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Os cavaleiros e dragões das tapeçarias os observavam. Já tinha se passado quase dois minutos desde que haviam adentrado na “sala de reuniões”, a mesma que Jujuba tinha guiado Marceline mais cedo. A poeira formava uma camada grossa sobre as poltronas e nos vidros da única janela.

Todos observavam a Rainha dos Vampiros, esperando que ela iniciasse o assunto daquela pequena reunião. Ou só admirando a forma como o tecido do vestido negro moldava-se em seu corpo — ao menos era isso que Jujuba estava fazendo.

— Gumball, — Marceline dirigiu sua atenção ao cavaleiro — poderia me dizer qual é a sua função no plano para conseguir a aliança com o Reino Doce?

O primo de Jujuba pigarreou antes de falar de forma suntuosa:

— Verificar se algum dos Jurados está envolvido com o Caos, além de oferecer preferência por Marshall como Candy.

— Ótimo. — Marceline mirou o irmão coberto por capas — E você Marshall, qual a sua função?

— Proteger Bonnibel de qualquer ataque — ele respondeu de imediato.

A Rainha demorou-se um pouco fitando o irmão antes de voltar sua atenção a Jujuba, uma sobrancelha erguida. A Princesa Doce compreendeu o que ela queria. Mesmo sem entender o porquê daquele repasse de informações, Jujuba disse:

— Vou garantir a vitória de “Marshall” no Concurso.

Sua voz soou um pouco diferente em seus próprios ouvidos, mas não ligou para isso, o álcool não permitia.

— Guy? — a vampira encarou o Candy, aproximando-se dele.

E, foi nos segundos em que o rapaz ficou calado, que Jujuba percebeu. Marshall, um; Gumball, dois; Guy... Três? Não seriam somente dois aliados?

— Eu ainda não tenho nenhuma função — ele disse, mantendo-se indiferente.

PAFT!

Jujuba arregalou os olhos. Ela virou o rosto para a esquerda, a fim de mostrar seu espanto ao primo, e recebeu um sorrisinho dele que dizia: você não viu nada. Marshall, que estava do seu outro lado, deu uma risadinha e bateu o cotovelo de leve no dela, um gesto que significava: isso não foi hilário?!

— Exatamente. — Marceline deu as costas a Guy, que agora tinha uma das bochechas carimbada com cinco dedos. — Não me lembro de tê-lo chamado para esta missão, cavaleiro.

— E-eu achei que Vossa Majestade estaria mais segura se...

— Aprecio sua preocupação, — ela o cortou — mas que fique bem claro, você não deve achar nada aqui no Reino Doce, se voltar a desobedecer as minhas ordens eu não serei tão boazinha. Entendido?

Guy fez um “sim” com a cabeça, austero. Um silêncio junto com uma pitada de tensão os envolveu por alguns instantes. Um Marshall animado não demorou a retirar o capuz e perguntar:

— Marcy, não seria melhor se, a partir de agora, você ficasse seguindo Bonnibel e eu tomasse meu título como Candy? Assim você não precisaria ficar se passando por mim.

Jujuba também pensou que seria mais fácil Marshall ser o Marshall, ao invés de Marceline ser o Marshall. Entretanto, alguma coisa em seu íntimo contradizia essa lógica. Assim como a própria vampira.

— Não, iremos seguir com o planejado — ela retrucou.

— Mas...

— Sem “mas”.

Ele calou-se, o que, para Jujuba, foi uma cena muito cômica, pois, até onde sabia, Marshall é quem era o Rei da Noitosfera, e Marceline a Princesa. Ela deveria obedecê-lo, não o contrário.

— E será que alguém pode me dizer qual é o planejado? — Jujuba questionou.

— Claro, — os olhos negros de Marceline se prenderam nela — é por isso que viemos para cá.

— Que bom, pensei que essa seria outra coisa que você fosse esconder de mim.

Marshall gargalhou.

— Prima, acho que você bebeu um pouco além da conta. — Gumball apontou, preocupado.

Jujuba não prestou atenção no primo, estava ocupada demais sustentando o olhar da vampira.

— Então, qual é mesmo o plano?

— Independente de suas funções, a partir de amanhã, procuraremos suspeitos no castelo e, depois, vamos vigiá-los para descobrir se algum deles é o mercenário.

— Só isso? — Jujuba inquiriu, indignada com a simplicidade do plano.

