Manipuladores do Futuro escrita por Amanda Maia


Capítulo 9
Uma viagem de merda, coincidência e reunião de família.




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Os dois tiveram que esperar Sophie tomar um banho e depois ouvi-la reclamar por terem se hospedado em um motel. A tensão entre Lucas e ela havia diminuído um pouco pelo menos, mas a tensão entre a garota e Fernando só aumentava.

Mesmo depois de ter tomado remédio, a dor de cabeção não passou, então decidiu dormir um pouco, talvez ajudasse. Pegou outro comprimido e engoliu com o restante de isotônico que ainda tinha na bolsa. Seu sono estava um tanto difícil no começo, acordando e dormindo, vezes escutando partes da conversa no carro e o rádio baixo e vezes tendo sonhos aleatórios.

Lucas a observava pelo retrovisor, desejando não ter conhecido aquela garota e se repreendendo por estar gostando dela, precisava aprender a não se envolver nas encrencas do irmão, mas sentia que já era tarde.

O sono dela estava agitado e ele desconfiava do motivo. Infelizmente, seu irmão conseguia encontrar as pessoas que a agência precisava com muita facilidade, entretanto, tinha os piores métodos para trazer essas pessoas para recrutar, Não que Lucas fosse o melhor, mas com uma garota havia outros meios a serem tentados antes.

— Não se preocupa, ela está dormindo. Pode fazer o teste, você vai ficar surpreso. – Fernando não desviou os olhos da estrada.

— Não é certo o que você está fazendo. Aquele garoto já contou o que ela faz, daqui a pouco a Natália vai saber também e o velho já está desconfiando.

— Deixa de ser frouxo, nunca te vi hesitar assim. Qual é o problema? – Ele sabia qual o era problema e já planejava como usar isso ao seu favor.

— Só estou preocupado. Você está dando lúcido para ela, isso tem efeitos colaterais e nem sabemos se a precognição dela é mesmo espontânea como a do Hiago.

— Ela ainda está viva, então não precisa se preocupar, modifiquei um pouco a fórmula. Os sonhos são espontâneos e são melhores que os do garoto. – Observando a reprovação do irmão, logo se adiantou para dar o que ele queria. — O único efeito que observei nela foi dor de cabeça, mais nada.

— Lúcido com remédio pode ser perigoso. – Lucas soltou um suspiro pesado, custava a acreditar que Fernando pudesse gostar de alguém sem causar mal, era egoísta demais para isso.

— Eu garanto que é seguro. Agora, faz logo o teste, ou não vai dar tempo. Eu uso uma quantidade pequena para não correr nenhum risco. – Ele fez questão de enfatizar a última palavra e voltou sua atenção para a estrada. — Anda, Lucas! – Fernando não entendia como uma garota podia fazer um dos melhores da agência e mais temidos, amolecer daquele jeito. — Ainda precisamos conversar sobre algumas coisas que levantei sobre o passado dela. Para de perder tempo.

Lucas inclinou seu banco para trás, nunca se sentiu tão culpado ao testar alguém. Repassando o que aconteceu mais cedo no motel, pensou no quanto admirou a coragem dela, apesar do medo. Nos olhos dela pôde ver a escuridão que todos que carregavam esse dom possuíam, raramente conseguiam se livrar dela, eram por ela dominados no fim.

Não conseguia ver crueldade naquela garota, somente instinto de sobrevivência, mas aquele olhar sombrio e sofrido era a marca de quem poderia mudar de acordo com as circunstâncias impostas, não queria que isso acontecesse.

Lamentou por não poder impedir o que seu irmão já tinha começado e por saber que se não houvesse um acordo entre Sophie e a agência, teria que entrar em ação. Então decidiu que faria parte daquilo e a ajudaria como pudesse. A testou.

Fernando a acordou. O sol machucou seus olhos assim que os abriu e resmungando, se endireitou no banco e tentou novamente olhar para fora. Ainda estavam na estrada, parados no acostamento. O dia começava a amanhecer, mas o sol já estava forte.

Todos saíram do carro para esticar as pernas, estavam perto de entrar na cidade e muito cansados. Foram até a barraca de pastéis na beira da estrada e comeram. Sophie deu o endereço exato da casa de seus avós.

— Você disse bairro do jardineiro? – Lucas se intrometeu na conversa.

— Sim. – Ela não fez a pergunta, mas podia imaginar a resposta.