Os três rapazes a fitaram em silêncio, depois, voltaram à atenção para Marceline. A vampira iria deixar a peteca cair? Claro que não.

— Eu não diria “só”, selecionar as pessoas mais suspeitas e chegar ao mercenário é algo que levará tempo, e ainda temos que considerar a questão da sua segurança e de seu pai, senhorita.

Jujuba não se conformou.

— É mesmo a Terra de Ooo que está em jogo aqui?

Eles acompanharam o lance e esperaram, mais uma vez, a vampira rebater, calma.

— Isso é tudo que podemos fazer, uma abordagem mais direta poderia levar Caos a deixar de lado a discrição e arriscar um ataque ao Reino Doce com seu exército.

Três pares de olhos seguiram a peteca.

— Então nossa única opção é ficar observando as pessoas no castelo e escolher qualquer um para ficarmos seguindo por aí e (puff!) problema resolvido?

O maxilar de Marceline se contraiu; ela suspirou exasperada, quebrando o contato visual com a Princesa Doce.

— Não vamos observar as pessoas, vamos interrogá-las sutilmente, e quando tivermos um menor número de suspeitos, as seguiremos. Um ato incriminatório e pegaremos o mercenário.

A peteca voou alto, Jujuba se preparou para mandá-la de volta a vampira, mas ela lhe lançou um olhar imperioso, inclinou um pouco a cabeça e:

— Se tiver um plano melhor, estou pronta para ouvir.

Os rapazes viram a peteca bater no chão. Fim. De. Jogo. Jujuba inspirou forte, sem nenhum pouco de resignação, mas também sem uma ideia melhor para substituir o atual plano.

(Puff!) Problema resolvido.

— Bom, — Gumball saiu do lado da prima, indo em direção à porta — podemos voltar ao Baile agora?

— Podemos? — Marshall reforçou, lançando um olhar pidão a irmã.

— Sim — Marceline respondeu ao vampiro — Hoje à noite, você pode aproveitar sua visibilidade.

Marshall torceu o nariz.

— Seria mais fácil se eu tomasse meu lugar...

— Já disse que não.

— Vamos logo. — Gumball abriu a porta fitando o Rei da Noitosfera (que não aparentava ser um, graças ao biquinho de raiva).

Os dois se foram. Guy fez uma reverência para Marceline e, logo após, segurou a mão de Jujuba.

— Princesa — ele beijou a pele doce — Lamento não ter tido a chance de me apresentar de forma adequada antes. É uma honra poder te proteger.

Jujuba puxou a mão e a limpou no vestido.

— Fico agradecida — disse com frieza, não sabia ao certo, mas, não vou com a cara desse Guy, talvez o fato dele ser um Candy seja o motivo.

Ele a fitou por alguns segundos que a deixaram bastante desconfortável. Para sua sorte, Marceline o dispensou:

— Pode se retirar, tenho alguns assuntos para tratar com a Princesa.

— Vossa Majestade, não é prudente deixá-las sozinhas em uma parte sombria do cas...

— Por acaso quer outro tapa? — Jujuba perguntou, não estava com paciência, o que ela quer falar comigo?

— E-eu... Bem... — Guy alternou a atenção entre as duas, até que: — Com licença.

Ele se retirou, fechando a porta. E foi só ouvir o clic para que Jujuba engolisse em seco. Estava sozinha com Marceline.

— O que quer? — ela foi rude, lembrando-se das duas discussões que tivera com a vampira.

“Marceline se aproximou com aqueles seus passos lentos e postura perfeita, os olhos negros presos nos seus.

Quero você, a vampira confessou, a respiração misturando-se com a sua.”

Em que eu estou pensando?!, sacudiu de leve a cabeça.

A fantasia de Jujuba não poderia ter ido mais longe (por enquanto). E errou feio tratando-se do que Marceline queria.

— Por que saiu correndo daquele jeito? Chamei à senhorita várias vezes.

— Ah. — Jujuba levou alguns instantes para se escapar de seu pensamento — Eu não queria mais ficar naquele salão.

— Por isso saiu sozinha? — a vampira indagou, aborrecida — E se não tivesse encontrado Gumball, mas sim o mercenário?

Marceline franziu as sobrancelhas e enfiou o leque no espaço entre os seios. Jujuba tentou segurar as rédeas de sua imaginação. Glob! O que está acontecendo comigo?!