— É para onde tenho que ir. – Percebendo que ninguém diria mais nada, emendou. — Pode me deixa na rodoviária, Fernando.

— Vamos todos para o mesmo bairro. Não faz sentido te deixar na rodoviária. Vamos para casa dos meus avós, depois você vê o que faz, Lucas. – Disse, ao se levantar e acertar a conta com a moça que os atendeu. Quase teve vontade de rir com a tentativa falha dele de inventar uma desculpa.

Sophie não gostava da ideia de ter os dois, mas eles escondiam alguma coisa, sentia que estava envolvida de qualquer forma, nada mais justo do que descobrir o que era. Lucas não discutiu, como ela já imaginava.

Ela não fez questão de melhorar o clima no carro, permaneceu calada e colocou seus fones de ouvido até chegarem ao bairro que queriam.

O lugar era conhecido como um dos mais tranquilos de São Paulo, apesar de movimentado e fazia jus ao nome que tinha. Era impossível tirar os olhos dos jardins das casas, era um mais lindo que o outro.

Os moradores faziam o que podiam para manter os problemas da grande cidade longe dali. Depois de enfrentar a loucura pelo caminho, o bairro do jardineiro parecia um lugar à parte, uma mini cidade dentro da cidade.

Ela se inclinou no banco para indicar o caminho, a ansiedade aumentando para rever a família. Não tinha se dado conta da saudade que sentia de Marcia e Arnaldo até estar ali.

Marcia os esperava no portão e alertou os outros da chegada. Arnaldo veio correndo como a idade permitia, claro, e abraçou a neta. A lembrança das vezes em que foi recebida por ele e levantada no colo a deixou com a garganta embargada, gostava demais deles.

Marcia e seus pais se juntaram ao abraço e cumprimentaram os rapazes. O café da manhã já estava servido e mesmo com pouca fome, os recém chegados comeram. Sophie fingiu não reparar nas roupas de Arnaldo, que vestia apenas camisa e cuecas, e para seu alívio, Fernando e Lucas fizeram o mesmo.

Não que Arnaldo se importasse, mas sua avó vivia brigando com ele por isso e não queria dar início a uma discussão, mesmo que em algum momento fosse acontecer, não queria que começasse por um comentário seu ou dos irmãos.

O incômodo de seu pai era visível e sua mãe parecia mais atenta que nunca, só esperando o primeiro vacilo do marido. Mesmo depois de um tempo, as apresentações mais detalhadas tinham que ser feitas e o momento chegou mais rápido do que ela imaginava.

— De onde vocês são? – Rogério não perdeu tempo e ninguém conseguiu impedir.

Por mais que perguntas diretas sejam incômodas, naquele momento, percebeu que as perguntas de seu pai eram as suas, principalmente quando foi questionada a intenção e Fernando com ela. Sim, seu pai perguntou e pegou a todos de surpresa, mas a reação dele que a deixou intrigada.

Ele disse que se Sophie quisesse poderiam ter um futuro brilhante juntos e que só dependia dela. Todos a observaram, como se fosse necessário uma resposta, mas Rogério revirou os olhos, irritado, algo não o agradou.

— Meu irmão não tem ideia do quanto isso soa antiquado! – Lucas foi o primeiro a falar.

A princípio, ninguém entendeu o comentário, nem mesmo Sophie. Até Rogério e Arnaldo começarem a rir, aliviando o clima e mudando de assunto quando seu avô engasgou e precisou de ajuda.

Lucas agradeceu pela comida e avisou que tinha um compromisso. O que ela ainda não tinha percebido, era o quanto sua família tinha gostado dele e não sabia se isso era bom ou não.

Atendendo aos pedidos de seu pai, Arnaldo e Marcia, Lucas prometeu voltar assim que resolvesse o que precisava, deixando todos satisfeitos. Sophie ainda observou a reação de Fernando, mas ele estava estranhamente indiferente a situação.

Incomodada, ela tomou um banho e vestiu roupas mais confortáveis. Sentou-se no sofá com seu computador e começou a pesquisar anúncios de vendas, queria muito ocupar a cabeça com a possibilidade de fazer um negócio. Deixou Fernando conversando com sua mãe e Marcia enquanto fazia sua pesquisa.

Encontrou uma moto Kasinski no valor de 7 mil reais. Em breve teria sua carta de motorista, não tinha dinheiro suficiente para comprar um carro e com o valor que já investia na faculdade, não queria entrar em um financiamento e nem arcar com os custos de manter um carro.