— Suponho que não teríamos mais de procurar suspeitos — ela tentou fazer graça.

Contudo, Marceline não riu, na verdade, seu humor piorou. Ela cortou a distância que as separava e segurou um dos braços de Jujuba. …!!!

— Está bêbada, é uma presa fácil não só para o mercenário, mas para qualquer um que quisesse se aproveitar!

Sim, Jujuba estava bêbada. E, sim, sozinha com Marceline. Um mais um é dois, então...

— Marcy, — Jujuba sussurrou — você quer se aproveitar?

A expressão da vampira foi impagável. Ela estava aturdida, atônita, surpresa, espantada (segue aqui mais sinônimos). Jujuba sentiu-se orgulhosa de si mesma, mesmo que a ansiedade batesse de frente com essa emoção, era a primeira vez que deixava Marceline sem palavras.

— Ouça, — ela disse, ainda recobrando a compostura — eu estou falando sério, senhorita.

— Bonnibel, me chama de Bonnibel — Jujuba falou, achando a questão de Marceline a tratar tão formalmente muito mais importante do que seu recente deslize.

A vampira se recompôs; tratou de deixar o rosto bem próximo do de Jujuba para perguntar, com fingida inocência:

— É sempre tão irresponsável Princesa?

O coração de Jujuba deu um salto. “Irresponsável” não era sua palavra favorita, contudo, seu ritmo cardíaco não tinha aumentado por causa desse maldito conjunto de letras, mas sim por uma ideia que pipocou em sua cabeça.

— Por que não me chama de Bonnie? Sempre quis ter esse apelido!

— Está evitando o assunto de propósito?

— É claro que estou. — Sinceridade 100%.

Marceline a soltou. Jujuba pensou estar caindo em um abismo, levou os braços ao redor do pescoço da vampira antes que esta se afastasse.

— Não vá embora, fica aqui comigo!

— Mas o que...?

Marceline teria terminado a pergunta se Jujuba não tivesse levado a boca a sua e lambido uma das presas.

— Eu não quero voltar para o Baile — essas palavras foram seguidas de um gemidinho.

Os olhos azuis estavam bem perto dos negros. E incrivelmente dilatados.

— Parece que a cada minuto a senhorita fica mais bêbada! — Marceline constatou, horrorizada.

— O povo doce... — Jujuba encostou os lábios em uma das bochechas coradas da vampira — Tem uma resistência muito baixa a álcool, por causa do açúcar.

Ela cogitou explicar a ciência por trás desse fato, mas acabou mudando de ideia; assim, mais uma vez levou a boca a de Marceline ,porque... Porque era o que queria fazer!

Nunca tinha realmente beijado alguém, e sonhara, ainda na noite passada, em provar este tipo de coisa nos braços de um homem forte e exalando testosterona, mas, ali, tão próxima da vampira, o Príncipe Másculo não passava de um Finn ou Gumball (eu nunca os beijaria!). Ela a deixava quente, de uma forma anormal, Marceline a atraía.

E quando seus lábios tocaram os dela, sentiu mais ou menos o seguinte:

[...] Seu corpo inteiro cedeu a algo muito maior do que a razão. A paixão. Deixou que as mãos fortes do Barão sustentassem todo o peso de sua vontade, e que sua boca saciasse a sede que sentia pela dele. Costeletas bebeu da retribuição de seu amado com febril emoção. [...]

Princesa Costeletas e o Barão de Pimenta

Tudo isso em dois segundos, que foi o tempo que durou o contato, já que Marceline virou o rosto o mais depressa que pôde, se desvencilhou dos seus braços e recuou. O barulho de suas respirações foi o que preencheu o curto espaço de silêncio que encobriu a sala. Se bem que Jujuba jurava ter ouvido a faca da rejeição sendo cravada em seu peito.

Rejeição?

...

Marceline me rejeitou. Eu dei em cima dela e fui rejeitada.

— Você não está em condições de voltar para a festa. — a vampira declarou enquanto recuperava o leque de renda e escondia o rosto com o mesmo — Vou te levar aos seus aposentos.