Depois de avaliar as opções, decidiu por comprar a moto, mesmo contrariando seu pai, que prometeu dar-lhe um carro. Nada feito. Queria a moto e tinha o dinheiro para isso.

O vendedor explicou, por telefone, o motivo da venda. Sua esposa costumava usar a moto, mas engravidou e não pode mais dirigir. Infelizmente, a mulher teve problemas de saúde e estavam precisando do dinheiro também.

— Você vai mesmo comprar a moto? – Seu pai parecia apavorado, mas não podia fazer nada, apenas ajudar a filha. Sophie assentiu enquanto mandava uma mensagem ao vendedor. — Não vai pedir um desconto?

— Não, eles precisam do dinheiro todo. – Sophie intercalava entre digitar no celular e no computador sem olhar para o pai.

— Isso não é motivo para pagar mais caro, filha. – Tentou argumentar, ciente dos problemas que acompanhavam ter um veículo, ainda mais daquela marca.

— Pai, eu sei disso, mas não vou me aproveitar do desespero deles. O cara foi honesto comigo. – Rogério abriu a boca para tentar explicar o que sabia, mas ela o interrompeu com um gesto de mão e continuou. — Sei também sobre as peças dessas motos e o valor de mercado para revenda e aceito o casamento, fica tranquilo.

Se mesmo sabendo dos problemas, a filha ainda queria a moto, a alternativa de Rogério era apenas ajudá-la a concluir a compra.

A confusão estava armada. A moto estava do outro lado da cidade e seu pai precisava de alguém para voltar com o carro, mas Bárbara já avisou que não faria, odiava dirigir em São Paulo. Fernando se ofereceu para ir e Arnaldo anunciou, animado que também queria ir junto.

Marcia e Bárbara sentaram à mesa e não opinaram em mais nada, sabiam que não seria bom, não quando os homens decidiam o que fazer. Até mesmo Sophie se calou para observar a discussão e imaginou que a coisa fosse piorar quando viu Lucas passar pela porta e vir em sua direção.

— Conseguiu resolver o que precisava? – Ela aproveitou para sondar, mas Lucas era melhor mentiroso que o irmão.

— Não encontrei quem eu precisava. – Deu de ombros e acenou com a cabeça na direção do irmão que discutia com Rogério qual era o melhor trajeto. — O que eu perdi?

— Comprei uma moto e eles estão discutindo como fazer para ir buscá-la. Quem vai dirigir, se vão levar a um mecânico, essas coisas… – Suspirou, cansada e um pouco irritada.

— Qual é o modelo? – Conversar com Lucas, como se o começo entre eles não tivesse sido difícil era estranho, porém, decidiu que preferia assim.

— É uma Kasinski Mirage 250 EFI. – Os olhos dele brilharam como os de uma criança e ela riu. — Pelo visto você conhece?

— E como! Tive uma. Só é ruim para vender, mas raramente dá problema.

— Eu pesquisei sobre isso também. Não quero ter prejuízo, sabe?

— Ninguém quer. – Ele se virou para o trio e depois de volta para ela e hesitou um pouco, não queria se intrometer. Sophie percebeu e se mostrou receptiva. Então ele prosseguiu. — Se a moto é sua, porque eles estão decidindo tudo?

— Então… Acho que você pode responder essa pergunta melhor que eu. – Deu risada, considerando pagar um guincho, pois nem vontade de ir junto tinha mais. Lucas piscou para ela e riu também, enquanto os outros se aproximavam deles.

— Acho melhor você tomar à frente disso. – Ele cochichou para Sophie.

Era o que a garota pretendia. A situação era tão simples, não compreendia o motivo de estarem tão preocupados e alvoroçados.

— Filha, nós vamos buscar sua moto. Lá decidimos quem volta com ela e vou ver se encontro um mecânico. Pode ser?

— Pai… – Respirou fundo antes de continuar. — Não acho boa ideia você voltar com a moto e não acredito que o Fernando esteja acostumado a dirigir aqui.

— Se o problema for a moto, posso voltar com ela. Sei dirigir aqui, se não tiver problema para você, claro. – Emendou Lucas, preocupado em acabar fazendo o mesmo que os outros.

— Não tem problema nenhum, Lucas. – Sentiu certo alívio, sabia que seu pai não dirigia bem uma moto. — Faremos assim. – Precisou elevar a voz, porque já estavam dispersando e discutindo de novo. — Na mesma rua em que vocês vão tem uma mecânica, levem lá, mas só se necessário, a moto me pareceu bem conservada. Pai, você vai dirigindo e Fernando divide o volante com você. Lucas volta com a moto e você vô, só vai junto se vestir calças.

Lucas assentiu, satisfeito e impressionado com o modo dela de arrumar a bagunça. Arnaldo concordou e subiu para o quarto para se vestir, deixando Marcia de queixo caído e seu pai e Fernando se entreolharam, contrariados, mas assentiram também.

— Problema resolvido. – Bufou e pegou seu celular para avisar ao vendedor que o negócio seria fechado. — Assim que tudo estiver certo, liguem avisando e só saiam de lá quando o vendedor confirmar o pagamento.

— Certo, filha! – Rogério a abraçou, orgulhoso e seguiu para a garagem.

A melhor decisão que poderia tomar era não ir junto, não gostava de atalhos e sabia que seu pai era mestre em se perder neles, além do mais, seria bom deixar que se conhecessem e se divertissem um pouco, a moto era sua mesmo.

Sophie ajudou a mãe e a avó a preparar o almoço, não gostava muito de trabalhos na cozinha, mas estava sendo divertido, sem contar as beliscadas que estava dando na comida. A diversão durou até o restante da família chegar para o almoço.

O falatório e a bagunça voltaram a reinar e ela não demorou para se arrepender por não ter ido junto com o pai. Seus tios se juntaram para fazer as sessões de nostalgia que ela tanto odiava, enquanto suas esposas foram ajudar na cozinha.

Bárbara a livrou do trabalho, insistindo para que se enturmasse com os primos, o que Sophie não fazia questão alguma, mas fez o melhor que deu. Laura, sua prima mais velha, estava agarrada ao marido, sentindo enjoo por causa do cheiro do tempero da comida.

Restaram as duas irmãs de Laura, que só sabiam falar sobre garotos. Depois de Laura, Sophie era a mais velha dos primos, e Gabriel e clara, irmãos gêmeos e filhos de Cesar, os mais novos. Os gêmeos brigavam o tempo todo. Ela não sabia o que era pior, a conversa sobre garotos, ou o bate-boca, então passou parte do tempo pensando na morte da bezerra.

Tinha tentado pensar em assuntos importantes, mas se mostrou impossível com todas as conversas paralelas. Em alguns momentos, chegou a pensar em nada, mirou um mosquito na parede e o acompanhou nos voos, imaginando como seria a vida de um mosquito.

O toque de seu celular nunca foi tão bem-vindo, ela se afastou o mais rápido que pôde e atendeu a ligação de Fernando, avisando que já podia fazer o pagamento. Ali mesmo onde estava, transferiu o dinheiro para o vendedor e voltou a se sentar com os primos.

— Seu namorado já está voltando? – Clara sorriu, animada demais e antes que Sophie pudesse negar que tinha um namorado, ela emendou. — Soube que ele tem um irmão, é solteiro?

— É. – Foi a única coisa que respondeu, não achou que valia a pena explicar sua relação com Fernando e muito menos dar detalhes sobre Lucas.

— Deixa de ser atirada, Clara! – Gabriel fazia muito mal o papel de irmão protetor e acabou provocando não só a irmã, mas as primas que também estavam curiosas.

A discussão recomeçou, Sophie revirou os olhos e se afastou, sentando na poltrona de Arnaldo e procurando pelo mosquito, a melhor distração que uma pessoa pode ter em reuniões familiares.

§§§§§§§§§§§§§§

Quando Lucas chegou, Sophie já estava ansiosa e morrendo de fome, ela correu para a rua e o esperou tirar o capacete.

— É boa de dirigir? – Perguntou, estudando a moto, queria ter certeza de que estava tudo certo.

— Ótima! Você vai adorar. – O sorriso dela lembrava o de uma criança e provocou um sorriso bobo em Lucas, que ele logo desfaz.

— Obrigada! – Agradeceu, sem jeito. — Cadê meu pai?

— Ficaram para trás. – Achou graça da malícia dele ao responder, imaginando que devia ter corrido muito. — Você não vai experimentar? – Ele estendeu o capacete à ela.

— Não senhora! – Bárbara atravessava a rua correndo e assoviou admirando a moto. — Primeiro eu, sou sua mãe e tenho direitos. — Zombou da filha que deu risada.

— Claro, fica à vontade! – Revirou os olhos. Já estava virando corriqueiro aquilo, tinha impressão de que a qualquer momento seus olhos ficariam revirados de vez.