Jujuba fez um leve aceno com a cabeça, e só esse gesto a deixou tonta. Tentou dar um passo, mas o mundo girou e, antes que percebesse, caiu em uma das poltronas, levantando uma densa nuvem de poeira. Pensou que cuspiria seu pulmão de tanto tossir. E, de repente, seu corpo estava pesado demais, e tudo o que ela queria era dormir por longas horas. Ouviu um pequeno suspiro de Marceline antes de apagar por completo. Duas palavras: maldita sacarose! *

***

— O que está acontecendo?! — mordomo Menta surgiu de um corredor assim que Marceline saiu da parte sudoeste do Castelo Doce.

Ela imaginou que aquela era uma pergunta válida, uma vez que estava carregando a geniosa Bonnibel Bubblegum (conhecida como Jujuba) por uma parte desabitada e proibida. Sabia do histórico completo do mordomo e ficou aliviada por ter se encontrado com alguém em quem podia confiar.

Ele pigarreou, fazendo Marceline perceber que ainda não o tinha respondido. A vampira pensou rápido:

— A Princesa bebeu mais do que podia aguentar. Arrastou-me por quase todo o castelo antes de apagar.

Ela observou a reação do mordomo; ele olhou para a Jujuba desacordada enquanto todo o seu rosto tomava um tom vermelho pimentão.

— E-eu lamento que tenha visto este lado da Princesa! — Menta desculpou-se com a voz esganiçada

— Acredite, eu não. — Marceline não conseguiu refrear um sorrisinho.

Que se apagou ao notar o olhar confuso do mordomo. Precisava se concentrar no que era mais importante; recomeçou a andar, mas Menta a fez parar com outra pergunta:

— Aonde vai?

Ah, claro, ela era Marceline, uma convidada recém-chegada, que, teoricamente, não sabia onde ficavam os aposentos da Princesa.

— Que cabeça a minha! — Ela virou-se para o mordomo com uma cara de como sou idiota — Estava indo buscar ajuda para levá-la ao seu quarto!

— Eu sei. — Ele fez um gesto com a mão, dando uma risadinha — Eu não sou exatamente um cavaleiro no qual todos recorrem pedindo socorro, mas posso ajudar.

Menta foi até o seu lado, os olhos grudados na Princesa.

— Bem, Vossa Majestade terá de carregá-la, como pode ver, não tenho condições para tal.

Marceline disse que isso não era problema algum. Não era a primeira vez que tinha Jujuba nos braços. Que tinha de sentir seu peso, seu cheiro doce. De se segurar para não mordê-la!

A vampira começou a acompanhar o mordomo. Percorreram todo o caminho até o quarto de Jujuba conversando. Ou melhor, Marceline concordando com pequenos gestos de cabeça enquanto Menta tagarelava sobre o quanto aquilo ia deixar Rômulo zangado, e de como as recentes atitudes de Jujuba estavam o deixando preocupado.

Marceline ficou extremamente grata quando o mordomo abriu as portas do quarto da Princesa e disse:

— Pode depositá-la na cama, vou chamar algum cavaleiro para acompanhar Vossa Majestade de volta ao Baile.

Com isso, ele foi-se, deixando a vampira a sós com uma Jujuba adormecida.

— Muito bem, vamos começar tirando esse vestido — ela murmurou para si mesma, colocando Jujuba de bruços na cama.

Desfez o laço do espartilho e não demorou muito para erguê-la um pouco e livrar-se da peça incômoda, daí, foi fácil retirar o pesado vestido vinho e deixar Jujuba somente com suas roupas de baixo. Cobriu o corpo rosado com a colcha e por fim...

Soltou a respiração.

Foco, Marceline. Você está aqui a trabalho.

Mas era difícil se concentrar quando aquele perfume doce a envolvia e uma Jujuba seminua estava em uma cama bem em sua frente. Ainda mais quando se lembrava da sensação de...

Não. Se esqueça disso!

Como deixar de lado o momento em que aquela língua ousou encostar em uma de suas presas? Impossível!

Chega. Ela é só uma garotinha! Devo me controlar.

Assim, suspirou, iria ficar ali com ela, para protegê-la. Seus olhos prenderam-se na figura calma de Jujuba.

— Você fica muito mais bonita quando está de boca fechada. — Inclinou-se em direção a Princesa e deixou que seus lábios repousassem por alguns instantes nos dela — Tenha bons sonhos, Bonnie.


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Notas finais do capítulo

* Pra quem já estudou química orgânica, a sacarose faz parte da reação na obtenção do álcool. A baixa resistência a álcool do povo doce foi invenção minha, nem sei se isso faz sentido cientificamente mas... Liberdade criativa meus amores!!!
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