Sem esperar, Bárbara pegou o capacete da mão de Lucas e montou na moto para dar uma volta no bairro. Pouco mais de uma hora depois seu pai chegou com o carro e correu para andar na nova aquisição da filha.

No fim das contas, todo mundo experimentou a moto antes dela e quando finalmente a liberaram, Sophie estava morrendo de fome e teve de decidir entre comer ou andar com a moto. Foi a decisão mais fácil de sua vida. Sentou à mesa antes de todos, mas com a chave em seu bolso.

Sonolentos, depois do almoço, seus tios, pai, mãe e avós se jogam nos sofás da casa e recomeçam a sessão nostalgia que parecia não ter fim, enquanto Sophie observava, irritada, ao lado de Fernando, a animação das primas conversando com Lucas, lembrando de sua antiga amiga, Sabrina.

— Qual é o problema, Sophie? – A pergunta de Fernando a surpreendeu, não sabia a quanto tempo estava distraída com o grupo.

— Ainda não sei… – Se virou para encará-lo. — Não quero que seu irmão apronte com minhas primas o que aprontou com Sabrina, acho que é isso. Está dando atenção demais à elas.

— Na verdade ele está recebendo mais atenção delas e não acho que Lucas arrumaria problemas aqui. – Fernando a abraçou e a beijou no rosto.

— Quando foi que você passou a defender tanto seu irmão? – Sophie se afastou, lembrando da conversa que ouviu na casa dele.

Lucas os interrompeu antes que Fernando pudesse responder e avisou que estava saindo para tentar resolver o que precisava, como os dois ficaram em silêncio, ele estreitou os olhos e riu.

— Já anoiteceu, quem sabe eu tenho sorte. – Deu de ombros e antes de se afastar, completou. — Desculpa atrapalhar a briga do casal.

Mesmo com vontade de responder a provocação dele à altura, Sophie o ignorou e se voltou para Fernando, queria ouvir a resposta dele, precisava ouvir a resposta. Mas tudo pareceu colaborar com ele, pois Bárbara a chamou de canto para conversar.

A irritação dela deu lugar a preocupação, não gostava quando sua mãe ficava séria e sabia que não seria uma conversa legal, provavelmente algo que a incomodava muito.

— Filha, liguei para o advogado hoje e ele disse que pode vir aqui amanhã. – Sophie assentiu.

— Ótimo, assim posso voltar amanhã mesmo para casa, não preciso aguentar essa bagunça por mais tempo. – Bárbara já esperava essa atitude dela e gostaria de tratar com a filha sobre alguns assuntos e decisões, mas teria que ser cada coisa por vez, o mais urgente já era desagradável o suficiente.

— Bom… Tem mais uma coisa. Amanhã, algumas pessoas vão vir buscar as doações das coisas da casa de Ligia, separei alguns pertences de Lívia, você precisa dar uma olhada e ver o que quer guardar.

Sua filha fechou os olhos e respirou fundo, avaliando o tempo que tinha e se tinha disposição para fazer aquilo.

— Tenho escolha? – A cara de quem pede desculpa de sua mãe respondia sua pergunta. — Tudo bem, mas farei isso sozinha.

— Tem certeza? – Bárbara ficou com o coração apertado pela filha, sabia o quanto o assunto era delicado e gostaria de ajudar.

— Tenho, fica tranquila! – Deu um sorriso amarelo e recebeu outro, uma tentativa de encorajamento. — Não comenta o que vou fazer, tá bom?

Bárbara concordou e acompanhou com os olhos enquanto a filha conversava com Fernando e saía da casa, sem saber se seria melhor insistir para ir junto, como pretendia fazer antes.

Essa foi a oportunidade que a garota teve para dirigir sua nova moto, mesmo depois de ter se conformado com o abandono de sua mãe biológica e não querendo tocar no assunto, sabia que em algum momento teria que lidar com aquilo de novo.

Nutria certa curiosidade sobre Lívia, mas evitava demonstrar para não magoar Bárbara, não queria que ela pensasse que sentia falta da mãe biológica. Sophie acreditava ter a melhor mãe do mundo e nem conseguia se lembrar de Lívia.

Era uma pena não conseguir aproveitar sua volta com a moto, estava distraída demais para isso, apenas dirigiu até a casa, sem saber o que a esperava, mas sentindo algo estranho no estômago, uma ansiedade repentina.


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